O desmatamento da Amazônia é um fenômeno que não é recente.
Contudo, em 2019, o tema passou a ser mais frequente na mídia e nas redes sociais depois que foram divulgadas estatísticas sobre o aumento no número de incêndios na região.
Inclusive, vale registrar que, em 21 de agosto, a hashtag #prayforamazonia ocupou o primeiro lugar mundial nos trending topics do Twitter, o que indica o interesse mundial no assunto.
E você, está por dentro do que acontece ou tem interesse em saber mais?
Nesse caso, está lendo o artigo certo para ficar por dentro de tudo o que está se passando na maior floresta tropical do mundo.
Se preferir, navegue diretamente pelos tópicos:
Vamos em frente? Desejamos uma ótima leitura!
Como destacamos na abertura deste artigo, o fenômeno do desmatamento na floresta amazônica é antigo.
Sendo assim, as causas que levam à aceleração desse processo recentemente são as mesmas de sempre.
Historicamente, a perda da cobertura vegetal na Amazônia está diretamente ligada a práticas criminosas de exploração de terras.
É a chamada expansão da fronteira agrícola. Nesse caso, obtida às custas do desmatamento desenfreado.
O fato novo veio do posicionamento do governo federal, discordando de dados divulgados pelo próprio órgão (no caso, o INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), além de bater de frente com entidades de proteção ambiental e ONGs que atuam no monitoramento das queimadas.
A queimada é a prática mais comum utilizada com o objetivo de liberação de uma fração de território para a atividade agropecuária, de fundamental importância para o PIB do Brasil.
Com ela, no entanto, uma série de impactos ambientais são imediatamente percebidos, alguns com desdobramentos incalculáveis.
Esses impactos, por sua vez, são medidos por meio alertas que vêm de satélites e órgãos de proteção ambiental.
Veja na sequência como funciona o sistema pelo qual o governo e o país podem conhecer em tempo real os números do desmatamento na Amazônia.
De acordo com o INPE, entre os meses de julho e agosto, os alertas de desmatamento cresceram 40%.
O instituto apurou, ainda, que entre janeiro e agosto de 2019, houve aumento de 83% nas queimadas, se comparado com o mesmo período de 2018.
Trata-se do maior aumento já registrado dentro de 7 anos, totalizando alarmantes 73 mil focos de incêndio mapeados.
Segundo o INPE, mais de 20 mil hectares de floresta foram varridos da Amazônia, chegando até a atingir regiões de floresta de países vizinhos, como Paraguai e Bolívia.
Para o monitoramento das queimadas, o INPE utiliza o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real, mais conhecido como DETER.
No site institucional, o serviço é descrito como:
Um sistema de alerta para dar suporte à fiscalização e controle de desmatamento e da degradação florestal realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e demais órgãos ligados a esta temática.
Trata-se de um instrumento de preservação ambiental extremamente importante, sem o qual não seria possível medir o tamanho da destruição nas florestas brasileiras.
Para tanto, são utilizadas imagens captadas por satélite, que podem indicar três classes de devastação.
São eles:
Há outros números que evidenciam a extensão do desmatamento, que poucos precedentes encontra desde que o INPE passou a monitorar a região amazônica, em 1998.
Entre janeiro e agosto de 2019, 52,5% dos focos de incêndio no país estavam localizados nessa região.
Em segundo lugar, vinha o Cerrado, no Centro Oeste brasileiro, com 30,1% dos alertas.
Embora esses números não sejam recordes históricos, eles representam uma tendência preocupante de aumento das queimadas.
Os números revelam, ainda, quais são as regiões e estados brasileiros com maior recorrência de alertas.
Nesse ranking negativo, o líder é o estado do Mato Grosso, com um total de 13.682 alertas nos oito meses de 2019.
O segundo colocado é o Pará, que soma 9.487 alertas. Em terceiro, vem o estado do Amazonas, com 7.003 avisos nesse período.
Na outra ponta da lista, o estado com menos alertas de desmatamento entre aqueles que compõem a Amazônia Legal é o Amapá, com 17 avisos de queimada registrados pelo DETER entre janeiro e agosto.
Embora se apoie em uma metodologia de trabalho que utiliza dados extraídos de satélites, o INPE não escapou de críticas do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o chefe do executivo, os dados informados não condizem com a realidade.
Ele acrescentou ainda que, se o desmatamento da Amazônia, de fato, estivesse em ritmo tão acelerado, a região já teria virado um deserto.
As críticas são apoiadas pelo Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles e por líderes militares ligados ao governo.
Certos ou errados, a verdade é que a divulgação desses dados provocou a demissão do diretor do INPE , que deu publicidade aos números do desmatamento na Amazônia.
Segundo o presidente Bolsonaro, a ideia é mudar o comando para que o órgão publique dados mais consistentes e que não prejudiquem a imagem do Brasil no exterior.
Enquanto o governo e seus órgãos de controle não chegam a um consenso sobre o que é verdade e o que é mentira nos números do desmatamento, a Amazônia sofre as consequências.
De quebra, os impactos se estendem ao mundo como um todo.
Afinal de contas, a maior floresta tropical do mundo exerce um papel importante para o equilíbrio ecológico em todo o planeta.
Conheça a partir de agora os efeitos diretos e indiretos provocados pela devastação na Amazônia.
O aumento nas temperaturas em todo o planeta está ligado às emissões desenfreadas de gás carbônico na atmosfera, causadores do efeito estufa.
O efeito estufa não é naturalmente nocivo. Ao contrário disso, ele serve para manter os raios solares mais próximos da terra e, assim, asseguram uma temperatura confortável para a vida humana no planeta.
O problema vem do excesso.
Grande parte dos gases do efeito estufa são emitidos pela queima de combustíveis fósseis e de carvão vegetal, entre outras fontes.
E quando imensas áreas florestais são queimadas, a emissão de gases aumenta consideravelmente.
Tendo em vista que a floresta amazônica é uma vasta superfície que mede 5,5 milhões de km², pode-se imaginar o quanto de CO2 está sendo despejado na atmosfera.
Como consequência, o efeito estufa deixa de ser um fenômeno natural e, assim, a temperatura no planeta se eleva de forma perigosa.
Todos perdem com a destruição sem controle da floresta amazônica.
Como disse Roberto Carlos em sua canção “Amazônia”, hoje, esse incalculável tesouro é a insônia do mundo.
Isso porque, além dos danos causados à atmosfera e todos os seus desdobramentos, o desmatamento também prejudica as pessoas que vivem da floresta.
É o caso dos povos indígenas que sobrevivem graças ao uso sustentável que fazem dos recursos da natureza.
Há de se considerar também que a ação dos madeireiros interessados nas queimadas é, em muitos dos casos, acompanhada de violência.
Notícias dão conta de que os grupos que promovem queimadas podem ser considerados verdadeiras máfias.
Como lembramos no tópico sobre aquecimento global, com a escalada do desmatamento, vem a reboque o aumento nas temperaturas.
Há cálculos que apontam para o aumento em 1,45º na região amazônica até 2050.
Esse aumento, por sua vez, traz consigo, além dos problemas ambientais, prejuízos econômicos para quem vive da terra.
Isso porque temperaturas em alta modificam o regime de chuvas, desequilibrando totalmente o ciclo da vida em nível mundial.
Afinal, o excesso de chuvas significa perda de colheitas em função de alagamentos.
Do contrário, a falta delas provoca seca e a morte de animais para corte e produção de leite.
O desequilíbrio climático que já se faz perceber traz consigo diversos riscos à vida.
Com ele, aumenta a incidência de fenômenos como tufões, furacões, vendavais e enxurradas.
No noticiário, vemos o tempo todo reportagens dando conta da destruição e mortes causadas por essas incontroláveis manifestações climáticas.
Somadas à ameaça quem vem da própria natureza, temos as doenças provocadas pela poluição.
Problemas respiratórios, parasitas ingeridos por consumo de água contaminada e nascimento de crianças prematuras com males congênitos são algumas delas.
Desmatamento é um crime e, como tal, deixa para trás um rastro de destruição, morte e violência causados por conflitos e desentendimentos.
Esse é outro quadro preocupante, em virtude do recrudescimento das hostilidades nas regiões de fronteiras agrícolas.
Além dos próprios madeireiros que disputam a primazia pela exploração da terra, são vítimas da violência os índios e os pequenos agricultores.
As pessoas ligadas à defesa do meio ambiente, por sua vez, também sofrem os efeitos dos conflitos ligados ao desmatamento.
Segundo o Greenpeace, em 2017 o Brasil foi considerado o país mais perigoso para o eco-ativismo.
Com dados da Global Witness, o órgão apurou que dos 207 assassinatos registrados no mundo naquele ano, 57 aconteceram em território brasileiro.
A grande questão que se coloca com o recente choque entre o governo e o INPE é a aplicação dos recursos públicos no controle e monitoramento da Amazônia.
Como o presidente Bolsonaro já anunciou, existe um plano para confiar a outro órgão a tarefa de vigiar a região.
Como observou o WWF Brasil em nota oficial publicada em seu site, colocar nas mãos de outras pessoas a missão de observar o avanço do desmatamento deve gerar um custo extra.
Os impactos climáticos gerados pela devastação na floresta amazônica não se limitam ao aqui e agora.
Como vimos, o planeta inteiro sofre as consequências do avanço do desmatamento por causa do seu efeito mais imediato, o aquecimento atmosférico.
No entanto, esse aumento nas temperaturas provoca danos que se estendem em longo prazo.
A redução do aquecimento global é um processo demorado. Ou seja, não será do dia para a noite que a Terra voltará à normalidade nesse aspecto.
Enquanto isso não acontece, são esperados aumentos nos números de incêndios, secas e enchentes, por exemplo.
A postura recente do governo federal acendeu o alerta não apenas para a possível antipatia de outras nações, mas sobre sanções econômicas.
Isso porque diversas empresas de renome internacional já estão suspendendo a importação de gêneros e produtos com origem na agropecuária que nasce das queimadas.
É o caso da norte-americana VF Corporation, holding que detém os direitos de 18 marcas e que recentemente anunciou a proibição da compra de couro vindo do Brasil.
O motivo para isso é o alegado desrespeito às boas práticas ambientais em nosso país.
Na Europa, representantes do governo finlandês propuseram o boicote à carne brasileira em toda a União Europeia.
Se confirmada, essa sanção poderia gerar um enorme prejuízo, já que, em 2018, as exportações de carne para a Europa geraram receitas de mais de 540 milhões de dólares.
A pecuária é um importante setor da economia e um dos motores do desenvolvimento brasileiro graças aos empregos gerados e as exportações.
Contudo, existe o outro lado da moeda, que aponta para o papel de vilão que parte dos pecuaristas desempenham na tragédia do desmatamento da Amazônia.
Pesquisas apontam que o rebanho bovino, na região amazônica, cresceu aproximadamente 40% entre 1995 e 2016, passando de 37 para 86 milhões de cabeças.
E como você deve imaginar, a ligação de tamanho crescimento à perda da cobertura vegetal na região ocupa o discurso de entidades protetoras do meio ambiente.
O desmatamento na Amazônia afeta não só os brasileiros.
Como um fenômeno de alcance global, ele só poderá ser contido caso a sociedade se mobilize de forma consistente.
Os países estrangeiros, embora interessados no assunto, não têm como se envolver diretamente nessa questão.
Portanto, o combate ao desmatamento depende das iniciativas de três instâncias da sociedade brasileira.
Vamos explicar, agora, o que se espera de cada uma delas.
Embora contestado pelo governo, o aumento nos alertas de queimadas não pode ser ignorado.
Esse incremento recente tem a ver com o afrouxamento da fiscalização e do controle exercido.
Sendo assim, a primeira medida a ser tomada deve partir do próprio governo.
É dever das autoridades proteger o meio ambiente, não só por se tratar de um patrimônio e fonte de riquezas, mas como forma de se mostrar socialmente responsável.
Isso inclui, além de investir na fiscalização e combate direto às máfias que ilegalmente desmatam a região, direcionar investimentos para a educação.
Só com uma cultura e sistema de ensino voltado à proteção do meio ambiente teremos futuras gerações mais engajadas com a questão da Amazônia e de outros ecossistemas.
O boicote da multinacional VF Corporation é um exemplo de medidas que podem ser tomadas por empresas para sinalizar que não aprovam o desmatamento.
Não fechar parcerias com empresas ou governos que não seguem as boas práticas ambientais, portanto, é a parte que cabe às empresas e investidores.
Afinal, empresa que negocia com quem agride o meio ambiente é tão responsável pela degradação quanto aqueles que praticam crimes ambientais.
A sociedade civil organizada também pode e deve participar ativamente no sentido de condenar aqueles que destroem as reservas florestais.
Não comprar produtos que sejam claramente originários da exploração indevida do solo é uma primeira medida para reduzir a marcha do desmatamento.
É a expectativa por altos lucros que move aqueles que devastam a floresta amazônica.
Portanto, se essa expectativa for quebrada, então, teremos dado um passo importante para reduzir a escalada de destruição.
Por outro lado, o povo é sempre o melhor fiscal de seus governantes.
Organizar petições e manifestos públicos, nesse aspecto, ajuda a chamar a atenção das autoridades e sinaliza que a sociedade está atenta.
Outra coisa fundamental é exercer bem o direito ao voto.
Não deixe de verificar nos sites dos poderes legislativo e executivo, em âmbito municipal, estadual e federal, quem são os políticos que agem contra a Amazônia e o meio ambiente.
A questão amazônica é muito séria e deve ser acompanhada de perto.
Significa que todos precisam estar 100% envolvidos para que ações sejam tomadas e que a mensagem a favor da preservação chegue ao maior número de pessoas possível.
Sua participação, como vimos neste artigo, faz toda a diferença e pode de fato mudar o atual panorama de desmatamento da Amazônia
Então, pronto para vestir a camisa a favor dessa causa tão nobre?
Caso tenha alguma ideia que queira compartilhar ou se quiser expressar a sua opinião, deixe um comentário.
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