As melhores histórias e os enredos mais surpreendentes são construídos por meio da jornada do herói.
Muito presente na ficção, seja em obras literárias, relatos mitológicos ou filmes, a verdade é que o monomito (como também é conhecida) pode ser adaptado para a vida real e utilizado como estratégia de storytelling no marketing, por exemplo.
Isso mesmo: você pode criar a sua própria narrativa e deixar o seu produto ou serviço ainda mais interessante aos olhos do público.
Ou seja, é uma maneira de atrair a atenção das pessoas e aumentar o seu potencial de venda.
Faça da sua mercadoria o seu Harry Potter, mas sem feitiços e magias, apenas com uma história cativante, e conquiste leads!
Ao longo deste texto, vamos explicar o conceito da jornada do herói e trazer exemplos práticos de como essa estratégia pode ser útil ao seu negócio.
Aqui, alguns tópicos que você vai conferir ao longo do texto para já ir se ambientando ao que vem pela frente:
Boa leitura!
A jornada do herói é uma estratégia para narrar histórias, que conta com uma estrutura bem definida, além de recursos que ajudam a prender a atenção do espectador e gerar sentimentos diversos, como identificação e empatia, por exemplo.
Também chamado de monomito, devido à sua utilização na construção de narrativas épicas e mitológicas, o artifício é muito usado em grandes obras literárias e em roteiros de cinema.
Na prática, esse tipo de storytelling direciona o foco ao protagonista da trama, descrevendo o ambiente onde ele vive, suas relações e as provações pelas quais passa.
Normalmente, o enredo é repleto de reviravoltas, que mostram diferentes facetas do herói e enfatizam a sua capacidade de superação e de vencer desafios.
A primeira vez em que a jornada do herói foi estudada e esquematizada foi em 1949, no livro Herói de Mil Faces, de Joseph Campbell.
Na ocasião, a partir das suas observações a obras antigas, o autor estruturou uma espécie de roteiro, dividido em três atos e 18 etapas, que se repetiam em histórias contadas em diferentes períodos e civilizações.
Ou seja, ele encontrou um certo padrão, uma fórmula de sucesso, que ele classificou como “jornada de herói”.
A jornada de herói de Joseph Campbell foi, originalmente, estruturada da seguinte forma:
No entanto, com o passar dos anos, a estrutura proposta por Campbell passou por mudanças e atualizações.
O esquema que vamos detalhar mais à frente é obra do roteirista de Hollywood e professor de cinema, Christopher Vogler, que, em 2006, publicou A Jornada do Escritor: Estrutura Mítica para Escritores, condensando algumas ideias do seu antecessor.
Tanto na ficção quanto no mundo real, o objetivo da jornada do herói é um só: tornar uma narrativa, seja ela um livro, um filme, um comercial ou um produto, mais interessante aos olhos do público.
Ou seja, a ideia é prender a atenção do espectador.
A partir do momento em que essa primeira meta é conquistada, é possível desenvolver mais uma série de ações e sentimentos.
Da mesma forma que um best-seller e campeão de bilheteria, como Harry Potter, faz com que fãs se inspirem no bruxo de óculos e uma cicatriz de raio na testa, emoções parecidas também podem surgir em uma relação entre a sua marca e os seus clientes.
Ao montar uma narrativa de storytelling que siga os princípios da jornada do herói, é possível gerar identificação, reconhecimento e empatia.
Sentimentos esses que, por sua vez, podem ser verdadeiras molas propulsoras para o aumento de vendas de determinado produto ou serviço.
No já citado livro, Christopher Vogler dividiu a jornada do herói em 12 estágios.
Confira, a seguir, cada um deles e a sua importância na construção de um storytelling.
É o ponto de partida de qualquer narrativa que se baseia na jornada do herói.
Aqui, a história começa a ser contada e passa a se conhecer um pouco mais da vida do protagonista.
As relações pessoais do personagem principal são detalhadas, bem como o contexto em que ele vive e as suas características mais marcantes.
A ideia é mostrar que ele é “gente como a gente”, um ser humano dotado de pontos fortes e fracos, como qualquer outro.
Assim, os espectadores conseguem encontrar semelhanças com o herói, o que gera um sentimento de identificação.
No exemplo da saga Harry Potter, essa fase pode ser comparada aos momentos em que o protagonista ainda não foi à escola de Hogwarts e vive uma vida pacata com seus tios.
A vida tranquila e normal do protagonista começa a dar uma guinada e uma perspectiva de novos desafios surge no horizonte.
Essas aventuras podem se manifestar das mais variadas formas e, não necessariamente, representam um episódio espetacular.
Uma interpretação desse estágio é de que não precisa ocorrer nada de tão revolucionário para fazer com que a gente se mova.
Situações novas e que permitem que experimentemos algo de diferente já é um exemplo nesse sentido.
Na saga do bruxo famoso, essa etapa pode ser representada quando Harry Potter recebe a carta para ingressar na escola de magia.
Nem todo mundo está pronto para encarar um desafio quando ele chega.
Isso pode acontecer por medo, insegurança ou outras questões existenciais que podem atrapalhar e causar bloqueios que nos afastem dos nossos objetivos em um primeiro momento.
É mais uma amostra de que o herói é um ser de carne e osso, que também tem fraquezas como as pessoas comuns.
O grande ponto aqui é manter esse chamado em perspectiva e não esquecê-lo. Um dia, as ferramentas estarão disponíveis para superar o conflito.
Harry Potter “foge” do seu chamado de enfrentar os dementadores e mesmo Voldemort durante muito tempo.
Só depois que ele amadurece e se livra de traumas passados é que ele consegue alcançar o objetivo.
O herói, apesar do seu protagonismo, nunca está sozinho para encarar os desafios.
Especialmente nos momentos de indecisão e incertezas, sempre aparece alguém para dar aquela força extra.
Essa ajuda pode ocorrer na forma de dicas, conselhos, ensinamentos e experiência de vida, com o propósito de desenvolver a autoconfiança necessária para que o personagem principal encare a sua missão.
É possível, inclusive, que, na jornada do herói, exista mais de um mentor.
Em Harry Potter, por exemplo, essas figuras são representadas por Dumbledore, Hagrid, Sirius Black, entre outros, que são importantes em momentos distintos da trama.
A aventura propriamente dita tem início e o herói começa a se sentir desafiado pelo desconhecido.
Aquele mundo confortável que ele domina dá lugar a um cenário de incertezas e ele precisa se adaptar à nova realidade.
Nenhum protagonista nasce pronto. Ele evolui com o passar do tempo a partir das adversidades que se impõem.
Além disso, é necessário estar sempre aberto a novas experiências e aprendizados.
Derrotas podem acontecer em um primeiro momento, mas o segredo é perseverar e nunca desistir.
Ir, de fato, a Hogwarts e começar a se descobrir enquanto bruxo é a quebra desse paradigma em Harry Potter: uma travessia repleta de altos e baixos.
Dificuldades mostram com quem se pode contar e quem são seus rivais. Na jornada do herói, essa dualidade é bastante reforçada.
À medida que o tempo vai passando, o protagonista vai enfrentando desafios e os vence com a ajuda de aliados.
Da mesma forma, os inimigos também exercem um papel importante, pois preparam o herói para a superação e o enfrentamento de problemas cada vez maiores.
Harry Potter tem ao seu lado amigos inseparáveis, como Rony e Hermione, mas também inimigos perigosos como a família Malfoy e, principalmente, Voldemort.
É o recuo estratégico antes de um grande desafio.
Por um momento, o herói retoma certos pensamentos antigos e volta a duvidar da sua capacidade.
Costuma ser uma fase mais introspectiva do protagonista, em que ele se vê impactado por questões existenciais.
Muitas vezes, o personagem principal recorre a um esconderijo afastado para ter um tempo sozinho e refletir sobre as razões de ter aceitado o chamado.
Ou seja, é uma etapa para colocar a cabeça no lugar e se preparar para o grande momento.
Em Harry Potter, existem vários períodos assim.
Normalmente, eles acontecem na época de férias de Hogwarts, em que o bruxo deixa a magia um pouco de lado.
Trata-se da adversidade mais grave que o herói passa até o presente momento.
Essa provação serve para que ele seja desafiado ao extremo, uma experiência de quase morte, mas acompanhada de redenção.
Para vencer essa batalha, o protagonista precisa reunir forças de sabe-se lá de onde. Toda a sua bagagem trazida será necessária para superar esse desafio.
Esse teste pode ser um dilema moral, uma batalha interior ou literalmente um embate físico contra algum inimigo importante.
Em Harry Potter, essa etapa pode ser vivenciada na disputa entre o protagonista e Rony, seu melhor amigo, em Relíquias da Morte.
Na ocasião, o bruxo ruivo, influenciado pelo colar-horcrux, perde a confiança na missão e abandona os amigos.
Depois de passar pela provação, vem a recompensa.
O herói sai, de certa forma, fortalecido da situação e se torna um protagonista ainda mais preparado.
Essa etapa pode se manifestar de diferentes maneiras, como a aquisição de novos poderes, conhecimentos e experiências ou menos a reconciliação com alguém.
O último cenário, inclusive, é o que ocorre com Harry Potter, que, depois da briga com Rony, tem a sua vida salva pelo melhor amigo e o fortalecimento dos seus laços retomados.
É natural depois de tantos desafios bem-sucedidos bater aquela sensação de dever cumprido.
Aqui, como acontece na etapa de “aproximação da caverna oculta”, é uma fase de muita reflexão e preparação.
O momento é de decidir se está na hora de voltar para casa e privilegiar o lado pessoal ou se manter ligado para eventuais problemas coletivos.
Mesmo que a tentação do primeiro seja grande, sabemos que o dever do herói sempre fala mais alto e ele acaba optando por proteger os demais.
Em Harry Potter, essa fase pode ser descrita com toda a preparação do protagonista, junto com seus aliados, para que ele consiga retornar a Hogwarts e lutar contra Voldemort.
É o clímax da jornada do herói, o conflito que todos estavam esperando: a batalha derradeira entre o mocinho e o vilão.
No entanto, ao contrário da fase da “provação”, aqui, não é apenas a vida do protagonista que está em jogo, mas a de toda a civilização.
Por isso, a responsabilidade é muito maior.
Diante da vitória do bem, acontece uma espécie de ressurreição do personagem principal, além do renascimento de uma vida completamente nova para todos à sua volta.
Como não poderia deixar de ser, essa etapa é representada pela luta final entre Harry Potter e Voldemort na saga do bruxo.
O fim está próximo e junto com ele a consagração do herói.
A última etapa é marcada pelo retorno do protagonista ao seu local de origem e a punição de todos aqueles que lutaram contra ele.
A certeza de que nada será como antes e que os seus feitos jamais serão esquecidos também são marcas dessa fase.
Harry Potter se casando com Gina, irmã de Rony, e a constituição de uma nova família de bruxos, sem a presença nefasta de Voldemort, é um exemplo de “retorno com o elixir”.
Na ficção, não faltam exemplos de narrativas que utilizam a jornada do herói.
O que nem todos sabem é que eles podem ser perfeitamente adotados na vida real.
Entenda!
Exemplo utilizado no decorrer de todo o artigo, a história do bruxo contemporâneo mais famoso do mundo é repleta de ensinamentos para a vida real.
Mesmo com as suas habilidades mágicas, Harry Potter só conseguiu alcançar os seus objetivos com o suporte dos seus aliados e muito aprendizado.
Pela pouca idade do protagonista, o seu exemplo pode servir de inspiração para aqueles que acham que são jovens demais para atingir suas metas.
Sinônimo de perseverança, o personagem vivido por Sylvester Stallone nos cinemas até tentou lutar contra o seu chamado para enfrentar Apollo Creed, mas depois encarou o desafio.
Poucos, literalmente, apanharam tanto até conseguirem seus propósitos, mas Rocky Balboa nunca desistiu, mesmo quando estava encurralado no canto do ringue e ninguém mais acreditava na sua vitória.
É um grande exemplo de que até pessoas diferentes podem, em conjunto, lutar pelos mesmos objetivos.
Em Senhor dos Anéis, a jornada do herói vivida por Frodo é um prato cheio, repleto de altos e baixos.
No “caminho de volta”, quase tudo é posto a perder quando Gollum quase consegue destruir o anel em uma batalha com o protagonista à beira do vulcão.
A jornada do herói pode ser aplicada em diferentes contextos da vida tanto pessoal quanto profissional.
Em uma empresa, por exemplo, a estratégia pode ser uma excelente aliada para a sua equipe de marketing.
Ao lançar um produto ou serviço, você deve encarar o seu cliente como o protagonista do seu storytelling e seguir as etapas propostas por Vogler.
Encare esse “chamado à aventura”, apresentando soluções ao seu consumidor.
É claro que vão aparecer “provações” pelo caminho, mas é preciso lutar pela conquista do seu público, porque, certamente, a “recompensa” (as conversões) virá.
“A vida imita a arte e a arte imita a vida”, já dizia Oscar Wilde.
No caso da jornada do herói, essa frase se aplica completamente.
Às vezes, saber como contar uma história é mais importante do que o conteúdo em si.
É claro que, se você não tiver um bom produto, fica mais difícil de o público comprar a sua narrativa.
No entanto, também não adianta ter uma mercadoria excelente e não saber vendê-la da maneira correta.
Em um mundo em que cada vez mais pessoas buscam identificação e reconhecimento, a estratégia da jornada do herói é algo essencial para a vida real e a ficção.
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