Calcular o CMV (Custo da Mercadoria Vendida) é um dos primeiros passos para a precificação eficiente em empresas que atuam no segmento de comércio.
A partir da identificação do custo da mercadoria, o gestor tem condições de aplicar a margem de lucro justa e mensurar se o negócio está sendo rentável ou não.
CMV é o preço de custo.
Inclui o valor pago pelas mercadorias que compõem o estoque, além do gasto com transporte, impostos, armazenagem, dentre outros.
Para um negócio dar lucro e cumprir sua função, precisa necessariamente ter um preço de venda superior ao CMV. Do contrário, as contas não vão fechar.
Quer saber como usar esse importante indicador contábil a seu favor? Então, continue a leitura pelos seguintes tópicos:
CMV (Custo da Mercadoria Vendida) é a soma de tudo que a empresa gasta para comprar, produzir e estocar seus produtos e mercadorias até que eles sejam comercializados.
Inclui o pagamento dos fornecedores, custo do frete, incidência de impostos, seguros, dentre outros gastos.
O cálculo do CMV exige uma boa gestão de estoque, que pode ser feita de maneira mais eficiente usando sistemas de gestão integrados (Enterprise Resource Planning – ERP).
No caso das empresas revendedoras, toda atividade comercial gira em torno da compra e venda de mercadorias.
Para obter os melhores lucros, é preciso comprar bem (o mais barato possível) e vender bem (o mais “caro” possível).
Entre a compra e a venda, a empresa deve empreender todos os esforços para que os custos inerentes do processo sejam os menores possíveis.
Se o objetivo é comprar para revender, é natural que haja um estoque de mercadorias que precisa ser controlado e avaliado.
Esse controle, que dará subsídio ao cálculo do CMV, pode ser feito com base em diferentes métodos – dentre eles, o Inventário Permanente e o Inventário Periódico:
O CMV (Custo da Mercadoria Vendida) serve principalmente como base de apuração do resultado bruto.
É por meio do indicador que a empresa tem condições de mensurar se sua atividade comercial está sendo ou não lucrativa.
No caso das empresas que atuam no segmento de revendas, o preço pago ao fornecedor pelas mercadorias deve ser sempre inferior ao preço cobrado do cliente final.
O CMV, como vimos, inclui o valor pago pelas mercadorias e outros gastos, como os relacionados à armazenagem.
Logo, ao subtrair do faturamento o Custo das Mercadorias Vendidas, tem-se o lucro bruto.
Nas Demonstrações de Resultado de Exercício, essa informação geralmente aparece logo nas primeiras linhas.
O cálculo do CMV também serve como parâmetro para a precificação do mix de produtos.
Devido a diferentes fatores, o valor desembolsado pela empresa para repor o estoque varia conforme a dinâmica do preço dos fornecedores.
Essas variações, inevitavelmente, influenciam o preço ao consumidor final.
Também pode ser usado na apuração da margem de contribuição dos produtos, a parte do valor das vendas que contribuem para o pagamento das demais despesas do negócio.
O CMV funciona como um indicador de performance operacional.
Ou seja, mede o quanto a empresa gasta para manter sua atividade principal.
Isso é feito por meio da gestão eficiente do estoque, considerando o quanto é despendido para adquirir e manter as mercadorias até que elas sejam vendidas e transformadas em caixa.
Nesse contexto, é importante distinguir os significados de custo e despesa, dois conceitos que costumam gerar confusão.
Custo é tudo que a empresa gasta com sua atividade-fim. São exemplos: aquisição de mercadorias, matéria-prima, pagamento de mão de obra da fábrica, dentre outros.
Despesas são gastos indiretos à atividade-fim, como água, folha de pagamento do pessoal administrativo, telefone, material de escritório, material de limpeza, dentre outros.
Ao subtrair do total de vendas o Custo das Mercadorias Vendidas, a empresa chega a seu lucro bruto.
Ao subtrair do lucro bruto as despesas, que podem ser fixas e variáveis, encontramos o lucro líquido.
O cálculo do CMV leva em consideração alguns elementos relacionados diretamente à gestão de estoque.
Os principais são:
Conforme a dinâmica do mercado, o preço das mercadorias adquiridas no fornecedor sofre variações devido a fatores diversos.
O preço de uma mesma mercadoria, vendida pelo mesmo fornecedor, pode ser diferente dependendo, inclusive, da quantidade adquirida.
Compras em grandes volumes tendem a ter custos menores.
Para descobrir, portanto, quanto foi gasto na aquisição das mercadorias do estoque é preciso adotar algum critério de avaliação.
Existem diversos métodos, dentre eles, os seguintes:
Depois de selecionado o método de avaliação de estoque, basta multiplicar os itens pelo seu custo para descobrir quanto, em valores monetários, a empresa gastou para comprar as mercadorias.
Há outros elementos que podem integrar o cálculo do CMV (Custo das Mercadorias Vendidas), como devoluções de compra (feitas ao fornecedor) e devoluções de vendas (feitas pelo cliente).
O cálculo do CMV é feito a partir de uma fórmula que usa os dados dos elementos mostrados acima.
A fórmula básica é:
Sendo:
Se o objetivo é descobrir quanto custaram as mercadorias vendidas em determinado período, o valor do estoque que já existia deve ser somado às novas compras e subtraído do estoque que ainda resta.
Afinal, as mercadorias que permanecem no estoque não foram vendidas, portanto, não fazem parte do custo de vendas.
A seguir, você vai descobrir que é possível fazer o cálculo do CMV considerando os itens do estoque (por mercadoria) ou o quanto eles representam em termos monetários (saldo monetário).
Vamos usar como exemplo uma loja de bicicletas.
Nesse caso, o cálculo do CMV por mercadoria leva em consideração o estoque em quantidade de itens.
Se a loja tinha 10 bicicletas no estoque no início do mês (EI), comprou mais 10 (C) e no final do período tinha 5 (EF), o CMV por mercadoria, neste exemplo, é de quanto?
Vamos à fórmula para descobrir:
Perceba que o cálculo do CMV por mercadoria basicamente é um balanço de estoque.
Por esse método, o levantamento não mostra quanto custou para a empresa os produtos vendidos e/ou estocados.
Apenas quantos foram comprados, vendidos e quantos ainda estão em estoque.
Por meio das informações fornecidas por esse método, a empresa consegue identificar quais produtos vendem mais, quais vendem menos e fazer, por exemplo, um planejamento de compras.
Com isso, é possível reduzir o risco de perder vendas por falta de estoque ou ter prejuízos por excesso de mercadoria estocada.
O cálculo do CMV por saldo monetário segue a mesma lógica.
A diferença é que, por esse método, o indicador considera quanto cada mercadoria custou para a empresa em termos monetários.
Nos tópicos anteriores, vimos que há diferentes critérios para avaliação de um estoque, dentre eles, o custo médio.
Para facilitar o entendimento, vamos usar o mesmo exemplo da loja de bicicletas.
No início do mês, período que estamos analisando, a loja tinha 10 bicicletas no estoque.
Ao longo do mês, comprou mais 10 unidades e, no final do período, tinha 5.
Vamos imaginar que o custo médio de aquisição de cada bicicleta foi de R$ 100,00. Qual o CMV por saldo monetário neste exemplo?
Para descobrir, voltemos à fórmula:
Ou seja, as 15 bicicletas vendidas, que descobrimos por meio do CMV por mercadoria, custou para a loja R$ 1.500,00, independentemente do preço de venda.
O valor apurado (R$1.500,00) é o preço de custo.
Para verificar se a loja teve lucro ou prejuízo, é preciso saber por quanto ela vendeu as bicicletas.
Para isso, usamos uma outra fórmula:
Sendo:
Sabemos que o Custo das Mercadorias Vendidas da loja foi de R$ 1.500,00.
Vamos imaginar que o total de vendas da loja com as 15 bicicletas foi de R$ 3.000,00. Qual foi, então, o Resultado da Conta Mercadorias (RCM)?
Nesse caso, a empresa obteve um lucro bruto sobre as vendas de R$ 1.500,00.
Ou seja, vendeu as mercadorias por um preço superior ao custo de aquisição.
As fórmulas apresentadas neste texto são básicas e podem ser complementadas por outros elementos, como devoluções de compra e de venda, impostos, custo de frete, aluguel do galpão de estoque, dentre outros custos.
Apesar de parecer complicado e trabalhoso, o indicador CMV pode ser facilmente calculado por meio de sistemas de gestão.
São soluções tecnológicas que fazem o trabalho automaticamente, inclusive em tempo real, dependendo do segmento da empresa e da necessidade do negócio.
Como vimos, o indicador CMV está intimamente ligado a um eficiente controle de estoque.
O estoque pode ser de matéria-prima, de materiais semi acabados ou de mercadorias.
No caso das empresas do ramo de comércio, que ganham dinheiro comprando e revendendo mercadorias, usa-se o CMV.
Mas há outros indicadores semelhantes, como o CPV (Custo do Produto Vendido), usado por indústrias que produzem as próprias mercadorias.
Ou o CSV (Custo do Serviço Vendido), usado para calcular o indicador nas empresas prestadoras de serviço.
De maneira geral, toda empresa do ramo de comércio precisa ter algum nível de estoque.
Mercadorias à disposição garantem eficiência e confiabilidade na entrega, além de evitar perda de venda e de clientes.
Mas é preciso atenção ao tamanho do estoque.
Quando grande demais, engessa o capital de giro e acarreta prejuízos, já que há custos para manter as mercadorias estocadas.
No caso das mercadorias perecíveis, a boa gestão do estoque torna-se ainda mais necessária.
Afinal, nenhuma empresa quer perder dinheiro por causa de produtos com prazo de validade vencido.
O indicador CMV (Custo das Mercadorias Vendidas) fornece dados que compõem a base de cálculo do lucro operacional.
Medir e acompanhar o CMV dá ao gestor condições de elaborar estratégias de controle e redução de custos.
Isso pode ser feito otimizando os gastos com estoque ou negociando melhores condições de compra junto aos fornecedores.
Reduzir o custo com as mercadorias vendidas significa aumentar o lucro sem precisar mexer no preço ao consumidor final.
Essa é uma pergunta para a qual não existe uma resposta única e definitiva.
O melhor CMV é sempre o menor possível.
Quanto menor o Custo da Mercadoria Vendida, maior o lucro bruto da empresa. É uma relação inversamente proporcional.
Algumas empresas conseguem ganhar dinheiro mesmo com margens de lucro baixas. São as empresas de giro.
O lucro é pequeno sobre cada venda feita, mas o volume de vendas é grande, então uma coisa compensa a outra.
Outras empresas giram pouco, mas têm margens altas.
A situação econômico-financeira é diferente para cada tipo de negócio.
Sobre empresas comerciais que revendem mercadorias, há um consenso de que um CMV saudável deve estar entre 30% e 50% do faturamento.
Acima de 50%, pode ficar difícil fechar a conta.
Vale ressaltar que, além do Custo das Mercadorias Vendidas, há outras despesas diretas e indiretas que também precisam ser deduzidas do faturamento total.
Além de servir como base para a apuração do lucro operacional, o CMV (Custo da Mercadoria Vendida) também é um ótimo indicador para otimizar a gestão do estoque.
A partir dos registros de tudo que entra e sai do armazém, inclusive os itens devolvidos, é possível compreender a demanda dos clientes por cada tipo de produto.
Vimos que o CMV pode ser feito por saldo monetário e também por quantidade de mercadorias.
Ambos são úteis na elaboração de estratégias de otimização do estoque.
Por meio do CMV, a empresa consegue identificar, por exemplo, se as devoluções de venda estão dentro do esperado.
Caso seja identificado algum aumento, pode haver algum problema que precisa ser investigado e resolvido.
É possível também descobrir se alguma mercadoria está “encalhada” no estoque, ocupando espaço e minando recursos.
Seria o caso de fazer uma liquidação? O CMV ajuda o gestor a decidir se é viável.
O mesmo pode ser feito com produtos perecíveis que estão próximos da data de vencimento.
Vários aspectos do estoque podem ser mensurados e avaliados com a ajuda do CMV, como sazonalidade de mercadorias, obsolescência e índice de perecibilidade.
Com um sistema integrado de gestão (ERP), a empresa consegue manter um fluxo de comunicação permanente entre o setor de compras, estoque e setor de vendas.
Além de contribuir para a elaboração de estratégias eficientes da gestão de estoque, o controle sistemático também evita extravios de itens e reduz o risco de erros e retrabalhos.
Independentemente do tamanho de sua empresa, saber calcular o CMV (Custo da Mercadoria Vendida) é fundamental para avaliar se a atividade está sendo ou não lucrativa.
O custo, como vimos, não se resume ao preço pago ao fornecedor pelos itens que serão revendidos.
Há gastos com transporte, armazenagem, mão de obra e impostos que também devem ser considerados no cálculo.
Quanto menor o CMV, melhor para a saúde financeira do negócio.
Significa mais lucro sem a necessidade de aumentar o preço para o cliente final.
Além de servir como base para apuração dos resultados operacionais, o CMV ajuda na precificação dos produtos e contribui para a tomada de decisão sobre redução de custos e despesas.
Uma empresa que não calcula o Custo das Mercadorias Vendidas pode até vender muito e, mesmo assim, registrar prejuízo e ir à falência.
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