Ouviu falar sobre gamification, mas não sabe bem do que se trata? É compreensível.
O mundo da tecnologia é cheio de termos – e a fábrica não para nunca.
Caso você caia de paraquedas em 2019 e procure saber o que está na moda, a palavra gamification deve logo surgir.
Os games são uma das coisas mais fascinantes que vieram junto com os avanços da tecnologia.
Se, 30 anos atrás, jogar Tetris em uma tela era algo incrível, isso evoluiu para games com mundos próprios e simuladores de todo tipo que até assustam de tão realísticos.
As emoções que esses jogos geram, o engajamento que eles criam com o jogador e a sua capacidade de passar mensagens, agora, são usados em outros ambientes.
Que tal aprender um idioma mediante jogos?
Ou completar o treinamento de uma empresa e, por isso, receber recompensas?
Ou até consumir uma marca de forma divertida e leve?
Bem-vindo ao mundo do gamification. Caso você ainda não esteja nele, em breve você fará parte.
Acompanhe o texto até o fim e, se desejar, navegue pelos seguintes tópicos:
Interessado? Então continue lendo!
Seja o termo gamification em inglês, seu aportuguesamento com gamificação ou até a inspiração no latim para produzir “ludificação” (ludus é jogo em latim), o significado é o mesmo.
A ideia da gamificação é aproveitar a diversão, entretenimento e até a competitividade que os jogos trazem para incentivar e agilizar a transmissão de conhecimentos ou outro objetivo desejado.
Isso não quer dizer que os jogos – já dá até para dizer tradicionais – de computadores e videogames não trazem conhecimento.
Mas, em vez de ser um plus, adquirir novas ferramentas ou visões de mundo ou até fazer algo cotidiano ser mais legal torna-se o objetivo central.
As marcas mais antenadas usam o gamification como forma de se conectar com seus clientes e fidelizá-los também.
Esse processo de gamification pode usar games mais ou menos complexos, que são rápidos de “zerar” ou demoram mais tempo. Eles podem ter grande produção em termos audiovisuais ou serem bastante simples. Enfim, a variação pode ser grande.
O que vale é que seja inclusivo, fácil de jogar e tenha como objetivo educar, informar, reter sua atenção de uma forma diferente, mais leve e que traga gratificações rápidas.
Sejam pontos, medalhas, estrelas ou até prêmios físicos.
Há muitas razões para isso, então, vamos pegar duas que são muito fortes.
Primeiro de tudo, estamos na Era da Informação.
Se antes o acesso à informação era mais difícil, hoje, temos só na tela do computador e celular a possibilidade de ver filmes e séries, ler livros, escutar podcasts e rádios ao vivo de todo o mundo e conversar com pessoas de outros países em tempo real.
Nesse oceano de conteúdo, é necessário se diferenciar, trazer algo a mais.
Pegando o exemplo da educação, não é preciso ser um sexagenário para lembrar de apostilas enormes com letra pequena e espaçamento minúsculo. Ou, então, exercícios de decoração para fixar cada tópico.
Ainda há muito disso na internet, com PDFs e mais PDFs de assuntos interessantes e que são legais, mas que ficam perdidos e sem tantos acessos.
No mundo da gamificação, eles vão ganhar um pouco mais de cor, não ser só uma digitalização em preto e branco.
Abaixo, iremos falar mais do Duolingo, um case de sucesso neste sentido, mas iniciativas boas não faltam em diversos campos.
Inclusive no treinamento e capacitação de funcionários em empresas.
Segundo pesquisa do TalentLMS, os colaboradores afirmaram que a gamificação fez eles se sentirem mais produtivos (89% dos pesquisados) e felizes (88%) no trabalho.
Por isso o mercado de gamification no mundo aumentou de 421,3 milhões de dólares em 2013 para 5,5 bilhões em 2018 e a tendência segue sendo de alta.
A segunda das razões para você pensar em gamification é que é necessário criar uma ligação com as novas necessidades das pessoas e suas formas de pensar.
Nosso attention span (pode ser traduzido para limiar de atenção) diminui cada vez mais, segundo a Universidade Técnica da Dinamarca.
Uma estatística um pouco mais maldosa quantificou esse limiar, colocando-o em oito segundos. Isso é menos que um peixe dourado, conhecido por não ter memória do que aconteceu há nove segundos.
Porém, há pessoas que preferem encarar esse foco mais disperso de forma otimista. Não é que a atenção, especialmente das gerações mais jovens, é inexistente. E sim que ela está dividida e aproveitando mais canais e um fluxo maior de informações.
E cabe a quem quiser chamar a atenção, fazer isso de forma mais inteligente e desenvolvida.
O exemplo usado no texto do site Entrepeneur é interessante: a mesma pessoa que não presta atenção 100% do tempo em uma reunião de trabalho pode passar horas e horas no Netflix.
Claro que nem toda reunião de trabalho pode ser um episódio de House of Cards.
Mas pensar nos receptores da informação e passar o conteúdo de forma mais aprazível precisa ser algo a ser pensado por todos os gestores, por exemplo.
É aí que o gamification pode entrar.
Muito bem, já deu para entender que é um jogo, que a intenção é ser mais leve e divertido para chamar a atenção e passar sua mensagem.
Mas como funciona o gamification? E mais importante: como posso usar isso?
O game exige regras claras. Você faz uma coisa e é premiado. A resposta é certa e você avança de fase. E, depois de passar dessas fases, o objetivo final é alcançado e você ganha.
Colocando em exemplos, vamos imaginar que sua empresa tem um software que exige a inclusão de informações sobre uma venda.
Então, é necessário colocar o nome do cliente, valor da venda, como o cliente soube do produto e a lista de necessidades segue.
Esse pode ser um trabalho muito chato, especialmente se não for automatizado.
Para evitar a demora nesse processo, o desânimo do colaborador, possíveis erros por falta de atenção, é possível investir em gamification.
Seja oferecendo recompensas pelo trabalho feito de forma rápida, posicionamento de barras de progresso que incentivem o avanço na função ou até a inserção de mensagens motivacionais.
Esse é um exemplo bastante básico, mas que abre para vários outros.
Como um treinamento na sua empresa: colocar o colaborador sentado em uma cadeira para ouvir alguém falar ou ver slides pode ser tedioso.
Criar um game que explique a história da empresa, como funciona seu departamento, melhores práticas, uso de softwares e políticas interna irá melhorar a retenção das informações.
E tudo isso irá incentivar um maior engajamento.
Você pode achar irrelevantes esses cenários, mas pense bem.
Você já não quis completar um formulário ao ver que tinha uma barra de progresso parada no 65% e não em 100%?
Já não comprou um produto a mais ou foi naquele restaurante de novo para completar um cupom e ter direito a um desconto por um aplicativo qualquer?
Ou, então, não quis voltar a jogar um jogo porque viu que seu amigo tinha mais pontos e estava à sua frente na tabela?
Em todos esses casos, há conceitos do gamification envolvidos.
O instant gratification (gratificação instantânea) é algo muito poderoso.
Não é culpa sua, é instinto animal.
Basta notar que a melhor forma de condicionar um cachorro é oferecer um pedaço de comida ou um carinho logo depois dele fazer algo de forma correta.
A vida toda tentamos nos condicionar para valorizar mais o longo prazo. Por exemplo, deixando de ter alguns gastos para poupar e ver esse dinheiro acrescido no futuro.
Nesse caso, esperar vale a pena. Mas nem sempre é assim.
Você pode dar duro em um curso, estudar muito e, no fim, não usar o conhecimento para um grande avanço profissional.
Por isso, oferecer a gratificação do esforço de forma quase imediata é algo muito valorizado.
Junte isso ao nosso limiar de atenção cada vez mais curto e a tendência à impaciência das gerações mais novas, na comparação com as mais antigas, e temos um cenário bastante claro.
O marketing está cada vez mais atento a isso.
Por isso, não é incomum ver anúncios na internet que prometem resultados rápidos ou até imediatos.
Mesma coisa no mundo da tecnologia: atendimentos robotizados dão respostas na hora. O download possibilita que uma música que antes precisava ser adquirida em uma loja seja ouvida em segundos.
Na gamificação, os resultados são dados de forma imediata e os prêmios também.
“A maior parte das tentativas de gamificação não alcançam seu objetivo. Mas se bem-sucedida e sustentável, a gamificação pode transformar clientes em fãs, fazer o trabalho ser divertido e o ato de aprender trazer alegria. O potencial é enorme”, declarou Brian Burke, vice-presidente de pesquisa da Gartner.
O exemplo do Duolingo é interessante. Para quem não conhece, é um aplicativo que pode ser baixado no celular e que ensina idiomas.
São mais de 300 milhões de usuários e idiomas dos mais diversos, até Klingon, do universo da série Jornada nas Estrelas.
O Duolingo transforma aprender um idioma, algo que pode ser trabalhoso, complicado e até um pesadelo para algumas pessoas, em uma coisa divertida.
E faz isso com um app leve, com efeitos audiovisuais e constantes mensagens de motivação e prêmios por avanços, seja ao terminar uma lição ou emendar vários dias de estudo.
O aplicativo foi ganhando funcionalidades, como um certificado em inglês, provas para testar conhecimento e a criação de um currículo para escolas implementarem.
Não é só o Duolingo: o gamification já dá seus frutos para diversas marcas.
Vamos a algumas delas.
O nome Volkswagen em alemão quer dizer “carro das pessoas”. Na China, eles usaram esse entendimento para criar uma campanha.
A empresa lançou um site, desafiando os chineses a expor suas ideias sobre como seria o futuro do automóvel. A página, bastante interativa, teve mais de 33 milhões de visitas. Foram enviadas 119 mil ideias.
Três delas foram escolhidas e toda essa criatividade deu insights para a empresa alemã sobre como o mercado chinês via o futuro e o que mais desejava poder obter de seus automóveis.
A empresa sempre aparece quando se trata de inovação e disrupção – e, no quesito gamificação, também precisa ser citada.
Quem já teve acesso ao app dos motoristas notou que há um mapa de calor disposto sobre o mapa da cidade, indicando onde há mais pessoas pedindo Uber e locais onde há preço dinâmico.
Assim, o motorista pode ir até essa região e, assim, multiplicar seus ganhos. Isso é um bom exemplo de gamificação.
A Nike sempre precisa ser citada quando se trata de marketing, tendo basicamente criado o Marketing Esportivo.
Com seu Nike+ qualquer pessoa pode compartilhar os dados de seu treino ou corrida e competir com amigos e outros usuários dessa rede.
Mais de cinco milhões de pessoas já usaram essa ferramenta.
O app Nike+ Training Club também disponibiliza treinos e dicas de como se exercitar.
Outra empresa sempre citada entre as empresas disruptivas, o Spotify está presente na lista de gamificação com méritos.
A empresa sueca substituiu o review anual de seus funcionários com uma solução que usa a gamificação e obteve participação voluntária de 90% de seus colaboradores.
A citação de Brian Burke que colocamos acima, com certeza, tem seu mérito.
Não é porque foi feito um esforço de gamificação e criado um joguinho que ele alcançará seu objetivo e os colaboradores vão amar instantaneamente.
Há diversas perguntas que precisam ser feitas antes de entrar em uma iniciativa de gamification.
Veja exemplos:
Você pode montar uma equipe de programadores e designers e fazer seu game por conta própria.
Ou, então, buscar empresas que fazem isso e já te entregam produtos prontos, como a Gametize, Ambition – focado em vendas – ou a Perkville (atendimento ao cliente)
Você quer que sua equipe de vendas seja mais produtiva e eficiente?
Crie um game que motive cada vendedor a completar uma etapa do processo de venda, desde prospectar clientes a fechar o negócio.
E, claro, não se esqueça da lista de melhores vendedores para estimular a competição.
Sua empresa tem grande turnover em uma certa posição e gasta muito tempo e recursos com treinamento?
Faça vídeos, elabore um teste e coloque isso em uma plataforma que, ao mesmo tempo, não exige que um profissional ministre o mesmo treinamento diversas vezes e valoriza o aprendizado rápido do novo colaborador.
Você quer que seus clientes mais fiéis tenham acesso a promoções e comprem ainda mais? Dê acesso a uma página onde eles possam ver suas compras passadas e crie um programa de fidelidade que dá descontos a cada pedido extra ou aumento nas compras.
Dá para aplicar o gamification em todos os setores e para os mais diversos fins.
O retorno que o gamification traz para as empresas fala por si próprio.
Cada vez mais ouvimos sobre a qualidade do ambiente do trabalho, a motivação dos colaboradores e seu desempenho.
Tornar o trabalho mais eficiente usando a tecnologia para criar engajamento, estimular a competitividade e também divertir é algo possível.
Claro que nem tudo pode ser uma alegria e uma comédia, afinal, trabalho é trabalho.
Mas não é por isso que seu escritório precisa ser uma cela e seu trabalho, um tédio.
O gamification ajuda a transformar processos que são repetitivos e a absorver melhor informações e conhecimento que podem ser difíceis de entender.
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