Você já deve ter visto inúmeras vezes notícias no jornal e na TV dando conta do crescimento ou queda do PIB no Brasil, certo?
Essa palavrinha já se tornou tão corriqueira no noticiário político e econômico que, na maioria das vezes, os meios de comunicação nem perdem tempo explicando o que ela significa.
Por isso, quem deseja realmente compreender o que o PIB do Brasil significa, o que ele nos informa – e o que não informa – e como ele é calculado, precisa ir em busca dessa resposta.
Se essa é a sua intenção, veio ao lugar certo, pois a proposta deste artigo é justamente esclarecer tudo isso.
O aprofundamento no assunto é importante para ter uma noção maior da macroeconomia, ramo que estuda fenômenos econômicos que ocorrem no contexto de uma estrutura como região ou país, ou de um setor.
Ter pelo menos uma base sobre esse conhecimento é fundamental sobretudo para quem deseja empreender ou ocupar um cargo de gestão em uma organização.
Afinal, hoje, mais do que nunca, precisamos compreender uma empresa não como uma iniciativa individual de seu fundador, mas como parte de um universo complexo que chamamos de mercado.
É verdade que o mercado está mais globalizado do que nunca, pois a internet e tecnologias adjacentes encurtaram as distâncias, possibilitando que marcas possam agir em uma escala global.
Não é possível chegar a esse estágio, porém, sem antes compreender o nosso país. E é por isso que entender o PIB do Brasil é uma etapa importante do processo.
Veja quais serão os tópicos abordados neste artigo:
Boa leitura!
PIB é o acrônimo de Produto Interno Bruto, um indicador muito utilizado na macroeconomia para medir as riquezas produzidas por uma região em um determinado período.
Na utilização mais comum desse indicador, é calculado o PIB anual, semestral ou trimestral de um país.
As tais riquezas correspondem aos bens e serviços produzidos formalmente no país dentro do período estabelecido.
Atividades como um trabalhador sem carteira assinada ou vendas ilegais não são medidas pelo PIB.
Para se chegar a um número que expresse a tal riqueza, a produção – que vem da indústria, agropecuária e setor de serviços – é traduzida em dinheiro.
No caso do PIB Brasil, em reais, é claro.
Mas veja bem: não é que o PIB contabiliza os valores arrecadados a partir da comercialização dos tais bens e serviços.
Ele mede somente a produção, por isso, se um carro é produzido em 2018 e vendido apenas em 2019, ele entra no PIB do primeiro ano, não do segundo.
Mais adiante, explicaremos melhor como é feito o cálculo para se chegar no Produto Interno Bruto.
Desde 1990, o PIB do Brasil é calculado pelo IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, um órgão federal subordinado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Antes disso, a instituição responsável por medir o indicador no país era a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O PIB é o principal indicador macro da atividade econômica e riqueza produzida por um país ou região.
Ele serve simplesmente para que gestores públicos, empresários, investidores, imprensa e a população em geral tenham ideia de como anda a economia do país em um âmbito geral.
O bruto, no mundo da economia, caracteriza um cálculo total, que não leva em conta todos os descontos e taxas que agem sobre o montante, em oposição ao líquido, que leva.
Com uma licença poética, porém, poderíamos imaginar que a palavra bruto é um sinal de que o PIB do Brasil, apesar de importante, não diz tudo.
O que queremos dizer com isso é que deve haver um cuidado para não confundir as coisas e achar que esse é também um indicador de desenvolvimento.
Na realidade, o PIB é um indicador que, se avaliado progressivamente, mede o crescimento de uma economia.
Dividindo o PIB total pelo número de habitantes, obtemos o PIB per capita, que nos permite uma análise mais precisa das condições de vida do lugar.
Países muito populosos, como Índia e China, têm um PIB maior do que a Dinamarca, por exemplo, porque a soma das riquezas produzidas é muito maior.
No entanto, a riqueza média de um dinamarquês é muito maior do que a de um indiano ou de um chinês.
Mesmo o PIB per capita, porém, não dá conta de uma análise social completa, pois ele faz uma média, enquanto as riquezas podem estar mal distribuídas.
Por exemplo, se 10% da população de um país é responsável por 50% do PIB, isso significa que as condições gerais de renda não são as melhores, mesmo que o PIB per capita seja alto, pois os mais ricos têm uma fatia bem maior do bolo.
Isso tudo não quer dizer que o PIB, total ou per capita, não seja indicativo de nada.
Quando ele cresce, geralmente, esse é bom sinal, pois significa que está se produzindo mais no país – o que, por consequência, quer dizer que há mais consumo, vendas e investimentos.
Basta tomar cuidado para, ao analisar a qualidade de vida, levar em conto outros indicadores, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e números relativos à distribuição de renda, saúde, segurança, educação e mobilidade.
De acordo com o IBGE, o PIB do Brasil fechou 2018 em R$ 6,8 trilhões.
Esse balanço foi divulgado recentemente, no dia 28 de fevereiro de 2019 – afinal, mesmo após o fim do ano, o órgão precisa de tempo para finalizar os cálculos.
Com os números totais do acumulado nos 12 meses, é possível comparar com o PIB brasileiro de 2017.
O resultado foi um crescimento discreto, de 1,1% na comparação com o ano anterior.
O PIB per capita ficou em R$ 32.747, com um percentual de crescimento de 0,3% – ele difere do crescimento do PIB total pois leva em consideração o aumento da população.
O IBGE divulga também dados detalhados, com o PIB de acordo com o setor produtivo.
Por categoria, o Produto Interno Bruto de 2018 no país foi o seguinte:
Com o resultado, o Brasil ocupa a 40ª posição em um ranking da Austing Rating, que avalia o crescimento do PIB das 42 maiores economias do mundo, ficando à frente apenas da Itália e Japão.
Considerando que, em 2015 e 2016 o PIB brasileiro caiu, com o crescimento do último ano, o país voltou ao mesmo patamar que apresentava no primeiro semestre de 2012.
Ao contrário do que alguns podem imaginar, não é nada simples calcular o PIB de um país.
Afinal, não há um repositório com todos os dados do que foi produzido em cada área da economia para simplesmente ser somado, em uma operação simples, e chegarmos assim ao resultado.
Na realidade, para quem não é da área da economia, em um primeiro momento, o cálculo do PIB pode parecer um tanto complicado.
Para começar, vamos entender o que entra e o que não entra na conta. A principal regra é que só devem ser considerados os bens e produtos finais.
Por exemplo, se um produtor agrícola vende laranjas por um preço X para uma agroindústria, que a transforma em suco e vende ao preço Y para o consumidor final, apenas o valor Y entra na conta.
Isso serve para evitar a dupla contagem. Se ambos os valores fossem utilizados, haveria uma riqueza (a laranja) repetida, distorcendo o indicador para cima.
Outro valor que não entra no cálculo do PIB – além dos já citados trabalho informal e comércio ilegal – é a revenda.
Por exemplo, se uma casa que foi construída em 2000 é vendida a um novo dono em 2018, esses valores não são considerados no PIB, porque já constavam no indicador de 18 anos atrás.
Por outro lado, entram na conta, além de bens e serviços produzidos, investimentos de empresas visando aumentar a produção futura e gastos do governo para atender à população.
A partir dessas premissas, são feitos três cálculos, obedecendo a três lógicas distintas.
O primeiro cálculo é pelo método da riqueza, em que tudo que é produzido na indústria, agropecuária e no setor de serviços é somado.
O segundo método de cálculo é o da demanda, em que o consumo das famílias, consumo do governo, os investimentos do poder público e as exportações, enfim, tudo que é comprado, entra nessa conta.
Por fim, temos a ótica da renda, em que são somadas todas as remunerações: salários, juros, aluguéis e valores oriundos de lucros distribuídos.
Para entender melhor: se você gasta R$ 50 reais comprando alimentos de um produtor rural na feira, pela ótica da oferta, eles constam nos dados da agropecuária; pela lógica da demanda, no consumo das famílias; e na ótica da renda, na categoria dos salários.
Os três cálculos devem chegar ao mesmo resultado para que seja fechado o resultado do PIB do Brasil.
Os dados que alimentam essas contas vêm de pesquisas anteriores do IBGE, formulários e estimativas.
Como você pôde notar, calcular o PIB de um país não é nada simples.
Basta lembrar que o economista Richard Stone, o primeiro a propor esse cálculo, foi premiado com o Prêmio Nobel de Economia, por “suas contribuições fundamentais para o desenvolvimento de sistemas de contas nacionais, aprimorando substancialmente a base da análise econômica empírica”.
No noticiário político atual, nenhum assunto é tão discutido quanto a Reforma da Previdência.
Será que existe alguma relação entre esse tema e o PIB do Brasil? Sim, e já vamos explicar.
A Previdência Social é um programa de seguro social, em que o trabalhador contribui mensalmente para ter assegurada uma renda quando não puder mais trabalhar, ou seja, quando se aposentar.
Acontece que, como a expectativa de vida sobe e a população envelhece, os gastos do governo com a previdência aumentam.
O problema é que, com o PIB crescendo pouco, apenas 1,1% em 2018, fica difícil fechar a conta.
Nesse contexto, a Reforma da Previdência diz respeito aos esforços dos poderes executivo e legislativo para alterar as regras de aposentadoria dos contribuintes brasileiros para um maior equilíbrio nesse cálculo.
A conexão entre o índice e a reforma foi tema de uma nota divulgada pelo Ministério da Economia, logo após a divulgação do resultado do crescimento inexpressivo do PIB em 2018.
Além de considerar o baixo crescimento um fator que aumenta o grau de urgência da reforma, o ministério considera que uma aprovação da reforma colabora para a retomada de crescimento mais expressivo, conforme o trecho abaixo:
“Para que o PIB per capita volte a crescer de maneira sustentável, é necessário que as reformas estruturais ocorram. A Nova Previdência é condição necessária para o equilíbrio fiscal de longo prazo da economia, melhorando o ambiente de investimento e evitando uma nova década perdida.”
Comparar o Produto Interno Bruto de diferentes países é complicado, porque cada um tem seus critérios e métodos para calcular a riqueza produzida.
Por isso, precisamos recorrer a um ranking mundial, que utilize os mesmos critérios para avaliar todos os países.
Vamos exibir, a seguir, a estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI) de abril de 2018.
É um cálculo que leva em conta a paridade do poder de compra (PPC), um método formulado pelo economista sueco Gustav Cassel, que ajuda a comparar com maior precisão as diferenças entre a prosperidade material dos países.
Afinal, leva em conta o custo relativo da vida (pois bens e serviços têm diferentes preços de um país para outro) e taxas de inflação, o que reduz as distorções nos comparativos.
A partir desses critérios, a lista do FMI é a seguinte (os valores estão em dólares):
Embora esse cálculo seja bastante diferente do que é considerado no ranking das maiores economias do mundo, ele sinaliza uma transformação na ordem econômica mundial que devemos observar nas próximas décadas.
Estamos falando da China deixando os Estados Unidos para trás.
Um relatório da PwC estima que, até 2050, a economia chinesa chegue a quase US$ 58,5 trilhões, enquanto a dos Estados Unidos ficará em torno de US$ 34,1 trilhões.
Na divisão da produção brasileira para o cálculo do PIB, o setor de serviços é responsável por mais da metade dos valores, seguido pela indústria e, por último, pela agropecuária.
Como só entram na conta do PIB do Brasil os bens e serviços finais, para evitar a dupla contagem, os percentuais de cada setor não representam um retrato fiel da produção brasileira.
Nos primeiros anos do século 21, o PIB brasileiro cresceu muito, impulsionado pelo agronegócio.
O grande destaque do setor é a soja, de longe o produto agrícola mais cultivado no país. A nível global, o Brasil disputa com os Estados Unidos o posto de maior produtor.
Outros produtos agrícolas com produção destacada são o milho, trigo, arroz, café, cana-de-açúcar e cacau, sem esquecer a produção de carne – de gado, frango e suínos, principalmente.
No setor da indústria, destaca-se a produção de automóveis, aço, aeronaves, bebidas, bens de consumo duráveis e a indústria petroquímica.
Quanto aos produtos importados, os principais são petróleo bruto, automóveis, óleos combustíveis, autopeças e medicamentos.
PIB, sigla de Produto Interno Bruto, é um indicador muito importante na macroeconomia.
Ele ajuda a entender o crescimento ou recessão econômica enfrentada por um país ao longo dos trimestres e anos.
Conforme destacamos no início deste artigo, o resultado do PIB não explica tudo.
Um país pode ter um PIB alto, com boas taxas de crescimento anual, e isso não garante que ele terá progresso social.
Mas quando o PIB sobe costuma ser bom sinal. Pois uma produção maior costuma estar relacionada ao maior poder de compra da população, um sintoma de saúde na economia.
Nesse sentido, é sempre bom considerar o PIB per capita, que nada mais é que o resultado do Produto Interno Bruto em reais dividido pelo total da população do Brasil.
De qualquer forma, o importante é entender que um indicador não traz as respostas em si, é apenas um número que ajuda a compreender uma conjuntura maior.
Outros dados, divulgados pelo IBGE e outros órgãos de pesquisa, podem ajudar a compor, junto com os números do PIB, uma análise mais completa.
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