Desenvolvimento Sustentável

Aquecimento global: o que é, causas, efeitos e mapa mental

3.9/5 - (797 votes)

Poucos problemas são tão urgentes quanto o aquecimento global.

Para alguns, a era do aquecimento global já passou – estamos agora na fase da ebulição global, como disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antônio Guterres.

A crise climática pode soar apocalíptica, mas faz sentido, considerando alguns efeitos catastróficos já percebidos.

Um deles é o comprometimento da capacidade de fotossíntese na Amazônia.

Ou seja, o aumento das temperaturas chegou a tal ponto que está começando a impedir as plantas de respirarem.

Obviamente, sem a participação da cobertura vegetal na renovação do oxigênio atmosférico, a vida no planeta corre sério risco de desaparecer.

Boa parte do aquecimento global é causado pelas emissões de dióxido de carbono (CO2), um gás que se acumula na atmosfera, retendo o calor solar.

Porém, já se sabe que, tão perigoso quanto o CO2 é o gás metano (CH4) que tem uma capacidade 80 vezes maior que o CO2 de causar aquecimento.

Detalhe: uma vez lançado na atmosfera, ele permanece em suspensão por até 12 anos.

Uma das responsáveis pelas emissões desse gás é a indústria petrolífera, que segue a todo vapor dominando o mercado dos combustíveis.

Estima-se que, até 2100, 1 bilhão de seres humanos devem morrer em função dos problemas gerados pelo aquecimento global.

Será que toda essa devastação ainda pode ser pelo menos retardada?

Há como evitar o aquecimento global? Sim, se as empresas e governos começarem a fazer sua parte.

No entanto, não é isso que se tem observado, infelizmente.

Talvez porque falte uma mobilização maior por parte do público em geral, o que por sua vez tem a ver com a falta de informação.

Pois informação é o que não vai faltar se você ler este artigo sobre aquecimento global até o fim.

Veja os tópicos abordados:

  • O que é aquecimento global?
  • Quais são as principais causas do aquecimento global?
  • Como acontece o aquecimento global?
  • Quais são as consequências do aquecimento global?
  • O que é o efeito estufa?
    • Gases causadores do efeito estufa
  • Como evitar o efeito estufa?
  • Quais os países mais afetados pelo aquecimento global?
  • Quais são os países que mais emitem gases de efeito estufa?
  • Como o Brasil lida com o aquecimento global?
  • Acordos internacionais de combate ao aquecimento global
  • Como reduzir o aquecimento global?

Entenda como ocorre o aquecimento global e o que cabe a você nesse processo, lendo até o final!

O que é aquecimento global?

O fenômeno do aquecimento global não é algo que os cientistas só foram reparar há alguns anos

Aquecimento global é um fenômeno verificado ao redor do mundo durante as últimas décadas, indicando um aumento progressivo das temperaturas médias de oceanos e da atmosfera terrestre.

Isso causa consequências na flora e na fauna, além de impactar setores críticos como o agronegócio.

O aquecimento é provocado pelo efeito estufa, fenômeno descrito pela primeira vez em 1859 pelo cientista irlandês John Tyndall.

Ainda que o efeito estufa seja natural, ele é intensificado pelo aumento das emissões antrópicas de GEE (gases do efeito estufa) decorrentes de intervenções humanas.

As medições históricas das emissões de GEE são medidas desde a Revolução Industrial, período do século XVIII onde a industrialização se acelerou, capitaneada pelas primeiras fábricas na Inglaterra.

O processo se intensificou muito no período pós-industrialização, já que a queima de combustíveis fósseis aumentou e, com a nova facilidade em produzir, cresceu também a população mundial – e, consequentemente, o consumo e a produção.

Assim, chegamos ao cenário atual em que vivemos: um planeta com 8 bilhões de habitantes que seguem explorando no mesmo ritmo – na verdade até mais rápido – do que quando havia apenas alguns milhões de pessoas morando na Terra.

Quais são as principais causas do aquecimento global?

As causas do aquecimento global são variadas, mas a maioria delas aponta para o mesmo fator: a intervenção do homem na natureza para a exploração de seus recursos.

Essa intervenção irresponsável e até criminosa está na raiz do efeito estufa.

Como vimos, trata-se de um fenômeno não-natural, intensificado pelo aumento de emissões antrópicas dos gases contendo principalmente carbono e metano.

A queima de combustíveis fósseis e o desmatamento são as principais fontes desses gases para a atmosfera.

Até aqui, parece estar clara a origem do problema. Mas de que forma esses gases são emitidos?

Que tipo de ações humanas são as mais potencialmente prejudiciais?

É o que veremos a seguir.

Uso de combustíveis fósseis

A maior parte da demanda por energia elétrica e insumos que garantem o transporte ainda é suprida por combustíveis fósseis, cujo uso lança toneladas de dióxido de carbono na atmosfera todos os anos.

Para se ter uma ideia, em 2018 as emissões de carbono provenientes de combustíveis fósseis chegaram a 10 gigatoneladas, ou 4,8 toneladas per capita, segundo relatório do Global Carbon Project.

Veio a pandemia e, com ela, uma esperança, já que houve uma queda expressiva de 5,4% nas emissões de gases estufa em 2020.

Um ano depois, o balde de água fria, com um novo aumento nas emissões que nos fez retornar aos níveis pré-pandêmicos.

Queimadas

As queimadas são outra causa conhecida do aquecimento global, respondendo pela liberação de milhões de toneladas extras de CO2 nos últimos anos.

Além do CO2, a queima de florestas e savanas libera fuligem e carvão que, por serem escuros, absorvem muita luz solar e calor, contribuindo para o aumento da temperatura local, além de dificultar a movimentação de massas de ar.

Dessa forma, as queimadas interferem nas chuvas e no ciclo natural da água, gerando um ciclo vicioso em que as temperaturas se elevam, tornando o fogo mais resistente, e o fogo, por sua vez, eleva as temperaturas.

Nesse quesito, nenhum outro país tem gerado tanta preocupação quanto o Brasil, onde o desmatamento da floresta amazônica segue em ritmo acelerado.

No período de 1988 a 2020, carbonizou-se uma área de 13,2 mil km2, que equivale a nada menos que 13 vezes a área da cidade de São Paulo.

Desmatamento

A extração de árvores tem um impacto considerável sobre o aquecimento global, uma vez que elas captam gases de efeito estufa, reduzindo seu efeito adverso sobre a temperatura.

Um estudo publicado na revista Nature Communications em 2018 revelou ainda que as florestas produzem substâncias que resfriam a atmosfera: os compostos orgânicos voláteis biogênicos ou BVOCs.

Combinando todos os impactos conhecidos, a derrubada das reservas florestais pode levar a temperatura a subir até 0,8°C nas próximas décadas, resultando em consequências catastróficas.

Como vimos, entre as grandes florestas do mundo, a Amazônica é uma das que mais sofrem devastação.

Agricultura e pecuária

Segundo Jim Skea, copresidente do Grupo de Trabalho III do IPCC, as atividades agropecuárias representam 23% do total das emissões de gases estufa.

Isso porque a maioria delas se baseia em modelos não sustentáveis, que realizam o desflorestamento para abrir espaço para os animais e plantações, agravando o quadro de queimadas e desmatamento.

Também incentivam o consumo de carne bovina, lançando mais gás metano na atmosfera, e o uso de fertilizantes – por usar essas substâncias, a agricultura é responsável por três quartos das emissões globais de óxido nitroso.

Embora o setor agropecuário gere empregos e seja muito importante para a economia, isso não pode e nem deve acontecer às custas do meio ambiente.

Por isso, é preciso desde já rever o modo de produção desse setor, um dos que mais contribuem para o aquecimento global.

Excesso de consumo

Lembra que dissemos no início que, se as empresas poluem, é porque há pessoas que consomem os produtos resultantes de seus processos?

Essa simples constatação é corroborada pela ONU, pois um estudo afirma que o alto consumo de carne e laticínios, principalmente no ocidente, é uma das bases do aquecimento global.

Além disso, segundo um novo relatório do IPCC, as atividades agrícolas são responsáveis por consumir cerca de 70% da água doce em todo o mundo.

Portanto, o consumo sustentável é a chave para virar esse jogo que, até agora, a humanidade está perdendo de goleada.

Uma das saídas, de acordo com a ONU, é reduzir o consumo de carne, dando preferência a uma dieta mais rica em vegetais.

Má gestão dos resíduos

O consumo de alimentos e de bens leva a uma inevitável produção de resíduos sólidos.

Esse é mais um fator que contribui para a elevação das temperaturas em nível global, a começar pela liberação de gás metano pelos aterros sanitários.

A questão vai muito além, já que um outro problema se soma à má gestão dos resíduos: o aumento na demanda por insumos, principalmente pela falta da reciclagem.

Quando deixamos de reciclar materiais como plástico, metal, vidro e papel, geramos um impacto ambiental ao exigir da indústria que extraia mais desses insumos na natureza.

Portanto, a gestão dos resíduos é um dos alicerces para a redução do aquecimento global, já que, pela reciclagem, todo um ciclo de exploração destrutiva deixa de existir ou pelo menos é amenizado.

Na sequência, vamos explicar como ocorre o aquecimento global e isso vai ficar ainda mais claro.

Como acontece o aquecimento global?

O aquecimento global é um fenômeno complexo que resulta principalmente das atividades humanas que liberam grandes quantidades de gases de efeito estufa na atmosfera.

Esses gases, como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), têm a capacidade de absorver e reemitir radiação infravermelha, o que leva ao aumento da temperatura média da Terra.

Essas são as principais causas do aquecimento global.

O processo é ampliado pela interação entre a radiação solar incidente, a atmosfera e a superfície terrestre.

Quando queimamos combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural para gerar energia, são liberadas grandes quantidades de CO2 na atmosfera.

Além disso, o desmatamento e a degradação florestal reduzem a capacidade das plantas de absorver CO2, contribuindo ainda mais para o acúmulo desse gás.

O metano é emitido principalmente pela pecuária, pela decomposição de resíduos orgânicos e pelos vazamentos de gás natural.

Uma vez na atmosfera, esses gases formam uma “cobertura” que retém parte da radiação infravermelha emitida pela Terra.

É assim que acontece o aquecimento global.

Isso aumenta a temperatura média do planeta, desencadeando uma série de efeitos, como o derretimento das geleiras e das calotas polares, elevação do nível do mar, alterações nos padrões de precipitação e aumento na frequência de eventos climáticos extremos.

Já o óxido nitroso é liberado principalmente pela agricultura intensiva e pela queima de combustíveis fósseis.

Além de ser um gás de efeito estufa, ele também afeta a camada de ozônio, que desempenha um importante papel na proteção contra a radiação ultravioleta do sol.

Todos esses fenômenos físico-químicos provocam no longo prazo consequências devastadoras e, se não contidas a tempo, irreversíveis.

Quais são as consequências do aquecimento global

O aquecimento global é comprovado cientificamente e é necessário tomar medidas para impedir uma série de graves problemas

Como vimos, o aquecimento global resulta de atividades humanas que liberam gases de efeito estufa na atmosfera, levando ao aumento da temperatura média da Terra.

As consequências do aquecimento global são observadas em todo o planeta e afetam ecossistemas, biodiversidade, comunidades humanas e sistemas naturais.

O derretimento acelerado das geleiras e calotas polares é uma consequência alarmante do aquecimento global, colocando em risco espécies como o pinguim-imperador.

Além disso, o fenômeno contribui diretamente para o aumento do nível do mar, ameaçando regiões costeiras e ecossistemas sensíveis.

Inundações costeiras mais frequentes e intensas podem ocorrer, resultando em danos significativos às infraestruturas e forçando o deslocamento de populações.

Também leva ao aumento das temperaturas oceânicas que, segundo estudo da Copernicus Climate Change Service, atingiram uma média de 20,96ºC no final de julho de 2023.

O recorde anterior era de 20,95ºC, registrado em 2016.

As mudanças climáticas também alteram os padrões de precipitação, levando a secas prolongadas e chuvas intensas em várias partes do mundo.

Isso afeta a disponibilidade de água doce e pode comprometer a segurança alimentar, impactando a agricultura e a biodiversidade.

Ecossistemas terrestres e aquáticos são afetados, causando desequilíbrio nos habitats naturais.

A acidificação dos oceanos é outro resultado do aumento das concentrações de CO2 atmosférico, colocando em perigo os recifes de coral, moluscos e outros organismos marinhos.

Eventos climáticos extremos, como tempestades mais intensas e furacões, têm se tornado mais frequentes e graves.

A lista de consequências diretas e indiretas pode ser ainda maior, já que as temperaturas não param de subir.

O mais grave é que não há como evitar o aquecimento global, mas é possível manter o fenômeno sob controle, como vamos ver ainda neste texto.

O que é o efeito estufa?

O efeito estufa é um fenômeno natural que precisa ocorrer, mas não nos níveis observados com o aquecimento global atual

A crise climática na qual a humanidade se encontra tem origem no agravamento do efeito estufa.

Este é um fenômeno natural pelo qual o planeta retém o calor emitido pelo sol, garantindo que a atmosfera mantenha uma temperatura adequada para a existência de vida na Terra.

Sem o efeito estufa, o nosso planeta teria temperaturas extremamente baixas, prejudicando a sobrevivência da maioria dos seres vivos.

Especialistas estimam que as temperaturas na superfície terrestre ficariam negativas, em torno de -18ºC.

Para comparação, a média atual, considerando os pontos mais frios e os mais quentes, é de 14,78°C.

Assim, entendemos que o efeito estufa é essencial para a humanidade, um processo natural e necessário.

O problema é que ele se intensificou demais nas últimas décadas, fazendo com que chegássemos ao século XXI com as maiores temperaturas médias de que se tem registro na história do planeta.

O aumento das emissões de gases causadores do efeito estufa, sobretudo no período pós-Revolução Industrial, tem trazido consequências preocupantes para o clima do mundo todo.

Gases causadores do efeito estufa

Quais são os principais gases causadores do efeito estufa?

Vamos conferir agora particularidades sobre os seis gases que reconhecidamente intensificam o efeito estufa.

Acompanhe!

Monóxido de carbono (CO)

Presente no gás natural e atividades de vulcões, o CO é produzido em massa quando há queima incompleta de combustível fóssil, por exemplo, durante queimadas.

O monóxido de carbono é usado em outras atividades, como agente redutor para formar substâncias ao retirar oxigênio de sua composição.

Assim, ele se transforma em dióxido de carbono (CO2), reforçando a retenção de calor na Terra por meio do efeito estufa.

Dióxido de carbono (CO2)

É o mais abundante, sendo liberado em uma série de atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento.

O dióxido de carbono é utilizado como referência para classificar o potencial destrutivo dos outros gases.

Estima-se que a quantidade de CO2 presente na atmosfera aumentou em 35% desde a Revolução Industrial.

Quando a combustão de carvão mineral, petróleo e outras fontes fósseis é finalizada, gera dióxido de carbono como um dos produtos.

Essa reação é usada, há décadas, em processos de geração de energia elétrica e oferta de combustíveis para o transporte terrestre, aéreo e marítimo.

Por isso, o CO2 é um dos gases de efeito estufa mais comuns na atmosfera e que mais contribuem com o aquecimento global.

Clorofluorcarbonos (CFC)

Dados apresentados no site da Cetesb indicam que os CFCs são responsáveis por 15 a 20% do efeito estufa.

São utilizados principalmente em aerossóis e materiais para isolamento térmico acoplados a geladeiras, espumas e equipamentos de ar condicionado.

O perigo de utilizar os clorofluorcarbonos é que eles reagem com o gás ozônio presente na estratosfera (camada intermediária da atmosfera) e o decompõem.

Como o ozônio forma uma camada protetora contra os raios ultravioletas emitidos pelo sol, a exposição à luz e calor solares aumenta.

Óxido de nitrogênio (NxOx)

Óxidos de nitrogênio são gases formados por átomos de nitrogênio e oxigênio.

Dois deles são capazes de prejudicar a camada de ozônio, decompondo moléculas desse gás na estratosfera.

Também reagem com outras substâncias da atmosfera, formando a chuva ácida, que prejudica a qualidade do ar, do solo, da água, o desenvolvimento das plantas e pode causar doenças respiratórias em seres humanos.

Dióxido de enxofre (SO2)

Fruto da queima de combustíveis por automóveis, o dióxido de enxofre (SO2) também prejudica a camada de ozônio e favorece a formação da chuva ácida.

Gasolina, óleo diesel e outras fontes de combustíveis fósseis contêm impurezas de enxofre que são liberadas durante sua queima, dispersando esse elemento no ar e permitindo que se ligue o oxigênio para compor o SO2.

Metano (CH4)

O gás metano é produzido principalmente pela decomposição de matéria orgânica e, por isso, é encontrado em aterros sanitários, áreas alagadas para reservatório de usinas de energia elétrica e na criação de gado para a pecuária.

Outras fontes de emissão são o gás natural e atividades agrícolas.

O potencial de manter o calor na superfície terrestre faz do metano um gás de efeito estufa, tornando o crescimento de suas emissões preocupante.

O CH4 tem um poder de aquecimento global 21 vezes maior do que o dióxido de carbono.

Como evitar o efeito estufa?

O aquecimento global é um problema do mundo todo e, por isso, deve ser tratado como prioridade, sem exceções.

É importante pressionar os chefes de estado e parlamentares para que instituam políticas que possibilitem um desenvolvimento sustentável, capazes de garantir o fomento de uma economia de baixo carbono.

As empresas precisam se adequar à nova realidade enfrentada pelo planeta, e o consumidor deve estar atento para cobrar políticas que tenham como foco o desenvolvimento sustentável.

Assim, é papel dos governos criar e fiscalizar o uso políticas de desenvolvimento, da mesma forma que é função de cada um cobrar a aplicação dessas políticas por parte do Estado e iniciativa privada.

Quais os países mais afetados pelo aquecimento global?

O aquecimento global afeta indiscutivelmente todos os países, sem exceção.

Entretanto, alguns sofrem ainda mais, em razão de sua geografia, condição socioeconômica ou ambos os fatores somados.

É o caso dos países de baixa altitude e com extensas faixas costeiras, como Holanda, Bangladesh e pequenas nações insulares do Pacífico e do Caribe, particularmente suscetíveis ao aumento do nível do mar e às tempestades mais intensas.

Essas nações enfrentam a ameaça iminente da perda de território, destruição de infraestrutura e deslocamento de comunidades.

Além disso, regiões áridas e semiáridas, como algumas partes da África Subsaariana, sofrem com secas mais severas e prolongadas, afetando a agricultura e a segurança alimentar.

A redução da disponibilidade de água doce também é uma preocupação crescente.

Os países que abrigam ecossistemas sensíveis, como florestas tropicais e recifes de coral, também estão enfrentando impactos significativos, como vem acontecendo no Brasil.

Nessas nações, o desmatamento, muitas vezes associado à expansão agrícola e à mineração, ameaça a biodiversidade e contribui para elevar as emissões de carbono.

O branqueamento dos corais nos países insulares — muitos deles na Oceania — devido ao aumento das temperaturas dos oceanos coloca em risco ecossistemas marinhos inteiros.

Considerando o alcance mundial da crise, trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios do aquecimento global é a melhor maneira de proteger nossos ecossistemas, economias e sociedades das consequências desastrosas da crise climática.

Quais são os países que mais emitem gases de efeito estufa?

Segundo a WRI Brasil, Estados Unidos, Rússia e Coreia do Sul formam o top 3 dos países líderes em emissões de gases estufa, a principal das causas do aquecimento global.

O Brasil infelizmente aparece também entre os principais emissores, emitindo 6,88 tCO2e/pessoa, o que nos deixa na nona posição.

Esses países figuram entre os líderes em emissões de gases de efeito estufa, devido a uma combinação de fatores econômicos, históricos e industriais.

Os Estados Unidos, como uma das maiores economias do mundo, têm uma demanda gigantesca por energia para sustentar sua infraestrutura e atividades industriais.

Historicamente, a dependência de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural, desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento e crescimento econômico do país.

Apesar dos esforços recentes para diversificar a matriz energética, muitas regiões ainda dependem fortemente de fontes não renováveis, contribuindo para emissões elevadas.

Afinal, os americanos são os maiores consumidores mundiais de petróleo, com 20 milhões de barris por dia, ainda que a sua produção diária seja de 13 milhões de barris.

Já a Rússia, por ser rica em recursos naturais, como petróleo e gás, tem nestes produtos um importante componente econômico.

Por outro lado, a extração e o processamento desses recursos frequentemente envolvem emissões significativas de gases de efeito estufa.

Além disso, a vastidão do território russo e as variações climáticas locais influenciam a demanda por aquecimento, levando a um consumo considerável de energia.

O caso da Coreia do Sul é peculiar, já que é um país pequeno – porém, passou por um crescimento econômico rápido e muitas transformações industriais nas últimas décadas.

Essa expansão, como era de se esperar, trouxe consigo um aumento na demanda por energia, muitas vezes satisfeita por fontes de energia fóssil.

A dependência de carvão e petróleo para eletricidade e transporte, juntamente com uma indústria pesada, também contribuiu para as emissões dos coreanos.

Como o Brasil lida com o aquecimento global?

Embora historicamente o Brasil sempre tenha exercido protagonismo nas questões ambientais e climáticas, isso não nos impediu de estar entre os principais responsáveis pelo aquecimento global.

Pelo menos a opinião pública em nosso país parece estar consciente de que o aquecimento global é um problema grave.

É o que mostra uma pesquisa feita pela empresa de serviços ambientais Veolia e a consultoria Elabe.

Segundo as mais de 1 mil pessoas entrevistadas, 96% dos brasileiros entendem a gravidade da situação.

Para o meteorologista e climatologista Carlos Nobre, uma das maiores autoridades mundiais em mudanças climáticas, a situação no Brasil deve piorar.

Em entrevista ao portal Congresso em Foco, Nobre disse que “se continuarmos aumentando, em 2023 teremos o recorde de emissões no planeta, o aumento da temperatura continuará e esses fenômenos que vivenciamos hoje serão brincadeira perto do futuro”.

Ao menos o poder público parece estar se mobilizando.

Em 2022, foi aprovada uma proposta que torna obrigatórias metas voluntárias do Brasil contra o aquecimento global.

Acordos internacionais de combate ao aquecimento global

As nações têm buscado a cooperação mútua por meio de tratados e acordos, ainda que em algumas delas as ações sejam tímidas.

Os principais deles são:

  • Acordo de Paris: tem como objetivo principal frear o aquecimento global, reduzindo as emissões de gases estufa.
  • Agenda 2030: lista de metas e deveres para orientar os países para o desenvolvimento sustentável, erradicar a pobreza extrema e promover a paz
  • Rio +20: promovida pela ONU, essa série de conferências buscou reafirmar o compromisso ambiental das nações afiliadas
  • Rio +10: série de medidas visando a preservação ambiental, com foco nos países em desenvolvimento
  • Protocolo de Montreal: evento cujo foco foi definir medidas para minimizar os impactos à camada de ozônio
  • Protocolo de Kyoto: tem o objetivo de mitigar o impacto dos problemas ambientais e das mudanças climáticas do planeta.

Leia também: COP 27 – O que é, principais objetivos e temas discutidos.

Como reduzir o aquecimento global?

Talvez não haja como evitar o aquecimento global, mas é preciso que cada um faça a sua parte para reduzi-lo.

Este é um problema de todos, por isso, cada gesto e mudança conta muito.

Ser eco friendly é hoje uma questão de sobrevivência.

Experimente, por exemplo, separar os resíduos que você gera sozinho.

Se nunca fez isso, vai se surpreender com a velocidade com que acumula esse tipo de lixo.

Lembrando que, embora a reciclagem também gere algum impacto ambiental, ele é menor do que o que é provocado pela cadeia produtiva em geral.

Quem anda de carro também pode contribuir, aderindo ao gás natural que, além de ser mais barato que a gasolina, polui menos.

Outra opção são os carros elétricos, cada vez mais populares na Europa e Estados Unidos, e que se espera que sejam mais difundidos no Brasil em um futuro próximo.

Além dessas medidas, você também pode ajudar, fiscalizando e cobrando as empresas que fazem greenwashing, denunciando às autoridades sempre que necessário.

Conclusão

As consequências do aquecimento global são marcantes – e preocupantes.

Não é de hoje que o tema ocupa espaço nos noticiários e é assunto em aulas de ciências e pauta para debates políticos.

Mas o futuro virou presente, e a crise climática é uma realidade consolidada.

Causado pelo efeito estufa, o fenômeno se intensificou após a industrialização, chegando a níveis catastróficos nas últimas décadas.

As consequências já são visíveis e é preciso que as pessoas, governos e empresas façam a sua parte para garantir um mundo habitável para as gerações futuras.

Neste artigo, você conheceu melhor o conceito, suas causas e consequências.

Também entendeu como ocorre o aquecimento global e como o Brasil e o mundo enfrentam a sua ameaça.

Caso se interesse pelo tema, siga estudando, se capacitando e monitorando suas próprias ações.

Um próximo passo pode ser a leitura do nosso artigo sobre educação ambiental, já que passam por isso as soluções para a crise climática.

Tem alguma sugestão ou dúvida sobre o assunto?

Deixe um comentário abaixo ou entre em contato conosco!

Vanessa Pinsky

Doutora em administração na FEAUSP. Coordenadora adjunta na FIA. Professora do Programa de Mestrado Profissional na Faculdade FIA de Administração e Negócios. Professora de diversos cursos de pós-graduação lato sensu na FIA. Pesquisadora associada ao PPGA na FEAUSP, e ao Programa de Gestão Estratégica para a Sustentabilidade (PROGESA/FIA/CNPq). Pesquisadora visitante na School of Global Policy & Strategy da University of California San Diego. Linhas de pesquisa: mudanças climáticas, financiamento do clima, REDD+, governança ambiental, sustentabilidade e inovação. Bacharel em comunicação social (publicidade), MBA em marketing pela ESPM e MBA em gestão e empreendedorismo social pela FIA, além de cursos de extensão no Brasil e nos EUA. Possui mais de 20 anos de experiência profissional nas áreas de sustentabilidade, investimento social privado, assuntos corporativos, marketing e comunicação, tendo trabalhado em empresas multinacionais nos setores financeiro e tecnologia da informação, e no governo americano.

Recent Posts

O que é flexibilidade no trabalho e como ela está transformando as empresas

Descubra o que é flexibilidade no trabalho e como essa tendência está transformando empresas, atraindo…

4 dias ago

O futuro do trabalho em 2025: o que esperar de tendências e desafios?

O futuro do trabalho em 2025 apresenta mudanças importantes para empresas e profissionais. Descubra as…

1 semana ago

Ética na inteligência artificial: relação e como construir um futuro responsável?

A ética na IA envolve princípios e práticas que orientam o uso responsável dessa tecnologia…

2 semanas ago

Auditoria externa: o que é, como realizar e impactos esperados nas empresas

A auditoria externa é uma análise detalhada das finanças empresariais, garantindo precisão e conformidade com…

3 semanas ago

Matriz de materialidade: o que é, como construir e relação com o ESG

A matriz de materialidade é um método de grande utilidade para as empresas que têm…

3 semanas ago

O que é responsabilidade social corporativa como implementar nas empresas?

Responsabilidade social corporativa: empresas indo além dos negócios tradicionais para um mundo melhor. Saiba mais!

3 semanas ago