Com o desenvolvimento acelerado da tecnologia, cada vez se fala mais sobre a importância do incentivo à inovação na sala de aula. E não é por acaso.
A nossa realidade atual é a de um mundo conectado, onde a internet já se faz presente nas vidas de mais de metade da população global.
No Brasil, são pelo menos 116 milhões de usuários online, segundo pesquisa recente realizada pelo IBGE.
É inevitável que a transformação digital gere impactos no ensino, certo? Apenas em parte.
Afinal, ainda que novas metodologias de aprendizagem estejam disponíveis, a educação regular preserva um formato conhecido há décadas, no qual o aluno é figura passiva.
Especialmente no ensino superior, com a educação de adultos, esse é um modelo que já não conta com a aceitação integral do público.
Afinal, as pessoas têm pouco tempo para estudar e precisam de um conhecimento que as motive, com aplicação prática o mais imediata possível.
É essa necessidade que faz crescer os debates sobre a inovação na sala de aula.
Estamos falando sobre um processo que vai muito além do uso da tecnologia, como veremos ao longo deste artigo.
É claro que todo o tipo de dispositivo conectado à internet pode ser empregado com benefícios à aprendizagem, mas inovar não se limita a eles.
Por vezes, inclusive, exige mais ideias e ações do que investimentos.
Confira os tópicos que preparamos para a sua leitura:
Se o assunto interessa, siga acompanhando até o final do texto.
Quando falamos em inovação na sala de aula, existem dois entendimentos principais do tema.
O primeiro caminho entende que o desafio de surpreender o aluno e prender a sua atenção é superado com a introdução de novidades tecnológicas, materializadas em produtos, processos e serviços.
O outro caminho usado para abordar a inovação é um pouco mais acessível, já que defende a inovação como uma necessidade de desafio.
O foco vai para a consolidação das relações professor-aluno, de modo que, a partir disso, o docente encontre a melhor maneira de apresentar o conteúdo programático, de acordo com a realidade dos estudantes.
Apesar de a maioria dos diretores, educadores e até mesmo alunos automaticamente associarem inovação à tecnologia, são dois conceitos que não necessariamente precisam estar juntos.
É claro novos dispositivos podem gerar interatividade e despertar a curiosidade da turma de alunos, mas a troca do tradicional quadro negro por uma lousa digital não é suficiente para afirmarmos que ali existe inovação na sala de aula.
Pensar que a tecnologia por si só garantirá uma melhora nos níveis de atenção e compreensão é uma forma de simplificar o desafio que se lança às instituições e profissionais.
A verdade é que tecnologia alguma pode substituir o papel do professor. Ou seja, ela serve apenas como uma ferramenta que, nas mãos certas, pode ter um impacto brilhante no ensino.
Como meio que oferece apoio, estudantes podem usar a tecnologia com o intuito de reforçar a aprendizagem, assim como também contribuir com a compreensão sobre o papel da tecnologia em si.
Nenhum dispositivo, porém, será útil para ao ensino se não houver uma condução responsável e uma orientação adequada sobre seu uso.
Para alcançar a inovação, é preciso ter um método que dê à tecnologia uma função na educação. Para isso, devemos mudar paradigmas e provocar novas maneiras de pensar.
Ou seja, é impossível inovar sem gerar uma disrupção nos modelos e linhas de pensamento dominantes.
Só a inovação disruptiva é capaz de adaptar as novas tecnologias para que elas tenham uma utilidade dentro de cada contexto social.
E é sobre ela que vamos falar no próximo tópico.
Muito usado principalmente quando falamos a respeito de empreendedorismo, o conceito de inovação disruptiva foi registrado pela primeira vez em 1997.
O termo surgiu de uma pesquisa sobre o disco rígido conduzida pelo professor de Harvard Clayton M. Christensen.
O pesquisador definiu a inovação disruptiva como a transformação de uma tecnologia, produto ou serviço em algo novo, mais simples, conveniente e acessível.
A palavra “disruptivo” é um adjetivo que diz respeito àquilo que pode causar disrupção ou que tem capacidade de romper – e é isso que buscamos com a inovação na sala de aula.
É preciso romper com os modelos tradicionais, buscando uma nova metodologia que agregue mais pessoas ao processo educacional.
Por mais que o conceito indique um rompimento com as formas tradicionais de ensino, a inovação na educação busca remendar um distanciamento anterior: o rompimento dos alunos com o conteúdo ensinado.
As aulas tradicionais permanecem sendo o método utilizado por muitos professores em instituições educacionais dos mais variados níveis de ensino.
É uma didática na qual ele fala e os alunos ouvem.
Há lições no quadro negro e uma fileira de carteiras, com um estudante atrás do outro, mas nem sempre obtendo dele o acompanhamento e mesmo a motivação com o conteúdo exposto.
É preciso fugir das aulas teóricas, tendo em mente que elas não condizem mais com a rotina caótica que vivemos nos dias de hoje.
Para responder como fazer isso, vamos analisar individualmente as realidades de escolas, faculdades e cursos de pós-graduação.
Conquistar a atenção dos alunos tende a ser um dos maiores desafios para professores e educadores do ensino básico.
Primeiro, porque estamos falando de crianças e adolescentes que ainda estão aprendendo a lidar com suas frustrações e que, nem sempre, têm o material necessário para se comunicar de forma assertiva.
Ainda, existe na escola um fator básico que faz toda a diferença no comportamento do aluno: a presença mandatória.
Enquanto no ensino superior os alunos estão ali por livre arbítrio, frequentar ou não as aulas não é uma escolha para quem ainda não atingiu a vida adulta.
Todo esse quadro nos leva a enxergar a necessidade de um novo modelo que seja capaz de compreender e agregar todos os alunos com certa flexibilidade para se adaptar às necessidades individuais e coletivas.
A inovação dentro das escolas é, portanto, uma resposta criativa à situação-problema em que a educação constantemente perde para o celular e outros dispositivos tecnológicos na batalha pela atenção.
Imagine só um cenário em que o tempo gasto com redes sociais e jogos online pudesse ser convertido em uma lição sobre algoritmos, computação gráfica ou comunicação interpessoal.
Esse é apenas um exemplo de inovação na sala de aula.
A questão do gerenciamento da atenção também se faz presente quando falamos do ensino superior.
Ingressar na faculdade é uma conquista que, por si só, já indica um desejo de assistir às aulas e de frequentar aquele espaço.
Mas, por mais que cursar uma graduação seja uma atividade facultativa, muitos alunos se frustram ao descobrir uma universidade engessada, que nem sempre consegue dialogar com as suas realidades.
A verdade é que os alunos querem ser agentes transformadores da sociedade, e isso fica ainda mais evidente quando lidamos com um público mais experiente, como é o caso de muitos daqueles que hoje frequentam o ambiente universitário.
Após passar anos respondendo à autoridade do professor, muitos estudantes sentem dificuldade em aceitar esse papel na fase adulta.
O velho modelo do mestre compartilhando conhecimento com seus pupilos já não cabe mais para muitos deles.
É nesse momento que uma abordagem como a Andragogia, voltada ao ensino de adultos, cresce como alternativa, promovendo algo que muitos alunos desejam: autonomia e aplicação prática do conhecimento.
Se a inovação disruptiva já se faz importante nas outras fases da educação, nas especializações, isso fica ainda mais evidente.
Precisamos ter em mente que as profissões do futuro vão exigir muito conhecimento e uma capacidade imensa para refletir e propor novas soluções.
Sendo assim, o aluno precisa estar preparado para essa nova realidade, e os cursos de pós-graduação devem ser capazes de atender à demanda.
Com caráter mais profissionalizante, talvez seja essa área a de maior facilidade para se adaptar à nova realidade e inovar em sua metodologia.
Também por serem cursos de menor duração, é mais evidente a necessidade de apresentar o conteúdo de maneira compactada, sem abrir mão de uma didática capaz de reter a atenção.
Você já deve ter percebido que a inovação tem por objetivo tornar a vida mais fácil e melhor.
A tecnologia, sozinha, não é, nem nunca foi, suficiente para causar transformações.
Pelo contrário, ela deve ter seu uso acompanhado de perto e, só assim, pode propiciar aos estudantes uma melhor comunicação e novos modos de pensar sobre o mundo.
O aluno do presente se coloca como autor de sua própria narrativa e exige um modelo educacional que se adapte às suas demandas.
E, nessa nova realidade, o professor não perde sua importância, mas apenas tem seu papel modificado, aparecendo agora como um mediador e facilitador do processo de aprendizagem.
A autonomia, o protagonismo e a independência devem ser incentivados para não ver as salas de aula esvaziadas, em razão de o método utilizado já não fazer mais sentido para quem busca aprender.
A evasão acontece, dentre outros motivos, porque o modelo tradicional já não é mais motivador – e é essa grande importância e urgência da inovação disruptiva na sala de aula.
Nunca falamos tanto de inovação na sala de aula e, ainda assim, não existe um consenso sobre o melhor caminho a ser seguido.
Isso porque não há receita de bolo para uma educação inovadora, e a questão precisa ser analisada caso a caso.
É preciso entrar na realidade de cada turma e de cada aluno para compreender suas expectativas e dificuldades acerca do tema que será estudado.
Na prática, a educação precisa encontrar novas linguagens que permitam uma comunicação mais horizontal entre alunos e professores.
Apesar disso, há propostas de atividades que valorizam a inovação na sala de aula, a exemplo de:
Por mais que não exista uma fórmula universal para planos de aula inovadores, há pontos considerados como chave para recuperar e prender a atenção de seus alunos.
Uma das defensoras da educação disruptiva é a professora e pesquisadora María Acaso, de Madrid (Espanha).
Em sua pesquisa, Acaso destaca o quão ultrapassada está a educação nos dias de hoje e a grande necessidade de buscarmos soluções inovadoras.
Em vídeo publicado pela Fundación Telefónica, a pesquisadora defende que existem cinco pontos básicos que devem ser utilizados para romper com o sistema obsoleto:
Diz respeito à autoridade dentro da sala de aula, que deve ser explicitamente abdicada pelo docente e compartilhada com o estudante.
Assim, aluno assume uma posição mais ativa sobre a sua própria educação.
Aponta para a necessidade de parar de trabalhar de forma automática, passando para uma forma de trabalho reflexiva que dê valor ao contexto social que está invisível aos olhos.
Acaso defende que é preciso romper com as fronteiras físicas da sala de aula, flexibilizando o tempo e o espaço para que parte da educação possa acontecer remotamente e/ou em horários alternativos.
Passar um quadro de informações fechado pode ser extremamente limitante para o aluno.
Por isso, é importante introduzir referências da cultura pop, audiovisual, cinema, gastronomia e artes em geral para que todos se sintam inseridos dentro do contexto da sala de aula.
Por último, mas não menos importante, a pesquisadora fala sobre a organização do conhecimento.
O aluno deixa de trabalhar com o conhecimento como um sistema receptor, assumindo ele também o papel de produtor de conhecimento, capaz de aprender e ensinar.
Esclarecido o conceito de inovação disruptiva e seus benefícios para uma educação revitalizada, separamos algumas dicas e exemplos de como aplicar tudo isso na prática.
Uma das ações mais simples que um professor pode fazer para inovar dentro da classe é mudar a disposição dos móveis.
Estamos tão acostumados com a planta da sala de aula com cadeiras enfileiradas olhando para um púlpito ou mesa que sugerir que os alunos se organizem em um semicírculo pode ser o suficiente para mudar a dinâmica da turma.
Toda aula tem aquele momento em que os alunos apresentam suas dúvidas para o professor – uma ótima oportunidade para inverter um pouco as posições.
O docente pode aproveitar para trazer as suas próprias questões, a fim de entender se o conteúdo está sendo absorvido de maneira satisfatória.
Parte importante do processo educacional, é preciso ter uma escuta ativa para compreender as demandas da turma.
Deve fazer parte do cotidiano do docente o diálogo com seus alunos, tanto como coletivo quanto individual.
Um bom jeito de fixar o conteúdo programático é estabelecer a associação com temas e narrativas que já estão presentes no imaginário.
Por isso, é importante estar atualizado nos assuntos que estão em alta para conseguir formular exemplos e metáforas que sejam familiares ao estudante.
Uma boa maneira de permitir que o aluno se sinta inserido é colocando ele em contato com os temas estudados em um ambiente que permita interatividade.
Tanto os jogos de tabuleiro quanto os jogos online são ótimas ferramentas nesse sentido.
Assim como os jogos, a realização de dinâmicas permite ao aluno absorver o conhecimento por outros sentidos que não apenas a visão e audição.
Outro recurso que pode e deve ser explorado é a música, que serve tanto como registro de uma época histórica quanto como ferramenta para entender matemática ou lirismo, por exemplo.
Alternativa interessante de compartilhar a autoridade em sala de aula, os debates e seminários trazem o aluno para o papel de agente, que não só recebe como também produz e compartilha conhecimento.
Foram-se os dias em que a nota servia de distinção entre os mais e menos inteligentes dentro da turma.
A realidade atual exige que novos métodos e avaliação sejam propostos para que se consiga ter um quadro mais completo quanto à compreensão do aluno sobre o tema.
A educação inovadora tem como principal característica a horizontalidade na transmissão de conhecimentos.
Por isso, a maior característica de um docente inovador é sua disponibilidade para também aprender com os alunos que ensina.
Neste artigo, falamos sobre a inovação na sala de aula.
Com importantes mudanças acontecendo a todo momento, é preciso que a educação também se transforme.
Muito além de uma ansiedade em englobar novas tecnologias, a inovação disruptiva se faz urgente porque existe uma demanda para isso.
É preciso de um novo modelo para uma demanda que já é antiga e tende a se intensificar no futuro.
Mas antes que o futuro chegue, os alunos do presente já se mostram independentes e disruptivos – e assim também precisa ser a educação.
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