Quem tem um negócio a administrar, não pode se descuidar do capital de giro.
Afinal, estamos falando sobre um dinheiro fundamental, sem o qual fica difícil sobreviver no mercado.
O capital de giro para empresas é o que mantém a máquina em funcionamento, servindo para financiar o negócio enquanto ele estiver em operação.
Não por acaso, para 65% dos executivos entrevistados na pesquisa Working Capital Study 21/22 (em inglês), da PwC, melhorar a gestão do capital de giro é prioridade.
Eles sabem muito bem que, sem esse controle fundamental, não há como um negócio se sustentar nem gerar lucro.
O capital de giro faz valer a máxima “dinheiro fazendo dinheiro”.
Por isso, sua gestão é questão de sobrevivência e um ponto central para toda empresa pautada pelo lucro e até para aquelas sem fins lucrativos.
Veja neste artigo como funciona a administração do capital de giro e dicas para otimizar o uso dele no seu negócio.
Os tópicos abordados serão os seguintes:
Avance na leitura para entender como funciona o capital de giro de uma empresa.
Leia também:
Capital de giro é o montante de dinheiro apurado para custear as atividades de uma empresa depois de um período em operação.
Sua principal característica é a liquidez, ou seja, a capacidade de aplicação imediata ou de resgate instantâneo.
Assim, para entender o que é capital de giro, precisamos focar no conceito de disponibilidade.
É por essa razão que há gestores que confundem capital de giro com dinheiro em caixa.
Note que o termo “giro” faz menção ao ciclo de pagamentos ao qual todo negócio está sujeito.
Salários, impostos, concessionárias, combustíveis e manutenção de máquinas e equipamentos são algumas das despesas que vencem todo mês.
É necessário contar com um capital circulante para dar conta das despesas fixas.
Entender o que é o capital de giro de uma empresa é mais fácil quando fazemos um paralelo com nossas contas pessoais.
Todos nós precisamos de uma quantia mínima mensal para pagar as contas de luz, água, internet e aluguel, certo?
O valor apurado que sobra depois de pagar essas despesas seria o capital a ser usado para cobrir os custos do próximo mês.
O capital de giro para empresas é comumente confundido com o chamado capital social.
Ainda que o capital social possa realmente ser empregado para o giro, normalmente, esse é um valor usado como referência na abertura de uma empresa.
Ele deve ser informado ao solicitar o número no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) como prova de que a empresa dispõe de meios para bancar suas atividades.
Também é usado como referência para delimitar as responsabilidades dos sócios caso a empresa tenha dívidas protestadas na Justiça.
Digamos, por exemplo, que uma empresa varejista declarou como capital social o valor de R$ 10 mil.
Os gestores podem ter concluído que esse é um valor que não comprometeria seus patrimônios pessoais, caso a empresa se visse em apuros financeiros.
No entanto, o capital de giro necessário para o negócio operar pode ser bem maior que isso, dependendo do contexto.
Outra forma de entender o que é o capital de giro de uma empresa é conhecendo os diferentes tipos.
Vamos a eles:
Sobre o capital positivo, cabe frisar que nem sempre um saldo maior que zero é sinônimo de lucro.
A empresa pode registrar saldo positivo e, mesmo assim, estar em dificuldades financeiras, considerando suas despesas fixas e variáveis.
Saber como funciona o capital de giro de uma empresa implica conhecer a fórmula usada para o seu cálculo.
Vamos a ela:
Por circulante, classificamos todos os ativos que tenham liquidez.
Ou seja, tudo que a empresa possui em suas reservas ou que possa gerar dinheiro no curto prazo.
Entram no ativo circulante recursos como dinheiro em caixa, dinheiro nas contas bancárias, estoques, recebíveis e rendimentos de aplicações financeiras que possam ser resgatadas.
Já o passivo circulante será formado pelas despesas que a empresa precisa arcar em períodos regulares, normalmente mensais.
É o caso dos gastos com fornecedores, insumos, impostos, encargos trabalhistas, água, luz, internet, enfim, todos os custos indispensáveis para a empresa operar.
Veja um exemplo simples do cálculo do passivo circulante:
E agora um exemplo de ativo circulante:
Desta forma, temos a seguinte conta:
Repare que esse valor se destina para os pagamentos de curto prazo, já que, ao longo do tempo, a empresa deve receber novos recursos provenientes de suas vendas.
Dessa forma, quanto mais elevado for o capital de giro, maior será o período em que a empresa poderá se manter ativa sem precisar fazer novos negócios.
O capital de giro para empresas é não apenas um valor em dinheiro usado para cobrir seus gastos.
Além da parte operacional, é também um indicador estratégico, pois representa a saúde financeira de um negócio, além de balizar decisões.
Quando permanece baixo por muito tempo, é sinal de que a empresa está sempre na corda bamba, tendo que vender a todo custo para se manter ativa.
Nesse caso, buscar novas fontes de financiamento de capital de giro é uma saída.
Por outro lado, quando o saldo excede com folga o mínimo necessário para bancar as despesas fixas, indica que o negócio tem fôlego para investir.
Avaliar a necessidade mensalmente é uma forma de se manter saudável na parte financeira.
Como vimos, o capital de giro nasce do que sobra depois de uma empresa apurar suas receitas e despesas a cada 30 dias.
Em um cenário ideal, é recomendável que esse excedente seja suficiente para cobrir os gastos mensais.
Porém, sabemos que isso nem sempre é possível, o que demanda atenção na gestão do capital de giro.
Veja um exemplo:
Isso quer dizer que, se a loja não tiver um excedente guardado, poderá ficar em dificuldades, principalmente se o mesmo acontecer com outros produtos.
Logo, o capital de giro é de onde ela deverá tirar os recursos para cobrir as outras despesas até que tenha saldo para quitá-las por completo.
Agora que você sabe como funciona o capital de giro de uma empresa, deve estar se perguntando qual a melhor forma de acumulá-lo, certo?
Nesse caso, você precisará ir fundo na gestão da operação do negócio, de modo a saber exatamente dados como:
Uma vez que você tenha o controle sobre esses indicadores, poderá apurar de quanto capital precisará.
Lembrando que um controle preciso depende muito da contabilidade e de um registro preciso do fluxo de caixa, bem como de processos consistentes de conciliação bancária.
A partir do que vimos, é justo dizer que o capital de giro é uma espécie de reserva de segurança.
Se ele estiver muito baixo, a empresa terá que se esforçar muito mais para cobrir seus gastos, gerando um efeito bola de neve.
Afinal, a falta de recursos tende a se acumular sem gestão e, quando isso acontece, o resultado não pode ser outro que não o endividamento.
Para que esse risco passe longe do seu negócio, existem algumas medidas que podem ser adotadas.
Confira a seguir e saiba como manter seu negócio sempre no positivo.
Em matéria financeira, é sempre mais simples reduzir gastos do que obter receitas novas.
Por isso, a primeira medida que as empresas fazem quando precisam reequilibrar suas contas é “cortar na carne”.
Um bom exemplo disso vem do futebol, que é o caso do Flamengo.
De devedor crônico, com um passivo de cerca de R$ 800 milhões, ao longo da década o clube carioca cortou muitos gastos para se tornar uma potência esportiva e financeira.
Hoje, o passivo que era quase bilionário foi revertido em um ativo que ultrapassa R$ 1 bilhão.
O caso do Flamengo também serve para ilustrar a importância da austeridade nas finanças para alcançar a prosperidade.
Até chegar ao nível em que se encontra hoje, o clube precisou fazer muitos sacrifícios, deixando de investir inclusive no esporte que mais lhe rende receitas, o futebol.
Foram anos sem grandes conquistas, alguns deles com campanhas próximas do rebaixamento no Campeonato Brasileiro.
Imagine então se os gestores do clube, em nome do imediatismo, esquecessem da disciplina nos gastos?
Certamente o clube não estaria tão forte economicamente como hoje, muito menos disputando as taças mais importantes no cenário nacional e internacional.
Toda empresa precisa lidar com fornecedores para levar aos seus clientes as soluções que eles esperam.
Insumos, matérias-primas e mercadorias para revenda são alguns dos gastos mais recorrentes, demandando um processo constante de negociação.
Manter os canais de diálogo sempre abertos é uma maneira inteligente de colocar a casa em ordem quando for necessário algum tipo de corte de gastos.
Um exemplo disso é o que fazem as empresas que pagam seus fornecedores à vista, ganhando descontos no preço final.
Também tem o caminho contrário, quando elas os pagam com recebíveis, a fim de liberar capital.
Capital de giro e planejamento financeiro são unha e carne.
Um não existe sem o outro, já que, para planejar, precisamos de recursos, e sem planejamento, não sabemos onde obtê-los.
Além disso, vimos que cada negócio opera com ciclos próprios em suas operações e na parte financeira, fora as sazonalidades que podem enfrentar, e também a inadimplência.
Tudo isso demanda alta capacidade de organização e um planejamento rigoroso para antecipar quanto a empresa terá em caixa nos períodos que estão por vir.
Isso para não falar do custo do endividamento, sempre mais caro quando não se conta com um planejamento financeiro consistente.
No dia a dia, vale a pena pagar nossas contas pessoais dentro do prazo, até porque muitas empresas concedem descontos para os clientes mais fiéis e adimplentes.
No cenário empresarial, acontece o mesmo.
Quem paga as contas em dia pode ganhar descontos e liberar parte substancial do orçamento.
Mesmo que não haja descontos, manter os pagamentos em dia é uma maneira de garantir a organização financeira, de modo a evitar surpresas no fim do mês e os juros associados às dívidas.
Um tipo de receita que costuma exigir ainda mais capacidade de gestão são os recebíveis.
Nessa categoria, entram os valores a receber das vendas feitas a prazo, duplicatas e, para quem ainda utiliza, de cheques pré-datados.
Os recebíveis demandam atenção redobrada, principalmente pela questão da inadimplência e dos custos que ela gera para a empresa e para o cliente.
Uma alternativa que as empresas usam, nesse caso, é o adiantamento de recebíveis, ao receber de uma instituição financeira o valor integral das parcelas, que são dadas em garantia de uma forma de empréstimo.
Nem só de corte de gastos vivem as empresas que precisam reforçar seu capital de giro.
Além dessa medida, é fundamental investir em meios para obter novas receitas.
A maneira mais segura para isso é desenvolver estratégias de marketing que aumentem a atração e retenção de leads e clientes.
Isso demanda um bom planejamento, afinal, mesmo as ações para gerar receitas têm seus custos, que devem ser previstos.
Sua função mais importante é garantir a liquidez necessária para que o negócio continue operando sem depender das receitas de suas vendas.
Dessa forma, é um erro destiná-lo para o pagamento de dívidas, principalmente se a empresa está operando no aperto.
O capital de giro só pode ser usado com essa finalidade se, depois de apurados os custos, a contabilidade garantir que há uma reserva suficiente para isso.
O financiamento de capital de giro é um recurso aplicado pelas empresas com baixa margem de lucro para ganhar fôlego financeiro.
Embora isso traga um certo alívio, no longo prazo existe o risco de endividamento, caso o controle necessário não seja feito.
Isso porque empréstimos são feitos a juros e formam uma nova despesa que, se não for coberta, gera mais um passivo no longo prazo.
Por isso, empréstimos são uma solução em último caso, quando a empresa já tentou outros meios para suprir suas necessidades de capital e não conseguiu.
Em certos casos, o endividamento chega a um ponto em que a única solução para a empresa é sentar à mesa com os credores e renegociar.
Trata-se de uma forma de financiamento de capital de giro indireta, considerando que, ao refinanciar, a empresa pode obter juros menores e até abatimentos.
Não menos importante, essa é uma estratégia para manter as linhas de crédito abertas, já que nunca se sabe quando um novo empréstimo será necessário.
Além disso, ao honrar seus compromissos, a empresa sinaliza para o mercado que vale a pena investir nela, mantendo-se atrativa para futuros apoiadores e parceiros.
Vimos neste artigo o que é o capital de giro de uma empresa, para que serve e a sua enorme importância para a vitalidade financeira de um negócio.
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