Econometria: o que é, quais são suas premissas e como é aplicada

O estudo da econometria é uma das bases da formação para os profissionais de economia.

Essa é uma das disciplinas centrais do curso de Ciências Econômicas, e que, como tal, exige dos alunos certas competências.

Isso significa que, para aprender econometria, é preciso antes dominar técnicas e conceitos, sem os quais seria impossível assimilar seus conteúdos.

Até porque é uma disciplina na qual os cálculos estatísticos avançados são constantes.

Por isso, não seria exagerado dizer que sem econometria, não existe economista.

Tudo que você precisa fazer é continuar lendo até o fim, acompanhando os seguintes tópicos:

  • O que é econometria?
  • O que se estuda na econometria?
  • Como funciona a econometria?
  • Quais são os principais modelos econométricos?
    • Modelo de econometria Trygve Haavelmo
  • Quais premissas a econometria usa?
  • Qual a importância de conhecer sobre o tema?
  • Como a econometria aparece no dia a dia?
  • Quais benefícios a econometria traz para as empresas?
  • Como a econometria afeta os investidores?
  • Quais limitações a econometria apresenta?

Agora chegou a sua vez de saber o que é econometria, para que serve econometria e tirar suas dúvidas sobre essa matéria!

O que é econometria?

A econometria é uma disciplina que combina economia, estatística e matemática para analisar dados econômicos e testar teorias.

Seu principal objetivo é quantificar relações econômicas, testar hipóteses e prever tendências futuras.

Para isso, são utilizadas técnicas estatísticas para transformar dados econômicos em informações úteis, ajudando a compreender o comportamento de variáveis como consumo, investimento e inflação, entre outros.

Também são criados modelos econométricos, como regressões lineares, que permitem identificar relações causais entre variáveis.

Além disso, a econometria é fundamental para a tomada de decisões em finanças, planejamento de políticas públicas e análise de mercados.

Por esses e outros motivos, essa é uma matéria obrigatória nos cursos de graduação em economia, compondo a grade curricular nos períodos mais avançados.

O que se estuda na econometria?

Os fenômenos econômicos têm sempre alguma explicação.

O enriquecimento de um país ou o seu empobrecimento, assim como o avanço da inflação, estão sempre vinculados a causas e fatores que exercem impacto econômico.

A econometria é, nesse caso, a soma dos instrumentos estatísticos e matemáticos utilizados para estudar como surgem os fatos econômicos, suas causas e efeitos.

É só destrinchar o termo e fica claro o seu objeto de estudo, já que “econo” se relaciona a economia, e “metria” a medição.

Portanto, econometria é o estudo da economia por meio da mensuração e análise dos seus fatores.

O conceito fica ainda mais claro quando entendemos o funcionamento dessa área das Ciências Econômicas, como veremos a seguir.

Como funciona a econometria?

O método econométrico segue o mesmo mecanismo das análises estatísticas.

Primeiro, é necessário que haja um fato econômico a ser analisado para que se possa compreender, em termos estatísticos e matemáticos, suas causas e efeitos.

O que se faz então é a formulação de uma hipótese, que pode ter sua validade testada por meio de modelos estatísticos.

Nesse processo, é necessário definir as variáveis a serem consideradas, bem como as relações que elas possam vir a ter.

A partir de métodos avançados de cálculos estatísticos, poderá ser criado um modelo que vai explicar um certo fato econômico, traduzindo-o em uma equação.

Por exemplo, para analisar o consumo, pode-se usar uma equação como:

  • C = β01Y+u.

Nela, C é consumo, Y é a renda, β0 e β1 são parâmetros, e u é o erro.

Quais são os principais modelos econométricos?

A econometria se apoia nas análises estatísticas, de onde extrai diversos dos modelos usados.

Ela também conta com os seus modelos próprios, que podem ser aplicados conforme a exigência de cada caso.

Os mais conhecidos são:

  • Modelos de regressão linear: utilizados para investigar a relação entre uma variável dependente e uma ou mais variáveis independentes
  • Modelos de regressão linear múltipla: ampliam a regressão linear simples ao incluir outras variáveis independentes, permitindo estudar o impacto de múltiplos fatores sobre a variável dependente.
  • Modelos de séries temporais: analisam dados que variam ao longo do tempo, como nos modelos ARIMA (Autoregressive Integrated Moving Average) e GARCH (Generalized Autoregressive Conditional Heteroskedasticity).

Modelo de econometria Trygve Haavelmo

O estudo da econometria deve muito ao economista norueguês Trygve Magnus Haavelmo.

Ele mudou paradigmas no estudo dos fatos econômicos, ao demolir diversas teses “furadas”.

Para isso, Haavelmo introduziu a ideia de que os modelos econômicos devem ser baseados em probabilidades, incorporando a incerteza e a margem de erro nas análises.

Sua abordagem inovadora trouxe maior rigor científico para a economia, permitindo que as teorias econômicas fossem testadas com mais precisão.

Por essa razão, suas ideias são consideradas um divisor de águas no campo da econometria.

Sua contribuição foi tão importante que ele foi laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 1989, quando tinha 88 anos de idade.

Quais premissas a econometria usa?

Econometria oferece respostas valiosas, mas enfrenta limitações como overfitting e necessidade de recursos computacionais.

O conhecimento em estatística é fundamental para entender para que serve econometria.

Assim como toda análise de probabilidades, em econometria, a premissa fundamental para o sucesso de um modelo é uma base de dados confiável e homogênea.

Outras premissas a serem consideradas são:

  • Linearidade do modelo: assume-se que a relação entre as variáveis dependente e independentes é linear nos parâmetros
  • Exogeneidade dos regressores: as variáveis independentes não estão correlacionadas com o termo de erro. Caso contrário, ocorre viés de simultaneidade
  • Erro esperado zero: o valor esperado do termo de erro é zero, indicando que o modelo não deixa de fora variáveis sistematicamente relevantes
  • Homocedasticidade: a variância dos erros é constante para todos os valores das variáveis independentes
  • Não autocorrelação: os erros são independentes entre si, não havendo correlação serial.
  • Normalidade dos erros: assume-se que, em amostras pequenas, os erros seguem uma distribuição normal, o que é essencial para a realização de testes de hipóteses e para a construção de intervalos de confiança.

Qual a importância de conhecer sobre o tema?

Medir um fato econômico pode ser uma tarefa de alta complexidade, na qual pode estar implicado um grande número de variáveis.

Essa é uma das razões para o sucesso da proposta de Trygve Haavelmo, que ajudou a entender o que é econometria sem deixar de lado a margem de erro.

Quem se especializa em econometria, portanto, ganha a capacidade de criar modelos sólidos, que ajudam a entender as causas dos fatores que mexem em uma economia.

Pode ser, por exemplo, um modelo para avaliar a influência do aumento do salário mínimo sobre os investimentos em um setor da economia.

É um tipo de conhecimento extremamente valioso também em estudos e análises em áreas como marketing e vendas.

Por isso, quem conhece a fundo os métodos em econometria tem uma vantagem enorme e um poder de decisão como poucos profissionais no mercado.

Como a econometria aparece no dia a dia?

Empresas, órgãos públicos e entidades de fomento estão o tempo todo fazendo uso dos modelos econométricos para fundamentar suas ações e decisões.

Se o governo decide mudar algum parâmetro ou reformular uma política econômica, é bastante provável que por trás disso esteja alguma análise em econometria.

Os estudos econométricos são utilizados em larga escala para fazer previsões econômicas em tópicos como inflação, PIB e taxa de desemprego.

Como vimos, também são utilizados por gestores de marketing para medir os impactos das campanhas e para estabelecer preços.

Nas empresas, a econometria é empregada também para a compreensão dos padrões de consumo, assim como as preferências do consumidor e para medir a elasticidade da demanda.

Quais benefícios a econometria traz para as empresas?

Imagine se você, à frente de um negócio, pudesse contar com uma fórmula que ajudasse a determinar quanto investir para ter certo resultado?

Ou ter um modelo que explicasse como uma mudança no comportamento de compra afeta suas vendas?

A econometria é o caminho para obter respostas como essas, que afetam empresas, governos e negócios o tempo todo.

Dessa forma, quem pauta suas decisões e escolhas com base nas análises econométricas ganha vantagem competitiva.

Vamos ver na sequência como essa vantagem se traduz.

1. Tomada de decisão baseada em dados

Vimos que uma das premissas da econometria é uma base de dados consistente.

Por outro lado, boa parte das empresas ainda não desenvolveu uma cultura data driven forte o bastante para aproveitar os dados que têm disponíveis.

O conhecimento de econometria pode ajudar a mudar isso, introduzindo o processo decisório orientado por dados estruturados.

2. Aumento da eficiência operacional

Também já vimos que uma das áreas que mais se beneficiam da econometria é o marketing.

Em certos tipos de operação, esse é um tipo de análise que pode fazer verdadeiros “milagres”, que de místicos não têm nada.

Isso é possível porque os estudos em econometria ajudam a equilibrar a relação entre oferta e demanda.

Dessa forma, é possível saber exatamente onde investir, reduzindo assim o desperdício e aproveitando a capacidade ociosa.

Outra forma de se aumentar a eficiência operacional é por meio do controle de estoque e das operações logísticas, em razão da maior precisão na avaliação da demanda.

3. Gestão de risco

Os fatores micro e macroeconômicos podem afetar diretamente a capacidade de uma empresa gerar lucros, assim como podem alterar decisões de governo.

Não é à toa que, na análise SWOT, fatores como impostos, taxas e flutuações econômicas são quase sempre tratados como ameaças.

Dispor de um modelo que ajude a antecipar esses riscos faz total diferença nos negócios, podendo prevenir uma série de contratempos.

Não por acaso, as empresas investem pesado em análises estatísticas e para criar modelos econométricos que sirvam como “oráculo” em decisões que envolvam algum grau de risco.

4. Análise competitiva

Os movimentos do mercado de um modo geral geram dados.

Esses dados podem ser aproveitados para fazer análises que vão ajudar a mapear a concorrência e a prever suas ações.

Com isso, o posicionamento em um mercado pode ser definido com altíssima precisão, evitando o sempre arriscado feeling na tomada de decisão estratégica.

Digamos, por exemplo, que uma empresa quer saber como e porque um concorrente aumentou seu market share em um determinado período.

Se dispor de dados suficientes, ela poderá estabelecer por meio da econometria um modelo que poderá ser usado no futuro para orientar em decisões sempre que o concorrente se mexer.

5. Entendimento da causalidade

As análises em econometria tomam como base parâmetros e cálculos estatísticos que, como tais, ajudam a estabelecer relações de causa e efeito.

Uma empresa que lida com sazonalidades pode fazer uso desse tipo de análise para conformar o real impacto delas sobre as vendas.

O mesmo processo pode ser aplicado para compreender praticamente qualquer fato econômico, desde que haja dados para isso.

Como a econometria afeta os investidores?

Toda avaliação que se faz tomando a econometria como base parte de fatos e números.

As empresas que mostram seus resultados a partir das ferramentas econométricas são vistas como diferenciadas e confiáveis.

Elas expressam suas ações por meio de modelos estatísticos levando em conta as variáveis que podem influenciar seus resultados.

Trata-se de um recurso essencial para companhias que pretendem atrair investidores, pois ajuda a demonstrar a viabilidade e a atratividade do investimento.

Quais limitações a econometria apresenta?

Econometria permite decisões mais precisas, com base em dados, impactando empresas e economia global.

Nenhum método é perfeito. A econometria, se bem utilizada, pode sim dar muitas respostas, mas ela também tem suas limitações.

As ferramentas estatísticas usadas nas análises dependem muito de fatores que nem sempre podem ser verificados na prática, por mais números que haja para confirmá-los.

Cabe destacar que as causas que os modelos podem apontar podem não ser definitivas, considerando que as variáveis estão sujeitas a fatores nem sempre previstos.

Existe ainda o chamado “overfitting”, que ocorre quando um modelo estatístico é ajustado de forma excessiva aos dados de uma amostra específica, capturando até mesmo ruídos ou variações aleatórias.

Isso faz com que o modelo perca a capacidade de generalizar suas previsões para outros conjuntos de dados, comprometendo sua validade em novas situações.

Como resultado, ele pode parecer preciso para o conjunto de dados original, mas falha em fornecer previsões confiáveis quando aplicado a novos dados.

Quanto às limitações da econometria, cabe ainda mencionar a complexidade que certas análises demandam, em alguns casos exigindo avançados recursos computacionais, nem sempre disponíveis ou acessíveis.

Conclusão

Agora que você sabe para que serve econometria, está pronto para dar um passo em direção a uma carreira de sucesso em economia.

A graduação em Ciências Econômicas da FIA está com o vestibular 2025 aberto, com vagas limitadas para o curso presencial.

Venha estudar em uma faculdade reconhecida internacionalmente pelo ranking QS Stars, no qual somos classificados com 5 estrelas.

Aproveite para ler também outros conteúdos do blog da FIA, sua fonte de informação para fazer bonito nos negócios e na vida.

Referências:

https://www.sbe.org.br/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Econometria
https://pt.linkedin.com/pulse/econometria-o-que-%C3%A9-e-para-serve-tcinvestimentos
https://www.dicionariofinanceiro.com/econometria/

FIA

Com um olhar sempre no futuro, desenvolvemos e disseminamos conhecimentos de teorias e métodos de Administração de Empresas, aperfeiçoando o desempenho das instituições brasileiras através de três linhas básicas de atividade: Educação Executiva, Pesquisa e Consultoria.

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