Principal voz do setor no Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) desempenha um papel importante para o desenvolvimento do país.
Isso porque a entidade coordena o Sistema Indústria, que oferece serviços gratuitos na área de educação, formação profissional e pesquisas.
Neste artigo, vamos trazer um guia sobre a CNI.
Reunimos definições, propósito, ações, fatos importantes e perspectivas sobre a confederação, que você acompanha a seguir.
Se preferir, também pode navegar pelos seguintes tópicos do texto:
Siga a leitura e saiba tudo sobre a Confederação Nacional da Indústria!
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é uma entidade sindical que representa diversas federações patronais desse segmento no país.
Sediada em Brasília, a organização coordena o Sistema Indústria, composto, também, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL).
Em seu portal oficial, a associação afirma ser:
“A principal representante da indústria brasileira na defesa e na promoção de políticas públicas que favoreçam o empreendedorismo e a produção industrial, num setor que reúne quase 1,3 milhão de estabelecimentos no país.”
A CNI foi criada em 12 de agosto de 1938, data de seu reconhecimento oficial, através de carta do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.
Desde então, a entidade vem expandindo sua atuação em território nacional, sendo uma das principais vozes da indústria brasileira e colaborando para o crescimento econômico da nação.
O setor industrial brasileiro começou a se organizar por volta de 1827, com a fundação da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (SAIN).
Inicialmente voltada para a mecanização da agricultura, a SAIN foi precursora da CNI, que conserva algumas bases e valores daquela época.
Afinal, hoje em dia, a Confederação Nacional da Indústria ainda arrecada fundos públicos e torna conhecidos seus posicionamentos através de publicações, tanto impressas quanto digitais.
O surgimento das primeiras indústrias no país, nos anos 1810, impactou e iniciou uma transformação no caráter agrícola da SAIN, mas foi no final do século XIX que sua tendência fabril se consolidou.
Em 1889, o país já contava com cerca de 600 indústrias privadas, atuantes principalmente na área de bens de consumo não-duráveis.
Mais tarde, em 1904, a SAIN se tornou Centro Industrial do Brasil, a partir da união com o Centro de Tecelagem e Fiação de Algodão.
Essa fusão conferiu maior força para a instituição, que se posicionou contra a primeira manifestação operária de grandes proporções, em junho de 1917.
Na ocasião, 70 mil trabalhadores de São Paulo paralisaram suas atividades, exigindo melhores condições de trabalho, o que culminou na proposição de um “Código do Trabalho” pela Câmara paulista.
As elites brasileiras, inclusive industriais, opuseram-se e vetaram o documento – que previa jornadas de até 8 horas diárias e proibia o trabalho feito por menores de 14 anos.
Em 1931, o CIB recebeu o status de Confederação Industrial do Brasil, sendo firmado como entidade sindical após a regulamentação do governo de Getúlio Vargas.
Sete anos depois, buscando uma aproximação maior junto ao governo no período do Estado Novo, a CIB passou a se chamar Confederação Nacional da Indústria (CNI), tendo Euvaldo Lodi como primeiro presidente.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) conta com um total de 27 federações filiadas, reunindo 1.250 sindicatos em todo o Brasil.
A seguir, listamos essas entidades:
De acordo com a própria entidade, sua missão consiste em:
“Defender e representar a indústria na promoção de um ambiente favorável aos negócios, à competitividade e ao desenvolvimento sustentável do Brasil.”
Para cumprir esse propósito, a Confederação Nacional da Indústria atua em sete frentes, que detalhamos a seguir.
Reúne fóruns, conselhos, comissões e grupos envolvidos em questões políticas centrais, trabalhando em defesa dos interesses da indústria em diversos segmentos.
Relações do trabalho, infraestrutura, meio ambiente e sustentabilidade, micro e pequenas empresas são alguns assuntos tratados em reuniões e outros eventos.
A área de Diálogo e Articulação possui três pilares:
Essencial para o planejamento e definição de metas para a melhoria contínua da indústria no país.
Esse setor é guiado especialmente pelo Mapa Estratégico da Indústria (2018-2022), que apresenta desafios e soluções considerando 11 fatores-chave:
Nesta área, a principal iniciativa é a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), realizada em parceria com o poder público.
Seu objetivo é fomentar uma estratégia inovadora dentro das empresas, por meio de ações como a criação de políticas públicas de incentivo.
Periodicamente, a CNI publica documentos que reúnem proposições em tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado, norteiam e conferem transparência às ações e estratégias do segmento.
Essa comunicação é feita por meio de três documentos principais:
É a parte que coordena as pesquisas e estatísticas a respeito do setor industrial no Brasil, além da percepção da população sobre assuntos de interesse.
Preza pela participação das indústrias nacionais em fóruns e órgãos relevantes no mundo, pleiteando condições favoráveis às organizações brasileiras.
Nesse cenário, vale citar o Fórum das Empresas Transnacionais (FET), que é coordenado pela CNI.
Também a Coalizão Empresarial Brasileira (CEB), na qual a confederação se responsabiliza pela secretaria-executiva.
Ainda, a International Chamber of Commerce (ICC), que tem escritório no país sob o comando da CNI.
É a área que responde pela participação em órgãos internacionais do universo trabalhista, responsáveis pela resolução de conflitos e disseminação de boas práticas entre centenas de nações.
Vale citar, dentre eles, o Conselho de Administração da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Internacional dos Empregadores (OIE) – na qual a CNI responde pela vice-presidência para a América Latina.
Desde sua fundação, a CNI tem sido a principal voz da indústria brasileira.
Como um dos pilares da economia, a indústria é responsável pela produção nacional de itens diversos, participando com 21,6% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
Isso significa que o setor contribui com R$ 1,2 trilhão para a economia brasileira, respondendo por 51% das exportações e 68% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento do setor privado.
Atividades da indústria também arrecadam 32% dos tributos federais, sem considerar a arrecadação previdenciária.
Esses dados estão presentes no levantamento A importância da Indústria para o Brasil, que revela, ainda, que cada real produzido na indústria gera R$ 2,40 para a economia, contra R$ 1,66 gerado pela agricultura e R$ 1,49, pelo segmento de comércio e serviços.
Representando um setor que emprega cerca de 12 milhões de trabalhadores, a Confederação Nacional da Indústria tem um papel essencial para o desenvolvimento do país.
Dentre suas principais contribuições, cabe ressaltar a defesa de um Brasil mais competitivo, fomentando a inovação, redução de custos e aumento da produtividade.
Como explicamos nos tópicos anteriores, a CNI patrocina a coleta de dados e divulgação de informações de interesse da sociedade, através de várias pesquisas.
Outra frente relevante é o apoio à micro, pequenas e médias empresas, através de iniciativas como o Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi) e o Indústria+Produtiva.
Além das federações associadas, a CNI coordena instituições focadas em ações sociais e de educação.
São as entidades que compõem o Sistema Indústria, que atua na educação básica, formação profissional, capacitação empresarial e soluções técnicas e tecnológicas, inclusive com programas socioeducativos.
Conheça, abaixo, a função de cada membro do Sistema Indústria:
Representam as indústrias de seu estado ou região, realizam iniciativas regionais e conectam essas empresas aos projetos, demandas e orientações da CNI.
Braço educacional do sistema, já alcançou milhões de trabalhadores com educação profissional, favorecendo o aumento da competitividade na indústria.
O SENAI também auxilia em pesquisas e favorece a inovação nos setores produtivos do país.
Pautado pela educação de jovens que frequentam as escolas SESI, desempenha um papel importante na formação de profissionais qualificados.
Outra área de atuação do SESI é a segurança e saúde do trabalho, um conjunto de medidas que visa eliminar ou diminuir acidentes e doenças relacionados ao trabalho, melhorando a qualidade de vida dos profissionais.
Dessa forma, eles se tornam mais produtivos e saudáveis, além de reduzir gastos trabalhistas e previdenciários devido às ocorrências no local de trabalho.
Gestão corporativa, educação empresarial e desenvolvimento de carreiras são os assuntos trabalhados pelo IEL.
Seu objetivo central é atender a demandas específicas das indústrias, gerando valor e aumentando sua produtividade.
A indústria nacional tem enfrentado um clima de instabilidade nos últimos anos.
Segundo análise da CNI, o país ainda vivenciava os impactos da crise econômica mundial de 2008 na época, com desaceleração da economia global e prejuízo para o comércio.
Por consequência, houve efeitos para a produção nacional, com dificuldades para negociar com outros países devido a tensões e fatores como movimentos nacionalistas anti-imigração e protecionistas.
Para se ter uma ideia, entre 2013 e 2016, a produção física industrial teve queda acumulada de 16,8%, refletindo o crescimento negativo do país.
A partir desse prisma, a Confederação Nacional da Indústria preparou o Mapa Estratégico da Indústria para o período de 2018 a 2022, que visa orientar os industriais diante das tendências avaliadas.
O documento apontava, já no início de 2018:
Confira na lista quais são os principais desafios que a CNI busca enfrentar e solucionar:
Em 2017, o desempenho da indústria mostrou sinais de melhora, com a produção atingindo alta de 2,5%, depois de três anos em queda.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aquele foi o melhor resultado para o setor desde 2010.
Aumento no poder de compra das famílias e na fabricação de automóveis foram razões para o avanço, de acordo com avaliação do IBGE.
Grande parte dos veículos produzidos foi exportada, chegando ao recorde de exportações até aquele momento: 762 mil.
As indústrias extrativas, de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos e de metalurgia também tiveram um bom desempenho.
Já em 2018, a alta foi bem menor – de 0,2% quando comparada com novembro, com crescimento acumulado de apenas 1,1%.
Na comparação com dezembro de 2017, houve queda de 3,6%, de acordo com o IBGE.
Foi o pior resultado desde 2015, puxado pela redução em 13 dos 26 segmentos que integram a pesquisa nacional.
O ramo de alimentos, por exemplo, registrou queda de 5,1%, enquanto a produção de confecção de artigos do vestuário e acessórios caiu 3,3%.
A Confederação Nacional da Indústria ganhou destaque no noticiário durante o governo Bolsonaro, principalmente ao final de seu primeiro ano de mandato.
Em 11 de dezembro de 2019, o presidente foi homenageado com o Grande Colar da Ordem do Mérito Industrial, durante evento de apresentação da pesquisa “Sondagem Especial: Avaliação do Governo pelo Empresário Industrial”.
Na ocasião, a entidade revelou que o governante tem ampla aceitação entre os industriais, alcançando 60% de avaliações como ótimo ou bom; 65% confiam em Bolsonaro, e 64% aprovam sua forma de governar.
Modernização das relações de trabalho, da legislação previdenciária e o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia foram citados como motivadores para a avaliação positiva quanto à gestão Bolsonaro.
A indústria nacional está otimista para o ano de 2020, projetando crescimento de 2,8% para o setor, impulsionado por uma alta de 6,5% nos investimentos.
Os setores industriais deverão registrar alta nos negócios, sendo 6,8% para a área extrativa, 3% para a construção e 2,3% para a indústria de transformação.
A CNI estima que a economia deve crescer 2,5% durante o ano, e o PIB, 2,8%.
O resultado deverá impactar, também, os outros dois pilares da economia brasileira, com alta de 3% para a agropecuária e 2% para serviços.
Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, o próximo passo para a recuperação da economia é a reforma tributária, visando diminuir a complexidade do sistema atual e unificar impostos.
O executivo afirma, em artigo publicado no jornal O Globo, que:
“Todos os ramos industriais devem ter expansão, mas o destaque pode vir para a área de construção civil, que deve responder bem à queda de juros nos contratos do setor imobiliário. Esse desempenho vai impulsionar fortemente o emprego, com a geração de centenas de milhares de postos de trabalho, visto que o segmento é intensivo em mão de obra.”
Ao longo deste artigo, comentamos a história, missão e protagonismo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) no cenário atual.
Principal representante dos industriais, a entidade presta informações e serviços relevantes para toda a sociedade.
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