Estratégia e Organizações

O que é comunicação assertiva e como melhorar no trabalho?

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Comunicação assertiva é a capacidade de estabelecer um diálogo em bases amigáveis, mas sem deixar de lado a clareza necessária e a objetividade.

Ela pode não ser a solução de todos os problemas de relacionamento no ambiente de trabalho, mas ajuda a evitar vários deles.

O uso de palavras assertivas, inclusive, reduz a tensão comum aos desafios corporativos do dia a dia.

Como aponta uma pesquisa (em inglês) realizada pelo The Economist, falhas na comunicação são responsáveis pelo aumento do estresse no trabalho em 52%, contribuindo ainda para baixar o moral em 31% dos casos.

O que parece faltar em situações nas quais a comunicação não funciona é, entre outros fatores, certa boa vontade por parte das pessoas em ouvir e se fazerem ouvir.

Um dos caminhos para isso é trabalhar a assertividade na comunicação, como vamos mostrar neste texto.

Veja os tópicos abordados:

  • O que é comunicação assertiva?
  • Por que incentivar a comunicação assertiva no ambiente de trabalho?
  • Diferenças entre a comunicação assertiva, agressiva e passivo-agressiva
  • Principais características da comunicação assertiva
  • Como ter uma comunicação assertiva?
  • 10 erros comuns para evitar e acertar na comunicação.

Continue lendo e saiba como trabalhar a comunicação clara e assertiva na vida, nos negócios e no trabalho!

O que é comunicação assertiva?

Ser assertivo é ser afirmativo.

Quem desenvolve a capacidade de se comunicar assim consegue expressar suas ideias com segurança, sem hesitar.

Por outro lado, a linguagem assertiva não é sinônimo de rudeza ou falta de tato.

O que caracteriza uma pessoa assertiva é a sua habilidade de ser firme ao falar, mas sem ser agressiva ou sem educação.

Muito pelo contrário, a comunicação assertiva no trabalho e na vida como um todo é algo desejável justamente por caracterizar a mensagem direta e sem rodeios, mantendo a elegância e o bom senso.

Por que incentivar a comunicação assertiva no ambiente de trabalho?

Depois de entender o que é comunicação assertiva, a sua importância no ambiente de trabalho fica evidente.

Quando adotamos assertividade e comunicação, estamos trazendo clareza para os diálogos e relações laborais.

E os benefícios disso são muitos.

Uma pesquisa publicada no portal G1 revela que os problemas de relacionamento são responsáveis por 47,6% dos pedidos de demissão, sendo a causa também de 60,4% das demissões por parte dos líderes.

No meio corporativo, diz-se que a maioria das empresas acabam contratando em razão das competências técnicas, para demitir em função do comportamento.

Parte da solução para esse desafio é estimular a comunicação assertiva no trabalho.

Essa é uma forma de minimizar a agressividade, um problema para 93,5% dos líderes que participaram da pesquisa referida.

Um bom motivo para usar palavras assertivas no ambiente corporativo, concorda?

Diferenças entre a comunicação assertiva, agressiva e passivo-agressiva

A comunicação assertiva tem relação com a cultura organizacional

A habilidade em se comunicar é a base para a criação de um bom clima organizacional.

Por isso, vale destacar algumas diferenças entre as várias maneiras de se expressar.

A comunicação assertiva, nesse caso, é direta e honesta, pois expressa opiniões de forma respeitosa e sem deixar de escutar as outras partes.

Já a agressiva tende a ser dominadora e desconsidera os sentimentos e pontos de vista dos outros, sendo por isso uma causadora de conflitos em potencial.

Há ainda o meio-termo, que é a comunicação passivo-agressiva.

Ela se caracteriza pela ambiguidade e falta de clareza, levando a mal-entendidos por não deixar claro quais as reais intenções de quem envia a mensagem.

Não tem a ver, portanto, com assertividade e comunicação.

Principais características da comunicação assertiva

A comunicação assertiva no trabalho ou na vida costuma funcionar bem.

Isso se dá principalmente porque ela trabalha com princípios essenciais para a boa comunicação.

São os 4 “Cs”:

  • Clareza: transmitir mensagens de forma direta e compreensível, de modo a não haver ambiguidades ou interpretações equivocadas
  • Coerência: manter a consistência no uso das palavras, expressões faciais e linguagem corporal, garantindo alinhamento total na comunicação
  • Concisão: ser sucinto e evitar excessos verbais, transmitindo informações de maneira direta
  • Consideração: respeitar as opiniões e sentimentos dos outros, demonstrando empatia e construindo relações saudáveis por meio da comunicação.

Qualquer comunicação clara e assertiva, então, deve considerar esses princípios.

Como ter uma comunicação assertiva?

A assertividade na comunicação é algo que pode ser desenvolvido, mesmo pelas pessoas mais tímidas ou com dificuldades para se expressar.

Na verdade, é também o resultado da soma de uma série de comportamentos que contribuem para melhorar a capacidade de transmitir ideias.

Como toda mudança comportamental, isso requer ação.

Ou seja, no sentido de colocar em prática, no dia a dia, uma nova abordagem e posturas em relação ao que queremos e esperamos.

Veja na sequência como adotar essa linguagem assertiva.

1. Seja claro e objetivo

A principal característica das pessoas assertivas ao se comunicarem é a clareza ao passar a mensagem.

Elas não têm receio de usar palavras afirmativas para expor o que pensam e sentem, deixando pouca ou nenhuma dúvida sobre seus objetivos.

Essa é uma habilidade de grande importância no trabalho, a começar pela própria entrevista de emprego, na qual o candidato precisa deixar claro para o recrutador o que pretende.

2. Escute ativamente

Ninguém consegue se expressar bem e com clareza se não desenvolver paralelamente a capacidade de escutar com atenção verdadeira.

Por isso, ela é parte da assertividade na comunicação.

Só assim pode se estabelecer uma conexão entre duas ou mais partes, facilitando o entendimento e consenso.

Essa é a chamada escuta ativa, que busca entender ativamente o que a outra parte quer comunicar.

Quer incorporar a linguagem assertiva ao seu dia a dia? Comece a ouvir mais.

3. Trabalhe sua inteligência emocional

Inteligência emocional é uma soft skill, ou seja, uma característica pessoal e não um conhecimento específico, mas também pode ser desenvolvida.

A terapia pode ser uma solução nesse aspecto, já que a inteligência emocional é um atributo das pessoas que desenvolvem o autoconhecimento.

Na prática, uma pessoa inteligente emocionalmente sabe a hora de agir e hora de esperar, sem tomar decisões influenciadas pelo calor de uma emoção.

Ela faz uso de palavras assertivas no momento correto.

4. Utilize feedbacks construtivos

Críticas são sempre bem-vindas, pois fazem parte do processo de crescimento e de melhoria.

Por outro lado, existe um limite que separa a crítica que destrói a reputação e relacionamentos e aquela que ajuda as pessoas a se desenvolverem.

A crítica construtiva, portanto, é a que se faz a partir de um olhar visando a melhora, por meio da empatia e da compreensão do contexto geral.

Nesse sentido, um bom processo de feedback é pautado por assertividade e comunicação.

5. Use os canais de comunicação mais adequados

Você já teve a impressão de ter sido mal interpretado depois de mandar uma resposta ou uma pergunta via mensagem de texto?

Esse é um bom exemplo de que, em certos casos, o que influencia não é tanto o que se diz, mas o canal escolhido para a comunicação.

Por isso, sempre que precisar dizer algo importante, avalie criteriosamente o meio de manifestação e, se necessário, vá até o seu interlocutor e diga “cara a cara”.

Afinal, essa é uma boa forma de conduzir uma comunicação clara e assertiva.

6. Evite julgamentos precipitados

O filme “Oscar – Minha Filha Quer Casar”, com Sylvester Stallone, é uma comédia que gira em torno de uma série de mal entendidos na transmissão de um simples recado.

É um bom exemplo, ainda que fictício, de como o julgamento precipitado pode arruinar relações e levar a resultados inesperados, alguns desastrosos.

Nas empresas, isso leva a um ambiente tóxico, alimentado principalmente por fofocas, ilações e suposições, algumas até mal intencionadas.

O que só reforça a importância da comunicação assertiva no ambiente de trabalho.

7. Atente-se a linguagem corporal

Os bons líderes no ambiente corporativo percebem quando uma pessoa está sendo verdadeira ou não só pela sua postura e gestual.

Ficar de braços cruzados o tempo todo, por exemplo, mostra que a pessoa está na defensiva, assim como manter as mãos no bolsos indica falta de confiança.

Uma boa maneira de trabalhar para melhorar nesse aspecto é ler o livro “O Que Todo Corpo Fala: Um Ex-agente Do FBI Ensina Como Decodificar A Linguagem Corporal E Ler As Pessoas”, de Joe Navarro.

Nele, o autor desvenda a comunicação não verbal a partir de técnicas usadas pelos agentes da polícia federal americana.

8. Pratique o que aprender

Ler livros é um ótimo ponto de partida para começar a trabalhar essa habilidade e aprender como ter uma comunicação assertiva, mas não é o único.

Na verdade, pouco resolve ler e estudar se você não praticar, até porque comunicação é algo que se faz entre duas ou mais partes.

Então, busque participar de eventos, palestras e seminários.

Neles, você pode testar suas novas habilidades, estabelecendo comunicação com pessoas novas ou com quem você tenha interesse em se relacionar ou trabalhar.

9. Nunca force a barra

Por último, mas não menos importante: a comunicação assertiva é aquela em que se respeita a vontade do outro.

Então, se você perceber que não existe um canal de diálogo ou a outra parte não está receptiva, não force.

Deixe a conversa para depois, afinal, calar-se também é opção e uma forma de passar uma mensagem.

10 erros comuns para evitar e acertar na comunicação

É normal cometermos alguns erros ao tentar se comunicar de forma assertiva

Como todo processo, o de comunicação está sujeito a falhas.

Muitos problemas de relacionamento poderiam ser cortados na raiz se essas falhas fossem evitadas, principalmente aquelas que se repetem com mais frequência.

Confira então quais são os 10 erros mais comuns na comunicação e o que fazer para fugir deles.

1. Falta de clareza

Por medo, insegurança ou por falta de capacidade de transmitir uma ideia, uma mensagem pode ser mal interpretada, gerando assim um ruído na comunicação.

Há duas soluções possíveis: deixar para uma outra pessoa mais qualificada passar a mensagem ou enfrentar os riscos e dizer o que pensa com honestidade.

2. Falta de timing

Quem não tem a assertividade bem desenvolvida costuma falhar em um outro aspecto fundamental, que é a escolha da hora certa de se comunicar.

É preciso ter tato e um senso apurado de empatia com as outras pessoas para evitar falar algo que não devia na pior hora possível.

3. Ignorar feedbacks

A falta de timing também se relaciona com a incapacidade de ouvir o que os outros têm a dizer e de aprender com suas experiências.

Esteja sempre atento ao feedback recebido das outras pessoas, não só verbalmente, como os que elas dão de forma indireta, por meio de atitudes, gestos e mudanças de comportamento.

4. Uso excessivo da tecnologia

Celulares existem para facilitar nossas vidas e disso ninguém parece duvidar.

Por outro lado, seu uso excessivo pode ser a manifestação de um problema comportamental, na forma de uma doença que já tem até nome: nomofobia.

Uma postura típica das pessoas excessivamente apegadas a celulares é estar o tempo todo olhando o aparelho, mesmo quando está conversando com alguém pessoalmente.

5. Falta de empatia

De certa forma, a nomofobia é a manifestação de uma certa incapacidade de se comunicar de forma genuína e transparente.

Se nada for feito para melhorar nesse aspecto, a pessoa vai gradativamente deixando de sentir empatia pelos outros.

É algo a ser trabalhado no nível dos relacionamentos, pela prática da escuta atenta e pelo abandono de posturas e atitudes mesquinhas e egoístas, preferindo a comunicação não violenta.

6. Comunicação não verbal deficiente

A comunicação não verbal é tão importante quanto a verbal.

Esteja sempre atento à sua própria postura enquanto conversa com as pessoas e, se sentir que está tenso demais, procure relaxar, trabalhando principalmente a respiração.

É uma forma de abandonar gestos que depõem contra, como braços cruzados, pernas inquietas ou medo de olhar nos olhos.

7. Medo das hierarquias

Falar com pessoas mais graduadas ou em posições de comando baseadas em uma hierarquia não precisa ser algo tenso.

Até mesmo no meio militar, em que existe um forte apelo à disciplina, é possível manter o respeito pelas patentes, sem deixar de lado a clareza na comunicação.

Você pode muito bem falar claramente e ser assertivo, mesmo dentro dos limites impostos pelas relações hierárquicas.

8. Excesso de jargões técnicos

Para certas pessoas, o medo de se expressar pode ser “camuflado” pelo uso exagerado de jargões e termos técnicos.

É uma maneira de mostrar para os outros que sabe mais do que aparenta, embora na maior parte das vezes isso não funcione bem.

9. Adiar a resolução de conflitos

Um conflito, dissensão ou divergência que não se resolve é como um barril de pólvora prestes a explodir.

O melhor a se fazer é buscar, pelo diálogo, uma forma de chegar a um denominador comum o mais rápido possível, sempre observando o timing certo.

10. Falta de follow-up

Dependendo dos objetivos, do tipo de relação e do que está em jogo, pode ser necessária uma postura vigilante, nos sentido de verificar se o que foi conversado está sendo praticado.

Portanto, não basta apenas conversar uma vez e achar que está resolvido.

Em certos casos, você precisará também acompanhar o progresso em relação ao que foi acordado, fazendo o chamado “follow-up”, ou seja, voltando no assunto.

Conclusão

A comunicação assertiva, se bem praticada, pode melhorar e muito a qualidade dos relacionamentos.

Temos certeza que, se você praticar o que aprendeu neste artigo, terá muito mais ferramentas para lidar com as diferenças no trabalho e na vida pessoal.

Leia os artigos publicados no blog da FIA e desenvolva seus talentos e habilidades para se destacar no trabalho e nos negócios.

Referências:

https://impact.economist.com/perspectives/sites/default/files/EIU_Lucidchart-Communication%20barriers%20in%20the%20modern%20workplace.pdf
https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2021/09/14/comportamento-e-o-que-mais-pesa-na-saida-do-emprego-mostra-pesquisa.ghtml
https://www.amazon.com/Ex-agente-Decodificar-Linguagem-Corporal-Portugues/dp/8543109701
https://www.camara.leg.br/radio/programas/977152-nomofobia-o-vicio-ao-celular-o-que-saber-e-como-evitar/
https://crasp.gov.br/crasp/site/na-sede/5-dicas-para-uma-lideranca-assertiva
https://abrhsp.org.br/conteudo/noticias/a-importancia-da-comunicacao-assertiva/

FIA

Com um olhar sempre no futuro, desenvolvemos e disseminamos conhecimentos de teorias e métodos de Administração de Empresas, aperfeiçoando o desempenho das instituições brasileiras através de três linhas básicas de atividade: Educação Executiva, Pesquisa e Consultoria.

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