A governança corporativa representa uma oportunidade de evolução na gestão de empresas – e na sua não é diferente.
Todos os caminhos apontam para uma nova visão, mais de acordo com o nosso atual mercado, competitivo e globalizado.
Só compete nesse jogo quem se adapta às regras.
E elas incluem valores muito especiais, como transparência e confiança.
A governança corporativa nas empresas é a chave-mestra para o sucesso, para o reconhecimento e para a longevidade de qualquer negócio.
Indica uma cultura de boas práticas de gestão corporativa que faz a diferença e contribui para bons resultados.
Afinal, o mercado está o tempo todo de olho nisso: nas condutas, decisões e relações das instituições com os seus públicos de interesse.
Quem se destaca em boas práticas de governança empresarial tem maior valor.
Mas quais são elas? E os princípios da governança corporativa?
Que relação o assunto possui com o compliance nas empresas?
O que é preciso para praticar a liderança corporativa?
Vamos abordar a partir de agora um tema estimulante, de extrema importância e que pode motivar você ainda mais na carreira.
Quer saber tudo sobre governança corporativa?
Então, siga a leitura ou desça até o tópico que você deseja ler:
Acompanhe este super guia, entenda o que é governança corporativa e muito mais sobre o processo de governança corporativa nas empresas.
Governança corporativa é um processo que determina a maneira como a empresa é administrada, o que se reflete na sua cultura, políticas e regulamento interno.
Ela visa à excelência em gestão e em estratégia empresarial.
Em resumo, podemos dizer ainda que se trata da forma com que as empresas são dirigidas e controladas.
A essência da governança corporativa está na transparência, havendo clareza quanto aos seus atos tanto para o público interno quanto externo.
Interessante observar que esse é um dos valores mais importantes de uma instituição atualmente, seja ela qual for, o que é próprio de um mundo cada vez mais aberto e globalizado.
Não por acaso, a expressão governança corporativa adquire evidência e interesse crescentes.
Tanto é assim que mais e mais organizações, dia após dia, se interessam por seguir os seus preceitos.
Também cabe destacar a relação direta da governança corporativa com o modo como uma empresa compete no mercado.
“No mundo dos negócios, o jogo é duro, mas é na bola, e não na canela”, diz Fábio Colletti Barbosa, administrador e conselheiro de grandes empresas.
Com essa metáfora, ele traduz a base da governança corporativa: um jogo limpo – também conhecido como fair play.
E, assim como no futebol, não é só quem está em campo ou, no caso, na linha de frente, como os gestores ou líderes, que precisa dominar as boas práticas da gestão.
Em um negócio, cada funcionário tem sua importância para fazer o processo dar certo.
Enquanto prática empresarial, a governança corporativa existe desde sempre, se considerarmos apenas suas implicações em termos de imagem e reputação.
Contudo, como todo grande movimento empresarial, a GC ganhou impulso a partir de uma crise – no caso, a da multinacional de combustíveis Texaco, na década de 1980.
Basicamente, a crise foi causada pela própria diretoria da empresa.
Para impedir a compra de ações por um grupo de acionistas minoritários, ela fez uso de uma estratégia legal, mas condenável do ponto de vista ético: a recompra de ações da empresa a altos preços.
Com isso, começou a ganhar força na sociedade e ecossistema empresarial norte-americano o conceito de governança corporativa.
Além de um pressuposto de conduta, ela também se estrutura em um setor independente, composto por especialistas nessa área, como veremos ainda neste conteúdo.
Casos como o da Texaco trazem à tona uma outra importante questão de caráter jurídico: o direito da concorrência.
Sem um mínimo de governança, o poder das grandes corporações, que já é enorme, se estenderia ainda mais, com consequências imprevisíveis.
Portanto, é necessário impor algum tipo de limite, tanto no âmbito interno quanto externo a toda atividade empresarial.
Além disso, com a massificação da informação digital, formou-se no público um movimento espontâneo de cobrança sobre as empresas e suas posturas.
Prova disso, segundo a pesquisa Purpose Premium Index, da Porter Novelli, é que 76% das pessoas dizem perceber quando uma empresa age de forma contrária aos valores corporativos.
Por isso, considerando esses e outros fatores, a governança corporativa vai muito além de uma iniciativa fiscalizadora e é fundamental para garantir conquistas como as destacadas a seguir.
Empresas são como organismos e, para funcionar corretamente, é indispensável que contem com uma gestão efetiva.
Falhas nesse aspecto levam aos problemas típicos dos negócios mal administrados, ou seja: mau uso dos recursos, erros operacionais, vícios, desvios e corrupção.
A governança corporativa age para manter a empresa “nos trilhos”, zelando pelas boas práticas administrativas.
Dessa forma, as pessoas ficam cientes de que há consequências para seus atos, positivas ou não.
Para o público externo, mostra uma postura atenta ao core business, por meio da gestão das atividades de back office.
O estudo da Porter Novelli não deixa margem a dúvidas sobre a importância da imagem e da reputação das marcas.
As que zelam por isso são premiadas com o aumento da confiança do consumidor e, por consequência, de eventuais parceiros e investidores.
A boa reputação é um bem intangível e, portanto, de valor imensurável e que deve ser mantida a todo custo, observados os devidos limites.
Casos de empresas que tiveram suas imagens arranhadas de maneira irreversível — ou quase isso — não faltam para confirmar a importância da credibilidade.
Um exemplo recente disso foi a FTX, uma bolsa de criptomoedas que, da noite para o dia, se viu mergulhada em um grande escândalo financeiro.
Como destaca a matéria publicada na revista Veja, esse episódio serviu como mais um alerta sobre a necessidade de normatizar um setor ainda pouco regulado.
Enquanto a ausência de governança pode levar a crises e abalos na reputação, a sua presença provoca o desejável efeito oposto, que é o fortalecimento da imagem.
Uma evidência disso é uma pesquisa divulgada pelo Portal da FIEP, em que 87% das pessoas dizem preferir comprar de empresas ESG.
Como já abordamos aqui no blog da FIA, ESG é uma das ramificações mais importantes da governança corporativa, englobando Meio Ambiente (Environment), Social and Governance (Governança).
Não surpreende que as empresas equipadas com um corpo diretivo focado em ESG tenham valor de mercado superior.
Além de uma maneira de minimizar e evitar danos ambientais, essa é uma ótima estratégia comercial, tendo em vista o fortalecimento da marca junto aos públicos interno e externo.
Voltemos ao caso da Texaco para falar de um assunto que sempre rende debates acalorados: a competitividade.
Uma das lições que ficaram para o público e para as pessoas que fazem parte da Texaco é de que seguir a “lei da selva” pode cobrar um preço muito alto.
Ser competitivo não é de forma alguma ser antiético ou inconsequente nas decisões tomadas.
Os sócios e líderes da Texaco certamente não avaliaram os enormes riscos que correram ao apelar para a recompra de suas próprias ações.
Em um primeiro momento deu certo?
Sim, a estratégia inicialmente funcionou, mas, como sempre, a mentira tem perna curta.
A governança corporativa serve como uma blindagem, de modo que uma empresa atue no mercado de forma competitiva, mas nunca desleal ou contra seus próprios princípios.
Empresa alguma prospera sozinha.
Para chegar longe, é necessário contar com parceiros capazes de elevar a capacidade produtiva e, assim, melhorar os resultados.
Contar com um setor de governança corporativa ajuda muito nesse aspecto, já que comunica ao mercado que existe a preocupação com as boas práticas de gestão empresarial.
“Diga-me com quem andas e te direi quem és”, diz o antigo provérbio que no meio corporativo se aplica perfeitamente.
Não basta apenas atrair parceiros e investidores.
É preciso, sobretudo, que esses parceiros também sejam preocupados com o futuro e tenham uma postura responsável.
Dessa forma, quem vier a se associar a eles terá sua imagem melhorada por extensão.
A noção de preço aos olhos do consumidor está diretamente ligada à chamada brand equity, ou seja, o valor intangível agregado a uma marca.
Quando o assunto é refrigerante, ninguém discute que a Coca-Cola é a marca mais poderosa, de quem as pessoas compram de olhos fechados.
Um carro da Mercedes-Benz vende-se praticamente por si só, graças à brand equity conquistada pela montadora alemã.
O valor associado à marca permite a uma empresa estipular preços não apenas pelos seus custos de produção, mas pela forma como o público a percebe.
Claro que, para isso, é indispensável transmitir ao público credibilidade e solidez, entre outros atributos, durante muitos anos.
A governança corporativa trabalha para isso, ao assegurar as melhores práticas corporativas em matéria administrativa, estratégica e operacional.
A governança corporativa serve para evitar conflitos de interesses, mas nem sempre isso acontece.
Quando as dissensões são inevitáveis, é preciso contar com um braço forte e pulso firme para tomar as medidas que se façam necessárias.
Isso serve para o contexto interno, quando líderes se colocam em lados opostos, defendendo cada um o seu próprio interesse.
No âmbito externo, a governança orienta quanto ao que fazer para que um conflito não descambe para uma crise.
Portanto, empresas que não dispõem de GC para se orientar nos momentos críticos são sérias candidatas a sofrerem danos materiais e imateriais.
As que contam, naturalmente estão mais protegidas e cientes dos seus próprios limites nas esferas corporativa e jurídica.
Adotar a governança corporativa no seu negócio não significa administrar conforme a maré.
Afinal, não é porque uma empresa segue uma determinada linha com sucesso que as demais alcançarão os mesmos resultados.
Você deve considerar esse sistema pelos benefícios que ele pode trazer à sua organização.
O que acontece, na prática, é que as ações de governança corporativa têm potencial para transformar os princípios já citados em atitudes que facilitam o acesso ao capital e contribuem para a longevidade das empresas.
Como destaca o IBGC, em seu Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, ocorre um alinhamento de interesses, objetivando preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, o que contribui para a maior qualidade de gestão.
Precisa de exemplos mais específicos?
Dê só uma olhada nesta relação com algumas das principais vantagens do modelo de gestão:
Perceba que muitos avanços possíveis representam soluções para dores comuns a qualquer negócio.
O aspecto financeiro, por exemplo, que costuma ser o calcanhar de Aquiles especialmente em empresas novatas no mercado, é privilegiado pelas ações de governança corporativa.
É inegável que uma gestão austera e transparente contribui para dar o melhor destino ao capital do negócio, facilitando ainda a atração de investimentos e outras fontes de recursos externos.
É quase inevitável relacionar as atividades de governança corporativa e de compliance.
Aliás, você sabe o que o termo compliance significa?
Em uma tradução livre para o português, compliance é conformidade.
Não se trata apenas de seguir normas técnicas na fabricação de produtos.
A conformidade, nesse caso, significa obedecer às regras legais, morais e éticas do país, o que ganhou força a partir da publicação da Lei Anticorrupção, em 2013.
A correção dos atos de uma empresa, portanto, é o que norteia o compliance.
Assim, essa é uma abordagem estratégica que contribui para fortalecer a imagem da companhia, na medida que aponta para a seriedade e compromisso na condução de seus processos.
Podemos sintetizar que a governança corporativa foca na ética, ou seja, na imagem que passa aos stakeholders, enquanto o compliance concentra-se na transparência das atividades.
Para conceituar de forma adequada, vamos pegar carona no Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), que assim define essa forma de gestão nas empresas:
“Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.
Perceba que, como já havíamos destacado, não estamos falando de uma iniciativa pessoal, tampouco limitada ao âmbito individual.
A governança corporativa é um compromisso da organização e depende do esforço coletivo.
Isso aparece de maneira marcante em cada um dos seus quatro princípios.
Vamos ver agora o que cada um deles significa:
Ao informar fatos, sejam eles positivos ou negativos, as empresas criam uma rede de confiança tanto interna (com seus colaboradores) quanto externamente (com os stakeholders).
Esse princípio nada mais é do que o tratamento igualitário de todos os sócios e partes interessadas das organizações.
É quando os agentes da governança mostram as consequências de seus atos, das tomadas de decisões, ou mesmo das omissões.
Mais abrangente, esse princípio valoriza a sustentabilidade – de ordem social e ambiental – da organização, visando a sua longevidade.
Ao formar-se um ambiente de respeito às regras convencionadas, a gestão corporativa fomenta valores importantes, cujos reflexos são percebidos dentro e fora das organizações.
Talvez o principal deles seja a confiança.
Ela é um motor que impulsiona a produtividade das equipes e um apoio para sócios, investidores e acionistas tomarem decisões.
Como vimos, a governança corporativa é fundamental para assegurar a própria competitividade de uma empresa no mercado.
Lembrando novamente da perspectiva de longo prazo, que é um dos pilares do conceito.
Ao influenciar o público interno, o ambiente e a sociedade, a importância da governança corporativa fica evidente, já que dá mais respaldo ao negócio.
Abre-se assim espaço para a empresa agir não apenas como uma entidade movida pelo lucro, mas como um membro ativo da comunidade à qual pertence.
O citado episódio da Texaco evidenciou a necessidade de se criar uma nova cultura empresarial, na qual as empresas pudessem se autorregular em suas práticas de gestão e de governança organizacional.
O objetivo é, desde sempre, evitar que abusos por parte das lideranças viessem a corromper todo o mercado, levando ao colapso da própria economia.
Assim, começaram a surgir nas empresas os primeiros setores dedicados exclusivamente a atuar como “guardiões” da ética e da transparência, formados por:
Em primeiro lugar, será que a governança corporativa cabe na sua empresa?
A questão é pertinente, afinal, as pioneiras na adoção desse modelo de gestão foram as companhias de capital aberto.
São aquelas que negociam ações na bolsa de valores.
Para que seus acionistas tenham rendimentos interessantes, é importante que a organização não apenas conquiste bons resultados financeiros, mas preze por valores como ética e transparência.
Qualquer notícia negativa sobre ela derruba o preço de suas ações e, por consequência, seu valor de mercado.
Mas isso não significa que a governança empresarial se distancie das médias e pequenas empresas (PMEs).
A verdade é que qualquer negócio se beneficia de seus princípios, como já exposto.
É claro que alguns terão vantagens adicionais em razão não apenas de seu porte, como de características do seu modelo de atividade.
Mas como dizer que uma microempresa não sai ganhando ao se credenciar a atrair investimentos, ao melhorar seu desempenho operacional e a tornar seus processos mais transparentes?
É por isso que, sem medo de errar, podemos afirmar que qualquer negócio pode – e deve – implantar a governança corporativa.
A questão agora é: como?
Vamos explicar agora.
Toda empresa profissional em sua gestão, não importa o tamanho, conta com um conselho administrativo.
E se você já lê os conteúdos que publicamos aqui no blog, tem uma noção da função desse órgão dentro das empresas, as quais mostramos no artigo sobre conselho de administração.
Resumindo, conselho administrativo é um órgão interno, formado por sócios e diretores de alto escalão para tomar decisões que afetam a empresa como um todo.
Como já dissemos, esse é um órgão essencial para a governança organizacional, sendo inclusive considerado o seu principal pilar, já que atua como guardião dos princípios e normas internas.
O conselho de administração obedece a uma hierarquia.
Trata-se de um órgão interno consultivo, mas que também tem a função de criar políticas e normas, fazendo com que sejam cumpridas.
No topo da cadeia de comando de um CA, estão dois tipos de membros.
Um é o Diretor Executivo, normalmente um colaborador que, ao ser nomeado, passa a exercer dois cargos.
Sua função principal é tomar decisões e apoiar na implementação da política de governança da empresa.
Outro é o administrador, geralmente alguém sem vínculo empregatício, convocado como membro isento, sendo muito acionado para a solução de conflitos.
O conselho de administração deve contar ainda com:
A governança corporativa trata também da proteção contra os riscos, tanto os que vêm de dentro quanto os externos.
Para isso, ela se fundamenta na norma ISO 31000, que versa justamente sobre a implementação e gestão de riscos nas empresas.
O monitoramento e controle das atividades operacionais e a fiscalização do cumprimento das políticas e normas demanda vigilância constante.
Por isso, cabe aos profissionais do CA e todos que fazem parte dos setores de governança criar rotinas de controle para as atividades chave do negócio.
Lembrando que, ao fazer isso, é altamente recomendável implementar mecanismos de melhoria contínua, a fim de aperfeiçoar as práticas corporativas.
As empresas têm uma maneira de comprovar ao mercado que de fato e de direito exercem a governança corporativa.
Essa é uma das finalidades de obter o selo ISO 37000:2021, com o qual as corporações moldam suas diretrizes de governança empresarial.
Quem ostenta essa chancela mostra que respeita na prática os princípios da governança, assim como os seus princípios impulsionadores.
Como a maioria dos conceitos, o de governança corporativa motivou e continua motivando a criação de uma série de métodos e teorias.
Uma delas é a dos 8 Ps, pelos quais um setor de GC se orienta em relação às suas atividades.
Ela foi criada pelos professores Adriana Solé e José Paschoal Rossetti, autores do livro “Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências” (2007).
De acordo com a obra, a aplicação de cada um dos Ps leva a empresa a:
Vamos conhecer então cada um deles?
O controle acionário é apenas um entre os possíveis focos de disputas em uma empresa.
Além dele, o direito à propriedade e, principalmente, os privilégios sucessórios estão entre as razões mais recorrentes de contendas na esfera administrativa ou judicial.
O P de propriedade trata da relação entre a infraestrutura e patrimônio de uma empresa com o regime jurídico/tributário do qual faz parte.
Assim, o CA pode antecipar futuros contenciosos, deixando claro quem tem direitos no momento o “bastão” tiver que ser passado.
Em certos casos, disputas fratricidas podem ser evitadas quando a corporação deixa claro para seus líderes, acionistas e stakeholders quais são seus valores e princípios.
No caso, este P se apoia em quatro fundamentos:
Uma vez definidos os princípios, tomando como base os fundamentos acima, caberá à alta gestão disseminá-los entre seus colaboradores e validá-los perante o público externo.
Os princípios são como normas gerais de conduta, a partir das quais uma empresa define seu propósito, missão, visão e valores.
Esse propósito, por sua vez, servirá como uma espécie de “código de ética” não escrito, devendo pautar todas as ações de uma organização.
Por esse P, a empresa se posiciona como membro da sociedade e de uma comunidade específica.
Cabe ressaltar que, embora tenha um viés filosófico, o propósito também deve ser mensurável e considerar sempre o retorno esperado pelas atividades desenvolvidas.
Talvez um dos principais focos de discórdia no seio das empresas seja a falta de clareza na atribuição dos papéis de cada um de seus membros.
Um membro do Conselho de Administração tem funções diferentes das de um membro do Conselho Fiscal, e assim sucessivamente.
A atribuição clara dos papéis é também uma forma de evitar o abuso de poder que, como vimos no caso da Texaco, é presença marcante nos desvios de conduta.
Quando as funções estão bem definidas, é mais fácil identificar responsáveis, permitindo assim que a empresa tome as medidas cabíveis em situações de crise.
Com papéis bem definidos, também fica mais fácil delimitar o raio de ação dos cargos diretivos.
O foco desse P é evidenciar que o exercício de um certo poder deve ser sempre orientado em proveito da empresa e não de interesses particulares.
Também busca colocar rédeas na atuação das lideranças e da alta gestão, de maneira que a autoridade não seja confundida com autoritarismo.
Outro ponto importante é a consideração dos objetivos da empresa no processo decisório, que deve ser compartilhado.
Além disso, o P de poder tenta antecipar questões críticas que costumam emergir em processos sucessórios.
O discurso da GC é muito bonito, mas não passaria disso se não fosse vivenciado na prática, no dia a dia das empresas.
Por isso, nos 8 Ps da governança são previstas as bases que devem pautar as práticas diárias.
Além da abordagem filosófico-humanista, as boas práticas se assentam em dois fatores essenciais.
O primeiro deles são os dados, que servem para orientar decisões e toda a estratégia operacional.
Não menos importante, as práticas devem estar em conformidade aos preceitos definidos de acordo com a tríade riscos, compliance e governança corporativa.
O único P presente em todos os outros é o de pessoas.
É para elas que se destinam todas as iniciativas no sentido de elevar os padrões éticos, mantendo uma empresa no caminho da transparência.
Contudo, é preciso definir políticas de RH consistentes, que privilegiem o ser humano no mesmo nível das competências e habilidades exigidas.
Assim, a cultura organizacional tende a ser mais aceita, permitindo que se forme um ambiente de trabalho produtivo e colaborativo.
Isso se aplica desde os processos seletivos até as definições de critérios para justificar afastamentos e demissões, com ou sem justa causa.
Nenhuma empresa nasce planejando o dia em que vai deixar de existir.
Dessa forma, é preciso desenvolver mecanismos e ações estratégicas para que a marca se perpetue ao longo das gerações, se necessário até mesmo mudando o core business.
Esse é um ponto fundamental, já que o apego aos produtos pode levar uma organização ao fracasso e à extinção.
O mais importante é que, acima deles estejam os princípios, abaixo dos quais devem estar as pessoas.
Para se manter ativa ao longo do tempo, é necessário que os líderes da empresa estejam constantemente se questionando sobre o que podem fazer hoje para que ela continue existindo.
Depois do caso Texaco, a GC ganhou tração, disseminando-se em empresas do mundo todo.
Na Europa, ela entrou primeiro no Reino Unido, com a publicação do Relatório de Cadbury, em 1992, pelo Banco da Inglaterra,
Considerado pioneiro, esse relatório foca em dois princípios, a prestação de contas responsável e a transparência, e estabelece uma série de diretrizes específicas para os seus funcionários, conselheiros e diretoria.
Outro marco importante no processo evolutivo da GC aconteceu em 1994, com a divulgação do King Report, na África do Sul, documento fundamental no processo de democratização do país.
Nos anos 2000, as ações de governança organizacional entraram novamente em evidência, com um novo escândalo em uma empresa ligada ao setor de energia, a Enron, nos Estados Unidos.
Por meio de balanços forjados, seus líderes diziam ao mercado que a empresa tinha um valor de mercado que não era verdadeiro.
Graças a mais esse episódio, o governo americano publicou uma nova lei, chamada de Sarbanes-Oxley Act, com o objetivo de fiscalizar empresas e evitar fraudes.
Hoje, as práticas de governança se dividem basicamente em dois modelos: o Outsider System, predominante em países anglo-saxões, e o Insider System, mais difundido na Europa e Japão.
As tendências da governança corporativa no Brasil seguem, via de regra, o modelo de Outsider System.
Nesse aspecto, o estudo “Panorama de Governança Corporativa no Brasil: Report by McKinsey & Company and Korn/Ferry International” traz dados reveladores.
Ele aponta, por exemplo, para o surgimento de um novo modelo de GC, no qual o profissionalismo leva à formação de conselhos mais bem estruturados.
Esse é, a propósito, um dos desafios da governança corporativa no Brasil, onde a GC patinou por muitos anos em razão da falta de mecanismos de governança mais efetivos.
GC não é privilégio das grandes corporações.
Ela pode (e deve) ser implementada nas PMEs, até como sustentação para o crescimento.
Isso porque, ao adotar um processo de governança corporativa, uma empresa de pequeno porte se coloca em condições mais favoráveis para definir processos em todos os níveis.
Além disso, ela sinaliza para o mercado que está atenta às melhores práticas, gerando mais confiança e credibilidade.
Toda empresa está sujeita a instabilidades, crises e conflitos.
A importância da governança corporativa aparece justamente na prevenção dessas ocorrências.
Contudo, não há como assegurar a manutenção de um cenário saudável quando o negócio está sujeito a imprevistos de todos os tipos e origens.
Por outro lado, quando eles se confirmam e a crise se instala, esse modelo de gestão se revela como o mais propício para reduzir os impactos e mudar o ambiente sem deixar a situação escalar para o caos.
A governança corporativa é, definitivamente, um meio de superar os desafios da atualidade, inclusive do ponto de vista econômico.
Afinal, em um cenário instável, as boas diretrizes de gestão são fundamentais para minimizar influências externas sobre o desempenho interno.
Mantendo-se transparente e inspirando confiança em todas as direções, a tarefa de lidar com as crises se torna facilitada.
Mas o desafio é o mesmo em qualquer empresa: manter a calma, seguir em frente e identificar nos cenários mais difíceis as melhores oportunidades para seguir crescendo.
O terceiro setor é o que compreende as empresas classificadas como sem fins lucrativos.
Nelas, a governança se faz ainda mais necessária, uma vez que elas dependem de contribuições voluntárias ou subsídios do governo para se sustentar.
Ao instituir práticas em um setor de GC, elas se posicionam de forma transparente e facilitam o próprio acesso a linhas de crédito, investimentos e doações.
O ambiente da governança corporativa não está restrito às lideranças, como já destacamos.
Tampouco se resume aos personagens internos.
Dependendo da empresa, pode envolver conselhos, auditores e agentes reguladores.
Isso sem falar no atendimento irrestrito à legislação que rege o mercado de capitais, o que é próprio das empresas com ações na bolsa.
Cada elo desempenha um papel específico.
Esse entendimento é imprescindível para o sucesso da estratégia e seus reflexos positivos na condução do negócio.
Vai além das atividades operacionais às quais a empresa se propõe.
Para que os benefícios que o modelo proporciona sejam alcançados, é preciso ser fiel às diretrizes – e o mercado está de olho nisso.
A responsabilidade é inegável, contudo, o gestor não está sozinho no desafio.
Internamente, quem ocupa o papel de maior destaque é o conselho de administração, que é um órgão colegiado, encarregado do processo de decisão em relação às estratégias.
Ele é conhecido como o guardião dos princípios, valores, objeto social e do sistema de governança da organização.
Atua, portanto, também para garantir a estabilidade no ambiente.
Como vimos, Environment, Social and Governance é um dos mais importantes desdobramentos dos princípios da governança corporativa.
Essa é uma maneira de implementar a GC, englobando não só o aspecto administrativo e legal, como as questões que afetam o meio ambiente.
Significa que, cada vez mais, as empresas não vão mais dissociar sua responsabilidade corporativa daquelas relacionadas aos ecossistemas e à sustentabilidade.
Se bem implementada, a governança corporativa pode gerar impactos significativos, mudando a percepção das pessoas sobre a marca e sobre os processos.
Veja alguns deles na sequência:
Sim, você pode (e deve) se aperfeiçoar no tema através de cursos de pós-graduação, como especialização, mestrado e MBA.
Como já dito, esse aprendizado capacita profissionais a posições de liderança, lembrando que é do gestor que se espera a condução das ações com base em uma estratégia de governança corporativa.
São tópicos inseparáveis desse tipo de qualificação:
Se você quiser aprofundar mais os conceitos e as ferramentas para a melhoria do processo decisório nas organizações, tornando-se um expert em governança corporativa, pode optar por um curso de pós-graduação ou MBA.
Sobre isso, a FIA Business School tem a opção certa para você.
Conheça a nossa Pós-Graduação em Gestão de Riscos de Fraudes e Compliance, uma excelente opção para a sua qualificação profissional.
Também conhecido como analista de compliance, o especialista em governança corporativa é o profissional responsável por zelar pelas boas práticas em GC dentro das empresas.
Sendo um setor com ligação estreita com o ramo jurídico, é natural que haja muitos advogados atuando como analistas de GC.
No entanto, já existem cursos de pós-graduação destinados a profissionais de todas as áreas para formação de especialistas.
Basicamente, um analista de compliance cuida das práticas de negócio, garantindo que elas estejam em conformidade com os marcos legais e normativos do setor.
Além disso, ele trabalha no sentido de mitigar os riscos que uma organização possa vir a correr, tanto por falhas internas quanto pelas ameaças que vêm de fora.
Embora não haja cursos de graduação em GC, a literatura sobre o tema é vasta, permitindo assim desenvolver uma visão crítica antes de ingressar nesse mercado.
Destacamos as principais obras a seguir:
Você viu neste artigo o que é governança corporativa e por que ela está entre os mais importantes desafios da gestão moderna nas empresas.
A busca de um valor sustentável, no longo prazo, de acordo com os requisitos éticos e legais, é o que se espera de qualquer organização.
E as dificuldades crescem à medida que os negócios se tornam cada vez mais complexos.
É preciso conciliar os interesses de todos os envolvidos nesse processo: tanto os que afetam quanto os que são afetados pela conduta organizacional.
Com foco no desempenho sustentável e sólido, a boa governança corporativa garante um ambiente empresarial justo e transparente.
Como dito no início deste texto, a ideia é a de um time que entre na competição movido pelo fair play.
E que o jogo seja cada vez mais produtivo, gere resultados e conduza a empresa para o sucesso esperado, em benefício da sociedade.
Para se preparar melhor para esse desafio, conte com a FIA!
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