A expressão indústria criativa pode soar como algo novo, mas não é.
De uma certa forma, o conceito sempre existiu, pois toda e qualquer invenção ou evolução em produtos, equipamentos e utensílios diversos dependeu do intelecto humano.
No início da era industrial, porém, o foco estava sempre em encontrar maneiras de produzir mais em um tempo menor e gastando menos recursos para isso.
Hoje, o desafio vai muito além: é preciso se diferenciar nos detalhes, no conceito, no modelo de negócio, enfim, explorar criativamente cada dimensão do produto ou serviço oferecido.
Com tantos avanços tecnológicos, tanta globalização e tanta concorrência, essa capacidade de pensar além e de propor novidades é cada vez mais importante.
Sim, há tecnologias como inteligência artificial e machine learning, que permitem às máquinas começarem a assumir atividades criativas.
Mas não esqueçamos que os robôs são criações humanas, ou seja, a nossa criatividade ainda é o ponto de partida para as grandes inovações.
Como a inovação deve ser um objetivo permanente das empresas em um mundo tão complexo e volátil, podemos dizer que saber um pouco mais sobre a indústria criativa é útil para qualquer profissional.
Sobretudo para os gestores e para aqueles que têm seu negócio próprio, para que passem a tratar a criatividade como um valor fundamental no planejamento estratégico da organização.
Se você se enquadra entre eles, confira os tópicos que iremos abordar a partir de agora:
Boa leitura!
Indústria criativa é o setor da economia que tem o capital intelectual como a principal matéria-prima na produção de bens e serviços.
O capital intelectual é um bem intangível, composto não apenas pelo conjunto de conhecimentos e habilidades dos recursos humanos de uma empresa, como muitos podem pensar.
Também compõem o capital intelectual os conhecimentos adquiridos, documentos e internalizados pela organização. Além da cultura organizacional, é claro.
Veja que estamos falando de recursos abstratos, e não de dinheiro, estrutura física ou bens como imóveis, veículos e maquinário.
Não, o que conta aqui é a capacidade que a empresa tem de utilizar seus conhecimentos e criatividade para inovar e gerar valor.
Pode não parecer nenhuma novidade, pois esses recursos abstratos sempre estiveram presentes nas inovações trazidas pela espécie humana, como destacamos no início do texto.
O que acontece é que, com a indústria criativa, a relação entre suor, dinheiro e criatividade pende para a criatividade como nunca antes.
Por exemplo, no modelo tradicional da indústria, vamos tomar como base o universo automobilístico.
Nele, a criatividade é utilizada para criar um processo mais eficiente de produção de rodas, ou um novo design de pneu.
Já a indústria criativa tem mais a ver com a criação do Uber, por exemplo, um aplicativo que revolucionou o transporte nas cidades e foi fruto da criatividade de empreendedores do Vale do Silício.
Mais adiante, falaremos mais sobre as divisões da indústria criativa e daremos novos exemplos.
A indústria criativa é importante tanto para o ecossistema empreendedor quanto para a sociedade em geral – e, por consequência, para os gestores públicos.
Quem empreende na indústria criativa está criando um negócio de alto valor agregado.
Geralmente, os empreendimentos comercializam produtos e serviços com uma margem de lucro acima daquela encontrada em empresas de outros setores.
As inovações dessa indústria geram novos mercados, influenciando outros empreendedores a abrirem seus negócios, criando um círculo virtuoso de geração de riqueza e empregos.
Sem contar que, como quaisquer outros, os negócios da indústria criativa estabelecem parcerias com outras empresas, mesmo aquelas da indústria tradicional.
Para a sociedade em geral, a indústria criativa gera soluções inovadoras para problemas das nossas rotinas ou, então, melhoram produtos e serviços dos quais já dispomos hoje.
Ou seja, ela ajuda a tornar nossa vida mais confortável, eficiente e segura.
Não podemos esquecer, é claro, dos bens culturais, como obras e eventos artísticos, que também são fruto do conhecimento e criatividade das pessoas.
Esses produtos têm grande importância – mesmo que mais subjetiva – na nossa qualidade de vida.
Em 2010, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) criou a seguinte classificação para as indústrias criativas:
Tomar conhecimento dessas subdivisões é interessante para ampliar a visão e notar que há muitas áreas que usam o capital intelectual como principal matéria-prima.
Mas talvez fosse melhor esquecer um pouco essas divisões formais e apenas pensar no conceito de colocar a criatividade como propósito da empresa.
Um equipamento eletrônico com uma função inovadora, que não existia antes, não faz parte da indústria criativa só porque não se enquadra bem em nenhuma categoria da classificação da UNCTAD?
Por trás do desenvolvimento do produto houve muita pesquisa e, sobretudo, criatividade, para criar algo inovador. Capital intelectual puro.
Unindo a premissa da criatividade e inovação como propósitos a outras ideias da transformação digital, como foco no cliente e metodologias ágeis, você tem condições de criar um negócio bastante promissor.
Outro termo que se usa bastante para caracterizar os negócios que têm o capital intelectual como principal matéria-prima é economia criativa.
Afinal, existe diferença entre indústria criativa e economia criativa?
Pode-se fazer algumas distinções entre os dois termos, sim, mas no fundo os dois são utilizados para falar da mesma coisa.
Uma das diferenças é que indústria criativa é um termo mais tradicional, que se utilizava já antes da popularização da internet e dos smartphones.
Afinal, como você viu nas subdivisões do tópico anterior, elas contemplam uma série de atividades que são bastante antigas.
Já economia criativa é um termo mais recente, que costuma ser utilizado para caracterizar a onda de empresas de tecnologia com modelos de negócio inovadores, como o Uber, que já citamos antes.
Mundo afora, muitas startups tentam aplicar a lógica de empreendedores inovadores do Vale do Silício em oportunidades ainda não exploradas.
Isso é economia criativa, pois abrir um mercado dessa maneira exige muita capacidade intelectual para bolar, desenvolver e colocar em prática um modelo de negócio inovador.
Outra distinção que se pode fazer é utilizar o termo economia criativa para se referir ao conceito de colocar o conhecimento como centro dos processos produtivos.
Enquanto isso, a indústria criativa seria a materialização desse conceito com a criação de empresas que efetivamente criam soluções inovadoras para a sociedade.
No geral, porém, não é incorreto dizer que economia criativa e indústria criativa são sinônimos.
Como ficou claro nos tópicos anteriores, uma série de negócios já tradicionais faz parte da indústria criativa.
A moda é um exemplo.
Em outros tempos, todo mundo se vestia de forma parecida. As roupas eram feitas por alfaiates ou em massa e padronizadas.
Mas não haviam grifes, marcas estampadas nas peças de roupa.
Quando a indústria têxtil se deu conta de que poderia transformar a área de maneira a vender muito mais, transformou-se na indústria da moda.
Hoje, há coleções e tendências que vão e vêm.
Criou-se nos consumidores uma necessidade que antes eles não tinham: a de andar na moda.
O que acontece é que a moda se constrói na cabeça dos designers, fruto de seu conhecimento e criatividade. Ou seja, é indústria criativa.
Se você procura exemplos mais atuais de negócios da indústria criativa, saiba que alguns deles provavelmente estão muito presentes na sua rotina.
O Uber, que temos citado ao longo do texto, está entre eles.
Seus criadores não inventaram o automóvel, mas sim um aplicativo que conecta proprietários de veículos com pessoas que querem se deslocar a determinado lugar.
De uma só vez, ajudou pessoas a terem uma nova fonte de renda e outras a terem uma alternativa de transporte – ao mesmo tempo que ganham dinheiro com uma comissão sobre cada corrida.
Enquanto o Uber deu sentido a carros ociosos no mundo todo, o Airbnb fez algo parecido com imóveis.
Trata-se de um serviço online que conecta proprietários com possíveis hóspedes para locação por temporada, uma alternativa mais viável e, às vezes, mais interessante que ficar em um hotel.
A popularização dos smartphones no mundo todo provocou uma verdadeira revolução na maneira como as pessoas interagem, convivem e executam as suas atividades cotidianas.
Hoje, esses aparelhos são praticamente uma extensão do corpo humano, pois são carregados para todo canto aonde vamos.
Com um pacote de dados móveis, portanto, é possível estar conectado com o mundo inteiro o tempo todo, em todos os lugares (onde há sinal, claro).
O resultado é que, atualmente, as pessoas gastam mais horas conectadas no celular do que no computador.
Essa realidade permitiu aos empreendedores da indústria criativa novas possibilidades, criando negócios como os que citamos no tópico anterior.
Muitos dos aplicativos da indústria criativa operam nessa lógica da economia colaborativa: unem duas pontas com interesses que se completam e geram valor cobrando uma comissão pela mediação.
Mas há muitas possibilidades, como aplicativos que ajudam a organizar a rotina, que controlam a dieta e exercícios, que ensinam idiomas, entre outros.
Desse modo, não é exagero dizer que é possível saber muito sobre uma pessoa apenas analisando o conjunto de apps instalados no seu celular.
Se você planeja embarcar nesse universo e investir no desenvolvimento de um aplicativo, tenha em mente que é preciso ter uma estratégia clara de monetização.
Afinal, de nada adianta o app ser extremamente popular e não gerar dinheiro para quem o criou.
Essa e outras dicas – que valem para aplicativos e outras empreitadas na indústria criativa – vamos desenvolver melhor no tópico seguinte.
Quer empreender na indústria criativa?
Abaixo, confira sete dicas que podem lhe ajudar a ter sucesso em seu negócio.
Muitos empreendedores gastam tempo demais procurando criar uma ideia revolucionária, criando um mercado totalmente novo.
Mas, às vezes, as melhores ideias surgem quando uma mente criativa observa uma necessidade que já é atendida de alguma maneira, porém com potencial para ser muito melhor explorada.
Como o Uber (de novo ele).
O serviço surgiu com o propósito de oferecer um serviço de luxo no transporte de pessoas.
Com o tempo, a ideia foi se adaptando e hoje é um grande concorrente dos táxis.
O que torna aplicativos da economia colaborativa, como o Airbnb, tão lucrativos é sua escalabilidade.
Ou seja, a capacidade que o negócio tem de atender a um aumento de demanda sem necessitar se endividar com grandes investimentos com estrutura e pessoal.
Quando os serviços são online, basta ter uma estrutura robusta de servidores e serviços de atendimento mais automatizados possível.
O segredo, quando se fala em escalabilidade, é eliminar os obstáculos ao possível crescimento da sua empresa, de modo que não haja um teto que a limite.
Criar um serviço ou produto pensando apenas na sua possível popularidade é um erro comum entre empreendedores da indústria criativa.
O problema é quando a popularidade não traz lucros necessariamente, como no caso dos aplicativos para smartphones, de que falamos antes.
Esqueça as duas exceções mais famosas: Facebook e Google.
No começo, os dois gigantes não tinham uma estratégia de monetização bem definida e hoje têm a maior parte de suas receitas imensas advindas da publicidade.
Mesmo se sua intenção for obter dinheiro de investidores, é preciso pensar na sustentabilidade da empresa para convencê-los de que haverá retorno financeiro.
Se empresários experientes erram, imagine quem está começando. Ainda mais em um mercado tão acirrado.
A dica, aqui, é usar a prototipagem sugerida pela metodologia design thinking.
Ou seja, em vez de investir um longo tempo e muito dinheiro no desenvolvimento de um produto e depois lançá-lo de forma bombástica no mercado, que tal testá-lo antes?
É o chamado mínimo produto viável (MVP), desenvolvido com o mínimo de tempo e recursos possível.
Se, no fim, o resultado não for o desejado, os prejuízos serão pequenos, e haverá insights valiosos para melhorar o produto antes de alcançar a sua versão oficial.
Há empreendedores iniciantes que procuram ajuda externa apenas para levantar dinheiro para seu projeto. Mas há outros bens tão ou mais valiosos quanto.
Por exemplo, um investidor pode atuar como mentor, compartilhando sua experiência e aconselhando sobre questões estratégicas.
Além disso, é bom olhar com carinho para oportunidades em incubadoras e aceleradoras, mesmo que os contratos não prevejam suporte em dinheiro.
Nesses locais, uma empresa nascente encontra todo o background técnico de que precisa para crescer com força, velocidade e organização.
A cultura organizacional é como se fosse a alma de uma empresa.
Ela está muito além do que dizem os valores, a missão e a visão da companhia.
Quando se fala em cultura, é algo que está ligado com o propósito da organização e, claro, se reflete na prática.
Empresas com uma cultura organizacional bem definida e reconhecida têm colaboradores muito mais motivados.
A cultura também torna a tomada de decisão muito mais fácil – mesmo em momentos de crise -, pois todos sabem qual é o norte a ser seguido.
Como já explicamos antes, na indústria criativa, a principal matéria-prima é o capital intelectual. E ele reside principalmente nas pessoas, que compõem o capital humano.
Então, a dica final é investir nelas.
Faça investimentos na capacitação dos colaboradores, para que eles atuem de forma cada vez mais criativa.
Também ajuda romper os silos de comunicação, estimulando a colaboração entre as equipes e a multidisciplinaridade.
Com maior diversidade cognitiva e troca de ideias entre pessoas com diferentes conhecimentos, o caminho para a inovação fica muito mais curto.
Com a indústria criativa, os administradores têm a oportunidade de criar negócios com maior valor agregado.
Afinal, não tratam apenas da transformação de matéria-prima em produtos, mas sim de usar o intelecto para criar soluções novas para a sociedade.
Ganha todo mundo, pois se desenvolve um novo mercado e os consumidores têm à disposição serviços inovadores que ajudam a melhorar seu dia a dia.
Ótimo, não? Só que, na prática, ter uma boa ideia é apenas o primeiro passo de uma longa caminhada rumo ao sucesso.
Para que isso aconteça, não basta apenas pensar fora da caixa.
Há muito trabalho operacional para colocar uma empresa em pé e sustentá-la até que ela comece a dar lucro.
São necessários conhecimentos clássicos de gestão, finanças, negociação, marketing e outras áreas da administração, como em qualquer outro negócio.
E a melhor maneira de obtê-lo é se capacitando em uma instituição de ensino de qualidade.
Na área de administração, a melhor delas no Brasil é a Fundação Instituto de Administração (FIA), agraciada com o prêmio Best Executive Education Solutions da revista The New Economy.
A instituição possui cursos de graduação, pós-graduação, mestrado, MBA, pós-MBA, cursos de extensão e a distância (EAD).
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