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Gestão empreendedora: o que é, como funciona e como aplicar

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A gestão empreendedora é um modelo cuja implementação deve ser considerada com carinho por quem deseja incentivar a criatividade e inovação em sua empresa.

Essas duas características são muito desejadas porque, cada vez mais, as companhias percebem a necessidade de se reinventar.

Resiliência, flexibilidade e capacidade de se adaptar às mudanças de cenários são valências importantes para negócios de todas as áreas.

E a inovação fomentada pela difusão da iniciativa empreendedora em colaboradores de todos os níveis hierárquicos ajuda a desenvolvê-las.

A gestão empreendedora é uma prática moderna que também traz ótimos resultados na motivação e engajamento dos funcionários.

Para aproveitar todos esses benefícios, ficar só na teoria ou aplicar fórmulas prontas não adianta.

É necessário promover uma transformação cultural na empresa. Continue a leitura para entender o que isso quer dizer.

Ao longo deste artigo, falaremos sobre os seguintes tópicos:

  • O que é gestão empreendedora?
  • Principais características da gestão empreendedora
  • Como funciona a gestão empreendedora?
  • Como aplicar a gestão empreendedora em seu negócio?
  • 5 dicas para fomentar o intraempreendedorismo na sua empresa
  • O que diferencia a gestão empreendedora dos outros modelos de gestão
  • O que podemos aprender com as startups sobre gestão empreendedora?
  • O que é a análise de riscos na gestão empreendedora?

Boa leitura!

As empresas precisam se dedicar constantemente a inovar e se reinventar

O que é gestão empreendedora?

Gestão empreendedora é a aplicação da mentalidade empreendedora nos processos do dia a dia de uma empresa já estabelecida.

Essa abordagem também pode ser chamada de intraempreendedorismo, ou seja, o empreendedorismo aplicado dentro de uma organização.

Empreendedorismo, como explicamos neste artigo, é “a capacidade e disposição para conceber, desenvolver e gerenciar um negócio a fim de obter lucro”.

Apesar de o termo também estar ligado com a administração da companhia, é mais usado para se referir à sua criação.

Não é errado, portanto, dizer que um empreendedor pode ou não ser um administrador, e um administrador pode ou não ser um empreendedor.

Qual a diferença? O foco principal do empreendedor é desenvolver novas soluções, que depois podem ser vendidas, administradas por outras pessoas ou por ele próprio.

Já o administrador pode ser um investidor que adquiriu uma empresa, um profissional contratado para administrá-la ou o próprio empreendedor.

Tanto faz, desde que ele se dedique à gestão do negócio em seu dia a dia.

Isso não quer dizer que, com o modelo de gestão empreendedora, os funcionários da organização serão estimulados a criar suas próprias empresas.

Na realidade, eles encontrarão um ambiente que os incentiva a pensar como empreendedores.

O que significa que ideias de novos produtos, serviços, processos e modelos de negócio são muito bem-vindas, partindo de quem quer que seja.

Em uma empresa tradicional, essas são atribuições de diretores e outros gestores com incumbências estratégicas.

A gestão empreendedora é mais democrática, no sentido de que as oportunidades de criar e causar um grande impacto na companhia são para todos.

Errar não é um problema e sim manter-se estagnado e correndo o risco de ser ultrapassado

Principais características da gestão empreendedora

Empresas com gestão empreendedora têm um nível intenso de experimentação, pois estão sempre testando novas soluções.

Quem gosta de aprender, criar e encarar novos desafios costuma enxergar nelas os ambientes de trabalho perfeitos, pois há muito estímulo para o desenvolvimento.

Para que uma companhia seja reconhecida assim, porém, ela precisa que sua cultura organizacional reflita esses valores.

Não adianta apenas tentar se vender como uma companhia que estimula a inovação e o intraempreendedorismo se, na prática, os colaboradores não se sentem seguros para apresentar novas ideias (mais adiante, daremos dicas para que isso não aconteça).

Outra característica da gestão empreendedora é a presença de equipes multidisciplinares, em que pessoas com diferentes formações e especializações trabalham juntas e trocam informações constantemente.

Além disso, há poucas barreiras para a comunicação entre profissionais de qualquer que seja a equipe, em oposição à gestão tradicional, com departamentos autônomos e distantes, um modelo propício ao surgimento de silos organizacionais.

Essa proximidade também é vista entre profissionais de diferentes níveis hierárquicos, uma situação que permite ao colaborador se sentir mais à vontade para sugerir novas ideias aos seus superiores.

Uma característica comum encontrada em companhias que adotam o intraempreendedorismo é a gestão horizontal, em que os colaboradores não têm apenas liberdade, mas também autonomia.

Feedbacks constantes, dinamismo, disposição para correr riscos, prototipagem para testar novas soluções e uso de metodologias ágeis são outras características comuns em empresas que adotam a gestão empreendedora.

Dar espaço para seus colaboradores e sua criatividade é algo necessário

Como funciona a gestão empreendedora?

Conforme destacamos no início do texto, não existe uma fórmula pronta, uma metodologia fechada a ser aplicada para colocar em prática a gestão empreendedora.

Trata-se de um modelo conceitual, uma mentalidade que pode ser colocada em prática de diversas maneiras.

O funcionamento da gestão empreendedora, portanto, depende muito da realidade e estrutura da empresa, e também do estilo de gestão de seus comandantes.

É possível aplicar o intraempreendedorismo em negócios que ainda têm no organograma uma importante ferramenta de organização de fluxos de trabalho.

Nesse caso, é comum haver caminhos formais para dar vazão às ideias dos colaboradores.

Por exemplo, um canal para solicitar permissão para o início de um projeto de criação, brainstorms periódicos e definição de critérios para seleção de ideias.

Já em companhias que têm a gestão mais horizontal, esse processo pode ser completamente diferente, mais orgânico e com autonomia para quem quer experimentar.

Nesse tipo de empresa, o colaborador tem controle sobre a gestão de seu tempo, podendo iniciar o novo projeto quando quiser, desde que ele não impacte em suas demais entregas.

O tipo de produto ou serviço prestado pela companhia também deve ser considerado para definir como vão funcionar os processos da gestão empreendedora.

Empresas digitais têm mais facilidade para isso, pois podem experimentar novas soluções com testes A/B, testes de usabilidade e outras ferramentas.

No entanto, também há maneiras de testar produtos físicos, com o desenvolvimento de um MVP (mínimo produto viável, um lançamento com o menor investimento possível para testar a nova criação).

Criar uma cultura de inovação e experimentação é um importante primeiro passo

Como aplicar a gestão empreendedora em seu negócio?

Para aplicar a gestão empreendedora em uma empresa, transformar sua cultura organizacional é mais importante do que a criação de qualquer processo.

Cultura organizacional é um conceito relacionado ao conjunto de valores e comportamentos adotados em uma entidade privada.

Não confunda com a definição de missão, visão e valores, que são meras palavras para se colocar em um quadro e na página institucional do site da companhia.

A cultura organizacional é uma qualidade intangível que não é definida de forma arbitrária, e sim percebida por quem tem alguma ligação com o negócio, seja como colaborador, consumidor, fornecedor ou parceiro.

Tem a ver com a essência, portanto, e não com narrativas de marketing ou storytelling.

Quando os gestores e demais colaboradores sentem uma cultura organizacional verdadeiramente voltada para o estímulo do espírito empreendedor, fica muito mais fácil aplicar quaisquer processos nesse sentido.

Por isso, não há como aplicar o intraempreendedorismo sem acreditar de fato nesse modelo.

O primeiro passo, portanto, é submeter o negócio a essa terapia e pensar em medidas de comunicação interna e gestão de pessoas com o intuito de disseminar a nova mentalidade.

É possível promover essa transformação mesmo em empresas tradicionalmente mais “quadradas” e pouco voltadas à criatividade e inovação. Pode dar trabalho, mas é possível.

Depois disso, se o que você quer são dicas mais práticas de processos para implementar a gestão empreendedora no seu negócio, veja os conselhos a seguir.

É importante que o gestor tome as rédeas e pense em um plano para incentivar o intraempreendedorismo

5 dicas para fomentar o intraempreendedorismo na sua empresa

As dicas a seguir vão ajudar a difundir a cultura do empreendedorismo entre os colaboradores e melhorar a criatividade e inovação de seu negócio.

1. Invista em conhecimento

Dentro do possível, proporcione aos colaboradores acesso ao conhecimento, disponibilizando cursos e palestras, por exemplo.

Hoje em dia, na Era da Informação, há tanto conteúdo de qualidade disponível que, mais que investir, o gestor deve pensar em estimular essa busca por conhecimento.

Uma ótima solução é prever um período do dia ou da semana para os colaboradores estudarem, pesquisarem e debaterem determinadas matérias.

Tenha em mente que criatividade é a capacidade de fazer conexões entre o que é observado e o conhecimento que se tem.

Quanto mais disciplinas os profissionais dominarem, portanto, mais material para conectar terão e, consequentemente, mais criativos serão.

2. Crie espaços para diálogo

Além dos feedbacks 360 graus, existem metodologias de facilitação de processos que podem ajudar a fomentar o diálogo entre profissionais de diferentes áreas e hierarquias.

Um exemplo é o world café, em que se reúne um grande grupo formado por colaboradores de vários setores, distribuídos em mesas redondas, no estilo de um café, com quatro ou cinco componentes em cada.

O facilitador propõe um tema geral que será discutido em todos os grupos, entre as pessoas que estão na mesa.

Um componente da mesa anota os insights gerados e, após 20 ou 30 minutos, todos os membros vão para outro grupo, exceto ele.

A conversa continua com as novas formações. A ideia é que as ideias se cruzem e gerem novos insights.

3. Dê um novo significado ao erro

Não há como estimular a criatividade e o espírito empreendedor nos colaboradores de uma empresa se eles tiverem medo de errar.

Entenda que os erros são naturais, estarão sempre presentes em qualquer empreendimento, especialmente naquele que se propõe a inovar.

Em vez de se concentrar em punir os erros, o ideal é, além de corrigir com velocidade, criar processos para aproveitar todo o conhecimento que eles trazem.

Colocando essa mentalidade em prática, você verá que o erro é uma das principais fontes de aprendizado.

Isso não quer dizer que o erro deve ser cultivado (ter manuais e ensinar o modo correto de fazer as coisas ainda é muito importante), mas sim ressignificado para resultar em algo positivo.

4. Busque a diversidade cognitiva

Já falamos – e voltaremos a falar – neste texto sobre a importância de ter equipes com profissionais que conhecem disciplinas diferentes. A tal da multidisciplinaridade.

A diversidade cognitiva vai um pouco além disso. Ela trata das diferenças nos modos de processar informações entre as pessoas.

É um fator que costuma ser bastante subestimado, mesmo em empresas modernas, que adotam vários dos preceitos da gestão empreendedora.

É tentador ter um time com pessoas que pensam, se expressam e veem as coisas do mesmo jeito que nós.

No entanto, há estudos que sugerem que as equipes com grande diversidade cognitiva resolvem problemas de forma mais rápida, enquanto grupos mais homogêneos têm abordagens limitadas para encará-los.

5. Premie as ideias que deram certo

Uma das principais preocupações do administrador que quer implementar a gestão empreendedora na sua empresa é a criação de mecanismos para dar vazão aos projetos dos colaboradores.

Afinal, do que adiantaria estimular os funcionários a compartilharem suas ideias se elas fossem engavetadas sempre? Seria um intraempreendedorismo falso.

A dica aqui é pensar também na recompensa que os colaboradores terão por ajudar na criação de um novo produto, serviço ou processo.

Eles precisam saber a resposta para esta pergunta: “Por que vou trazer minha ideia para a empresa em vez de empreender criando um novo negócio?”.

Pense em bônus, promoções, participação nos lucros, enfim, o que se encaixar na sua estrutura organizacional.

Não fugir do risco e ter rapidez nos processos é fundamental em uma gestão empreendedora

O que diferencia a gestão empreendedora dos outros modelos de gestão

A gestão tradicional de empresas é muito menos afeita a correr riscos.

Por isso, empresas que adotam esse modelo são consideradas mais conservadoras que aquelas que optam pela gestão empreendedora.

Aqui, é importante deixar claro que não existe um modelo essencialmente melhor que o outro.

Se uma companhia é líder de mercado, têm ótimos resultados há décadas e não enxerga ameaças, uma postura conservadora é possivelmente a ideal.

O que acontece é que há cada vez menos segmentos em que é possível ter tamanha estabilidade, porque a disrupção tecnológica está se espalhando por todo o mercado.

As companhias com modelo de gestão tradicional também têm uma maior tendência ao organograma rígido, com hierarquia bem definida e pouco flexível.

Dentro dessa abordagem, as tomadas de decisão e criações de novas soluções são atribuições reservadas a determinados profissionais, e não a qualquer um.

O que podemos aprender com as startups sobre gestão empreendedora?

As startups são um tipo de empresa totalmente propício para a adoção do modelo de gestão empreendedora.

Na realidade, podemos até dizer que nenhuma startup consegue se manter em alta com uma gestão tradicional.

O principal fator que caracteriza esse tipo de empreendimento é o crescimento rápido – o que se espera de uma startup é que ela nasça enxuta e ainda em seus primeiros anos cresça vertiginosamente.

Para que isso aconteça, sua equipe precisa estar constantemente criando, testando e colocando em prática novas soluções.

O objetivo é atender às novas demandas e necessidades, que surgem a todo momento.

Por isso, startups geralmente aplicam vários conceitos de que falamos aqui, como equipes multidisciplinares e trabalho colaborativo.

O fato de essas empresas terem matriz tecnológica e desenvolverem produtos e serviços escaláveis ajuda muito.

Afinal, essa combinação de fatores permite sustentar o crescimento acentuado sem inflar a estrutura, preservando o caráter colaborativo do trabalho das equipes.

Aceitar o risco não quer dizer negá-lo; dá para fazer um estudo antes e saber onde está pisando

O que é a análise de riscos na gestão empreendedora?

Conforme observamos antes, empresas com gestão tradicional geralmente têm menos disposição para correr riscos.

Isso significa que a gestão empreendedora é tão indômita a ponto de não haver preocupação alguma com os possíveis riscos dos novos projetos?

Não, como qualquer outro negócio, organizações que buscam inovar através do intraempreendedorismo também adotam práticas para minimizar os riscos de suas empreitadas.

Aliás, por um certo ponto de vista, até podemos entender que a descentralização da criação ajuda a reduzir certos riscos.

Para que você entenda, imagine duas situações distintas de lançamento de um novo produto.

Uma delas é em uma empresa com gestão tradicional, em que meses de trabalho e muito dinheiro foi investido na concepção do produto.

Foram estudadas minuciosamente as variáveis do mercado para reduzir os riscos do lançamento.

A outra situação é de uma empresa com gestão empreendedora, ou seja, com uma cultura mais voltada para a inovação.

Nela, novos produtos, serviços e funcionalidades são lançados e testados o tempo todo e possuem um tempo de desenvolvimento muito menor.

Agora pense: se os dois produtos não derem certo, qual das duas empresas terá o maior prejuízo?

Conclusão

A gestão empreendedora é uma modelo moderno que, embora costume ser vinculado às empresas de tecnologia, é cada vez mais utilizado em companhias de todos os tamanhos e segmentos.

É recomendado especialmente para quem quer estimular a criatividade e inovação em sua empresa.

Duas qualidades fundamentais na Era da Informação, em que muitos modelos de negócio têm se tornado obsoletos da noite para o dia.

O segredo para não ficar para trás é estar sempre em busca de oportunidades para melhorar os processos, tornando-se mais eficiente, e atender da melhor maneira possível as necessidades do público consumidor.

Nossa dica final, portanto, é nunca esquecer o foco no cliente, seja qual for a organização interna e o modelo de gestão adotado na sua empresa.

Ficou com alguma dúvida ou tem algo a acrescentar sobre gestão empreendedora e temas relacionados? Deixe um comentário abaixo ou entre em contato.

FIA

Com um olhar sempre no futuro, desenvolvemos e disseminamos conhecimentos de teorias e métodos de Administração de Empresas, aperfeiçoando o desempenho das instituições brasileiras através de três linhas básicas de atividade: Educação Executiva, Pesquisa e Consultoria.

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