A análise de crédito é uma das formas de tentar prevenir um problema crônico no mercado brasileiro: a inadimplência.
Se fosse uma doença, poderia ser classificada como epidemia, inclusive.
Segundo levantamento da Serasa Experian, o número de inadimplentes segue aumentando, o que sempre representa um risco financeiro para as empresas.
São 71,95 milhões de brasileiros nessa condição, 130 mil a mais em comparação com o penúltimo Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil.
O comércio, como sempre, é o setor mais afetado, uma vez que não dispõe de grandes reservas financeiras, como os bancos.
Só que loja que não oferece facilidade no pagamento tende a ficar para trás.
Nesse caso, o melhor é cercar-se de cuidados e desenvolver processos consistentes de aprovação de crédito.
Para saber como fazer uma avaliação de crédito com sucesso, leia este texto até o final.
Confira os tópicos abordados:
Avance na leitura, entenda como é feita a análise de crédito e implemente esse processo no seu negócio.
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A análise de crédito é o processo que avalia a capacidade de um indivíduo ou empresa de cumprir com as obrigações financeiras ao obter um empréstimo ou financiamento.
Durante esse processo, diversos fatores são considerados, como histórico de crédito, histórico de pagamento, renda, dívidas existentes e outros elementos relevantes.
Com base nessas informações, a instituição pode determinar o risco de inadimplência e decidir se concederá ou não o crédito, além de definir as condições, como taxas de juros e prazos de pagamento.
Agora que entendemos o que é a análise de crédito, vamos ver como ela é realizada.
Considerando o pedido de aprovação de crédito para uma empresa, a análise realizada é bastante abrangente sobre a saúde financeira do negócio e seu histórico de pagamentos.
São examinadas demonstrações financeiras, como balanços patrimoniais e demonstrativos de resultados, para entender a solvência, liquidez e rentabilidade da empresa.
As instituições também consideram o histórico de crédito, verificando a pontualidade e a regularidade nos pagamentos de dívidas anteriores.
Fatores externos, como o setor de atuação e condições econômicas gerais, também são analisados para determinar a capacidade da empresa de cumprir com suas obrigações financeiras futuras.
No próximo tópico, vamos explicar como é feita a análise de crédito, considerando as etapas direcionadas também às pessoas físicas.
A análise de crédito demanda um processo criterioso de avaliação em que são ponderados fatores financeiros, cadastrais e operacionais como:
Entrar em um mercado, seja ele qual for, implica assumir certos riscos de negócio, entre os quais o da inadimplência é um dos mais temidos.
Não receber pelo que vendeu pode gerar problemas no curto e longo prazo, como a falta de liquidez no fluxo de caixa.
Isso para não falar que inadimplência gera inadimplência, afinal, se alguém não recebe o que lhe é devido, provavelmente outra pessoa também vai deixar de receber.
A análise de crédito é fundamental para evitar que esse ciclo se forme, servindo também como uma proteção para que o mercado continue oferecendo crédito.
Confira a seguir algumas das muitas razões que justificam a implementação de um processo de avaliação nesse sentido.
Uma pessoa pode deixar de honrar os seus compromissos financeiros por diversos motivos.
A análise de crédito é feita para atestar a capacidade de pagamento de um consumidor, garantindo assim a adimplência em financiamentos e empréstimos.
Note que estamos tratando aqui da mitigação dos riscos financeiros, e não da sua eliminação.
Logo, a análise de crédito é um instrumento pautado na expectativa de que sempre haverá alguma inadimplência, que deve se manter em patamares mínimos.
Empresa que não avalia a capacidade financeira de seus clientes antes de conceder crédito ou de abrir financiamento é séria candidata a ter problemas de fluxo de caixa.
Seus gestores expõem o negócio a toda sorte de problemas administrativos, fiscais e operacionais, em razão da falta de recursos iminente.
Para que isso não aconteça, é fundamental estabelecer mecanismos de aprovação de crédito que mantenham os balanços diários sempre no azul.
Cliente que deve dificilmente volta a comprar em uma loja na qual tenha dívidas em aberto, mesmo se tiver dinheiro.
Assim, a análise de crédito é um processo benéfico para todas as partes, porque ajuda a manter a relação comercial em um bom termo.
Ao compreender a saúde financeira dos clientes, as empresas podem estabelecer relacionamentos comerciais sustentáveis, baseados na confiança mútua.
Isso ajuda a manter parcerias de longo prazo e que a base de clientes esteja sempre ativa.
A análise de crédito é um fator decisivo para o crescimento sustentável, uma vez que permite que as empresas expandam suas operações com prudência, evitando exposição excessiva a clientes de alto risco.
Até porque existe a má fé de pessoas que abusam do direito ao crédito.
Processos de avaliação servem para afastar os maus pagadores, de modo que eles não se sintam encorajados a usar o crédito indevidamente.
Essa é mais uma garantia para as empresas que, ao minimizarem a inadimplência, criam condições para continuar crescendo.
Em certos setores, a conformidade com regulamentações financeiras, fiscais e tributárias é uma exigência para conseguir crédito, expandir e abrir capital.
A análise de crédito ajuda as empresas a cumprir esses requisitos regulatórios, garantindo transparência e responsabilidade em suas práticas comerciais.
Como vimos, a inadimplência pode se tornar um ciclo, no qual quem tem dinheiro a receber pode também se tornar um devedor, inclusive junto ao fisco.
Evitar transações com clientes inadimplentes contribui para a proteção da imagem da marca.
Isso porque a reputação de uma empresa pode ser afetada, mesmo que de forma indireta, se ela estiver associada a clientes que não cumprem suas obrigações financeiras.
Também protege uma marca de um temível processo de endividamento, que pode até terminar com um pedido de concordata ou falência, em último caso.
A verdade é que empresas com processos de análise de crédito sólidos têm maior probabilidade de obter financiamento em condições mais favoráveis.
Toda empresa depende de crédito para financiar o seu crescimento e a expansão dos negócios.
Assim, a melhor forma de se manter com crédito na praça é trabalhar para evitar a inadimplência, reduzindo-a a patamares aceitáveis.
Com isso, o negócio terá sempre como demonstrar a sua saúde financeira ao solicitar empréstimos ou financiamentos.
Da mesma forma que os processos de back office podem ser automatizados, a análise de crédito também se beneficia ao reduzir a dependência da mão de obra humana.
A vantagem é que, ao automatizar o processo de análise de crédito, as empresas podem reduzir custos administrativos, liberando tempo e recursos para outras atividades.
Em termos práticos, não contar com uma rotina de análise de crédito expõe a empresa a diversos riscos financeiros e operacionais.
A concessão de crédito descuidada aumenta o risco de inadimplência, levando a perdas financeiras diretas que impactam negativamente a liquidez.
Quando disseminada, essa prática pode, no longo prazo, contribuir para um aumento geral nos níveis de inadimplência no mercado, comprometendo a estabilidade do sistema financeiro.
Conceder crédito ou financiar uma venda é um processo no qual a empresa assume riscos e o consumidor tem responsabilidades.
É preciso tomar uma série de medidas preventivas, a fim de garantir o recebimento pelo que vendeu ou pelo serviço prestado, tornando suas receitas previsíveis.
A análise de crédito deve ser orientada a partir de certas práticas que, somadas, aumentam a confiança nas relações comerciais.
Conheça as mais difundidas delas na sequência.
Assim como não emprestamos dinheiro para pessoas que não conhecemos, o mesmo princípio vale para as atividades comerciais.
É preciso realizar uma minuciosa coleta de informações sobre o cliente, incluindo histórico financeiro, capacidade de pagamento, histórico de crédito e referências comerciais.
Quanto mais dados disponíveis, melhor será a análise e menor o risco de inadimplência.
Como vimos, a automação também pode ser colocada a serviço da análise de crédito.
Existem inclusive softwares especializados que podem processar grandes volumes de dados rapidamente, gerando insights.
Muitos deles usam esses dados como subsídio para a criação de relatórios de performance, a partir de ferramentas de Business Intelligence (BI) e Machine Learning.
O score de crédito é usado para avaliar a confiabilidade financeira do cliente, a partir dos seus dados de consumo armazenados nos birôs de crédito.
Essa pontuação é calculada com base em diversos fatores, como histórico de pagamento, dívidas e tempo de crédito.
Quanto mais alto, menor o risco de inadimplência, enquanto um score baixo indica um consumidor que tende a não honrar seus compromissos.
Toda venda a prazo ou empréstimo deve levar em conta a capacidade real do cliente de honrar suas obrigações financeiras.
Para isso, é preciso pesar não apenas a renda atual, mas também as perspectivas de renda futura e outros compromissos financeiros.
Vale considerar, ainda, o quanto do orçamento do cliente está comprometido com outras prestações, levando em conta o limite de até 30% da sua renda total.
Outro indicador que pode reduzir o risco de inadimplência é o histórico de consumo construído a partir de referências comerciais fornecidas pelo cliente.
Se possível, podem ser consultadas outras empresas ou fornecedores que já tiveram transações comerciais com o cliente em questão.
Examinar o histórico de pagamento do cliente em transações anteriores pode ser revelador sobre o comportamento financeiro passado e ajudar a prever futuros padrões de pagamento.
A vantagem é que, nesse caso, os dados que já estão disponíveis podem balizar as decisões, dispensando eventuais consultas a bancos de dados externos.
Quando aplicável, é sempre indicado avaliar as garantias oferecidas pelo cliente.
Imóveis, veículos, ativos ou qualquer bem apresentado como lastro deve ter seu valor cuidadosamente calculado em um processo de análise de crédito.
Definir políticas de crédito claras e consistentes ajuda a garantir que todos sejam avaliados de maneira justa e que as decisões nesse aspecto estejam alinhadas com os objetivos da empresa.
Também transmite ao mercado uma mensagem para clientes e stakeholders, que de antemão ficam cientes de que há processos de concessão de crédito.
Assim, todos ficam sabendo o que fazer para comprar a prazo ou pedir financiamentos.
A análise de crédito não deve ser uma atividade pontual ou esporádica, até porque em muitos casos ela serve para proteger as vendas a prazo.
Por isso, vale implementar sistemas de monitoramento contínuo para acompanhar as mudanças na situação financeira do cliente ao longo do tempo e mudar práticas que não estejam dando resultado.
No aspecto empresarial, a análise de crédito demanda infraestrutura e, principalmente, pessoas capazes de conduzir seus processos.
Por isso, sua equipe de análise de crédito deve ser a mais bem treinada e atualizada possível sobre as melhores práticas e tendências do setor.
A análise de crédito é, antes de tudo, uma garantia.
Para as empresas, ela assegura o recebimento pelas suas vendas, ao diminuir a exposição à inadimplência.
O consumidor também se beneficia, já que, ao afugentar os maus pagadores, seu direito ao crédito se mantém intacto.
Por último, o próprio mercado sai ganhando, pela manutenção de um ambiente de negócios mais estável e um sentimento geral de confiança.
Como todo processo, o de análise de crédito requer uma postura atenta e constante aperfeiçoamento.
Para isso, acompanhe as publicações no blog da FIA e desenvolva seus conhecimentos sobre negócios, empreendedorismo e gestão.
Referências:
https://www.serasa.com.br/limpa-nome-online/blog/mapa-da-inadimplencia-e-renogociacao-de-dividas-no-brasil/
https://s3.amazonaws.com/cm-kls-content/LIVROS_UNOPAR_AEDU/An%C3%A1lise%20de%20Cr%C3%A9dito%20Cobran%C3%A7a%20E%20Risco.pdf
https://www.serasaexperian.com.br/blog-pme/con1-analise-de-credito-precisa/
https://www.bcb.gov.br/conteudo/eventos/Documents/Seminarios-Riscos-Estabilidade-Financeira-Economia-Bancaria/2018_XIIIESTFINECOBAN/Policy%20day/Session%20IV%20-%20Credit%20Market/Secao_IV_Apresentacao_Olyver_Wyman.pdf
https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/11894/2/RB%2016%20O%20Risco%20Legal%20na%20An%C3%A1lise%20de%20Cr%C3%A9dito_P_BD.pdf
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