Poucos modelos de gestão de equipes são tão alinhados com o espírito dos tempos atuais quanto o da liderança liberal.
Com a internet e o movimento de transformação digital, as pessoas tornaram-se cada vez mais autônomas e empreendedoras, graças ao amplo acesso à informação.
Não por acaso, a quantidade de empresários individuais no Brasil aumentou 10 vezes só na última década.
Neste contexto, é importante entender do que se trata a liderança liberal.
Leia este artigo até o final para conhecer as características, as diferenças, as vantagens, os desafios e muito mais.
Veja os tópicos abordados:
Avance na leitura e entenda quais são as características da liderança liberal no ambiente corporativo.
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Liderança liberal, ou laissez faire, é um estilo de liderança que enfatiza a capacidade de cada colaborador de se autogerir, tomando decisões sem a necessidade de supervisão ou de permissão.
Para um líder liberal, as pessoas são profissionais o bastante para decidir como realizar o seu trabalho da melhor forma.
Eles pautam sua liderança não pelo controle absoluto, mas pela crença em valores como criatividade, autonomia e liberdade de escolha.
As pessoas são livres para escolher, logo, são também capazes de aceitar as responsabilidades sobre suas próprias decisões.
Nas empresas que adotam a liderança liberal, as funções de chefia e de supervisão se baseiam mais na cultura da facilitação e não do controle.
Os exemplos de liderança liberal mostram que, na maioria das situações, o papel de um gestor não é dizer o que fazer, mas apenas sugerir alternativas.
É um modelo de liderança que parte do pressuposto de que, em uma equipe, as pessoas já sabem muito bem como realizar o seu trabalho.
A dimensão exata do que é liderança liberal é melhor compreendida a partir do conhecimento de algumas das suas características.
Liderar é uma competência que requer habilidades e conhecimentos aprofundados não só sobre a parte técnica de uma área, mas também em relacionamento.
Um líder liberal que atua com TI, por exemplo, tem que saber também como lidar com pessoas.
Veja a seguir o que torna uma liderança liberal na real acepção do termo.
Uma das características da liderança liberal inconfundíveis é a ampla concessão de autonomia para os liderados.
O líder liberal é um facilitador, alguém que faz parte de um time não para chefiar, mas para apontar caminhos.
É como se as pessoas escolhessem o líder e não o líder escolhesse as pessoas.
Essa aparente inversão de ordem gera um sentimento de confiança mútua, já que os profissionais sabem que quem está à frente do time é alguém que lhes dá autonomia.
Ser liberal na liderança é delegar responsabilidades.
O líder deixa de centralizar o poder de decisão, distribuindo entre os profissionais de sua equipe a maior parte das tarefas.
É verdade que, em certos casos, ele ainda detém a palavra final em certos assuntos, mas ainda assim, esse poder é reduzido ao mínimo e só em questões de muita relevância.
É como um regime democrático no real sentido da palavra, já que o processo decisório nunca é centralizado.
Não surpreende que o modelo de liderança liberal seja um dos mais praticados em empresas que demandam muita agilidade e inovação em seus processos.
Em áreas como TI, desenvolvimento de softwares e tecnologia em geral, essa é a forma mais amplamente usada para formar e gerir times.
Afinal, foi em empresas tecnológicas que nasceu a conhecida metodologia e filosofia Ágil, que a partir dos anos 2000 se disseminou mundo afora em empresas de diversos ramos.
Nela, prevalece a flexibilidade na gestão, de modo a gerar resultados com mais rapidez e alinhados às expectativas do cliente.
Um dos muitos pontos positivos no estilo liberal de liderar é que, para existir, ele precisa de canais de comunicação muito mais abertos.
As pessoas ficam muito mais à vontade para expor suas ideias e pensamentos, já que não há um chefe “todo poderoso” vigiando-as sistematicamente.
Existe certo espaço para o erro, ainda que limitado, que em outros modelos de liderança talvez não fosse tolerado.
Para um líder liberal, as falhas são uma oportunidade de aprender, não só para quem as comete, como para quem está ao redor.
Não faria sentido que as empresas hoje valorizassem questões como a interseccionalidade e a diversidade sem um profundo respeito às individualidades e às minorias.
O líder liberal está imbuído desses valores e mantém um ouvido e um olhar sempre atento às questões que realmente importam, não importa quem esteja envolvido.
A empresa ou setor que conta com uma liderança assim sabe que terá à frente das pessoas alguém que valoriza o ser humano, não importa sua condição social, cor ou orientação sexual ou religiosa.
As empresas não abraçariam a liderança liberal se ela não proporcionasse resultados reais, principalmente no campo dos relacionamentos.
A propósito, a liderança tóxica, antítese da liberal, é um problema no Brasil, detectada em 80% das empresas, como aponta uma pesquisa publicada na Folha de São Paulo.
Vale destacar que o estudo se concentra no nicho dos executivos, ou seja, de profissionais sêniores.
A liderança liberal pode ser uma resposta ao desafio de acabar com as lideranças tóxicas, agregando várias vantagens, como veremos a seguir.
Como revela a já citada matéria da Folha, um dos muitos problemas das lideranças nas empresas brasileiras hoje é a postura flagrantemente voltada para constranger e até humilhar.
Os maus líderes que pensam e agem assim acreditam que diminuir a importância ou o valor do trabalho dos outros é o caminho para se destacarem em suas funções.
Mal sabem eles que, dessa forma, estão pavimentando o caminho para o fracasso não só da equipe, como do seu próprio.
A liderança liberal, por sua vez, atua em sentido oposto, valorizando o trabalho de cada membro de uma equipe, aumentando assim a autoestima de cada um.
A liderança liberal bebe na fonte da metodologia Ágil, como vimos.
Ela valoriza as entregas em tempo hábil, em vez do excesso de burocracia e de documentação, como preconiza o Manifesto Ágil.
Com mais autonomia individual, as pessoas não precisam mais ficar o tempo todo submetendo o resultado de seus esforços a um chefe centralizador.
Assim, os projetos ganham muito mais agilidade e o próprio líder encontra mais espaço para tomar suas decisões sem ter que se preocupar o tempo todo se fulano fez o que tinha para fazer.
Logicamente, uma equipe comandada por um líder liberal tende a apresentar resultados em um período de tempo muito mais curto que o usual.
Como vimos, isso se deve muito ao ganho em autonomia que cada profissional tem, e pela valorização dos indivíduos dentro de cada equipe.
O estilo de liderança liberal é fortemente orientado para resultados.
Nesse aspecto, não há tempo para a prática nociva da microgestão, conhecida informalmente nas empresas como “picuinha”.
As equipes geridas pela perspectiva liberal estão mais focadas no que realmente importa, e não em disputas de ego a partir de questões irrelevantes.
A partir do momento em que cada um é livre para desempenhar o seu trabalho, cria-se a sensação de que não vale a pena se preocupar com assuntos que podem ser resolvidos de forma simples e direta.
Para certas empresas, a liderança liberal chega a ser uma utopia.
De fato, ela sugere um cenário quase de sonho, já que, em tese, prevalece nesse estilo de liderança a harmonia e a boa convivência.
Por isso, é um modelo que não é tão indicado para empresas com cultura de chefia centralizadora fortemente enraizada.
Se implementada sem um preparo ou uma cultura que favoreça sua consolidação, a liderança liberal pode dar margem para uma série de problemas.
As pessoas podem, por exemplo, começar a achar que “vale tudo” – ou, em sentido oposto, se sentirem inseguras quanto ao que fazer, com medo de julgamentos.
Afinal, nos lugares em que a liderança sempre foi autocrática ou centralizadora, as pessoas não estão habituadas à autonomia.
Por isso, é preciso cuidado ao implementar a liderança liberal, para que o feitiço não vire contra o feiticeiro.
Equipes e empresas que trabalham orientadas por líderes liberais praticam a autogestão.
Significa que cada membro deve estar ciente das suas responsabilidades, que por sua vez devem ser cumpridas sem a necessidade de supervisão ou cobranças.
A governança não deixa de existir, mas junto a ela existe também o compartilhamento de responsabilidades.
Essa liberdade é um ponto positivo, mas coloca um desafio para a implementação da liderança liberal, que é estabelecer limites.
Não por acaso, esse modelo de liderança cai melhor em times ou empresas com profissionais mais maduros e habituados a trabalhar de forma independente.
O que não faltam são exemplos de liderança liberal para inspirar e guiar empresas que planejam adotar esse estilo de gestão.
Vamos ver alguns dos mais conhecidos.
Tomando como referências as características da liderança liberal, não é difícil detectar empresas de ponta adotando esse modelo em suas práticas, políticas e estratégias.
Como vimos, encabeçam a lista de organizações desse tipo o Google, Facebook e Spotify.
No Brasil, as fintechs também seguem muitos dos preceitos liberais de liderança, como Nubank, Neon e outras.
Apesar da proposta interessante, a liderança liberal não é melhor nem pior que os outros modelos.
Como vimos, suas características casam bem com um certo tipo de perfil profissional e de empresa, mas não é indicada para determinados contextos.
Fica mais fácil de entender fazendo um breve comparativo com outros estilos de liderança comumente aplicados nas empresas.
Se há um modelo ao qual o estilo de liderança liberal se opõe é o da liderança autocrática, no qual o líder tem a palavra final e só ele pode tomar decisões.
Embora não pareça muito “simpático” esse modelo tem o seu valor, podendo ser útil em contextos de crise ou em empresas com processos pouco organizados.
Em um outro espectro, temos a liderança democrática, essa sim, bem próxima da liderança liberal na maneira de lidar com as pessoas e os processos decisórios.
Na verdade, há poucas diferenças entre um estilo e outro, sendo talvez a liderança democrática diferente apenas na maneira um pouco mais “formal” de exercer a autonomia.
O laissez faire, ou seja, o “deixar fazer”, pode não ser tão útil em situações nas quais as pessoas não se encontram motivadas o bastante para dar o seu melhor.
Para esses casos, a liderança transformacional pode ser mais indicada, já que o foco é justamente inspirar as pessoas por meio da liderança positiva e encorajadora.
Por sua vez, a liderança situacional é aquela na qual o líder vai se moldando ao contexto, respondendo de diferentes maneiras a diferentes situações.
Ele pode ser mais liberal em um momento e autocrático em outro, se assim for necessário.
Um líder completo não se faz sem uma formação à altura dos desafios do mercado.
Essa formação você encontra no Advanced MBA Gestão Empresarial, com aulas noturnas nos campi da FIA, ou em regime EAD, com aulas online ao vivo.
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A liderança liberal é um avanço, mas como vimos, não é para qualquer empresa.
Para que ela nasça e de se desenvolva, é preciso uma cultura orientada para o respeito ao indivíduo e pessoas com forte senso de responsabilidade e ética.
Leia os artigos publicados no blog da FIA e esteja um passo à frente.
Referências:
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023/02/15/numero-de-empreendedores-individuais-no-brasil-aumenta-10-vezes-em-uma-decada.ghtml
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/07/chefes-toxicos-atingem-8-em-cada-10-executivos.shtml
https://sebraepr.com.br/comunidade/artigo/lideranca-liberal
https://www.gov.br/transportes/pt-br/assuntos/portal-da-estrategia/artigos-gestao-estrategica/quais-os-tipos-de-lideranca-conheca-alguns-modelos
https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/entre-5-estilos-de-lideranca-qual-e-o-seu,be72b495ea028810VgnVCM1000001b00320aRCRD
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