A Economia Verde é resultado de uma agenda que contempla cada vez mais temas ambientais e de impacto social.
As empresas preocupadas com práticas sustentáveis encontraram nesse conceito uma maneira de ajudar o planeta e também garantir um importante diferencial competitivo, principalmente no Brasil.
Um recente levantamento publicado pela McKinsey & Company divulgou que 85% dos brasileiros afirmaram se sentir melhor consumindo produtos sustentáveis.
Para demonstrar que estão de fato mais preocupadas com o impacto de suas ações no meio ambiente, 96% das 250 maiores organizações nacionais passaram a incluir dados sobre sustentabilidade em seus relatórios, segundo pesquisa da KPMG.
Ou seja, a Economia Verde é uma realidade.
Para entendê-la melhor e conseguir implementar alguns de seus conceitos, é importante ficar por dentro de suas principais características e benefícios, além das diferentes realidades no Brasil e no resto do mundo.
No país, esse setor tem movimentado bastante o mercado de trabalho.
Pensando nisso, pode ser interessante conferir as profissões que estão em alta, se quiser aproveitar essa tendência.
Tudo isso e muito mais você confere neste artigo.
Abaixo, um resumo do que vamos abordar a partir de agora:
Gosta do tema? Então, não perca uma só linha até o final do texto.
Boa leitura!
A Economia Verde é um conceito adotado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em 2008.
Segundo o órgão da ONU, significa uma economia que busca garantir a igualdade social e o bem-estar da humanidade aliada à diminuição dos problemas ecológicos e ambientais.
O termo substitui o conceito de ecodesenvolvimento utilizado até então.
De certa forma, converge com a definição de sustentabilidade, que nada mais é do que a preocupação de suprir as necessidades atuais sem comprometer o futuro das próximas gerações.
Só que a Economia Verde aprofunda um pouco essa ideia.
Para atingir um desenvolvimento sustentável na economia como um todo, era preciso deixá-la um pouco mais “verde”.
O conjunto de ações tomadas nesse sentido ganharam o nome de Economia Verde.
A Economia Verde tem algumas características básicas, que devem fazer parte de qualquer tipo de projeto que se proponha a implementá-la.
Vamos a elas:
Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Economia Verde pode proporcionar novas fontes de crescimento através de:
A Economia Verde tem o importante papel de servir de vetor para que os governos, em todas as suas esferas, priorizem ganhos sociais e ambientais, seja com investimento ou com legislação.
O Estado pode, por exemplo, impor graves sanções àquelas empresas que insistem em continuar não contribuindo com os princípios sustentáveis definidos.
Uma política fiscal mais dura, com impostos que pesem no bolso das organizações que poluem, ou isenções e subsídios para que possam utilizar fontes de energia mais limpas são algumas possibilidades.
Também é importante que haja uma fiscalização por parte das autoridades competentes, estabelecendo limites e normas mais claras para as indústrias.
Tudo isso pode ser conquistado seguindo os preceitos da Economia Verde.
Os governos podem desenvolver políticas públicas para a conscientização de gestores e da população em geral sobre a importância do uso sustentável dos recursos naturais.
Enquanto o custo social e ambiental continuar sendo colocado em segundo plano e as empresas continuarem desmatando e poluindo, a conta nunca vai fechar.
As consequências estão aí e, caso nada mude, o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) aponta um futuro nada promissor.
A Economia Verde já está no radar da maioria das empresas brasileiras.
Segundo relatório do Sebrae, 91% dos pequenos negócios têm a percepção de que novas oportunidades e modelos de negócio estão surgindo a partir da preocupação com a sustentabilidade.
Além disso, 93% dos empreendimentos se dizem comprometidos com práticas sustentáveis.
Por outro lado, a maioria (54%) apenas procura realizar algumas ações de consciência sócio-ambiental isoladas, sem qualquer tipo de planejamento.
No recorte das startups e das empresas de maior expressão, a realidade já é um pouco diferente.
Na esteira do conceito dos programas ESG (ambiental, social e governança, na sigla em inglês), que movimentam investimentos de US$ 31 trilhões no mundo, segundo reportagem do Financial Times, a Economia Verde está mais adiantada.
Na prática, os programas ESG servem para mostrar ao público em geral o quanto uma empresa está disposta a diminuir os impactos causados ao meio ambiente.
Além de agir de maneira sustentável, as companhias evoluem na sua forma de administração e obtêm ganhos de imagem.
Tudo a ver com Economia Verde, não é mesmo?
Um estudo da ACE Cortex encontrou pelo menos 343 startups brasileiras desenvolvedoras de soluções na área de ESG, sendo que a maioria delas atuam no setor ambiental.
O estudo também aponta que 46% das grandes companhias já utilizam programas de ESG, e 92% acreditam nos valores defendidos pelo conceito.
Empresas do mundo todo estão procurando se adequar em busca de um desenvolvimento mais sustentável.
Até porque o sucesso de quem trilha esse caminho da Economia Verde é evidente.
Segundo levantamento da Universidade de Nova York, 58% das organizações que adotam práticas ambientalmente corretas mostraram ganhos operacionais e financeiros.
No Brasil, como vimos, os negócios de pequeno e médio porte ainda não têm ações de Economia Verde muito coordenadas.
Já nos Estados Unidos, os empreendimentos de menor expressão que investem em responsabilidade social têm crescido 2,5 vezes mais que os seus concorrentes, de acordo com a McKinsey & Company.
Para finalizar esse apanhado global, vamos a alguns dados interessantes do estudo The Time Has Come: The KPMG Survey of Sustainability Reporting 2020:
Assim como todo tema que envolve interesses políticos-econômicos, a Economia Verde também é um assunto que gera polêmica.
Isso porque uma ala, composta por movimentos sociais e ONGs, defende que o nome correto para esse conceito deveria ser capitalismo verde ou ambientalismo de mercado.
As discussões ficam por conta de uma mercantilização de recursos como biodiversidade, carbono e água como se fossem commodities.
Segundo os críticos à Economia Verde, é impossível atribuir um valor monetário a bens naturais.
Portanto, ações de compensação ambiental, como as Cotas de Reserva Ambiental (CRA), representam uma falha no modelo.
As CRAs funcionam como títulos de terra, onde cada cota possui 1 hectare de vegetação natural, e estão disponíveis para serem usados como moeda de troca, compensando uma região devastada, por exemplo.
De acordo com a corrente contrária, não é possível assegurar que a CRA teria o mesmo valor da área a ser substituída.
Anualmente, a Corporate Knights lança um ranking com as 100 empresas mais sustentáveis do mundo, o que serve como um ótimo parâmetro para identificar aquelas organizações que adotam a Economia Verde como um norte.
E tem brasileiro no pódio.
Em 2021, os cinco primeiros da classificação são:
Além do BB, a outra empresa brasileira que figura no ranking é a Natura, na 42ª posição.
A Economia Verde também tem movimentado bastante o mercado de trabalho.
Profissionais de diferentes áreas têm sido requisitados para trabalhar questões relativas ao desenvolvimento sustentável nas empresas.
O escritório de carreiras da Universidade de São Paulo (USP), o ECar, em parceria com o empresa de consultoria em recrutamento e seleção Robert Half, fez um estudo a pedido do Estadão, no final de 2020, sobre as 11 especialidades mais atingidas pela onda de preocupação com o meio ambiente.
Ao contrário do que muitos poderiam pensar, não estamos falando de novas profissões, mas sim ocupações mais tradicionais, como engenharias, geografia e química, por exemplo.
A diferença é que essas áreas, agora, passam por uma pequena transformação estratégica, se adequando às pautas ecologicamente corretas.
O levantamento ainda estabelece uma ordem de prioridade entre esses 11 profissionais, diferenciando aqueles que estão sendo mais disputados pelo mercado e os especialistas que ainda são apostas.
Entre as “queridinhas” estão áreas como Engenharias, Física e Geografia.
No segundo escalão, estão Economia, Administração e Direito.
Química e Arquitetura e Urbanismo ocupam o terceiro lugar do pódio, enquanto Biologia e Psicologia ficam entre as apostas para o futuro.
Vamos, agora, conferir como podem atuar cada um desses profissionais e de que maneira eles podem contribuir para a Economia Verde.
As engenharias têm um papel multidisciplinar importante no desenvolvimento sustentável das empresas.
Entre as suas principais missões, estão a implementação de energias limpas, a criação de cidades inteligentes, a execução de projetos para diminuir o desperdício e otimizar o reaproveitamento de rejeitos, além de diminuir os impactos ambientais nas operações.
Isso de maneira geral.
Vamos ver algumas implicações específicas:
Desenvolver cidades inteligentes.
Pode atuar em conjunto com profissionais das engenharias Elétrica e Mecânica para criar veículos autônomos e que utilizam energias limpas como combustível.
Usar a tecnologia a serviço da sustentabilidade.
Diversos projetos podem ser criados para, por exemplo, ajudar na mobilidade urbana através de parcerias com outras engenharias, como a própria civil.
Utilizar métodos e processos produtivos que causem menos impacto ao meio ambiente e à sociedade como um todo.
A sua atuação pode se dar ao lado da Engenharia Ambiental para o reaproveitamento de matérias-primas, por exemplo.
Fazer cumprir as principais leis e regulamentações ambientais vigentes, além de ajudar no desenvolvimento de ações de responsabilidade social que tenham a Economia Verde como um princípio básico.
As engenharias podem desempenhar um papel fundamental para que alguns dos principais objetivos da Economia Verde sejam atingidos.
Porém, quanto mais profissionais puderem ajudar, melhor.
A união dessas áreas multidisciplinares é o que, de fato, vai fazer a diferença.
Veja como físicos, biólogos, geógrafos, químicos, arquitetos, administradores, advogados, economistas e psicólogos podem colaborar para políticas mais sustentáveis:
Ao lado dos engenheiros, são os profissionais mais requisitados do mercado para implementar uma Economia Verde.
Os físicos não estão sendo disputados à toa, afinal, eles são capazes de criar projetos de geração, transmissão, transporte, distribuição e utilização de energias não poluentes.
Completam a tríade dos profissionais mais desejados do mercado.
Segundo o pró-reitor da USP, Antonio Carlos Hernandes, em declaração ao Estadão, os geógrafos estão sendo muito assediados tanto por empresas do governo quanto pela iniciativa privada.
De acordo com Hernandes, a procura é tamanha que a universidade não está dando conta de atender toda a demanda na formação desses profissionais.
Não é para menos. Os geógrafos são responsáveis por desenvolver projetos que diminuam o impacto ambiental e climático nas atividades produtivas.
A ideia é se adequar às metas assumidas no Acordo de Paris e diminuir consideravelmente a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera.
Na segunda prateleira de profissionais mais visados pela onda verde, administradores, advogados e economistas têm o importante papel de desenvolver a chamada gestão sustentável amparada pelos requisitos legais.
Entre as principais ações estão o gerenciamento de risco envolvendo os aspectos ambientais e o desenvolvimento dos programas de ESGs.
Os químicos também têm um importante papel na busca pela diminuição dos impactos ambientais causados pelas empresas.
A atuação desses profissionais pode se dar na análise do solo e dos afluentes, para verificar se não há nenhum tipo de contaminação causado pela organização, e também no cuidado com o descarte de resíduos.
Os arquitetos podem atuar em conjunto com as engenharias no desenvolvimento de planos de cidades inteligentes e soluções mais sustentáveis para a mobilidade urbana.
Especialistas em Build Information Modeling (BIM), ou Modelagem da Informação da Construção, são ainda mais requisitados, pois podem criar modelos de maquetes reais em 3D para dar mais realismo aos projetos.
Os biólogos têm um papel semelhante ao dos geógrafos na busca por soluções que tentam diminuir os impactos climáticos causados pelas empresas.
No entanto, diferentemente dos seus colegas de humanas, eles também se preocupam com as relações entre os seres vivos e o meio.
Um exemplo de atuação prática desses especialistas é proteger o entorno de eventuais transtornos causados por grandes obras.
A psicologia ambiental é um ramo tão emergente que ainda há poucos estudos sobre como essa especialidade pode ajudar na Economia Verde.
Por definição, a área atua estabelecendo relações entre o comportamento humano e o meio ambiente.
Em termos práticos, ela pode vir a ajudar profissionais e famílias impactadas por projetos de grandes proporções.
Cada vez mais, temas relacionados com sustentabilidade, responsabilidade social e meio ambiente vão se tornar pauta.
O planeta grita por socorro, e a Economia Verde é mais uma iniciativa que busca, de alguma forma, ajudar.
Durante o artigo, citamos diversos tipos de profissionais que podem ser muito úteis para desenvolver soluções mais limpas e tentar deixar uma herança melhor para as gerações futuras.
Na verdade, todos podem fazer a sua parte, especialmente os empreendedores de qualquer ramo.
A Economia Verde é uma das novidades nas áreas de administração, empreendedorismo e performance empresarial.
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