Implementar o crowdsourcing pode ser exatamente o que você precisa, especialmente se tem um problema, desafio ou projeto a solucionar na empresa.
Sabe aquele ditado de que “duas cabeças pensam melhor do que uma”?
No crowdsourcing, é possível reunir não apenas duas, mas diversas cabeças pensantes.
Nos referimos à colaboração coletiva, uma prática que ganhou impulso com o avanço da internet e tem sido usada por empresas, governos e organizações sem fins lucrativos para projetos diversos.
A ideia é se aproveitar da sabedoria coletiva.
Uma multinacional que queira lançar um produto novo pode adotar o crowdsourcing para receber sugestões do público.
Um governo que tenha problemas sociais ou urbanísticos também pode se valer do método para reunir ideias.
Há diversos cases de sucesso de organizações que criaram soluções disruptivas a partir da participação coletiva.
Interessado em entender como o crowdsourcing pode revolucionar os negócios? Então, acompanhe os tópicos a seguir.
Boa leitura!
Crowdsourcing é um modelo de terceirização aberto e compartilhado, cujo propósito é reunir diferentes pessoas em torno da realização de uma tarefa ou da solução de um problema.
O termo crowdsourcing é a união de duas palavras inglesas: crowd (multidão) e outsourcing (terceirização).
Ou seja, terceirização para a multidão.
A criação do conceito é atribuída aos editores da Revista Wired, Jeff Howe e Mark Robinson, em 2005, durante pesquisas sobre como empresas usavam a internet para terceirizar serviços.
De fato, a internet é uma excelente ferramenta para potencializar o crowdsourcing, dada a capacidade de reunir grande quantidade de pessoas com conhecimento e experiências diferentes.
Em geral, o crowdsourcing é intermediado por plataformas online e funciona como um convite aberto.
Os interessados em contribuir com o projeto ou tarefa podem receber retribuições em dinheiro ou em reconhecimento, dependendo do interesse e das condições do crowdsourcer, a organização que está terceirizando o trabalho.
Imagine uma grande empresa de alimentos que queira descobrir maneiras de reduzir ou eliminar o açúcar ou o sal dos alimentos sem comprometer o sabor.
Um concurso com recompensa em dinheiro pode atrair pessoas de todo o mundo com diferentes bagagens de conhecimento, como pesquisadores, estudantes e cientistas.
A própria ciência se desenvolve assim, como um “crowdsourcing descentralizado”.
Um cientista descobre algo novo, valendo-se de algum conhecimento previamente testado, e divulga sua descoberta, por exemplo, na internet ou em publicações especializadas.
Outro cientista lê o artigo, faz novos testes e descobre uma maneira de aprimorar ainda mais aquela ciência, que, por sua vez, servirá de base para descobertas futuras.
O crowdsourcing pode ser usado para diversas finalidades, das mais simples às mais complicadas.
Os principais propósitos são:
Uma empresa que queira reduzir gastos com mão de obra pode terceirizar para a multidão tarefas tediosas e repetitivas a um custo menor do que uma terceirização formal.
Pode usar o crowdsourcing também como estratégia para desenvolver ou aprimorar um produto por meio de um MVP (Minimum Viable Product).
Algumas plataformas online são especializadas em micro tarefas e têm recrutas no mundo inteiro.
Geralmente são trabalhos simples, remunerados de acordo com cada tarefa concluída.
Outras são dedicadas à solução de problemas que exigem conhecimento técnico avançado.
Em casos assim, a recompensa pode ser quantias substanciais em dinheiro ou participação nos resultados do produto, caso a solução seja, de fato, um sucesso.
O incentivo deve ser proporcional ao tamanho do desafio.
Do contrário, a iniciativa pode não atrair os colaboradores certos e comprometer o desenvolvimento do projeto.
O crowdsourcing funciona como uma conexão entre quem precisa criar algo novo, resolver um problema ou aprimorar um processo e quem tem capacidade e condições de fazer isso.
Até a Nasa, a agência espacial norte-americana, usa o crowdsourcing em seus projetos de inovação aberta, como o desenvolvimento de algoritmos que possam melhorar a performance de robôs astronautas.
Em alguns casos, o crowdsourcing funciona como uma terceirização aberta para uma atividade específica.
Pode ser captação de recursos para uma obra social, aperfeiçoamento de processo em uma linha de produção ou sugestões de cores para o designer de uma embalagem.
Mas há situações em que a colaboração precisa ser permanente, como no caso do Waze, aplicativo de navegação por GPS.
Sem a colaboração constante e em tempo real dos usuários, o sistema não teria dados confiáveis para traçar rotas eficientes e prover aos motoristas informações sobre as condições do trânsito.
São situações de contribuição coletiva em que a quantidade faz toda diferença.
Quanto mais dados produzidos pelos usuários, melhor.
Se duas cabeças pensam melhor do que uma, imagine centenas de cérebros queimando neurônios em torno de um objetivo comum.
O crowdsourcing é como um brainstorm, só que potencializado pelas novas tecnologias.
Através do modelo de contribuição participativa, é possível ter acesso a uma rede de “peritos”, “especialistas” e “consultores” sem, necessariamente, contratá-los formalmente ou reuni-los em uma sala.
Dentre as principais vantagens do crowdsourcing, podemos citar:
É possível extrair excelentes ideias, testar produtos ou construir ótimos projetos a partir de variadas sugestões a um custo muito menor do que uma terceirização convencional.
Dependendo do tipo de projeto, por meio do crowdsourcing é possível reunir sugestões e ideias de diferentes participantes e compor uma solução como um grande mosaico.
Cabe ao gestor do projeto filtrar as boas sugestões das que não fazem sentido e encaixar as peças.
Se o projeto exige níveis sofisticados de qualificação técnica, por meio do crowdsourcing, você pode contar com a colaboração de ótimos profissionais que estão ansiosos para contar sobre suas ideias a alguém.
As universidades e centros de pesquisa, por exemplo, são verdadeiros celeiros de produção de conhecimento.
A sabedoria coletiva é um conjunto de experiências e conhecimentos diversos que ajudam o autor do projeto a pensar além da caixa.
Nesse aspecto, é importante considerar também as contribuições de quem pensa diferente.
Opiniões opostas podem fazer sentido, portanto, não as descarte sem antes refletir a respeito.
É possível também que, por meio do crowdsourcing, sua empresa crie uma rede de engajamento profissional que evolua para parcerias futuras ou trabalhos permanentes.
Afinal, com a internet e as novas ferramentas tecnológicas, não há mais barreiras de espaço e tempo para diversos tipos de trabalho.
É possível montar uma equipe interdisciplinar com membros de qualquer canto do mundo sem nenhuma dificuldade.
Há também desvantagens em adotar o crowdsourcing, seja para tarefas de curta duração ou colaboração permanente.
As principais são:
Como o crowdsourcing é um convite aberto feito por meio da internet e, portanto, de alcance global, não espere participação somente de profissionais de alto gabarito.
Dependendo do projeto, é possível que você receba também contribuições irrelevantes de pessoas não qualificadas.
Principalmente no crowdsourcing de micro tarefas com baixa remuneração ou colaboração voluntária, é comum aparecer muito trabalho de baixa qualidade.
A baixa remuneração, inclusive, é um dos pontos debatidos pelos críticos do modelo crowdsourcing.
Se por um lado a terceirização para a multidão reduz custos de um projeto, por outro, exige mecanismos para separar as contribuições relevantes das sem sentido.
Outro risco é o colaborador do projeto agir de má-fé, principalmente em crowdsourcing de produção de conteúdo ou similares.
Dependendo do tipo de trabalho, se houver a participação de muitas pessoas, pode ser que os erros sejam corrigidos por outros integrantes.
É a ideia de que em um universo grande de contribuições, as informações são depuradas com mais exatidão do que sob a análise individual de um perito.
De toda forma, não deixa de ser um risco e uma desvantagem.
A implementação do crowdsourcing na sua empresa pode acontecer em maior ou menor grau, dependendo das suas necessidades.
Você pode adotar o método colaborativo para votar enquetes, executar funções repetitivas, captar ideias ou arrecadar recursos.
O marketing, por exemplo, é um setor muito beneficiado pelo crowdsourcing.
Afinal, não é preciso diploma de publicitário para desenvolver uma ótima ideia.
Empresas que produzem softwares também usam com frequência o crowdsourcing (também chamado de crowdtesting) para testar, identificar bugs ou receber sugestões.
Para obter sucesso na implantação do crowdsourcing em sua empresa, contudo, você precisa se atentar a alguns detalhes, como:
As plataformas de crowdsourcing são o ponto de encontro entre quem tem um trabalho a fazer e quem está interessado em trabalhar e contribuir.
A seguir, confira alguns exemplos deplataformas dedicadas a diferentes finalidades:
Embora sejam termos parecidos, há diferenças entre crowdsourcing e crowdfunding.
Como vimos, o crowdsourcing abrange diversos serviços e projetos que podem ser desde tarefas rotineiras a descobertas espaciais.
O crowdfunding é um tipo de crowdsourcing, porém mais específico.
Trata-se de uma modalidade de financiamento coletivo por meio da qual alguns empreendedores com boas ideias, mas sem os recursos para tirá-las do papel, alavancam seus projetos.
Plataformas de crowdfunding são muito usadas por startups em estágios iniciais que precisam, por exemplo, modelar minimamente seu projeto antes de recorrer a fontes mais significativas de recursos.
Podemos dizer que é uma evolução da vaquinha.
Pessoas que acreditam na ideia colaboram e podem receber em troca alguma gratificação, como participação nos resultados do produto, amostra ou protótipo.
Mas não são apenas startups que usam o crowdfunding como estratégia de captação de recursos.
Artistas e organizações sem fins lucrativos também se valem da ferramenta para alcançar seus objetivos.
Quem utiliza plataformas de crowdfunding geralmente tem um prazo para cumprir a meta de arrecadação.
É tudo ou nada.
Se não conseguir todos os recursos antes do fim do prazo, o projeto volta à estaca zero.
É provável que você conheça ou até já tenha adquirido algum serviço ou produto construído a partir do crowdsourcing.
A seguir, confira os principais cases de sucesso:
O crowdsourcing faz parte do modelo de negócio da Airbnb desde a sua fundação, em 2008.
A empresa conecta quem tem um imóvel (ou parte de um imóvel) para alugar a quem está interessado em uma hospedagem alternativa.
A Netflix, empresa americana provedora de filmes, séries e documentários via streaming, também adotou o crowdsourcing para aperfeiçoar os algoritmos de recomendação ao usuário.
É um caso de terceirização aberta que exige conhecimento técnico avançado.
A empresa ofereceu recompensa em dinheiro e recebeu uma enxurrada de ideias.
O modelo colaborativo também foi adotado pela maior rede de fast-food do mundo.
Como parte das comemorações de aniversário na Alemanha, o McDonald’s lançou uma campanha para criar um hambúrguer completamente novo, com os ingredientes escolhidos pelos fãs.
Em poucas semanas, mais de 115 mil criações foram votadas por 1,5 milhão de pessoas.
O Waze é outro exemplo de crowdsourcing como modelo de negócio.
Sem a colaboração dos usuários, não existiria uma ferramenta tão eficiente de navegação por GPS.
Além de mostrar as melhores rotas, o aplicativo informa as condições do trânsito, qual trajeto está mais rápido ou mais lento, se há acidentes ou obras à frente, dentre outras informações úteis aos motoristas.
Em 2010, a gigante das duas rodas contratou para as suas campanhas a agência de publicidade Victors & Spoils, que usa toda mão de obra criativa por meio do crowdsourcing.
O primeiro comercial, denominado “No Cages”, foi elaborado a partir da ideia de um apaixonado pela marca.
A Coca-Cola usa frequentemente o crowdsourcing no lançamento de novos produtos e posicionamento de marca.
Em 2017, a empresa ofereceu US$ 1 milhão para quem ajudasse a encontrar um substituto para o açúcar.
A enciclopédia livre é outro exemplo de trabalho feito a várias mãos que não existiria sem a sabedoria coletiva.
Ao oferecer um conteúdo livre e verificável, a Wikipédia permite que todos possam editar e melhorar os conteúdos.
A marca buscou apoio do público consumidor na descoberta de novos sabores de batata.
Como recompensa, ofereceu ao ganhador uma premiação em barras de ouro e participação sobre o faturamento líquido do produto.
De uma tarefa tediosa a um complexo projeto de multifuncionalidades, o crowdsourcing pode ser a ponte entre quem tem talento, disposição e conhecimento e quem precisa dessas qualificações para desenvolver um trabalho.
Por meio de uma rede sem limites geográficos, é possível acessar um “big data” de conhecimento coletivo, testar hipóteses, criar soluções disruptivas ou reunir forças em torno de uma causa social.
Para as organizações, o crowdsourcing é uma oportunidade nunca antes experimentada de explorar novos horizontes.
Para as pessoas, representa a chance de contribuir com algo no qual acredita e ainda ser recompensado por isso.
E então, gostou de aprender mais sobre esse modelo de construção colaborativa?
Se você tem alguma sugestão ou dúvida, deixe um comentário abaixo.
Aproveite também para ler outros conteúdos como este no blog da FIA e ficar por dentro de temas, como administração empresarial, investimentos, empreendedorismo, dentre outros.
Descubra o que é flexibilidade no trabalho e como essa tendência está transformando empresas, atraindo…
O futuro do trabalho em 2025 apresenta mudanças importantes para empresas e profissionais. Descubra as…
A ética na IA envolve princípios e práticas que orientam o uso responsável dessa tecnologia…
A auditoria externa é uma análise detalhada das finanças empresariais, garantindo precisão e conformidade com…
A matriz de materialidade é um método de grande utilidade para as empresas que têm…
Responsabilidade social corporativa: empresas indo além dos negócios tradicionais para um mundo melhor. Saiba mais!