As commodities agrícolas têm sido, ao longo das últimas décadas, o grande carro-chefe da economia brasileira.
Somente em 2019, a soma de toda a produção gerada pelo agronegócio foi de R$ 1,55 trilhão, quase 22% do PIB nacional.
Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Entre os produtos mais relevantes, estão soja, milho, cana-de-açúcar, café, algodão, laranja, arroz e carne.
Trata-se de um setor extremamente desenvolvido e rentável, que tem peso significativo na balança comercial do país.
Diante disso, você pode se perguntar: como lucrar com as commodities agrícolas? É vantajoso investir nesse mercado?
É sobre essas oportunidades que vamos falar ao longo do conteúdo, que vai trazer os seguintes tópicos:
Acompanhe até o final e boa leitura!
Commodities agrícolas são produtos primários comercializados “in natura” ou com baixo teor de industrialização.
O termo commodity, traduzido do inglês, significa mercadoria.
No contexto de mercado, são produtos com características padronizadas e sem diferenciação de origem, demandados em escala global.
As commodities, inclusive agrícolas, geralmente são usadas como matéria-prima na produção de outros produtos – esses, sim, de valor agregado.
Não faz diferença para o mercado, portanto, se a soja foi produzida do Brasil ou nos Estados Unidos.
O preço é o mesmo, cotado no mercado internacional (geralmente em dólares), conforme a lei da oferta e da procura.
Um produtor de café, por exemplo, que exporta sua produção, tem pouca ou nenhuma capacidade de interferir nos preços.
As cotações são influenciadas muito mais por fatores impossíveis de controlar, como eventos climáticos, macroeconômicos e geopolíticos.
Os produtos agrícolas fazem parte da categoria das soft commodities, ou commodities leves.
Na categoria hard commodities (commodities duras) estão os recursos naturais extraídos e minerados, como ouro, minério de ferro, petróleo, dentre outros.
Os produtos primários de origem agropecuária são subdivididos ainda em grupos, como:
Entre as principais características das commodities, podemos destacar:
Além das commodities agrícolas, há outros tipos de commodities, como financeira, ambiental, energética, química, dentre outras.
As commodities agrícolas são negociadas em diferentes mercados, envolvendo compradores e vendedores no mundo inteiro.
Mesmo o investidor pessoa física, que nunca visitou um silo de grãos, pode investir em commodities agrícolas.
Por meio do mercado financeiro, é possível comprar e vender contratos de sacas de soja, de milho ou de café sem receber a mercadoria efetivamente .
A seguir, saiba quais são os principais tipos de mercado de commodities e como eles funcionam.
O mercado físico se caracteriza pela troca da mercadoria por dinheiro.
Um produtor que vende suas commodities agrícolas para um comprador, seja no Brasil ou no exterior, está atuando no mercado físico.
Por se tratar de transações globais, o mercado físico de commodities agrícolas geralmente ocorre por meio de bolsas de mercadorias.
No ambiente de bolsa, inclusive, ele é conhecido como mercado disponível ou spot.
São negociações que envolvem a entrega imediata da mercadoria e seu respectivo pagamento à vista.
O mercado a termo é um acordo entre comprador e vendedor para compra ou venda da mercadoria a prazo.
Os detalhes da negociação são definidos previamente, como preço, data de liquidação do contrato e quantidade da mercadoria.
Fechado o contrato a termo, as variações de preço daquela mercadoria não têm mais influência sobre a negociação.
Quando chegar a data acordada, o vendedor entrega ao comprador a commodity e recebe dele o pagamento, como combinado.
O contrato a termo é usado principalmente para eliminar os riscos de mercado de uma negociação, já que neutraliza a volatilidade das cotações.
O mercado futuro é considerado uma evolução do mercado a termo.
Nele, compradores e vendedores negociam contratos futuros de commodities agrícolas (ou de outros ativos) também com preço, quantidade e data predeterminados.
Os contratos futuros são derivativos, ou seja, derivam de um ativo, que, no nosso exemplo, são mercadorias agrícolas.
Uma característica relevante é que não ocorre a entrega física da mercadoria na ocasião do encerramento do contrato futuro.
A liquidação é apenas financeira, efetuada pela diferença de preços. O ajuste, inclusive, ocorre diariamente pela bolsa de valores.
O principal objetivo do mercado futuro para as commodities agrícolas é proteger uma safra de possíveis prejuízos – embora também seja usado para especular.
Um produtor pode usar os artifícios do derivativo para eliminar os riscos da oscilação de preço de sua produção e garantir mais previsibilidade de caixa.
Como commodities têm preço cotado internacionalmente, é difícil prever com algum grau de certeza em que patamar o produto agrícola estará em data futura.
Opções também são derivativos e, como o próprio nome diz, dão ao titular a opção de adquirir ou vender um ativo em data futura por um preço preestabelecido.
As opções são negociadas tanto em bolsas de valores quanto em mercados de balcão organizado.
Na bolsa, possuem características padronizadas. No mercado de balcão, podem ser personalizadas conforme o interesse dos envolvidos.
O comprador (titular) pode adquirir do vendedor (lançador) opções de compra ou de venda.
As opções de compra dão ao titular o direito de comprar o ativo-objeto, em data futura, por um preço estipulado com antecedência.
A opção de venda dá ao titular o direito de vender a mercadoria em data futura por um preço previamente combinado.
Para ter esse direito (de comprar ou vender algo em determinada data por um preço predefinido), o titular paga ao lançador um valor pela opção, denominado prêmio.
Imagine um produtor de milho que, temendo queda nos preços durante a safra, resolve comprar opções de venda da commodity.
A opção estipula o valor de venda da mercadoria e a data futura.
Se, no vencimento da opção, o preço do milho tiver realmente caído, o produtor tem o direito de vender o ativo pelo valor acordado, protegendo-se da desvalorização.
O Brasil é um dos países mais importantes do mundo em produção de commodities agrícolas.
Entre os fatores que favorecem esse protagonismo, estão:
Destaca-se, ainda, o investimento em tecnologias para aprimorar a produtividade no campo e otimizar os espaços de plantio e de criação de gado.
Os principais produtos primários do agronegócio brasileiro são:
No acumulado de 2020, o Brasil exportou US$ 45,27 bilhões em produtos agropecuários, um aumento de 6% em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Economia.
Ao longo das últimas décadas, o agronegócio brasileiro cresceu e se modernizou.
Principalmente nos momentos de crise, é a força do campo que puxa para cima o PIB do país.
Com técnicas avançadas de cultivo, o custo da produção diminuiu ao longo dos anos, ao passo que a produtividade aumentou significativamente.
Da porteira para dentro, as fazendas brasileiras são exemplo para outros países produtores.
Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária em 2019 foi de R$ 651,5 bilhões.
Desse total, R$ 400,7 bilhões foram de produção agrícola e R$ 250,8 bilhões da pecuária.
A soja aparece em primeiro lugar em volume de faturamento, seguida da carne de boi, milho, leite, cana-de-açúcar e frango.
Em relação ao comércio internacional, os produtos do agronegócio representaram 43% do total de exportações brasileiras no mesmo ano, contribuindo para o saldo positivo da balança comercial do país.
Em termos de geração de emprego, ainda conforme levantamento da CNA, o setor absorve praticamente um terço dos trabalhadores brasileiros.
Os dados levam em conta as atividades agropecuárias, de comércio, serviço e agroindústria.
Você pode investir em commodities agrícolas de diferentes maneiras e aproveitar boas oportunidades, tanto no curto quanto no longo prazo.
É possível se expor ao mercado do agronegócio por meio de fundos de investimento, ações de empresas do setor, ETFs ou mercado futuro.
A escolha depende do perfil e objetivo de cada investidor.
Se você busca resultados de curto prazo, especular no mercado futuro pode ser uma boa opção, desde que esteja ciente e compreenda os riscos das operações.
É possível comprar ou vender com facilidade contratos de commodities agrícolas na bolsa de valores, como boi gordo, milho, soja, café, dentre outros.
Os contratos são padronizados, ou seja, têm quantidades específicas de cada mercadoria e datas predeterminadas de vencimento.
Um contrato futuro de boi gordo na B3, por exemplo, é de 330 arrobas.
Embora o valor seja substancial, o investidor não precisa ter saldo em conta para cobrir o valor total do contrato.
Uma margem de garantia é o suficiente, já que a operação no mercado futuro é alavancada.
Ao comprar um contrato de boi gordo, o investidor não tem interesse em receber efetivamente as 330 arrobas.
Seu objetivo é ganhar com a oscilação de preços da commodity.
Como não haverá entrega física da mercadoria, a bolsa permite ao especulador comprar o contrato mesmo sem ter a totalidade dos recursos.
Na prática, ele paga ou recebe apenas a variação do contrato, ajuste que é feito diariamente.
Para o investidor que busca retornos no longo prazo, há outras alternativas mais simples, que permitem exposição ao mercado de commodities agrícolas.
Uma delas é por meio do investimento direto em ações de empresas do agronegócio.
Geralmente as ações das companhias têm correlação positiva com a performance das commodities no mercado internacional.
Se a cotação do produto agrícola sobe, a tendência é de que as ações da empresa produtora se valorizem.
Se o produto cai de preço, as ações também tendem a acompanhar.
Quem investe em ações pode ganhar de diferentes maneiras.
As principais são: ganho de capital com valorização do ativo e recebimento de dividendos.
É possível investir em commodities, ainda, por meio de fundos de investimento de gestão ativa ou ETFs, fundos passivos que replicam a performance de algum índice.
Outra opção são os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), que também começaram a explorar o segmento agro.
Devido à sua importância econômica mundial, o mercado de commodities agrícolas oferece, sem dúvida, opções de investimento bastante atrativas.
Como vimos, é possível se expor ao mercado de diversas maneiras, conforme o perfil e objetivo de cada investidor.
Entre as principais vantagens, destacam-se:
Em qualquer cenário, uma carteira bem diversificada de investimentos é sempre uma boa estratégia.
Um portfólio devidamente balanceado proporciona boa rentabilidade em cenários otimistas, ao mesmo tempo em que garante resiliência em momentos de crise.
Nesse contexto, investir em commodities agrícolas faz todo sentido.
Embora essencial à sobrevivência humana, as commodities agrícolas são precificadas de acordo com a lei da oferta e da procura.
Os preços, portanto, oscilam, para cima e para baixo.
Além do mais, há os períodos de safra e entressafra que têm impacto direto nas cotações.
Para aproveitar as melhores oportunidades, o investidor precisa ficar atento aos acontecimentos internos e externos relacionados ao mercado para surfar os ciclos.
A liquidez também é uma grande vantagem do mercado de commodities agrícolas, principalmente no mercado futuro.
Para quem faz operações curtas em busca de lucros no curto prazo, a liquidez permite entrar e sair de qualquer operação sem dificuldades.
Os riscos das commodities agrícolas podem ser maiores ou menores, dependendo dos ativos escolhidos e das estratégias adotadas.
No mercado de futuros, por exemplo, é possível lucrar tanto na alta quanto na baixa.
Mas como a operação é alavancada, há possibilidade de ganhos turbinados, mas também de perdas exponenciais.
É preciso conhecimento e experiência para se dar bem no mercado de derivativos.
Se a opção do investidor for por ações de empresas do setor ou fundos de investimento, a análise precisa considerar outros aspectos, além da commodity em si.
Uma empresa listada em bolsa pode produzir uma matéria-prima muito lucrativa e rentável, mas ser mal gerida e ir à falência.
Há ainda os fatores externos, como condições climáticas, conflitos geopolíticos e oscilação do câmbio que sempre terão impactos sobre o preço das commodities.
Commodities agrícolas são (e provavelmente continuarão a ser) essenciais à sobrevivência humana.
Países como o Brasil, devido às características favoráveis, se beneficiam disso.
Como vimos, há diferentes maneiras de investir no setor.
Se você quer diversificar o portfólio, tem perfil adequado aos níveis de risco e conhece o funcionamento do mercado, investir em commodities agrícolas certamente valerá a pena.
Ficou interessado em investir em commodities agrícolas?
Então, confira dicas para acertar na escolha.
O primeiro passo é a definição dos objetivos. Você quer especular ganhos no curto prazo ou investir pensando lá na frente?
O propósito de quem busca ganho de capital é diferente de alguém interessado, por exemplo, em renda (como os dividendos).
Há diversas alternativas de investimento no mercado: contratos futuros, ações, fundos e até BDRs.
Algumas opções permitem ao investidor uma exposição direta a uma commodity específica. Outras representam investimentos indiretos.
Você pode ser mais ativo em suas alocações e escolher, por exemplo, o mercado futuro, ou ser mais passivo (fundos, ETFs).
Seja qual for a escolha, o sucesso do seu investimento vai depender do quanto você conhece do mercado.
Estude sempre, domine as técnicas de análise e busque informações em fontes confiáveis.
Assim, aumentará suas chances de êxito, tanto em commodities agrícolas quanto em outros tipos de ativos.
Mostramos neste conteúdo que, além de fundamentais para a economia mundial, as commodities agrícolas são excelentes ativos financeiros.
Com conhecimento e uma boa estratégia de alocação, é possível participar desse mercado gigantesco de diferentes maneiras, seja direta ou indiretamente.
Por meio do mercado de capitais, você pode se tornar sócio de boas empresas do setor, fazer hedge da carteira ou especular ganhos rápidos.
As possibilidades são muitas, tanto no Brasil quanto em outros países.
Mas antes de escolher quais ativos adicionar ao portfólio, informe-se sobre os principais fatores que influenciam os preços das commodities agrícolas.
Condições climáticas, períodos de safra e entressafra e eventuais pragas mexem com a dinâmica da oferta e procura e, consequentemente, com os preços.
Como são matérias-primas cotadas internacionalmente, o investidor deve atentar-se também à variação do dólar, que terá impacto sobre o produto e sobre o lucro das empresas.
Munido de informação de qualidade e ciente dos riscos, você certamente fará bons investimentos neste que é um dos mercados mais importantes do mundo.
Gostou do artigo? Então, deixe seu comentário e compartilhe com seus amigos nas redes sociais.
Aproveite para acompanhar outros conteúdos exclusivos no blog da FIA sobre economia, finanças, gestão e administração de empresas.
Descubra o que é flexibilidade no trabalho e como essa tendência está transformando empresas, atraindo…
O futuro do trabalho em 2025 apresenta mudanças importantes para empresas e profissionais. Descubra as…
A ética na IA envolve princípios e práticas que orientam o uso responsável dessa tecnologia…
A auditoria externa é uma análise detalhada das finanças empresariais, garantindo precisão e conformidade com…
A matriz de materialidade é um método de grande utilidade para as empresas que têm…
Responsabilidade social corporativa: empresas indo além dos negócios tradicionais para um mundo melhor. Saiba mais!