O ano de 2020 ficará marcado na história pelos impactos do coronavírus no mercado financeiro, além de todas as implicações sobre o setor da saúde.
Causador de uma doença chamada Covid-19, ele se espalhou rapidamente nos primeiros meses do ano, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a classificar o cenário como uma pandemia.
E os números não deixam mentir.
No momento em que este artigo é escrito, são mais de 10 mil mortes apenas no Brasil, além de 156 mil casos confirmados.
Em escala global, o total de óbitos passa dos 270 mil, com pelo menos 4 milhões de infectados.
Além de hospitais superlotados e inúmeros desafios na assistência em saúde, o coronavírus alterou a rotina das pessoas, fez as autoridades estabelecerem o isolamento social e fechou empresas (algumas temporariamente, outras não).
Como não poderia deixar de ser, tudo isso gerou reflexos também no mercado financeiro – e é sobre eles que vamos falar ao longo deste texto.
Continue lendo para saber mais sobre os efeitos do coronavírus para as finanças do Brasil e do resto do mundo.
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Boa leitura!
Os últimos anos foram bastante intensos no Brasil – e a economia foi um termômetro fiel dessa realidade.
A crise castigou patrões e trabalhadores, com o desemprego atingindo níveis alarmantes.
No começo de 2020, os números ainda apontavam para 12,9 milhões de brasileiros sem vínculo empregatício, o que corresponde a 12,2% da população.
Paralelo a isso, a alta na inflação fez com que o IPCA chegasse ao fim de 2019 com o maior índice registrado para um mês de dezembro desde 2002.
Para conter o aumento dos preços e a redução do poder de compra do brasileiro, o Banco Central atuou para reduzir a taxa básica de juros e, assim, incentivar o consumo.
Foi dessa forma que chegamos à menor Taxa Selic de toda história – neste momento, em 3% ao ano.
Movimento importante para quem busca crédito no mercado, essa queda alterou o perfil de investimentos, com muita gente migrando da renda fixa para a variável em busca de maiores rentabilidades.
Esse foi um ingrediente extra de um 2020 no qual o mercado financeiro brasileiro ensaiava uma retomada do crescimento.
No começo do ano, diversas quedas consecutivas na projeção do IPCA pareciam indicar que o ano terminaria de forma favorável à economia do país.
Por meio de seu Relatório Focus, divulgado semanalmente, o Banco Central apontava em fevereiro para uma inflação abaixo do centro da meta para 2020.
Então, veio o coronavírus – e todas as projeções foram alteradas.
Desde o início da pandemia, que chegou ao Brasil em março, a crise do coronavírus tem tido grandes impactos na economia mundial.
De cara, a parada repentina que muitas indústrias foram obrigadas a fazer no primeiro trimestre, em virtude das orientações de isolamento social, elevou para 20% o nível de ociosidade do setor.
Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com o instituto econômico suíço KOF da ETH Zurique, os efeitos do Covid-19 serão sem precedentes tanto em escala regional como também global.
O levantamento das instituições indicava para abril uma queda de 8,5 pontos no Barômetro Global Coincidente, levando o índice para 69,4 pontos – o menor nível registrado desde 2009.
Os barômetros econômicos globais compõem um sistema de indicadores criado pela FGV e o KOF com o intuito de analisar o desenvolvimento econômico mundial.
No estudo, a análise das duas versões do índice – antecedente e coincidente – indicou que a pandemia de coronavírus já tem afetado economia em escala global.
Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), o ano de 2020 pode esperar uma retração de 3% na economia mundial.
Isso significa que essa é a maior crise desde 1930 – e muito mais grave do que a recessão causada pelo estouro da bolha do mercado imobiliário em 2009.
Pelo mundo todo, as bolsas de valores viveram momentos de pânico durante as últimas semanas.
A pandemia do coronavírus provocou uma desaceleração nas indústrias e no consumo, o que trouxe consequências quase que imediatas para os mercados acionários.
Em março, um corte extraordinário na taxa básica de juros do Federal Reserve (equivalente ao Banco Central dos Estados Unidos) chamou atenção de economistas com um indício de que a crise seria ainda mais longa e grave do que se imaginava.
Além dos americanos, instituições financeiras do Canadá, Inglaterra, Japão, Suíça e Europa anunciaram ações coordenadas para regular a quantidade de dólares em circulação no mercado global.
Em março, as principais bolsas asiáticas caíram de forma intensa, seguindo uma tendência que já vinha na região desde o começo do ano.
Na Europa, afetada pela pandemia um pouco depois que a Ásia, a situação não foi muito diferente.
No velho continente, o mês de abril começou com quedas expressivas nas bolsas de Paris (-1.82%), Frankfurt (-1,18%), Londres (-1,74%), Madrid (-1,72%) e Milão (-1,01%).
Dados da primeira semana de maio apontam ainda para o fato de que as bolsas das Américas não tiveram um desempenho muito diferente do resto do mundo.
Enquanto a Dow Jones recuou 0,91% de seu índice e a análise Standard and Poor’s registrou uma queda 0,71%, a Nasdaq parece ter sido a única a apresentar um crescimento tímido de 0,51% – dados de seis de maio.
No Brasil, o índice Ibovespa chegou a maio com mais de 30% de queda acumulada desde o início da crise e seis circuit breakers acionados nos últimos dois meses.
Esse é um evento que paralisa o pregão da bolsa de modo temporário para acalmar o mercado.
Pelo mundo todo, os mercados financeiros têm sofrido os impactos da pandemia de coronavírus.
Desde o começo do ano, indústrias da Ásia, Europa e Américas foram obrigadas a paralisar as atividades para restringir o contágio do vírus.
Em pleno funcionamento ficaram apenas aquelas empresas de setores considerados essenciais para o abastecimento público e o cuidado médico da população.
Com todas essas mudanças na forma como o mundo trabalha e as limitações à produtividade, a economia foi bastante afetada.
A estratégia de combate à pandemia proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) defende a diminuição drástica das possibilidades de contágio como forma de diluir o número de doentes durante os próximos meses e, assim, evitar o colapso dos sistemas de saúde.
Essa abordagem já tem apresentado resultados satisfatórios em alguns países e parece ser o único caminho para minimizar os impactos até que uma vacina ou medicação sejam desenvolvidas.
A pandemia de coronavírus iniciou na China ainda no final de 2019 e, por isso, vieram de lá os primeiros impactos na economia global.
Nos últimos anos, o país se tornou uma verdadeira potência econômica e chegava em 2020 como um parceiro comercial importante para diversos países da América Latina – o volume de exportações chinesas gira em torno de 20% na região.
Ao traçar um paralelo com a última crise global de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), especialistas do setor apontam para um maior impacto no setor de commodities.
Dentro desse cenário, empresas de mineração e extração de celulose devem sofrer bastante com a crise.
Vale lembrar que a China é responsável por 72% de toda a demanda global de minério de ferro e 49% de todas as compras de minério de cobre do mundo, só para citar dois exemplos.
Para os próximos meses, as projeções para o mercado financeiro mundial não são nada positivas.
Atualmente, até mesmo os analistas mais otimistas reconhecem que estamos entrando em um período de recessão sem precedentes e sem previsão para acabar.
A retração projetada pelo FMI de 3% pode até parecer pequena, mas representa uma queda de mais de seis pontos percentuais em relação ao que havia sido previsto no fim de 2019.
Infelizmente, a estimativa de um crescimento de 3,4% feita na época parece estar bem longe da realidade que vivemos hoje.
Para o mercado financeiro brasileiro, a situação começou a se agravar em março, data em que o primeiro circuit breaker do ano foi acionado.
O mecanismo da B3, bolsa de valores brasileira, suspende as negociações por 30 minutos e é ativado automaticamente sempre que uma queda maior do que 10% é registrada no pregão.
Desde o início da crise, foram seis as ocasiões em que as negociações da bolsa tiveram que ser paralisadas para frear uma desvalorização brusca das ações.
E não é só o mercado financeiro que sofre com a crise.
Apesar de importante, a paralisação de atividades não essenciais recomendada pela OMS traz consequências imediatas no consumo e na geração de renda no país.
Como um forte exportador de commodities e parceiro comercial da China, o Brasil só tem a perder com a desaceleração das indústrias do gigante asiático.
É o que apontam analistas do Itaú BBA, Bradesco BBI, Morgan Stanley e XP Investimentos.
Além da mineração e extração de celulose, fortes por aqui, a siderurgia também deve ser afetada com a falta de escoamento para sua produção.
O petróleo, que vinha em uma tendência à desvalorização, se junta ao setor frigorífico na lista das áreas mais afetadas pela recessão.
O sonho de uma recuperação econômica era compartilhado por analistas do mercado financeiro brasileiro.
Hoje, ele parece ter se desmanchado frente à realidade devastadora de uma epidemia global.
Em meio aos esforços governamentais para reduzir os impactos da crise, a economia sofre com um salto no déficit do setor público.
Em algumas semanas, a projeção de déficit de 1,65% do Produto Interno Bruto (PIB) saltou para 4,14%.
Esse é o maior número da série histórica do BC (iniciada em 2001), superando os 2,48% registrados no ápice da crise política e econômica de 2016.
Quanto ao PIB, a retração que já era esperada para 2020 se agravou ainda e pode chegar a – 5% segundo o Banco Mundial.
A pandemia do coronavírus afetou diretamente nos resultados de mercados financeiros do mundo todo.
A insegurança em questões sociais rapidamente se transformou em volatilidade para as economias em nível regional e global.
O termo “volatilidade”, bastante utilizado no meio dos investimentos, tem ganhado espaço também nas avaliações do impacto trazido pela crise recente.
Nesse cenário, o clima de incerteza aumenta mais ainda os riscos e, nesse cenário, uma decisão ruim pode deixar o investidor completamente vulnerável e exposto a perdas consideráveis.
Quando falamos em volatilidade no mercado financeiro, estamos nos referindo às variações de preço de um determinado ativo, como títulos e ações.
Essa variação é comum em todo tipo de investimento, mas tende a se intensificar ainda mais em momentos de crise.
O perigo desse movimento é que uma retração econômica puxa para baixo a volatilidade do mercado, tendo como resultado as quedas significativas que pudemos verificar nos últimos meses no Brasil e no mundo.
Apesar de todos os impactos negativos, a crise recente também oferece oportunidades para quem tem capital disponível.
Assim como em todos os períodos de recessão, o momento que vivemos vai passar com o ciclo econômico retomando o seu crescimento.
Nesse sentido, pode ser interessante investir em ações em setores estratégicos da economia, tendo em mente a possibilidade de retorno em longo prazo.
Mas, atenção: o momento só é propício para escolher um investimento se você não tiver pressa e puder esperar o tempo necessário para recuperar o dinheiro que aplicou.
Quem age no curto prazo e vende seus ativos em momentos de crise só consolida a perda financeira.
Ao longo do texto, falamos sobre os efeitos diversos da pandemia para o mercado financeiro no Brasil e no mundo, os setores mais afetados e as projeções para próximos meses.
Enquanto alguns se perguntam se esse é o momento certo para investir e como podem aproveitar a crise para ter ganhos, outros têm dúvida sobre como manter a gestão dos ativos que já fazem parte da carteira.
Será que esse é o momento de vender seus títulos e ações antes que eles desvalorizem ainda mais?
Ou será que essa é na verdade a hora de aproveitar os preços baixos para fazer novas aplicações?
Segundo Carlos Takahashi, presidente no Brasil da maior gestora de ativos do mundo, eventos como esse deixam claro a necessidade de investir com olhar para o longo prazo.
Com quase US$ 7 trilhões em sua carteira, a BlackRock aposta em um sistema de gestão que coloca a boa administração das empresas à frente do lucro especulativo.
Takahashi defende que a situação da economia brasileira se assemelha a de um paciente na UTI: é preciso aguardar os sintomas para ir tomando as decisões dia após dia.
O cenário atual tem assustado os investidores no Brasil e, não à toa, o volume de investimentos encolheu 5% no mês de março.
Frente à recessão econômica, muitos ficam perdidos sobre como agir com seu portfólio de ativos.
Segundo Sigrid Guimarães, CEO e sócia da Alocc Gestão Patrimonial, o mais importante agora é ter liquidez em seu patrimônio.
Na prática, isso significa não fazer estratégias ousadas nem assumir riscos que sejam incompatíveis com o seu estilo de vida.
Para a especialista, o ideal é manter sua reserva de emergência em um lugar acessível e se planejar para que ela dure o máximo de tempo possível.
Como a crise econômica trazida pelo coronavírus é sem precedentes na história, fica difícil projetar como será o futuro da economia mundial.
Segundo o consultor especialista em finanças pessoais Renato Follador, movimentos de retração e queda como os que são observados na B3 desde março refletem o que acontece nos demais setores da economia.
Ele alerta para o fato de que o momento atual é singular no sentido de que não existe na história recente outro evento que tenha causado uma recessão com tamanho alcance.
Para Follador, a recuperação econômica é inevitável e deve acontecer entre um e dois anos depois do fim da pandemia.
O desafio, neste momento, é justamente saber quando ela irá acabar.
Vivemos um momento delicado com a crise de coronavírus afetando a vida e o funcionamento de diversos países do mundo.
A pandemia, que atingiu primeiro a China, se alastrou por todo o globo em cerca de três meses e trouxe consequências devastadoras para o mercado financeiro.
Em meio às turbulências e incertezas, diversos setores já sofrem com a volatilidade da economia.
Para as bolsas de valores, o período tem sido de extrema tensão com diversos circuit breakers e interrupções mais longas sendo feitas no mundo todo como forma de tentar frear quedas vertiginosas.
Apesar de alarmante, é importante lembrar que os períodos de crise e de desenvolvimento econômico acontecem de forma cíclica.
Assim, da mesma forma como começou, a recessão atual vai acabar um dia e, até lá, é preciso ter uma estratégia para passar pelo período da melhor forma possível.
Você concorda com isso? Tem alguma outra dica a respeito? É só deixar o seu comentário.
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