Ética e moral são dois conceitos discutidos pela humanidade há centenas de anos, sem deixarem de ser atuais.
Pensadores de diferentes períodos históricos, como Sócrates e Immanuel Kant, têm suas próprias definições sobre esses temas.
À medida que os anos vão passando, esses conceitos vão se adequando às novas realidades.
A verdade também é que a relação entre ética e moral pode ser aplicada em diferentes contextos.
Nas organizações, por exemplo, elas integram um código de conduta, ao qual lideranças e colaboradores devem se adequar para que não haja incompatibilidade de valores.
Por sinal, a ética e a moral estão em alta nas organizações, pois estão associadas a temas contemporâneos de grande relevância, como responsabilidade social, governança corporativa e compliance.
Como você pode ver, estamos falando de temas que podem ser abordados de diferentes formas, todas elas muito importantes, e que vão ser detalhadas a seguir.
Acompanhe este conteúdo até o final, entenda os conceitos e veja exemplos de ética e moral.
Ética e moral são dois conceitos que dizem respeito ao comportamento humano em sociedade, porém não são sinônimos, mas sim complementares.
Ambos têm uma relação entre si, mas não possuem a mesma origem e nem o mesmo significado.
Vamos conferir os conceitos e as diferenças entre as duas palavras.
A moral é um conjunto de normas que servem para orientar a maneira de agir das pessoas dentro de um contexto específico.
Por conta disso, estamos falando de um conceito de caráter particular e que se baseia, sobretudo, em hábitos e costumes.
Já a ética funciona basicamente como uma racionalização da moral.
Ou seja, ela é uma reflexão sobre as ações humanas.
As noções de certo ou errado e justo e injusto se dão a partir dos nossos valores éticos.
Ao contrário da moral, a ética é um conceito de caráter universal e que se fundamenta por princípios teóricos.
Outra maneira de diferenciarmos o conceito de ética e moral é nos determos a qual tipo de pergunta cada uma delas pretende responder.
Enquanto a ética procura encontrar a definição sobre “o que é o bem?” e “o que é o mal?”, a moral questiona “será que essa é uma atitude boa?” ou “será que essa é uma atitude ruim?”.
Apesar das suas diferenças, ética e moral também têm ao menos uma semelhança.
Ambas ajudam a delimitar os valores que conduzirão o modo de agir do indivíduo, definindo noções de índole e caráter, e encontrando a melhor maneira de viver em sociedade.
Não é apenas em seu significado que o conceito de ética e moral diverge, mas na origem também.
Enquanto a primeira vem do grego “ethos” e quer dizer “modo de ser”, a segunda vem do latim “mores” e quer dizer “costumes”.
Além disso, a moral sempre existiu.
Afinal, desde que a humanidade passou a viver em grupos, ainda nos primeiros aldeamentos primitivos, já se tinha a noção particular de certo ou errado.
Já a ética, ao que tudo indica, começou a ser discutida a partir do filósofo Sócrates durante o Período Clássico da Grécia Antiga, por volta do século IV a.C.
Sócrates foi o primeiro filósofo a se debruçar sobre a ética.
Até então, nenhum pensador havia se dedicado a estudar o tema.
Para entender a ética socrática, primeiro é preciso se familiarizar com o conceito de “intelectualismo moral”.
Segundo o pensador grego, o homem é bom por natureza e possui valores morais.
Eventualmente, quando ele toma alguma atitude má, não é porque sua índole é ruim, mas por ignorância ou desconhecimento.
Ou seja, o indivíduo não comete um erro por querer, mas sim por descuido ou por colocar os seus interesses particulares à frente do coletivo.
Desde aquela época, já se tinha a ideia de que a ética e a moral ajudavam a colocar a sociedade em ordem.
Para Sócrates e outros pensadores da antiguidade, a ética estava ligada a uma finalidade que, no caso dos gregos, era a eudaimonia, a verdadeira felicidade.
Nesse caso, a eudaimonia só poderia vir a partir da bondade, da busca por uma conduta correta e um comportamento virtuoso.
Portanto, a virtude é o principal ponto da ética socrática.
O que seria um comportamento virtuoso?
O do cidadão perfeito, que sempre se preocupa com o bem-estar geral e coloca a razão à frente dos desejos.
Cerca de 20 séculos separam Sócrates e Kant na história, e seria natural que, depois de todo esse tempo, existissem mudanças na interpretação do conceito de ética.
Foi o que aconteceu.
Para o filósofo mais importante da Era Moderna, a ética não tem nada a ver com religião, Estado ou qualquer tipo de misticismo ou autoridade.
O conceito contrariou a maioria dos seus antecessores.
Inspirado pelos pensamentos iluministas, Kant se pautava pela razão e foi por essa influência que ele desenvolveu o chamado Imperativo Categórico, uma espécie de bússola moral interna, que cada indivíduo possui.
O Imperativo Categórico tem três fundamentações básicas, que, juntas, formam a moral kantiana:
Com base principalmente neste último fundamento é que nasce o conceito de ética kantiana.
Para o pensador alemão, o dever precisa ser entendido como a finalidade da própria ação e não pensando em outras consequências, como a eudaimonia para Sócrates, por exemplo.
Essa ética baseada no dever é chamada de ética deontológica, pois deon, em grego, quer dizer dever.
Outro ponto interessante da ética kantiana é a sua percepção sobre a mentira.
Segundo Kant e sua ideia de Imperativo Categórico, mentir não é uma atitude ética sob nenhum aspecto.
Segundo ele, quando uma pessoa faz uma afirmação falsa, ela está desrespeitando a sociedade como um todo.
Afinal, está se valendo de um subterfúgio para ter algum tipo de vantagem, enquanto priva o outro da verdade.
A Ética aristotélica se baseia nas ideias do filósofo grego Aristóteles, que viveu no século IV a.C. e se concentra na busca da felicidade e do bem-estar humano por meio da virtude e do desenvolvimento por meio da ética e moral.
Para Aristóteles, a ética não era apenas um conjunto de regras a serem seguidas, mas sim um modo de vida.
Ele acreditava que a felicidade, ou eudaimonia, era o objetivo supremo da vida humana, e que alcançá-la estava intrinsecamente ligado ao desenvolvimento das virtudes morais e intelectuais.
As virtudes morais, como a coragem, a temperança e a justiça, eram vistas por Aristóteles como o caminho para alcançar a excelência moral.
Ele argumentava que essas virtudes eram o resultado do equilíbrio entre os extremos, evitando os excessos e as deficiências.
Por exemplo, a coragem estava no meio termo entre a covardia e a temeridade.
Além das virtudes morais, Aristóteles também enfatizava a importância das virtudes intelectuais, como a sabedoria e a prudência, além da ética e moral.
Essas virtudes estavam relacionadas à busca do conhecimento e à capacidade de tomar decisões racionais.
A ética aristotélica também destacava a importância da amizade e da cooperação na busca da felicidade.
Aristóteles acreditava que a vida virtuosa era melhor alcançada em conjunto com outros seres humanos, e que a amizade era uma parte fundamental dessa experiência.
Portanto, a ética aristotélica é uma abordagem filosófica que busca a felicidade e o bem-estar humano através do desenvolvimento das virtudes morais e intelectuais, do equilíbrio entre os extremos e da importância das relações humanas.
O conceito de ética e moral representa valores importantíssimos para uma sociedade.
Afinal, elas regulam a convivência e ajudam a moldar as pessoas que nos tornamos.
Quem preza por agir de acordo com princípios éticos e morais é mais tolerante às diferenças, é respeitoso com o próximo e com as leis, é justo e empático em suas tomadas de decisão e por aí vai.
Ainda que cada indivíduo tenha um código ético e moral próprio, com suas particularidades que se devem às experiências pessoais, criação, educação e bagagem, é preciso haver algumas diretrizes gerais.
São esses valores que vão guiar as pessoas quando elas se depararem com uma situação difícil e inesperada.
Nesses casos, recorrer à ética e à moral é o melhor caminho, até para que a escolha não provoque arrependimentos mais tarde.
Embora sejam conceitos de significados distintos, ética e moral estão intimamente ligadas, afinal, a ética nada mais é do que uma reflexão aprofundada sobre a moral.
Basta lembrar que existem várias atitudes que são imorais, mas que eticamente podem não ser tão condenáveis assim.
Aqui, vamos recorrer aos exemplos de ética e moral mais tradicionais para que a compreensão entre os dois valores fique mais clara.
Roubar é um ato imoral, certo?
Afinal, é a quebra de uma regra estabelecida pela sociedade.
É um crime previsto no Código Penal.
E se essa pessoa roubou um pão para dar de comer a um filho que estava passando fome?
Ou furtou um remédio para dar a um familiar que estava necessitado?
Você acharia essa atitude eticamente reprovável?
Talvez sim, talvez não, dependendo dos seus valores.
A ética é um campo fundamental da filosofia que se preocupa com a moralidade das ações humanas e os princípios que orientam o comportamento.
Ela abrange uma ampla gama de questões relacionadas ao que é certo e errado, justo e injusto, desempenhando assim um papel regulador nas relações humanas.
Melhor do que dissertar sobre a ética é ver como ela se aplica na vida real, por meio de alguns exemplos e da relação entre ética e moral.
Veja a seguir.
Imagine um cenário em que um funcionário descobre que cometeu um erro contábil que beneficiaria financeiramente sua empresa, mas prejudicaria seus clientes.
Nesse caso, a ética exige transparência e honestidade, mesmo que isso possa ter consequências negativas para os negócios.
Um médico discute em detalhes os riscos, benefícios e alternativas de um procedimento cirúrgico com seu paciente, garantindo que ele compreenda as opções disponíveis antes de dar seu consentimento.
Isso demonstra a ética médica em ação, baseada no respeito pelo princípio do consentimento informado.
Uma companhia que manipula informações para obter algum tipo de incentivo fiscal, está infringindo normas legais e éticas.
Isso pode acontecer ao adotar falsos programas de responsabilidade social, como educação para comunidades carentes e projetos de preservação ambiental, por exemplo
Um jornalista pode se deparar com informações exclusivas e impactantes sobre um indivíduo famoso, mas opta por verificar os fatos antes de publicar a história.
Assim, ele evitaria a pressão causada por uma manchete sensacionalista, priorizando a veracidade e a integridade na reportagem, demonstrando assim a ética jornalística.
Como vimos, a moral é um aspecto fundamental da conduta humana, envolvendo os princípios e valores que orientam as ações e as distinguem como certas ou erradas, boas ou más.
Podemos ilustrar como a ética e moral se manifestam de diferentes maneiras.
Veja na sequência.
Um empresário pode ser aconselhado a adotar práticas questionáveis, como a exploração de mão de obra barata em países em desenvolvimento.
Se ele decidir não seguir por esse caminho e valorizar seus colaboradores, estará colocando a moralidade em primeiro lugar.
Um cientista que realiza experimentos envolvendo seres vivos aprovados por lei não está infringindo nenhuma norma legal ou ética, já que há previsão para isso.
Porém, se há formas de realizar o mesmo experimento sem o envolvimento de seres vivos e o profissional escolhe esse caminho, está também escolhendo o caminho da moralidade.
Um pai e uma mãe decidem educar seu filho fazendo-o realizar pequenas tarefas para receber uma mesada.
Assim, eles destacam a importância de se ganhar dinheiro com o próprio esforço, em vez de simplesmente dar de mão beijada, o que é moralmente mais aceitável.
Um político pressionado para tomar decisões que beneficiariam seu partido ou financiadores é um bom exercício de ética e moral.
Essa também é uma situação em que a moralidade prevalece, já que não é proibido colocar os interesses de um partido em primeiro lugar.
Porém, ao optar por votar de acordo com suas convicções pessoais e em prol do bem-estar da sociedade como um todo, ele demonstra uma postura moralmente correta.
Dois amigos de infância acabam tomando rumos opostos na vida adulta depois de uma briga.
Anos depois, porém, um deles enfrenta uma grave doença e precisa de ajuda financeira para a realização de uma cirurgia.
Nesse caso, há uma escolha moral de esquecer o passado e ajudar o amigo em sua luta pela vida.
Além da etimologia das palavras, da qual já falamos, a origem dos valores é outro fator que diferencia os princípios morais e éticos.
A moral, por exemplo, possui um padrão externo, pois é fornecida por um país, uma empresa, uma cultura ou grupo social ao qual a pessoa faz parte.
Há ainda aqueles casos em que ela é atribuída para designar um comportamento aceitável.
Já os princípios éticos, ainda que sejam influenciados por fatores externos, são interpretações pessoais, a partir de valores pessoais.
Não à toa, uma pessoa pode questionar algum princípio moral a partir de alegações éticas.
O contexto histórico e as diferentes realidades fazem com que os conceitos de ética e moral mudem com o passar do tempo.
Durante séculos, procurou-se estabelecer diferentes finalidades para a busca de comportamentos virtuosos.
Para os gregos, era a verdadeira felicidade.
Para os medievais, Deus e a salvação.
Para os utilitaristas, o prazer ou a ausência de sofrimento.
Essas mudanças são naturais, pois a sociedade vai evoluindo com o passar do tempo.
Comportamentos que até pouco tempo eram vistos como imorais, hoje podem ser aceitáveis moralmente, e vice-versa.
Ética e moral jamais saem de moda, ainda que pareçam “antiquadas” em certos contextos.
Afinal, ambas continuam a desempenhar papéis fundamentais, guiando as ações individuais e coletivas, exercendo influência sobre decisões empresariais, políticas e pessoais.
A moral molda nossos valores e normas sociais, afetando o comportamento humano em áreas como justiça social, direitos humanos e respeito à diversidade.
Em questões contemporâneas, como a preservação ambiental e o respeito às minorias, lá estão a ética e a moral pautando condutas e procedimentos.
Sem elas, seria impossível traçar diretrizes efetivas em assuntos delicados, tampouco definir políticas que asseguram o respeito aos direitos sociais e humanos.
A ética e a moral estão presentes nos mais diversos níveis e situações, incluindo as empresas e o mercado de trabalho.
Os dois conceitos têm uma importância vital na cultura organizacional de um negócio, servindo de base para a construção de um “código de conduta” a ser seguido por todos.
Esse código consiste em nada mais do que um conjunto de regras morais, estabelecidas com o objetivo de desenvolver um comportamento ético entre seus colaboradores.
Aqui, a moral funciona como uma convenção, já a ética como uma interpretação ou uma reflexão mais profunda.
Em outras palavras, a moral é representada pelas palavras frias presentes no código, enquanto a ética é o ato de cada funcionário cumprir com o acordado, conforme os princípios definidos pela empresa.
Ainda que alguns princípios éticos possam variar de profissão para profissão e dependendo do segmento em questão, alguns valores são universais e devem ser sempre respeitados.
Nada garante que seguir princípios éticos e morais vai levar a empresa a alcançar os objetivos traçados.
Porém, ignorá-los é quase certeza de fracasso.
Uma organização que possui um código de conduta e o segue à risca, sabe quais são os valores que mais importam e, assim, consegue cumprir a sua missão com mais facilidade.
Vale lembrar que as normas precisam ser seguidas por todos, sem restrições.
Lideranças, em especial, devem ser impecáveis para servir de exemplo para os demais.
Além disso, atitudes que não vão ao encontro do defendido pelo código de conduta devem ser tratadas com a relevância que merecem, e todos os colaboradores devem ser incentivados a denunciar comportamentos inadequados.
Para aprender mais sobre ética e moral em diferentes contextos e situações, segue uma lista de livros que podem ser do seu interesse.
Ética e moral são dois campos em que se destacaram os maiores pensadores da humanidade, conhecidos por serem exemplos de ética e moral.
Conheça alguns deles:
Os conceitos de ética e moral nunca saem de moda.
E, nos dias atuais, talvez sejam mais necessários do que em nenhum outro momento da história.
Defina valores bem claros na sua empresa e apresente o código de conduta para seus colaboradores, para que eles possam estar cientes de quais são as normas estabelecidas.
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