O etarismo é um daqueles problemas sociais que precisam ser debatidos com mais atenção, tendo em vista as projeções demográficas.
Como aponta o IBGE, na década entre 2012 e 2022, a população brasileira abaixo dos 30 anos diminuiu, enquanto aumentou a proporção de pessoas acima dessa faixa etária.
Essa é uma tendência que deve se consolidar nos próximos anos, fazendo com que, em 2030, o Brasil tenha a quinta população mais idosa do mundo.
Considerando o processo de envelhecimento irreversível, não faz mais sentido discriminar pessoas em razão da sua idade ou tratá-las como indivíduos vulneráveis.
Essa é a face mais visível de uma postura preconceituosa, que tem raízes na falta de informação.
O etarismo no Brasil é assunto sério e suas causas e consequências precisam ser debatidas.
Apesar disso, há ainda quem não saiba o que é etarismo, uma vez que o problema é pouco abordado na sociedade como um todo.
Mas aqui no blog da FIA, você sempre está um passo à frente em relação aos temas essenciais.
Veja o que preparamos para você neste conteúdo:
Siga em frente na leitura e ganhe uma compreensão mais ampla sobre o que é etarismo e suas consequências.
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Etarismo é uma prática discriminatória, em que um grupo ou uma sociedade inteira relega pessoas a uma condição inferior em razão da sua idade.
Embora possa afetar pessoas jovens, é um tipo de preconceito que atinge particularmente idosos e pessoas de meia idade.
Há diversas formas de manifestar o etarismo no contexto social, laboral e nas relações familiares.
Um dos exemplos de etarismo é quando uma mulher passa dos 30 anos e começa a ser questionada pelos parentes ou pelos pais sobre quando vai casar ou ter filhos.
No ambiente de trabalho, o etarismo se manifesta quando as empresas deixam de contratar alguém em razão da idade, mesmo que a pessoa seja qualificada para a função.
Na sociedade, um tipo de etarismo a ser discutido é a dificuldade de muitas pessoas em cumprir com a obrigatoriedade de ceder o lugar no transporte público a pessoas idosas, como acontece no Rio de Janeiro.
Afinal, um idoso pode ou não viajar em pé?
A idade em si é um limitador da mobilidade?
De qualquer forma, o que se busca ao incentivar que se aprenda como combater o etarismo não é retirar direitos das outras pessoas.
O objetivo é estabelecer uma relação mais saudável com a chegada da idade.
Afinal, todos um dia seremos idosos, se tudo correr como o esperado.
O filme “Um Senhor Estagiário” (2015), estrelado por Robert De Niro no papel de Ben Whittaker, conta a história de um aposentado de 70 anos contratado como estagiário por uma empresa do ramo da moda.
A produção, escrita e dirigida por Nancy Meyers, não deixa de ser um alerta, afinal, as empresas estão tendo cada vez mais dificuldade em contratar pessoas jovens, segundo reportagem.
Por enquanto, o cenário para quem tem mais idade é pouco animador, já que a mesma matéria mostra que a maioria das empresas não têm políticas para contratar pessoas acima dos 50 anos.
Portanto, o desemprego e a falta de oportunidades para levar uma vida produtiva são algumas das consequências do etarismo mais preocupantes.
O que é uma pena, se pensarmos que as pessoas com mais idade, em geral, têm mais experiência, tanto de vida quanto profissional.
Idosos também são afetados pelo etarismo na esfera social, quando são excluídos do convívio em função da idade ou por alguma eventual limitação física.
De qualquer forma, idosos são pessoas como todas as outras e devem ser tratados de forma igualitária e sem condescendência.
Toda discriminação nasce da falta de conhecimento, e com o etarismo não é diferente.
Portanto, não há como combater o etarismo enquanto os governos não investirem com seriedade na educação.
Cabe também às famílias desenvolver nos lares uma maneira diferente de lidar com os idosos.
Assim como gravidez, idade avançada não é doença.
Embora existam as enfermidades que surgem com o envelhecimento, isso não significa que todo idoso seja um inválido.
Além disso, todo ser humano, não importa a sua condição, é digno de um tratamento igualitário.
O combate ao etarismo começa nos pequenos gestos e em mudanças de comportamento e novas atitudes, como veremos a seguir.
Para você, idade é sinônimo de doença ou de mais consciência em relação ao próprio corpo?
Ser idoso é ter mais vivência ou é estar preso ao passado?
Envelhecer, no sentido de aumentar a idade cronológica, não deveria ser uma condenação, até porque a grande maioria das pessoas se esforça para viver mais.
Assim, o combate ao etarismo começa pela noção que temos do que significa ter mais idade, deixando de lado a ideia de “fim da linha”.
Como o termo já diz, preconceito é um conceito que se faz previamente, sem um mínimo de informação.
O etarismo se enquadra nessa categoria, já que as pessoas que discriminam outras por causa da idade geralmente são mal informadas a respeito do assunto.
Um desses preconceitos é achar que idosos não merecem consideração por não terem a mesma condição física dos jovens.
O que diriam as pessoas que pensam assim ao conhecer Ed Whitlock, que do alto dos seus 85 anos disputa provas de maratona, a ponto de impressionar até os cientistas?
No Brasil, ficou conhecida a trajetória de Chico Águia, que aos 80 também se destaca em maratonas.
Detalhe: ele corre descalço.
Esses casos e muitos outros comprovam que a idade não é empecilho para nada.
Basta que a pessoa se cuide e mantenha um estilo de vida saudável.
Portanto, é melhor se informar antes de dizer que uma pessoa idosa não é capaz de alguma coisa.
Por outro lado, casos como os do Chico Águia e Ed Whitlock serão exceções enquanto não partir das autoridades o estímulo para que idosos levem uma vida saudável.
Quando não há estímulo social para que uma pessoa tenha bons hábitos, as chances de ela ter problemas de saúde com o passar dos anos aumenta.
Os governos em todas as suas esferas têm o dever de mudar a concepção que se faz do envelhecimento por meio de políticas afirmativas.
Embora haja alguns esforços tímidos nesse sentido, como as Academias da Terceira Idade e o Projeto Vida Ativa, no Rio de Janeiro, há ainda muito a se fazer.
É preciso, além disso, uma mudança de cultura, a fim de tirar o idoso da posição de vulnerável.
Cabe destacar novamente que não se trata de retirar direitos, mas de tratar cada um dentro dos princípios da justiça social, de forma adequada às suas reais condições mentais e físicas.
Assim como as práticas preconceituosas em relação a gênero, raça, orientação sexual, toda forma de etarismo também deve ser coibida.
Até mesmo porque a diversidade geracional é algo muito bom dentro de uma equipe.
Empresas que deixam de contratar em razão da idade, por exemplo, podem ser denunciadas e cobradas não só pelos candidatos, mas por outras empresas, a fim de saber os reais motivos da discriminação.
Ou seja, as causas do etarismo.
Claro que, em muitos casos, a postura discriminatória é velada, dificultando uma resposta mais assertiva.
Por isso, a sociedade civil organizada deve permanecer atenta, de modo a detectar quando empresas e pessoas praticam o etarismo.
Lembrando mais uma vez que, em um futuro muito próximo, as pessoas idosas estarão em maior número.
Assim, deve começar desde já a mudança de atitude em relação aos idosos, tanto no nível do relacionamento pessoal como no contexto corporativo.
Chama-se etarismo compassivo a postura de tratar e de se dirigir aos idosos como se fossem coitados ou dignos de pena.
Embora possa haver boa intenção nesse comportamento, ele acaba não ajudando muito, já que perpetua uma imagem que associa idade à falta de autonomia.
Já vimos bons exemplos de que é possível, até nas idades mais avançadas, levar uma vida agitada e produtiva.
Uma maneira de evitar o etarismo compassivo é mudar a forma de tratamento dos idosos, que têm nomes próprios e não devem ser chamados de vovozinho ou vovozinha por estranhos, por exemplo.
Não se pode apontar ao certo todas as causas do etarismo, porque, como vimos, essa é uma postura relacionada com o preconceito.
Por outro lado, como também vimos, as consequências do etarismo são bastante perceptíveis, tanto na esfera social quanto no contexto laboral.
E o etarismo gera desdobramentos também no âmbito coletivo, se pensarmos que essa é uma maneira de desvalorizar quem tem mais experiência.
Um povo que não respeita os seus idosos tende a ser um povo sem memória e sem valores, já que ignora o esforço de quem trabalhou a vida toda.
O etarismo prejudica indiretamente o processo educacional, já que, por extensão, as pessoas que não valorizam os idosos não valorizam os mestres em geral.
Assim, respeitar e até reverenciar quem tem mais bagagem de vida é também uma forma de cultuar a história e o passado para, em cima disso, construir um futuro melhor.
O etarismo no mercado de trabalho é provavelmente a manifestação mais frequente desse tipo de discriminação.
Como aponta uma pesquisa publicada na Revista Exame, 57% dos profissionais já sofreram alguma forma de preconceito em razão da idade.
Para as mulheres, o preconceito é duplo, já que, além da idade, pesa também o gênero.
É o que indica uma pesquisa do IBGE publicada na coluna Elas Que Lucrem, no portal Terra.
Segundo o levantamento, no segundo trimestre de 2022, o percentual de mulheres desocupadas era 54,7% mais alto que o de homens.
O etarismo é um problema sério no mercado de trabalho, considerando que, no geral, as empresas tendem a preterir profissionais acima dos 50 anos.
Infelizmente, os exemplos de etarismo nas empresas, órgãos públicos e até instituições de ensino são mais frequentes do que se possa imaginar.
A discriminação em razão da idade pode acontecer de diversas formas, inclusive pela indiferença.
É como se a pessoa mais experiente fosse um problema, justamente pela possibilidade de saber mais.
Existe ainda uma percepção por parte de alguns jovens de que passar de determinada idade é o “fim da linha”.
Depois disso, é como se a pessoa deixasse de existir.
Vamos saber mais sobre quatro exemplos de etarismo bastante marcantes.
Um triste exemplo do preconceito sobre as pessoas com mais idade vem do lugar onde ele deveria ser combatido: a universidade.
Aconteceu na cidade de Bauru, onde três alunas de uma instituição privada do curso de biomedicina debocharam de uma colega pelo fato de ela ser universitária aos 40 anos.
Além de etarismo, essa é também uma forma de bullying, já que as estudantes usaram termos pejorativos para se referir a outra pessoa.
Como esse, existem incontáveis casos que não vêm a público se repetindo no Brasil e no mundo, em que pessoas são tachadas de “velhas”, “aposentadas” ou “incapazes” apenas por terem mais idade.
O etarismo no mercado de trabalho também se manifesta com relativa frequência, mesmo que a Lei N.º 9.029, de 1995, proíba a exclusão de candidatos por causa da idade.
A discriminação está tão enraizada em algumas instituições que algumas delas não tem o menor receio de eliminar potenciais talentos só por que estão fora da “idade ideal”.
Foi o caso de Carlos Augusto Luchetti Junior, de 45 anos, que, ao se candidatar para uma vaga de auxiliar de estoque, recebeu um e-mail nada profissional ridicularizando sua idade.
Talvez houvesse menos segregação em função da idade se os governos implementassem mais políticas para coibir o etarismo.
No Brasil, há um bom exemplo de que é possível reverter essa situação, que é a redução do tabagismo.
De acordo com o relatório sobre o Controle do Tabaco para a Região das Américas 2022 da Opas, o consumo de tabaco no Brasil caiu 16,3% nos últimos anos.
Para 2025, a expectativa é para que caia mais 14,9%, o que garantiria o cumprimento da meta de redução relativa de 30% estipulada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ou seja, se estamos conseguindo largar um hábito muito mais difícil de ser abandonado, é sinal de que, se houvesse mais esforço governamental, superaríamos também o etarismo.
É difícil apontar exatamente as causas do etarismo quando ele é tratado como um problema menor.
Isso faz com que empresas, governos e as entidades que deveriam dar bons exemplos negligenciem o problema, que vai sendo varrido para baixo do tapete.
“Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada”, disse o filósofo Edmund Burke, referindo-se ao silêncio dos que deveriam ser os primeiros a agir.
O descaso das autoridades e das pessoas investidas em cargos com poder acaba reverberando na sociedade, que também passa a ignorar o etarismo.
Portanto, assim como existem aqueles que denunciam o preconceito em função da orientação sexual, religião ou etnia, deveria haver também os que se levantam contra o etarismo.
Sim, o etarismo é considerado crime no Brasil, nos termos da Lei N.º 10.741/2003, que deixa claro em seu artigo 96:
“Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade.
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.”
Vale ainda destacar o texto dos parágrafos 1º e 2º do mesmo artigo:
“§ 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.”
O ageísmo, outra forma de se referir ao etarismo, está presente em todo o mundo.
Segundo o Global Report on Ageism, da OMS, uma em cada duas pessoas no mundo já perpetrou ações discriminatórias motivadas pela idade.
O mesmo relatório também aponta para o etarismo no Brasil, já que 16,8% dos brasileiros maiores de 50 anos relataram ter se sentido alvo desse tipo de preconceito.
Um artigo publicado pela Universidade de São Paulo (USP) vai além, apontando o etarismo como o mais universal e frequente dos preconceitos.
Afinal, ele acontece independentemente de etnia, religião, classe social ou orientação sexual.
O etarismo é uma postura reprovável em todos os sentidos e um crime passível de cadeia.
A FIA Business School se posiciona firmemente contra esse tipo de preconceito e encoraja todos os seus colaboradores, corpo docente e discente a denunciar qualquer forma de discriminação.
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