Com consumo recorde no último ano, o mercado do café se revela uma ótima oportunidade de negócios.
Essa é uma boa notícia para o Brasil, que permanece como o maior exportador do setor e o segundo país no ranking de maiores consumidores da bebida.
Em meio a todos os problemas recentes enfrentados pelo país no que tange uma agricultura sustentável e uma maior preservação do meio ambiente, a produção de café aqui segue sendo uma das mais exigentes em questões sociais e ambientais.
Pelo resto do mundo, o cafezinho também não fica atrás em popularidade, angariando fãs de Norte a Sul, do Ocidente ao Oriente.
Continue lendo este artigo para saber mais sobre o mercado mundial do café e conhecer detalhes da sua produção, comércio e números do consumo.
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Boa leitura!
O cultivo e o consumo de café pelo mundo seguem uma tendência ao crescimento, apresentando aumentos significativos desde a década de 1990.
Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indicam que o setor segue uma taxa de crescimento de 2% ao ano, e estima-se que a produção chegue aos 208 milhões de sacas até 2030.
Mesmo com grande popularidade pelo mundo, o mercado mundial chegou em 2019 marcando o segundo ano consecutivo em que a oferta ultrapassa a demanda.
A Organização Internacional do Café (OIC) estima um superávit de 2,29 milhões de sacas para o período.
Ainda que esse número indique um estoque encalhado, ele nos revela um avanço do setor que havia fechado o período anterior com um excesso ainda maior, de 3,29 milhões de sacas.
Na prática, a abundância do produto pressiona os preços para baixo e prejudica a rentabilidade do mercado.
As variações de oferta e demanda não são novidade, mas um desafio que tem raízes na própria lógica de funcionamento da economia global.
Em 2001, a produção mundial havia atingido um novo recorde, com 120 milhões de sacas produzidas, enquanto o consumo fora de apenas 107 milhões.
A elevação dos preços é um dos motivos mais comumente atribuídos por especialistas para o recente boom na produção de café.
Dois eventos da década de 1990 contribuíram para este cenário: as geadas de 1994 e a seca de 1997.
Com as lavouras prejudicadas, a produção foi menor do que o esperado naqueles anos e a demanda maior do que a oferta fez com que houvesse um encarecimento do produto.
O aumento de preços fez com que os produtores voltassem a investir no cultivo do café, elevando o total da produção.
Desde então, uma das maiores mudanças foi nos estoques, que não diminuíram, mas foram lentamente se deslocando para os países consumidores.
Enquanto na década de 1990 o produto era armazenado com os produtores, sobretudo no Brasil, hoje em dia estima-se que 50% dos estoques esteja nas mãos dos consumidores.
Quem é espectador assíduo dos noticiários já está familiarizado com as notícias a respeito da cotação de produtos agrícolas, como café e soja, geralmente informados ao final da transmissão.
O fato é que o preço do grão varia diariamente e essas alterações são pautadas pelo mercado financeiro, em especial pelos índices das bolsas de valores internacionais.
No caso do café, o mercado se divide entre a Bolsa de Nova York, para café arábica, e a de Londres, para o café robusta.
Para compreender como essas variações podem afetar os preços internos da nossa produção é preciso saber um pouco sobre economia, o funcionamento desses mercados e também ficar atento às unidades utilizadas para fazer a conversão.
Em Nova York, as oscilações são registradas em pontos por libra-peso e, para interpretar esses dados, é necessário entender qual a equivalência dessa medida e quanto vale cada ponto usado para descrever as variações de preço.
Resumidamente, cada centavo de dólar equivale a 100 pontos, o que significa que uma oscilação de 10 mil pontos vai indicar um dólar a mais ou a menos no preço.
A libra diz respeito à unidade de medida de peso padrão utilizada nos Estados Unidos, e equivale a 453,6 gramas.
Na Bolsa de Londres, a conta é mais simples já que o produto é negociado com o preço em dólares por tonelada, bastando dividir o preço por 16,6 para saber o valor em dólares por saca.
É importante dizer que ambos os preços negociados em Londres e em Nova York servem como um indicativo para o mercado, não havendo nenhuma cláusula legal que obrigue os produtores a acompanhar a cotação.
Como exemplo, veja esta notícia do Canal Rural, no final de junho, dando conta de que o preço do café subiu 2,5% em Nova York e R$ 10 no Brasil.
A popularidade da bebida só tem crescido nas últimas décadas, e a produção segue esta tendência para a expansão do cultivo.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), no período anterior (2017-2018) já se observava um crescimento de 4,8%, sendo a taxa ainda maior quando consideradas apenas as empresas associadas à ABIC – 7,03% no período.
Para o ano de 2018-2019, a projeção é que haja um aumento de pelo menos 3,5% no consumo da bebida no mundo todo.
A estimativa para o ano vigente vem da Euromonitor International e foi apresentada no 26º Encontro Nacional das Indústrias de Café (Encafé), realizado em Punta Del Este (Uruguai), em novembro passado.
Esses dados são reveladores – e o aumento no consumo já apresenta impactos no maior exportador de café do mundo, o Brasil.
Não é de hoje que o cafezinho é uma preferência nacional do brasileiro.
O Brasil não só é o maior produtor e exportador do grão, como também um dos que mais consome.
A história do país com o cultivo e o consumo de café é longa, datando do século XVIII.
As primeiras mudas da planta teriam sido trazidas por Francisco de Melo Palheta de uma viagem à Guiana Francesa e plantadas na então província do Pará.
A partir do século XIX, a bebida começa a ganhar espaço nos Estados Unidos e a Europa e isso fez com que a produção se expandisse, com as primeiras grandes lavouras surgindo na Baixada Santista e no Vale do rio Paraíba.
A abundância do produto fez com que no Brasil ele se tornasse muito acessível para todas as classes sociais, o que explica parte de sua popularidade por aqui.
Também o surgimento das cafeterias especializadas no consumo da bebida, sobretudo na Europa, fez com que o café se consolidasse como uma bebida sofisticada.
Uma história de quase 300 anos fez do café uma tradição brasileira e trouxe seu consumo para o patamar atual, onde é sucesso dos mais ricos aos mais pobres.
Os números da ABIC indicam que o consumo interno atingiu a marca de 21 milhões de sacas entre novembro e 2017 e outubro de 2018.
Isso significa que cada brasileiro consumiu, em média, 6kg de café cru e 4,82kg de café torrado e moído.
Por motivos óbvios, o ano vigente ainda não temos dados exatos sobre o consumo, mas a estimativa da ABIC é que haja um crescimento de 3,6% nesses números até o fim de 2019.
Pelo mundo, o café não decepciona e angaria fãs e apreciadores em todos os continentes.
A planta tem origem africana, mais especificamente das regiões de Cafa e Enária, na Etiópia.
Lá, ela ocorre espontaneamente e especula-se que seu nome seja uma referência direta à sua região originária.
O cultivo comercial se deu com os árabes, que posteriormente levaram a bebida ao Egito no século XVI e depois para a Europa, no século XVII.
Do continente europeu, o grão se espalhou para o resto do mundo, fixando a produção nos territórios recém-conquistados nas América do Sul e Caribe.
De lá para cá, o consumo da bebida só aumentou pelo mundo, batendo recordes ano após ano.
O ano cafeeiro de 2018-2019 foi muito bom para a produção e também para o consumo de café em escala mundial.
A projeção é que sejam consumidas 165,19 milhões de sacas de café mundialmente até o fim do ano.
Esse número representa um aumento de 2,1% em relação ao período anterior, que teve um consumo total consolidado em 161,71 milhões de sacas.
Os dados são da Organização Internacional do Café (OIC) e podem ser conferidos no último relatório de mercado, publicado em dezembro de 2018, e disponível no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.
O relatório aponta ainda que o consumo cresce mais rapidamente nos países importadores (2,5% ao ano) do que nos países exportadores da bebida (1,4%).
No recorte por regiões, podemos observar ainda que a demanda aumenta de maneira ainda mais acelerada naquelas regiões que não são importadoras tradicionais, como Ásia, Oceania e África.
Nos três continentes, a OIC estima um aumento médio de 4,1% no consumo até o fim de 2019.
A popularidade e o consumo do café variam de país para país, sendo a Europa a região do mundo que mais compra o grão.
Para o ano de 2018, o consumo estimado foi de 53,51 milhões de sacas de café no mercado europeu, o que corresponde a 32% de toda a quantidade consumida no mundo durante o período.
O montante é resultado da soma dos vários mercados locais dos países do continente.
Mesmo com a liderança no ranking por regiões, dentre os cinco maiores consumidores da bebida, consta apenas um europeu
As informações vêm de um estudo promovido pela Euromonitor International e apresentado no fim 2018, durante a Semana Internacional do Café.
O relatório fala sobre os cinco países mais promissores para o café, e traz como destaque a informação de que, no último ano, o Brasil voltou a superar os Estados Unidos no primeiro lugar dos países que mais consomem a bebida.
Desde 2014, os americanos mantinham a liderança no ranking.
A entidade credita essa mudança a uma melhora na economia nacional e destaca que as vendas no país continuam crescendo a uma taxa de 3% ao ano, acima da média mundial.
Segundo o artigo, o brasileiro consome, em média, 839 xícaras de café por ano.
Depois do Brasil e dos Estados Unidos, o ranking traz Indonésia, Alemanha e Japão – nesta ordem.
O último ano cafeeiro, que compreende o período entre 2018 e 2019, apresentou bons números para a produção mundial.
E o Brasil pode surfar tranquilo nesta onda, já que o país responde por um terço de toda a produção comercializada no mundo.
O padrão reconhecido e utilizado internacionalmente para comercialização do grão é em sacas de 60kg.
No último ano, foram 167,47 milhões de sacas produzidas em escala mundial, segundo o relatório da OIC.
O cultivo é dividido majoritariamente entre as espécies de café arábica e robusta, sendo a primeira a que tem maior produção.
Foram cerca 104,01 milhões de sacas de café arábica e 63,5 milhões de sacas de robusta produzidas no período.
Quando o assunto é exportação, o produto brasileiro tem liderança disparada, com o país sendo responsável por 35% da produção mundial.
Em segundo lugar, vem o Vietnã com 18%, seguido por Colômbia (18%), Indonésia (6%), Etiópia (5%), Honduras (5%) e Índia (3%).
De fato, o Brasil é líder absoluto no mercado mundial do café, há mais de 150 anos ocupando a posição de maior produtor do grão no mundo.
O relatório da OIC também mostra uma prevalência do café sul-americano no mercado global, com a região sendo responsável por 47% de toda a produção mundial, o que representa 79,94 milhões de sacas.
A América do Sul também liderou em crescimento, com um aumento de 4,3% no período, seguido pela África que cresceu em 1,8% sua produção, alcançando um total de 17,8 milhões de sacas produzidas.
Segundo levantamento da OIC, este é o ranking atual dos maiores produtores de café no fundo:
Entre as mais recentes mudanças, destaque para a queda do México (que chegou a ocupar a quarta posição) e a entrada do Peru no lugar da Guatemala.
O consumo de café é um tanto quanto desequilibrado entre as regiões do território brasileiro – a região que mais consome apresenta uma diferença de 23% em relação à segunda colocada.
Os dados são do IBGE e foram divulgados no Boletim Setorial do Agronegócio, elaborado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
O documento aponta que, no Brasil, a maior parte do consumo doméstico ainda é do café coado tradicional.
Com 45% do total do consumo nacional, a região Sudeste é a primeira do ranking.
Em segundo lugar, vem o Nordeste, com 22% de todas as compras realizadas no país.
O Sul do Brasil entra na terceira colocação da lista, com 17% de todo o consumo.
Por fim, as regiões Norte e Centro-Oeste dividem a última colocação, sendo cada uma responsável por apenas 8% do total consumido no país.
Ainda que muito rentável, o mercado do café no Brasil e no mundo apresenta desafios específicos de gestão.
A cafeicultura sofre diretamente com adversidades climáticas repentinas, por isso, é importante manter boas práticas que garantam a segurança dos resultados na safra.
Nos últimos anos, mudanças nos padrões de chuva provocados pela crise climática influenciaram diretamente no surgimento de novas pragas e doenças, sobretudo na América Central.
Além disso, a elevação das temperaturas causa problemas de estiagem que afetam diretamente na qualidade e preço do café produzido pelo mundo.
As informações vêm do relatório The Climate Institute “A Brewing Storm: The climate change risks to coffee report”, patrocinado pela Fairtrade Australia & New Zealand.
A situação é grave e o instituto alerta para o fato de que, se as temperaturas não diminuírem, podemos esperar uma queda de até 50% na produção de café até 2050.
O café é um grão de cor escura que, quando torrado e moído, dá origem a um pó perfumado com o qual se faz a bebida, também conhecida pelo mesmo nome.
Durante a história, a humanidade vem utilizando o café em diversas combinações e preparos, fazendo com que esse seja um produto versátil, com o qual se pode produzir variações para todos os paladares.
Como dissemos, o uso mais popular da planta é com a torra do grão para a produção da bebida.
Nesse caso, existe uma variedade enorme de opções para o preparo, do mais básico café coado até um encorpado espresso italiano.
Cappuccino, mocha, latte, cortado, pingado e cold brew são apenas alguns nomes de derivações possíveis, criadas nos quatro cantos do globo.
O que pouca gente sabe, porém, é que a planta também é cultivada com outros fins.
A cafeína, composto químico encontrado no café, é isolado para utilização em bebidas energéticas, em produtos da indústria farmacêutica e cosméticos.
Além disso, estudos recentes já desenvolveram opções de biodiesel com a planta, além de novas formas de incorporá-la na alimentação.
O mercado do café é promissor e os dados mostram que o consumo e a produção seguem em plena expansão.
O cenário para os próximos anos é bom e o Brasil, como maior exportador do grão, deve se beneficiar desta tendência ao crescimento.
Além de ser campeão em produção, o país tem um histórico com o cultivo da planta que o coloca hoje como maior consumidor do bom e velho cafezinho.
Pelo mundo, a grão também vem ganhando espaço, com destaque para o aumento do consumo em mercados que até então não tinham o café como tradição.
Os desafios existem, mas, pouco a pouco, a tecnologia tem se aprimorado e novas formas de cultivo e exploração da planta despontam para garantir que a cafeicultura permaneça por muito tempo como um mercado bilionário.
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