A bioeconomia oferece soluções sustentáveis para uma relação mais harmônica entre o progresso econômico e o meio ambiente.
Dentro dessa proposta, o campo reúne conhecimentos em biotecnologia, biologia sintética, química de renováveis e outras áreas para criar produtos e serviços de menor impacto para a natureza.
Energia limpa, plásticos biodegradáveis e alimentos funcionais são exemplos de produtos que seguem essa linha de pensamento.
Quer saber mais sobre esse segmento essencial para o desenvolvimento sustentável? Então, acompanhe o artigo até o fim.
Você vai conhecer conceitos, tendências e impactos da bioeconomia, com destaque para sua contribuição para o futuro da humanidade.
Veja os pontos que vamos abordar a partir de agora:
Siga em frente e boa leitura!
Bioeconomia ou economia sustentável é uma área de estudo que propõe um novo modelo de produção, focado em sistemas, produtos e serviços sustentáveis – ou seja, menos dependentes da exploração de recursos naturais.
Esse modelo prevê, essencialmente, a troca de insumos fabricados a partir de combustíveis fósseis e outras fontes esgotáveis por produtos verdes, oferecidos através de materiais e processos que não prejudiquem os ecossistemas.
De acordo com a definição do Sebrae:
“Bioeconomia consiste em iniciativas sustentáveis baseadas na utilização de recursos biológicos renováveis que visam inovar processos e/ou produtos em cadeias produtivas, gerando oportunidades de mercado para os pequenos negócios.”
Dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) mostram que esse setor já movimenta aproximadamente 2 trilhões de euros e gera emprego para 22 milhões de pessoas.
E não é à toa.
Afinal, a bioeconomia apresenta soluções para uma das demandas mais urgentes para a sobrevivência e qualidade de vida da humanidade: a manutenção dos recursos naturais.
Nos modelos econômicos tradicionais, é rara a valorização desses itens, pois a sociedade só começou a se conscientizar sobre os efeitos adversos do consumo desenfreado nas últimas décadas do século 20.
Assim, água, solos, ar, florestas e outros recursos indispensáveis para a vida das espécies que habitam a Terra costumavam ser vistos como meros instrumentos para aumentar o conforto da população e os lucros dos empresários.
Porém, uma série de eventos levou autoridades a voltar sua atenção para a forma como nos relacionamos com a natureza, tendo em mente que seus recursos podem ser esgotados por meio da degradação ambiental, poluição, efeito estufa e outros vilões da atualidade.
Essa é uma das razões para que temas como a bioeconomia, energia sustentável, biotecnologia e consumo consciente ganhassem reconhecimento nos últimos anos.
A tendência é que eles estejam cada vez mais presentes no nosso vocabulário – e no dia a dia.
O objetivo da bioeconomia é disseminar o uso de produtos de base biológica, a fim de substituir insumos tradicionais por itens cuja produção respeita os ecossistemas.
A energia limpa, por exemplo, emprega fontes sustentáveis para atender à demanda por eletricidade, dispensando materiais como carvão mineral e petróleo.
Essas fontes não são sustentáveis, uma vez que podem se esgotar, e só se transformam em energia por meio de processos que lançam toneladas de dióxido de carbono na atmosfera.
O resultado é o agravamento do efeito estufa, que mantém o calor na atmosfera, culminando no aumento da temperatura média no planeta – chamado aquecimento global.
Ao mudar as fontes e diminuir a quantidade de CO2 gerada, a bioeconomia tem como propósito reverter ou, pelo menos, retardar o aquecimento global.
Ao ler até aqui, já deu para perceber que a bioeconomia corresponde a um campo de estudo bastante amplo, que engloba todas as soluções de base biológica que promovem a sustentabilidade.
Os benefícios de apostar nesse modelo são tão amplos quanto suas soluções.
Por isso, selecionamos algumas para dar uma ideia sobre o impacto que esse campo pode proporcionar.
Explicamos, acima, como a priorização de fontes limpas de energia quebra os pilares do aquecimento global, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa (GEE).
Dessa forma, a humanidade poderá desfrutar de um menor impacto da produção e consumo sobre as condições climáticas no mundo.
Embora seja essencial para a subsistência, a agricultura nem sempre é valorizada nos territórios, principalmente quando praticada por pequenos produtores.
Com a adesão à bioeconomia, essa prática ganha uma nova função, fornecendo a base para as soluções dos principais problemas do planeta.
Espécies de plantas e animais já deveriam ser prioridade na hora de pensar o desenvolvimento econômico, entretanto, continuam sendo deixadas em segundo plano.
O resultado disso são as extinções e destruição do habitat natural de uma série de espécies, prejudicando a biodiversidade e o equilíbrio ambiental.
A economia sustentável preza pela manutenção da flora e da fauna, ressaltando seu papel crucial para o bem-estar de todos os seres vivos, incluindo os humanos.
O modelo da bioeconomia propõe que os resíduos sejam vistos sob um novo prisma, pois muitos deles servem como material para gerar novos insumos ou energia.
Assim, é possível diminuir a quantidade de lixo despejada em aterros e na natureza, ao mesmo tempo em que se cria uma fonte rica de matéria-prima.
A fome ainda faz parte da realidade de milhões de pessoas em todo o mundo.
Segundo a última edição do relatório “O Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo”, publicado pela ONU em julho de 2020, esse mal atingiu quase 690 milhões de indivíduos em 2019.
Em 2020, o quadro deverá se agravar por causa da pandemia de Covid-19, levando mais de 130 milhões a passar fome de maneira crônica.
Virar esse jogo e garantir a segurança alimentar para todos depende de esforços em prol do desenvolvimento sustentável, e a bioeconomia é um caminho para isso.
Em 2019, o Banco Mundial alertou que mais de 10% da população mundial (cerca de 800 milhões de pessoas) não contavam com acesso à eletricidade.
Esse fator exclui as pessoas de viver com o mínimo conforto, desfrutando de iluminação noturna, de um banho quente ou do auxílio de aparelhos eletrodomésticos.
Suprir essa demanda, levando a eletricidade a locais remotos, é um desafio que requer soluções criativas como as propostas da economia sustentável.
As alternativas formuladas pela bioeconomia incentivam o desenvolvimento das comunidades, sem provocar efeitos negativos sobre o meio ambiente.
Desse modo, elas ressaltam que é possível avançar, aumentar a produção e crescer, mas não prejudicando os ecossistemas e sem esgotar solos e outros recursos naturais.
Para falar sobre a importância da bioeconomia para o futuro, vale observar a declaração dada pelo doutor em Ecologia e autor de livros sobre educação ambiental, Genebaldo Freire.
Veja o que ele falou em reportagem publicada no site da EBC, ilustra a necessidade de corrigir a rota e adotar um modelo econômico que priorize a preservação ambiental:
“Nós estamos vivendo uma falha de percepção e temos algumas evidências objetivas que comprovam isso: nós dependemos de água pra tudo e qual é o nosso comportamento? Desperdício, consumismo, poluição e desmatamento, e isso tudo numa pressa danada, com uma população que cresce em 75 milhões de pessoas a cada ano no mundo.”
Ao focar o debate na questão da água, o especialista sinaliza que a destruição desse recurso é a base para uma série de outros problemas.
No Brasil, onde a maior parte da energia (cerca de 60%) vem das hidrelétricas, a escassez de água já provocou graves crises, levando a episódios como o racionamento para os moradores de São Paulo e região metropolitana, em 2015.
A agricultura é mais um setor bastante impactado, uma vez que é responsável por 70% da água consumida no país.
E, sem condições para a agricultura, a oferta de alimentos fica seriamente ameaçada.
Um dos fatores que contribui de forma decisiva para a falta de chuvas e a diminuição no nível das reservas aquáticas é o desmatamento, que vem modificando vegetações como o cerrado brasileiro, presente na Região Centro-Oeste, onde há diversas nascentes de rios.
Com a retirada da vegetação nativa, essas nascentes ficam desprotegidas, diminuindo a capacidade de o solo absorver, guardar e injetar água nos rios.
Essa dinâmica também provoca a redução na quantidade de chuvas e o aumento nas temperaturas, contribuindo para o aquecimento global.
Um dado alarmante foi divulgado ainda em 2007, por meio do 4° Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que previu a elevação da temperatura média da Terra entre 2ºC e 5,8°C, ainda no século 21.
Onze anos depois, a atualização do documento, elaborado pela ONU, revelou que, caso a temperatura aumente acima de 1,5°C, a expectativa é que, até 2050, mais de 350 milhões de indivíduos enfrentarão períodos de seca no mundo.
O tema começou a ser conhecido no país na década de 1970, quando o governo federal lançou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) para diminuir a dependência da gasolina e outros derivados de petróleo no setor de combustíveis.
A mudança foi motivada pela crise do petróleo, que fez o preço dos barris dispararem, limitando o acesso a esse recurso.
Por outro lado, a crise acabou despertando as autoridades para as vantagens dos bioprodutos, a exemplo do etanol.
Contudo, as pesquisas relacionadas à bioeconomia não receberam muitos incentivos, o que acabou paralisando o avanço dessa estratégia, mesmo que o país tenha a maior variedade de espécies da flora (cerca de 43 mil) e fauna (por volta de 103 mil) do planeta.
Essa biodiversidade representa grande potencial para investir e até liderar as transformações necessárias para aumentar a adesão à economia sustentável.
Para isso, é vital o apoio e investimento em pesquisas e na sua integração com a indústria nacional, a fim de substituir a priorização de commodities pela de produtos de maior tecnologia agregada.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, 20% da quantidade total de espécies existentes no mundo está no Brasil, grande parte delas na Amazônia.
Essa é uma das razões para entidades nacionais e internacionais lutarem pela proteção da floresta, a fim de limitar queimadas e outras modalidades de desmatamento em prol da agricultura e da pecuária.
O que muita gente não sabe é que, junto à biotecnologia, as espécies da Amazônia são capazes de gerar riquezas em diversos formatos, inclusive para empresas que decidam explorar sua biodiversidade para descobrir novas funções para elas.
Atualmente, já há mais de 245 espécies da flora nacional utilizadas como base para cosméticos e biofármacos, acompanhadas por 36 espécies de plantas que servem de base para fitoterápicos.
Com o reforço de uma industrialização nos moldes da bioeconomia, há espaço para mais descobertas como essas, realizadas sem prejudicar a floresta.
Esse é o propósito do projeto Amazônia 4.0, que quer unir todo esse potencial à indústria 4.0, que dispõe de modernidades como a robótica, automação e internet das coisas.
Caso tenha sucesso, a iniciativa pode conferir um papel de destaque ao Brasil.
Nos últimos tópicos, comentamos a necessidade de unir o potencial da biodiversidade às inovações industriais, a fim de construir formatos sustentáveis na produção de bioprodutos nacionais.
Essa estratégia seria mais simples de implementar se houvesse incentivo por parte da política adotada em relação ao meio ambiente e ao desenvolvimento de insumos.
Nesta reportagem do Nexo, duas especialistas explicam que, nos últimas décadas, o Brasil deixou as pesquisas de lado e aumentou a exportação, o que teve efeitos sobre os incentivos para a descoberta de novos bioprodutos.
Eles costumam ser encontrados após várias tentativas e análise de possíveis aplicações para seus componentes.
Já se sabe que a soja, por exemplo, possui uma substância empregada para mitigar sintomas da menopausa, chamada isoflavona.
Sua produção exige investimentos em tecnologia de ponta, que ainda está pouco disponível na indústria nacional.
A bioeconomia serve como ferramenta para alcançar 6 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Agenda 2030.
Esse projeto foi construído durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em 2015, com a proposta de transformar as condições dos países até 2030.
Erradicação da fome, promoção da paz e justiça e combate à crise climática são prioridades que inspiraram os ODS.
Empregando a bioeconomia, as nações terão um caminho para cumprir com:
Agora que você já tem uma ideia sobre o potencial da economia sustentável, conheça 4 pilares que deverão continuar impulsionando essa área nos próximos anos.
A economia circular inverte a lógica linear de produção e consumo, estendendo a vida útil dos materiais.
Em vez de descartá-los após o primeiro uso, essa nova lógica propõe que sejam reutilizados, consertados, transformados e reciclados, diminuindo o lixo lançado no meio ambiente e a energia necessária para produzir novos itens.
Além da reciclagem e reuso propostos pela economia circular, resíduos orgânicos também podem servir como matéria-prima para gerar bioprodutos e energia.
Óleo vegetal e restos de madeira são alguns dos resíduos que atendem a essa demanda, podendo ser usados como biomassa para viabilizar uma série de processos.
A biotecnologia está na raiz das técnicas preconizadas pela economia sustentável para aproveitar o potencial da biodiversidade.
Ela engloba desde métodos simples, como a fermentação, até dinâmicas complexas como o melhoramento genético, usado para aumentar a eficiência na agricultura.
A biotech viabiliza a produção de matérias-primas biodegradáveis, servindo para fabricar produtos diversificados, como tecidos.
Também desenvolve soluções de despoluição de recursos naturais, através de microrganismos e algas.
A energia limpa é aquela proveniente de fontes sustentáveis e cujos processos de produção não liberam gases tóxicos na atmosfera, como o CO2.
Solar ou fotovoltaica, eólica, hidráulica, geotérmica e maremotriz são exemplos dessas modalidades energéticas, que têm a capacidade de substituir os combustíveis fósseis na demanda por energia em todo o planeta.
Neste artigo, exploramos as aplicações, exemplos e a importância da bioeconomia.
Unindo caminhos sustentáveis e crescimento descentralizado, esse modelo fomenta a construção de uma sociedade mais consciente, que alinhe seu progresso à preservação dos ecossistemas.
Mas esse desenvolvimento sustentável requer investimento de tempo, capital intelectual e dinheiro para que se torne comum entre as nações, resultando em um impacto mais abrangente.
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