A classificação de risco proporciona maior qualidade e agilidade no atendimento em unidades de saúde.
Ela surgiu a partir de uma adaptação das triagens realizadas por militares americanos no século XX que, em meio à guerra, precisavam de um sistema para priorizar o atendimento médico a soldados feridos.
O aprimoramento dessa triagem deu origem a diferentes protocolos de classificação de risco, que fornecem apoio a urgências e emergências por todo o mundo.
No Brasil, as unidades de saúde costumam empregar o Protocolo de Manchester para triar os pacientes de forma eficaz.
Quer saber mais sobre essa e outras metodologias de classificações de risco? Então este artigo é para você.
A partir de agora, vamos comentar os objetivos, aplicações e principais dúvidas sobre o assunto.
Confira os tópicos que preparamos:
Boa leitura!
Classificação de risco é um mecanismo que dá suporte ao atendimento em serviços de urgência e emergência, apoiando a rápida triagem de pacientes.
Em vez de acolher os usuários com base apenas no critério de ordem de chegada, os estabelecimentos que usam essa classificação levam outros fatores em consideração.
Como descreve a Secretaria da Saúde da Bahia, a triagem avalia a gravidade clínica, potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento para identificar os atendimentos que devem ser priorizados.
Assim, pessoas em estado crítico recebem socorro imediato, enquanto aquelas em melhores condições de saúde esperam por um período maior.
A ideia é que, ao aplicar a classificação de risco, o enfermeiro ou outro profissional de saúde habilitado enquadre o paciente em um nível correspondente ao seu estado de saúde.
Por isso, os protocolos utilizados atribuem números – e, em alguns casos, cores – para discriminar a gravidade dos casos, em ordem decrescente.
O nível 1, por exemplo, refere-se aos casos mais graves, com alto risco de morte e que necessitam de socorro imediato.
Já o nível 2 é usado para casos com risco menor de morte, mas que ainda requerem atendimento em poucos minutos.
E assim por diante.
Apesar de existirem protocolos distintos, os mais populares são todos formados por cinco níveis, sendo o quinto usado para pacientes com ferimentos superficiais, dores de garganta e outros sintomas leves, que não representam ameaça à vida ou comprometimento de órgãos.
Protocolo de Manchester é um tipo de classificação de risco que separa os pacientes em cinco diferentes níveis, identificados por cores.
Ele foi proposto em 1996 e utilizado, primeiramente, por serviços de emergência do Reino Unido, sendo bastante útil para otimizar o atendimento quando há superlotação no hospital ou pronto-socorro.
A partir de 2008, chegou ao Brasil, sendo incorporado como parte da política de saúde do estado de Minas Gerais.
Também chamada de Sistema de Triagem de Manchester (STM), a metodologia permite o gerenciamento do risco clínico e do fluxo do paciente dentro das unidades de saúde.
Casos críticos são enquadrados no primeiro nível (vermelho), seguido pelo laranja, amarelo, verde e azul – que aponta situações não urgentes.
O STM também prevê o tempo máximo para atendimento aos pacientes, considerando o nível em que foram classificados:
O principal objetivo é priorizar os casos mais urgentes, diminuindo a mortalidade e sequelas devido ao tempo de espera por socorro.
Afinal, grandes eventos, como infarto e parada cardiorrespiratória, são tempo-dependentes, ou seja, pioram muito a cada instante em que o paciente aguarda por atendimento.
Portanto, esses casos devem ser priorizados, não importando a ordem de chegada ou a quantidade de pessoas esperando por socorro.
Outra meta dos protocolos é agregar agilidade e melhorar o acesso aos serviços de saúde, principalmente nos estabelecimentos públicos, onde a superlotação é frequente.
Quando empregada de modo adequado, a classificação de risco é capaz de diminuir as filas de espera e o descontentamento dos pacientes, além de proporcionar um socorro mais humanizado.
De acordo com o Protocolo de Acolhimento com Classificação de Risco da prefeitura de São Luís, outros objetivos desse instrumento são:
Estudiosos do tema apontam, pelo menos, quatro diferentes sistemas de triagem utilizados em países distintos.
Um deles é o Protocolo de Manchester, que se destaca por possibilitar uma avaliação individual rápida e aplicável às mais diversas situações, desde o atendimento após um desastre até a organização de prontos-socorros.
Da mesma forma, os outros três métodos populares atualmente enquadram os pacientes ou vítimas em cinco níveis para dar prioridade aos casos graves.
Confira, a seguir, detalhes sobre cada um.
Foi inspirado em um conjunto de prioridades desenvolvidas na década de 1970 e aprimorado para integrar a política de triagem na Austrália.
Com base na análise de fatores clínicos e comportamentais, enfermeiros determinam em qual categoria os pacientes se encontram, sendo:
Implantada no Canadá, em 1999, a metodologia estabelece um nexo entre sintomas e diagnósticos, tomando como suporte a International Classification of Diseases (CID) – aquela usada por médicos para identificar doenças.
A CTAS emprega cores para discriminar o nível e o tempo de atendimento ideal de cada caso, conforme listado abaixo:
É uma ferramenta usada por serviços de urgência norte-americanos desde 1999.
Simples, define os casos prioritários empregando um único fluxograma, sem especificar o tempo ideal para atendimento.
Possui cinco níveis que indicam:
Em geral, a triagem começa no acolhimento do usuário que procura por uma unidade de saúde, seja um hospital, unidade de pronto atendimento (UPA) ou unidade básica de saúde (UBS).
Após passar pela recepção, o paciente contribui para a elaboração da ficha de atendimento, fornecendo dados preliminares sobre seu histórico e queixa atual.
Em seguida, é encaminhado ao responsável pela classificação de risco, que pode ser um enfermeiro ou auxiliar de enfermagem.
Esse profissional se baseia em um protocolo específico, colhendo informações através da escuta qualificada.
Depois, vem a avaliação física, quando são observados critérios como choque, desmaio, tipo de dor, se o paciente está consciente, desorientado ou sob o efeito de álcool ou drogas.
Em seguida, o enfermeiro mede a temperatura, pressão e frequência cardíaca do usuário, verificando se há anormalidades.
Esses dados são combinados às informações da ficha de atendimento, culminando na classificação de risco.
Em resumo, os seguintes fatores impactam nesse enquadramento:
Como explicamos mais acima, os níveis para classificação de risco dependem do protocolo ou sistema de triagem adotado.
Vamos, então, tomar como referência o Protocolo de Manchester, que vem sendo utilizado em diversos estabelecimentos de saúde brasileiros.
Comentamos, abaixo, o significado e exemplos de cada nível dessa ferramenta.
Corresponde às emergências, pacientes em estado crítico, que necessitam de encaminhamento imediato para a sala de ressuscitação.
Normalmente, eles sofreram eventos graves, portanto, a equipe de saúde não deve perder tempo realizando todos os procedimentos de classificação de risco.
O socorro deve ser prestado imediatamente, já que o quadro piora a cada segundo.
Infarto, politrauma e parada cardiorrespiratória são exemplos de enquadramento neste primeiro nível do Protocolo de Manchester.
Indica situações muito urgentes, com alto risco de evoluir para a morte do paciente.
Trauma moderado e convulsões podem receber a classificação laranja, que requer atendimento rápido, em até 10 minutos.
São os casos urgentes, mas que não representam risco imediato de morte ao paciente.
Queimaduras menores e dores abdominais são exemplos de enquadramento neste nível, necessitando encaminhamento para avaliação médica o mais breve possível.
O tempo ideal de atendimento não deve ultrapassar 60 minutos, e o paciente deve ser reavaliado periodicamente.
Quando um paciente recebe a classificação verde, significa que seu caso é pouco urgente e pode ser atendido em unidades de atenção básica.
Ele pode ter dores abdominais ou de cabeça moderadas, doenças psiquiátricas e outros males que não apresentam risco de morte ou comprometimento de órgãos e sistemas.
Faz referência aos casos não urgentes, que podem ser encaminhados para consulta médica e atendidos, de preferência, em Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Pequenos ferimentos, escoriações, resfriados e queixas crônicas são enquadrados neste quinto nível.
A classificação de risco vem ganhando popularidade no Brasil desde o início dos anos 2000, graças a legislações e protocolos criados para otimizar o gerenciamento dos serviços de urgência e emergência.
Documentos como a Portaria GM/MS n.º 1.863/2003 surgiram em resposta à crescente superlotação dos hospitais e queda na qualidade do atendimento.
Afinal, quando não há uma gestão eficiente, os pacientes ficam esperando por mais tempo, o que impacta no socorro, superando a capacidade de atendimento dos hospitais.
O resultado são longas filas de espera, socorro prestado nos corredores, aumento da mortalidade, sequelas e usuários insatisfeitos – em especial na esfera pública.
Pensando nisso, o Ministério da Saúde lançou, em 2003, a Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão, que citou o acolhimento com classificação de risco como instrumento para melhorar a qualidade dos serviços de urgência.
A legislação permanece em vigor, favorecendo a humanização através de ferramentas como o Protocolo de Manchester.
De acordo com o Ministério da Saúde, acolher significa:
“Reconhecer o que o outro traz como legítima e singular necessidade de saúde. O acolhimento deve comparecer e sustentar a relação entre equipes/serviços e usuários/populações. Como valor das práticas de saúde, o acolhimento é construído de forma coletiva, a partir da análise dos processos de trabalho e tem como objetivo a construção de relações de confiança, compromisso e vínculo entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes e usuário com sua rede sócio-afetiva.”
Nesse sentido, as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) devem empregar a escuta qualificada e avaliação da vulnerabilidade, gravidade e risco, priorizando os pacientes em estado crítico.
Ou seja, elas devem utilizar protocolos para uma correta classificação de risco, seguindo manuais oficiais, como esta publicação.
Ao prever a utilização de uma classificação de risco, o Ministério da Saúde cita pontos importantes, a exemplo do uso de pelo menos quatro níveis para triagem.
Também indica que cada unidade de saúde estude os sistemas de triagem disponíveis e faça adaptações, a fim de que atendam suas demandas específicas – nível de complexidade, horários de pico, etc.
Além do acolhimento, a Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão tem como diretrizes:
Para não restarem dúvidas, separamos para você as principais perguntas e respostas a respeito da classificação de risco e seu uso no Brasil.
Confira!
Não.
Todos os protocolos de classificação de risco se propõem a amparar a triagem dos pacientes, de forma que os casos mais críticos sejam atendidos antes dos menos urgentes.
É definido após uma avaliação inicial e classificação de risco.
Geralmente, a população brasileira se dirige para o hospital quando precisa de qualquer tipo de atendimento, seja diante de uma gripe, desmaio ou trauma.
O problema é que os hospitais precisam dar prioridade aos casos mais graves, como emergências, pois são estruturados para socorrer pacientes em condição crítica.
Por isso, há situações em que o usuário, após passar por atendimento prévio e classificação de risco, será encaminhado para consulta médica ou atendimento em unidades mais simples.
Apenas os níveis 1 (vermelho) e 2 (laranja) do Protocolo de Manchester, por exemplo, precisam ser atendidos no hospital.
Os níveis 3 (amarelo) e 4 (verde) podem se dirigir a uma Unidade de Pronto-Atendimento 24h (UPA).
Dependendo da disponibilidade, pacientes com classificação verde podem até ser atendidos em Unidades Básicas de Saúde ou Unidades de Saúde da Família – assim como aqueles enquadrados no nível 5 (azul).
Nos serviços de pronto atendimento, serve para organizar o socorro e identificar quais pacientes se encontram em estado crítico e quais têm condições clínicas para esperar por mais tempo.
Com essas informações em mãos, as equipes de saúde podem definir uma ordem de atendimento mais humanizada, que leve em conta as necessidades dos usuários, e não somente seu horário de chegada.
Vale citar o Sistema de Triagem de Manchester, criado na Inglaterra; o Australasian Triage Scale, da Austrália; o Canadian Triage and Acuity Scale, do Canadá; e o Emergency Severity Index, dos Estados Unidos.
O Protocolo de Manchester é empregado para apontar a gravidade da condição de saúde do paciente, enquadrando-o em um dos cinco níveis definidos por cores.
A cor vermelha indica emergências com alto risco de morte; laranja, casos muito urgentes; amarela, urgências moderadas; verde, urgências menores; e azul, não urgências.
Falamos, neste artigo, sobre a importância e diferentes protocolos usados para a classificação de risco em serviços de urgência.
Conhecer essas ferramentas é fundamental para reduzir a superlotação nos hospitais e melhorar a eficiência no atendimento aos pacientes.
Se você atua com cuidados ou gestão voltada à área da saúde, vale a pena acompanhar as inovações quanto aos sistemas de triagem.
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