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Eleições EUA 2020: principais candidatos, propostas e pesquisas

Um dos pleitos de destaque em 2020 são as eleições nos EUA – e faz todo sentido que os olhos do mundo se voltem para o evento.

Afinal, é nele que é decidido o futuro líder da nação mais poderosa do planeta, o que impacta todos os demais países, em maior ou menor grau.

Além do resultado em si, a dinâmica do período eleitoral chama a atenção, pois envolve uma série de etapas, como a escolha de delegados e a disputa entre políticos de um mesmo partido pelo direito à candidatura.

Ao longo deste artigo, vamos explicar o processo, falar sobre os resultados, candidatos que participaram, propostas apresentadas e expectativas para o futuro.

Confira a relação de tópicos que você vai acompanhar a partir de agora:

  • Resultado das eleições dos EUA
  • Quais motivos explicam a vitória de Biden sobre Trump?
  • O que esperar da vitória de Biden?
  • Kamala Harris: a primeira mulher vice-presidente dos Estados Unidos
  • Por que Trump fez acusações de fraude nas eleições dos EUA?
  • Candidatos das eleições dos EUA 2020
  • Como funcionam as eleições dos EUA
  • Principais partidos das eleições dos EUA
  • Propostas dos principais candidatos
  • Agenda das eleições EUA 2020
  • Pesquisas sobre as eleições EUA 2020
  • Impactos das eleições EUA 2020 no Brasil.

Boa leitura!

Resultado das eleições dos EUA

As eleições presidenciais de 2020 mobilizaram o maior percentual (67%) de norte-americanos aptos a votar em mais de um século.

Também registraram recordes quanto aos votos antecipados e realizados via correio, devido às restrições e temores diante da pandemia pelo coronavírus.

Para se ter uma ideia, o estado do Texas computou 80% do total de votos em 24 de outubro, quando faltavam 10 dias para a votação oficial.

O vencedor do pleito só seria conhecido em 7 de novembro, quando a contagem de votos nos estados revelou que Joe Biden havia conquistado a preferência entre os deputados que representam a população.

Ao contrário do que aconteceu em 2016, quando Donald Trump foi eleito para ocupar a Casa Branca, em 2020, Biden obteve maioria também no voto popular, sendo escolhido por quase 81 milhões de pessoas.

Vale destacar, ainda, a vitória histórica da vice-presidente Kamala Harris, primeira mulher a ocupar o cargo desde que o país foi fundado.

A chapa Biden-Harris alcançou 306 votos nominais no colégio eleitoral, contra 232 dos opositores Trump-Pence.

Biden foi o mais votado em 25 estados, no Distrito de Columbia e em um distrito eleitoral em Nebraska, tornando-se o 46º presidente eleito dos EUA.

Dentre os estados mais representativos – que possuem maior número de votos no colégio eleitoral da nação -, o democrata venceu na Califórnia, em Nova Iorque, Illinois e na Pensilvânia.

Analisando os resultados em 5 dos chamados estados decisivos (Carolina do Norte, Flórida, Geórgia, Iowa e Ohio), Biden venceu apenas na Geórgia.

Estados decisivos são aqueles que, tradicionalmente, reúnem quantidades similares de eleitores republicanos e democratas, oscilando no apoio aos principais partidos dos EUA nas eleições.

Veja, a seguir, um apanhado sobre os resultados do pleito de 2020.

Joe Biden venceu em:

  • Arizona (9 votos no Colégio eleitoral)
  • Califórnia (55 votos)
  • Colorado (9 votos)
  • Connecticut (7 votos)
  • Delaware (3 votos)
  • Distrito de Columbia (3 votos)
  • Geórgia (16 votos)
  • Havaí (4 votos)
  • Illinois (20 votos)
  • Maine (4 votos)
  • Maryland (10 votos)
  • Massachusetts (11 votos)
  • Michigan (16 votos)
  • Minnesota (10 votos)
  • Nevada (6 votos)
  • Nova Hampshire (4 votos)
  • Nova Jersey (14 votos)
  • Novo México (5 votos)
  • Nova Iorque (29 votos)
  • Oregon (7 votos)
  • Pensilvânia (20 votos)
  • Rhode Island (4 votos)
  • Vermont (3 votos)
  • Virgínia (13 votos)
  • Washington (12 votos)
  • Wisconsin (10 votos).

Donald Trump venceu em um total de 25 estados, mais um distrito eleitoral no Maine. Os territórios foram:

  • Alabama (9 votos no colégio eleitoral)
  • Alasca (3 votos)
  • Arkansas (6 votos)
  • Carolina do Norte (15 votos)
  • Carolina do Sul (9 votos)
  • Dakota do Norte (3 votos)
  • Dakota do Sul (3 votos)
  • Flórida (29 votos)
  • Idaho (4 votos)
  • Indiana (11 votos)
  • Iowa (6 votos)
  • Kansas (6 votos)
  • Kentucky (8 votos)
  • Luisiana (8 votos)
  • Mississippi (6 votos)
  • Missouri (10 votos)
  • Montana (3 votos)
  • Nebraska (5 votos)
  • Ohio (18 votos)
  • Oklahoma (7 votos)
  • Tennessee (11 votos)
  • Texas (38 votos)
  • Utah (6 votos)
  • Virgínia Ocidental (5 votos)
  • Wyoming (3 votos).

Quais motivos explicam a vitória de Biden sobre Trump?

Uma combinação entre estratégias de campanha e cenário em que as eleições ocorreram contribuiu para a vitória do democrata.

Começando pela base da campanha, Biden conseguiu ampliar sua aceitação ao chamar Kamala Harris, uma mulher não branca e com ideias centristas, para ser sua vice-presidente.

Ela ajudou a conquistar grupos moderados da população, priorizando uma agenda sem mudanças drásticas em áreas como a educação universitária.

O aspecto moderado rendeu a Biden uma primeira vitória contra rivais como Bernie Sanders, que competiu com Biden pela candidatura à presidência nas prévias do Partido Democrata.

Embora não tenha se posicionado à esquerda em outros temas, Biden priorizou a questão ambiental em sua proposta de governo, atraindo a simpatia de eleitores jovens.

Outra jogada de sucesso foi apostar em uma campanha sem muitas polêmicas, ao contrário da trajetória de Donald Trump.

Conforme descreve esta reportagem da agência de notícias BBC, o presidente eleito para 2021 já havia tentado chegar à Casa Branca em outras duas ocasiões: em 1987 e 2007.

Porém, comentários equivocados e gafes acabaram atrapalhando seus planos, o que levou sua equipe a investir em um caminho mais discreto em 2020.

Apoiado pela recomendação de distanciamento social para conter o avanço da Covid-19, Biden se manteve reservado, sustentando uma reputação positiva junto aos norte-americanos.

Por fim, mas não menos importante, está o contexto de pandemia em que o pleito se deu.

A falta de equilíbrio ao lidar com o coronavírus colaborou para o desgaste da figura de Trump para eleitores que não se identificam com posturas extremas, mesmo entre os republicanos (partido pelo qual ele se elegeu em 2016).

Na época das eleições 2020, a doença já havia deixado mais de 230 mil mortos no país, além de impactar a economia, eliminando milhões de empregos.

Somente em setembro, 3,8 milhões de americanos perderam seus empregos de forma permanente.

Os pedidos de auxílio-desemprego atingiram 898 mil na semana de 10 de outubro.

Diante desse quadro, muitos preferiram votar no candidato que consideraram mais qualificado para lidar com a pandemia: Joe Biden.

O que esperar da vitória de Biden?

O que esperar da vitória de Biden?

O presidente eleito deverá promover uma série de mudanças nas políticas adotadas pelos EUA atualmente, começando pelo enfrentamento do coronavírus.

Pertencente à ala progressista dos Democratas, Biden prometeu ouvir os cientistas antes de tomar decisões relativas à pandemia, adotando medidas preventivas e o rastreamento de casos através do aumento na quantidade de testes para detectar a Covid-19.

Além do combate ao vírus, a área da saúde poderá passar por transformações com a expansão do Affordable Care Act (ACA), conhecido como Obamacare.

O programa pretende fornecer subsídios para disponibilizar serviços de saúde a preços baixos para a população do país, que não possui sistema de saúde universal, como o Brasil.

Segundo relata esta notícia do Estadão, economia e meio ambiente são outros dois segmentos que vão passar por mudanças consideráveis.

Alterações na economia serão necessárias para diminuir os efeitos da crise provocada pela pandemia, que o governo Biden pretende contornar por meio de assistência financeira a famílias impactadas e criação de postos de trabalho.

Posições na indústria a na transição para fontes de energia limpa – aquelas que não utilizam combustíveis fósseis – estão entre os destaques.

No campo ambiental, o democrata quer retomar tratados importantes ignorados por Trump, como o Acordo de Paris para a redução das emissões de carbono, em consonância com a recuperação econômica e a competitividade dos produtos e serviços nacionais.

O que a vitória de Biden representa para o mundo?

“Para progredirmos, precisamos parar de tratar os oponentes como inimigos.”

A frase acima, dita por Biden durante seu primeiro discurso como presidente eleito, em 7 de novembro de 2020, ilustra o tom conciliatório de suas políticas.

A maioria das nações do planeta espera austeridade e o retorno das relações multilaterais que caracterizaram o governo de Barack Obama, antecessor de Trump.

Isso porque o republicano adotou uma política de polarização interna e isolamento externo, se retirando de acordos internacionais, aplicando sanções econômicas e até iniciando uma guerra comercial com a China.

Com Biden, não apenas os chineses, como também canadenses, mexicanos e europeus acreditam na redução das medidas protecionistas praticadas pelos EUA, firmando novas parcerias para impulsionar a economia mundial.

As relações internacionais deverão melhorar, ainda, por conta de uma política de tolerância e acolhimento em relação aos imigrantes, descontinuando a construção do muro na fronteira com o México.

Em vez de dificultar o acesso, Biden prevê dinâmicas para a legalização dos imigrantes e maior acesso a programas estudantis, por exemplo, para que construam uma vida digna nos EUA.

Afinal, para a equipe do democrata, os imigrantes se tornam contribuintes ao trabalhar e consumir em seu país.

Já para nações como a Rússia e o Egito, as relações podem ser tensas, uma vez que Biden desaprova as políticas duras de ambas, afirmando que considera Moscou “a maior ameaça” para a América.

Quanto ao Egito, o novo presidente norte-americano tende a cobrar o líder Abdul Fattah al-Sisi devido a denúncias de violação de direitos humanos, com a suposta prisão de dezenas de pessoas por razões políticas.

Quais as consequências da vitória de Biden para o Brasil?

Na opinião de especialistas, a queda de Trump, referencial para o presidente Jair Bolsonaro, deve exigir mudanças na condução da política externa brasileira.

Ao contrário do republicano, Biden tem uma agenda sensível às questões relacionadas a direitos humanos e à preservação ambiental, que conflitam com a posição conservadora de Bolsonaro.

Uma das questões mais críticas é o avanço veloz do desmatamento na Amazônia, prejudicial para todo o mundo por aumentar o aquecimento global e ameaçar flora e fauna.

Em debate durante as eleições de 2020, Biden chegou a mencionar a possibilidade de retaliação econômica se o Brasil não aceitar ajuda estrangeira para preservar a floresta.

Na ocasião, ele afirmou que, quando eleito, mobilizaria nações para arrecadar US$ 20 bilhões para conservar a Amazônia.

No entanto, mesmo a nova gestão dos EUA deverá continuar pressionando o Brasil para que impeça que a empresa chinesa Huawei participe do leilão para a implementação de tecnologia 5G, que vai agregar maior velocidade à internet.

O motivo é a batalha geopolítica entre Washington e Pequim pelo posto de nação mais poderosa do planeta.

Como os chineses são o maior parceiro comercial brasileiro, os EUA temem a vitória da Huawei no leilão, ampliando o domínio de Pequim sobre o setor de telecomunicações – considerado uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos.

Isso porque a legislação da China permite que o governo acesse informações coletadas por organizações como a Huawei em alguns casos, o que, segundo a Casa Branca, abriria precedente para espionar clientes de outras nações que utilizarem a estrutura da companhia.

Kamala Harris: a primeira mulher vice-presidente dos Estados Unidos

Kamala Harris: a primeira mulher vice-presidente dos Estados Unidos

A escolha de Kamala Harris para a vice-presidência é um marco para história dos EUA, pois ela será a primeira mulher a ocupar o cargo.

De ascendência jamaicana, por parte de pai, e indiana, por parte de mãe, é também a primeira negra e descendente de indianos a assumir o segundo posto mais importante do país.

Logo após o anúncio da vitória de sua chapa, Harris postou, no Twitter, uma mensagem inspiradora:

“Esta eleição é muito mais do que Joe Biden ou eu. É sobre a alma da América e nossa disposição de lutar por ela. Temos muito trabalho pela frente. Vamos começar.”

A recente conquista é resultado de uma trajetória de pioneirismo trilhada pela então senadora pelo estado da Califórnia.

Há 10 anos, ela se tornava a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Procuradoria-Geral da Califórnia e, em 2016, a primeira mulher de ascendência africana a conquistar o posto de senadora nos EUA.

Advogada por formação, Kamala é reconhecida por combater problemas vivenciados pelas minorias em sua nação, apoiar o avanço do Obamacare, lutar pela prevenção à violência e armas de fogo.

Por que Trump fez acusações de fraude nas eleições dos EUA?

Mais à frente, vamos explicar como funciona o processo eleitoral nos EUA.

Por enquanto, vale frisar que ele se dá via votos de cada estado para o colégio eleitoral, e que são necessários 270 votos para que um presidente seja eleito.

No começo da tarde de 7 de novembro, Joe Biden somou 273 votos após o encerramento da contagem no estado da Pensilvânia, sendo declarado o vencedor.

Mesmo que ganhasse nos outros territórios que ainda faziam a contagem – Nevada, Carolina do Norte, Geórgia e Arizona -, Trump não alcançaria os 270 votos necessários para se reeleger.

No entanto, ele contestou o resultado, afirmando haver ilegalidade nos votos pelo correio e alegando fraude nas eleições de 2020.

Houve evidências que comprovem as acusações de fraudes?

Segundo a Justiça dos EUA, não houve evidências.

Tanto que a ausência de provas sobre a suposta fraude foi o argumento para a Suprema Corte não aceitar os pedidos de anulação de resultados das eleições em vários estados, movidos por Trump.

Derrota significativa do republicano nos tribunais foi registrada em 11 de dezembro, quando o processo para descartar milhões de votos nesses locais, movido pelo procurador-geral do Texas, Ken Paxton, foi rejeitado.

Três dias depois, membros do Colégio Eleitoral norte-americano se reuniram em cerimônia para oficializar a vitória de Biden e Kamala Harris.

Candidatos das eleições dos EUA 2020

Donald Trump buscava a reeleição em 2020

O processo eleitoral nos Estados Unidos começa no ano anterior ao pleito, com a manifestação dos pré-candidatos em cada partido.

Assim, os candidatos oficiais dos dois maiores partidos – Democratas e Republicanos – só serão nomeados em julho e agosto.

Mais à frente, detalhamos como ocorrem as eleições nos EUA e as principais propostas dos políticos que desejam ocupar a Casa Branca.

Agora, vamos falar sobre aqueles que participaram do processo, seja na fase final (com o voto popular), seja nas primárias (quando os partidos escolhem os candidatos para representá-los).

Joe Biden

Foi o nome escolhido para concorrer à presidência dos EUA, pelo Partido Democrata.

Biden foi vice-presidente durante o mandato de Barack Obama, que liderou o país de 2009 a 2017.

Aos 78 anos, desfruta da popularidade e o legado positivo deixados por Obama, somados à popularidade entre eleitores mais velhos e negros.

Biden é considerado centrista, ou seja, apresenta propostas mais moderadas para governar a nação.

Bernie Sanders

Foi pré-candidato pelos Democratas.

Em sua trajetória, o senador conquistou o apoio, em especial, da população jovem e insatisfeita com o sistema atual, que deseja mudanças profundas.

Mais radical, Sanders é considerado esquerdista, sustentando uma visão que foca na redução das desigualdades sociais e maior intervenção do Estado em serviços de primeira necessidade.

Donald Trump

Atual presidente dos Estados Unidos durante o pleito, Trump recebeu o apoio do Partido Republicano para se candidatar à reeleição.

Antes de assumir a presidência, atuava como empresário e personalidade em grandes eventos e programas de televisão, a exemplo do reality show The Apprentice.

Trump é uma figura polêmica que conquistou a confiança de eleitores mais conservadores, que desejavam uma política centrada no nacionalismo e medidas protecionistas.

Desde as eleições de 2016, esteve envolvido em questões controversas, como acusações de sexismo e má conduta sexual, além da proposta de construção de um muro na fronteira dos EUA com o México, a fim de impedir a passagem de imigrantes ilegais.

William Weld

Antes da esperada nomeação de Donald Trump, o ex-governador do estado de Massachusetts galgou sua pré-candidatura pelo Partido Republicano – ainda em 2019.

Weld faz uma linha conservadora, porém, mais moderada, sendo crítico da política anti-imigrantes de Trump.

Como funcionam as eleições dos EUA

Processo eleitoral norte-americano é bastante diferente do brasileiro

Para nós brasileiros, acostumados com o nosso sistema eleitoral, o pleito americano pode parecer um tanto confuso.

Em reportagem do portal UOL, o professor de relações internacionais, Carlos Gustavo Poggio, define as eleições nos EUA da seguinte forma:

O eleitor americano não vota no presidente, ele seleciona pessoas, os delegados, que vão compor o colégio eleitoral. É um meio-termo entre um parlamentarismo e o voto direto”.

Ele se refere às principais características do complexo processo eleitoral naquele país, baseado em colegiados eleitorais, prévias e a escolha de delegados.

O sistema é bem diferente das eleições brasileiras, que são diretas, por voto popular e obrigatório e permitem que os próprios partidos definam a dinâmica para lançar seus candidatos – que costuma ocorrer através de processos internos.

Conheça, a seguir, os principais ritos das eleições norte-americanas.

Primárias e Caucus

São eventos prévios, feitos no primeiro semestre do ano eleitoral, que servem para que a população dos estados eleja seus delegados.

Dependendo das regras dos estados, o voto em delegados é permitido para qualquer cidadão, para quem tiver filiação partidária ou se enquadrar em outros requisitos.

Lembrando que os estados têm grande liberdade nos EUA, que se definem como confederação.

Após a primária ou caucus, os delegados eleitos compõem o colegiado eleitoral, grupo que vai participar da convenção partidária, quando é nomeado o candidato oficial daquele partido.

Ao se elegerem, os delegados já apoiam um dos pré-candidatos e deverão expressar essa escolha na convenção.

Convenção Nacional

Representada de modo indireto pelos delegados, a população acompanha as convenções partidárias, mas não tem participação ativa nesses encontros.

Apenas os delegados, membros de partidos, pré-candidatos e profissionais que atuam em suas campanhas têm atividades durante as convenções, realizadas no meio do ano eleitoral.

Durante o evento, ganha o pré-candidato que tiver o apoio de mais delegados.

Ele se torna o candidato oficial pelo partido, escolhendo seu vice-presidente.

Eleições

Por fim, em novembro, ocorrem as eleições de fato.

Mais uma vez, não há um padrão para a dinâmica, que pode ser realizada através de urna eletrônica, cédulas em papel, etc – dependendo da legislação estadual.

O rito da eleição também se dá por voto indireto, sendo os delegados representantes da população nas urnas.

A quantidade de delegados varia conforme a população de cada estado, totalizando 538.

O novo presidente deve obter a maioria dos votos, ou seja, pelo menos 270.

Mas essa conta não é tão simples, porque, na maioria dos estados – exceto Nebraska e Maine -, é o vencedor quem contabiliza o voto de todos os delegados.

Ou seja, mesmo que um deles tenha 31 delegados, por exemplo, e um candidato ganhe por 16 a 15, ele leva os votos de todos os 31.

É por isso que o presidente norte-americano pode ser eleito sem conseguir a maior parte dos votos diretos.

Basta que ele seja vitorioso em estados com grande número de delegados.

Principais partidos das eleições dos EUA

Eleições nos EUA não tem apenas dois partidos

Você já deve ter ouvido falar que o país tem apenas dois partidos.

Porém, não é bem assim.

Na verdade, a legislação dos Estados Unidos não limita a quantidade de partidos, permitindo a existência de uma série deles.

O que acontece é que apenas dois têm força real para competir nas eleições presidenciais.

É por isso que, durante o processo, a imprensa norte-americana costuma destacar apenas os ritos dos partidos Republicano e Democrata, que são os que vão lançar candidatos ao comando da nação.

Abaixo, trazemos informações para você saber mais sobre esses e outros partidos.

Partido Republicano

Atualmente, os Republicanos representam a parcela mais tradicional e conservadora da população dos EUA, mas nem sempre foi assim.

O partido surgiu em 1854, época em que a escravidão ainda era comum no país e no mundo.

Uma de suas pautas principais era, justamente, o combate à cultura escravista.

Em 1860, conseguiu eleger seu primeiro presidente, Abraham Lincoln, que ficou famoso por defender uma sociedade mais justa e igualitária.

Os ideais conservadores vieram, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, quando os Republicanos combateram o comunismo, e foram reforçados com o fim da Guerra Fria.

Além de Lincoln, Ronald Reagan e George W. Bush comandaram os Estados Unidos sob a bandeira republicana.

É mais popular entre a população branca, defensora do capitalismo e religiosa, sendo preferido por 30% dos eleitores naquela nação.

Partido Democrata

É o partido mais antigo dos EUA, tendo sido fundado em 1833 por estados do sul e apoiadores da escravidão.

Ou seja, teve início defendendo uma ideologia mais conservadora.

No entanto, esse cenário mudou pouco antes da Segunda Guerra Mundial, quando Franklin Delano Roosevelt assumiu a liderança dos Democratas.

Após o encerramento do conflito, o partido se consolidou com uma posição de centro-esquerda, lutando pelas minorias, como latinos, e igualdade racial.

John F. Kennedy, Bill Clinton e Barack Obama estão entre os presidentes democratas mais famosos.

Cerca de 34% dos eleitores dos Estados Unidos se consideram democratas, sendo que sua maior parte se concentra nos estados do litoral e metrópoles como Nova Iorque.

Partido Libertário

É o terceiro maior partido dos Estados Unidos, com cerca de 411 mil filiados.

Foi fundado durante o governo do republicano Richard Nixon (1969-1974), como uma opção para aqueles que acreditam nos ideais do liberalismo.

A filosofia do partido promove um Estado mínimo, com poucas regras e intervenções, valorizando a propriedade privada, redução de impostos e direitos individuais.

Por isso, defende que o governo não deve interferir em questões como o aborto, orientação sexual, posse e consumo de drogas de uso pessoal, ou mesmo baixar leis sobre prostituição.

Apesar de pequeno, candidatos do Partido Libertário já chegaram a influenciar eleições presidenciais nos EUA, a exemplo da última, em 2016.

Na ocasião, o candidato Gary Johnson, ex-governador do Novo México, alcançou 10% das intenções de voto em pesquisa divulgada pelo “Morning Consult”.

Partido Verde

Com seus 248 mil filiados, o Partido Verde norte-americano segue pautas similares aos partidos homônimos no resto do planeta – incluindo o brasileiro.

O grupo adota premissas socialistas, a exemplo da igualdade de direitos, combate ao racismo, à homofobia e luta pela preservação dos recursos ambientais.

Seus integrantes nunca obtiveram cadeiras no Congresso, mas já conseguiram lugar em assembleias estaduais.

Partido da Constituição

Nasceu em 1992, com um nome diferente: Partido dos Contribuintes Americanos.

Sete anos mais tarde, seus membros resolveram que Partido da Constituição era mais adequado, pois faz referência ao documento norteador das propostas do grupo – a constituição norte-americana.

Seguindo essa linha, seus integrantes seguem preceitos dos chamados pais fundadores da nação, ansiando pelo comando com base em fundamentos bíblicos e valores conservadores.

Tem aproximadamente 360 mil filiados.

Outros partidos

Assim como o Brasil, os EUA têm dezenas de partidos políticos de menor expressão.

Conforme esta reportagem do UOL, são mais de 70 grupos registrados, muitos deles atuantes em nível regional ou na defesa de pautas ideológicas específicas.

Abaixo, listamos alguns que você talvez não conheça:

  • Partido da Liberdade Cristã
  • Partido Comunista
  • Movimento Nacional Socialista (defensor do nazismo)
  • Partido da Nutrição
  • Partido da Maconha.

Propostas dos principais candidatos

Durante a campanha, candidatos apresentaram diferentes propostas

Ao longo do artigo, você já conheceu o perfil dos principais pré-candidatos às eleições dos EUA em 2020.

Agora, vamos apresentar um apanhado com suas propostas centrais.

Acompanhe!

Propostas de Joe Biden

Como herdeiro político de Barack Obama, o democrata destacou em sua campanha a intenção de expandir o projeto de saúde do ex-presidente, conhecido como Obamacare.

Embora não proponha um sistema de saúde universal, como o SUS brasileiro, o programa tem como objetivo oferecer cobertura médica a partir de valores acessíveis, preservando a população de dívidas altas quando necessitam de cuidados de saúde.

Biden também propôs aumentar as medidas de proteção a trabalhadores mais vulneráveis, como aqueles que atuam em indústrias de fast-food e manufatura.

Propostas de Bernie Sanders

Sustentou pautas esquerdistas, planejando estender o cuidado médico para todos – algo parecido com o SUS.

Também defendeu o ensino superior gratuito, democratizando o acesso às universidades, e limitações econômicas ao poder exercido por bilionários nos Estados Unidos.

Propostas de William Weld

Weld adotou uma postura moderada, especialmente quanto a assuntos polêmicos.

O pré-candidato defendeu a reforma das leis de imigração, porém, livre de medidas extremas, como a deportação de imigrantes ilegais nos EUA.

Sua plataforma também apoiou a contenção fiscal e políticas liberais, a exemplo do livre comércio.

Propostas de Donald Trump

Buscando a reeleição, o atual presidente dos EUA utilizou um discurso oficial (o Estado da União), em março, para ressaltar suas propostas de campanha.

Durante sua fala, o republicano recordou seu suporte contra regimes socialistas em países como Venezuela e Cuba.

Prometeu, ainda, concluir a construção do muro na fronteira com o México e manter a expulsão de imigrantes que entrarem no país de forma ilegal.

Também declarou que pretendia encerrar a participação dos Estados Unidos em guerras no Oriente Médio e apoiar o porte de armas de cidadãos norte-americanos.

Por fim, compartilhou seus planos para a saúde, que deveria continuar privada e precificada de acordo com a livre concorrência entre os serviços de hospitais, clínicas e profissionais do setor.

Agenda das eleições EUA 2020

Calendário das eleições nos EUA é sempre extenso

A agenda das eleições dos EUA é formada por quatro etapas principais.

Veja quais foram as datas no pleito de 2020:

  1. Eventos prévios (entre 3 de fevereiro e 7 de junho)
  2. Convenção Nacional do Partido Democrata (de 13 a 16 de julho)
  3. Convenção Nacional do Partido Republicano (de 24 a 27 de agosto)
  4. Eleições presidenciais (3 de novembro).

A programação teve início com a chamada Super Terça, data em que eventos para a escolha de delegados foram realizados, simultaneamente, em 16 estados e territórios norte-americanos.

Pesquisas sobre as eleições EUA 2020

Levantamentos antes do pleito trouxeram números diferentes

Assim como no Brasil, pesquisas eleitorais servem como termômetro do pleito nos Estados Unidos.

Segundo análise do site RealClearPolitics, o presidente Donald Trump tinha chances consideráveis de se reeleger, pois contava, no fim de 2019, com 42,6% de aprovação entre os norte-americanos.

Porém, pesquisas nacionais divulgadas na mesma época apontam riscos para o republicano, que aparecia derrotado pelo voto absoluto diante dos principais pré-candidatos democratas.

Em levantamento conduzido pelo jornal The Washington Post e a rede de televisão ABC News, ao disputar a presidência com Joe Biden, Trump perderia por 39% a 56% dos votos nacionais.

Também seria superado por Bernie Sanders, com o placar de 40% a 55%.

Outra sondagem nacional, realizada pela emissora NBC e o jornal The Wall Street Journal, reafirmou o cenário favorável aos democratas.

Segundo o levantamento, Trump ficaria atrás de Biden por 9 pontos percentuais, e teria 8 pontos menos que Sanders.

Um terceiro estudo, divulgado pela Fox News, se mostrou negativo para Trump, que perderia de Biden por 12 pontos percentuais, e de Sanders, por 8 pontos.

Vale lembrar, contudo, que essas pesquisas estimam a quantidade de votos, e não de delegados, o que pode levar a equívocos.

Pensando nisso, o jornal The New York Times se uniu à faculdade Siena College para conduzir uma sondagem que levasse em consideração a popularidade dos pré-candidatos em estados estratégicos, que, tradicionalmente, não têm preferência por Republicanos ou Democratas.

Nesse caso, apenas Joe Biden sairia vitorioso de uma disputa com Trump, conquistando os delegados de Arizona, Flórida, Pensilvânia e Wisconsin.

Conclusão

Neste artigo, falamos sobre o processo de eleições nos EUA, com destaque para os rituais, candidatos e particularidades do processo realizado em 2020.

Além desses fatores, a crise mundial provocada pelo avanço do coronavírus influenciou a escolha dos norte-americanos, voltando sua atenção para assuntos de saúde e trabalho.

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