A taxa Selic é um daqueles termos que todos os brasileiros, até os mais desavisados, já ouviram falar.
Seja pelas notícias que aparecem nas redes sociais, por reportagens da televisão, ou por comentários em rodas de amigos, a verdade é que, em algum momento, a Selic entrou em pauta.
E é assim porque estamos falando sobre um indicador básico da economia, que tanto influencia no nosso dia a dia.
Se você mantém dinheiro na poupança, seu rendimento é afetado pela Selic.
Se busca um empréstimo ou financiamento, tem na Selic um parâmetro de correção, ainda que indireto.
Não há como falar em juros sem falar em Selic.
Ou seja, a taxa é uma medida bastante importante para a economia do país e, consequentemente, para garantir a segurança financeira de milhões de brasileiros.
Ela representa o principal instrumento de política monetária da União, especificamente empregado hoje por meio do Banco Central do Brasil como mecanismo para controlar a inflação no país.
A influência da Selic não para por aí, já que ela impacta diretamente nas oscilações de outros indexadores relevantes, a exemplo do índice IPCA e da taxa CDI.
Com utilidade ampla dentro da economia nacional, de uma maneira ou outra, ela afeta todas as taxas de juros do país.
E se é assim, nada mais justo entender exatamente o que é a Selic, como é calculada e como seu dinheiro perde ou ganha com ela.
É o assunto deste artigo, que oferece um guia completo sobre a Selic para você tirar todas as dúvidas.
Se preferir, navegue pelos seguintes tópicos:
Siga a leitura e fique por dentro!
Há duas formas de responder qual é a Taxa Selic atual.
A primeira delas é falando sobre o seu índice diário.
Isso porque a Selic é calculada ao final de todo dia útil pelo Banco Central do Brasil, seguindo uma fórmula conhecida e utilizada há muitas décadas.
Os dados oficiais e atualizados da Selic podem ser conferidos diariamente direto no site da instituição.
Paralelo a isso, existe o que conhecemos como Taxa Selic meta.
De responsabilidade do Comitê de Política Monetária (Copom), ela é uma projeção apresentada a cada 45 dias, com o objetivo de nortear os rumos da economia nacional, fixando qual será a taxa básica de juros para o próximo período.
No momento em que este artigo é produzido, a Selic está em 4,5% ao ano – índice definido em reunião realizada no mês de dezembro.
Por ter diversas utilidades, muitas delas fundamentais para o país, o histórico da taxa Selic está intrinsecamente ligado a momentos importantes da economia nacional.
Entre 1996 e 1999, o Copom ainda projetava a Taxa Básica do Banco Central (TBC).
Com a extinção da TBC, a meta da Selic começou a ser divulgada anualmente em 1999 para fins de política monetária.
A partir de 2015, uma progressiva alta pôde ser observada até a taxa atingir seu pico (14,15%), permanecendo nesse patamar até o ano seguinte, quando voltou a cair.
Essa alta, porém, ainda está longe dos picos registrados nos anos 1990, época em que a taxa chegou a superar os 45% ao ano.
Em contraponto, neste momento, a Selic em 4,5% é a mais baixa da história recente.
A palavra “Selic” é uma sigla que significa Sistema Especial de Liquidação de Custódia.
Criado em 1979 pelo BC e pela Associação Nacional das Instituições de Mercado Aberto (Andima), o sistema trazia, desde o início, a preocupação de trazer maior transparência e segurança para as operações de crédito e negociações de títulos públicos.
Hoje, o Selic permite ao Banco Central registrar as operações relacionadas aos títulos estruturais do Tesouro Nacional.
Na prática, isso significa manter o controle sobre as compras e vendas de ativos feitas pelos grandes bancos diariamente.
Por questões de segurança, existe uma obrigatoriedade legal de que essas instituições financeiras direcionem uma porcentagem dos seus depósitos para uma conta do Banco Central.
Além disso, a lei dita que os bancos mantenham seus caixas equilibrados ao fim do dia – por isso, a necessidade dos empréstimos diários.
O objetivo de todo esse controle é evitar o excesso de dinheiro em circulação, o que poderia desencadear em uma alta da inflação.
O Certificado de Depósito Interbancário (mais conhecido apenas pela sigla CDI) é um título privado e, como indica o nome, interbancário por natureza.
Isso significa que esse é um título emitido e utilizado por bancos para representar empréstimos rápidos e de curto prazo realizados entre eles.
Os valores do CDI e da taxa Selic tendem a ser bastante próximos, já que um é parâmetro para o outro.
Em geral, a taxa dos certificados é calculada com base nos juros praticados, também chamados de taxa Selic Over.
Na prática, isso se traduz em empréstimos entre bancos nos quais o dinheiro é tomado pagando a Selic e recebido com base no CDI.
A equiparação entre as duas taxas existe de maneira a não gerar lucros nem prejuízos durante esses empréstimos, que fazem parte da rotina de grandes instituições financeiras.
O CDI serve também como um parâmetro de rentabilidade em muitas aplicações financeiras – voltaremos a abordar esse assunto mais adiante.
Assim, quando a taxa Selic diminui, caí também o valor do CDI e, consequentemente, a rentabilidade das aplicações financeiras.
Chamamos de Selic a taxa básica de juros, que serve de referência para bancos e instituições financeiras no Brasil.
O cálculo dessa taxa é de responsabilidade do Banco Central e leva em conta a média ponderada dos juros praticados.
Complexo, o cálculo é feito todos os dias pelo BC, levando em consideração o fator diário e o valor financeiro de cada transação, além do número total de operações realizadas durante o período.
É claro que o cidadão comum não precisa se preocupar com isso, já que a taxa é calculada de maneira automática pelo Banco Central.
Mas o que importa, sim, é que a Selic serve de parâmetro para todas as operações envolvendo juros no país.
Vamos explicar isso melhor no próximo tópico.
Você já deve ter percebido que a taxa Selic serve a muitos propósitos dentro da economia brasileira.
De maneira geral, ela influencia na definição de todas as taxas de juros no país como financiamentos, empréstimos, investimentos e aplicações financeiras.
Sempre que o Banco Central diminuiu a meta da Selic, cai também a rentabilidade dos títulos que seguem sua referência, o que significa uma desvalorização de aplicações e fundos, em especial aqueles de renda fixa, como é o caso dos títulos públicos do Tesouro Nacional.
Mas, paralelo a isso, é diminuído também o custo dos bancos por operação realizada.
Como passam a gastar menos, as instituições financeiras podem também diminuir os juros cobrados a seus clientes em empréstimos e financiamentos.
Por outro lado, não custa lembrar que a Selic é apenas uma referência. Ou seja, a queda no índice não obriga as instituições a repassarem qualquer vantagem a seus clientes.
Isso significa que ela nem sempre vai representar os juros cobrados do consumidor por bancos e instituições de créditos.
Quem já fez um empréstimo como pessoa física sabe bem que as taxas tendem a ser muito mais altas do que a meta da Selic.
É claro que a taxa influencia nesses valores, mas não os determina.
Dentro dos juros cobrados pelo seu banco, estão incutidas também as taxas administrativas e de risco, impostos, compulsórios (dinheiro que por lei fica retido no BC) e o lucro da instituição, é claro.
Ao ler o artigo até aqui, provavelmente, você já percebeu que a taxa Selic tem um enorme impacto na economia do país.
Sempre que uma alteração na meta é feita, uma das primeiras consequências que podemos perceber é no consumo da população.
No caso de reduções na Selic, uma consequente diminuição dos juros praticados em empréstimos e financiamentos acaba impulsionando as pessoas a comprar mais.
Em outras palavras, uma queda na taxa desencadeia uma queda também no chamado custo dinheiro, que nada mais é do que o valor pago como remuneração para a instituição que forneceu o crédito.
Porém, essa é uma faca de dois gumes, já que, se o consumo crescer muito e em uma velocidade muito grande, corre-se o risco de superar a oferta pela demanda, trazendo a tão temida inflação.
Quem lembra das aulas sobre economia na escola talvez recorde agora que esse nunca é um bom sinal.
Por outro lado, se a meta da Selic for aumentada, crescem também os juros praticados, o que leva o consumidor a se comprometer menos com compras grandes e parcelamentos longos.
Com o consumo desestimulado, a tendência é que haja uma retração na economia e uma redução dos preços de produtos e serviços – o que, por sua vez, puxa a inflação para baixo.
E não é só o consumo de pessoas físicas que é afetado por oscilações na taxa Selic.
As empresas também sofrem com altas, já que passam a pagar mais caro em suas linhas de crédito, e a ter menos recursos para investir em insumos e mão de obra.
Com isso, pode aumentar a incidência de desemprego no país, já que muitas empresas, por não estarem preparadas para pagar juros maiores, acabam tendo que adiar contratações ou até mesmo executar demissões em massa.
Esse processo é muito perigoso, pois uma diminuição do consumo pode provocar maiores taxas de desemprego, assim como o aumento do número de desempregados desencadeia um consumo mais desacelerado – um círculo vicioso.
Antes de avançarmos, é preciso esclarecer a diferença entre a taxa Selic meta e a taxa Selic Over.
O primeiro termo diz respeito ao valor que ouvimos falar no noticiário, a taxa básica da economia definida pelo Banco Central.
Desde 1996, a meta é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), órgão alocado no BC que se reúne oito vezes por ano – a cada 45 dias, em média.
Já a taxa Over representa a média ponderada de todas as operações feitas dentro do Sistema Selic, lastreadas em títulos públicos, dentro de um período de 24 horas.
Em outras palavras, essa é a média real de juros que está sendo praticada no país naquele dia, divulgada sempre no site do BC.
O termo vem da época em que o país enfrentava uma inflação desenfreada, muito antes do Plano Real.
Assim, “over” era, na verdade, um diminutivo para “overnight”, um tipo de investimento feito de um dia para outro, como indica a tradução do inglês.
A taxa Selic, como não poderia deixar de ser, influencia também os rendimentos de aplicações que estão a ela referenciadas direta e indiretamente.
Para o CDI, é considerada a taxa de juros praticados (Selic over) na hora de ajustar a rentabilidade dos títulos bancários.
E como esses títulos têm influência em investimentos de renda fixa (como LCI, LCA, CDB, CRI, CRA e debêntures), oscilações na Selic consequentemente afetam também a rentabilidade das aplicações.
Alguns títulos do Tesouro Direto também são influenciados por alterações, já que tem sua rentabilidade associada diretamente à taxa de juros.
Esse é o caso dos ativos indexados à Selic, indexados à inflação e os prefixados.
Por conta de sua influência na inflação – já explicada anteriormente -, oscilações da taxa de juros mexem também com investimentos indexados pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA).
O IPCA é medido mensalmente pelo IBGE e funciona como indicador oficial da inflação acumulada no país.
Alguns dos investimentos que podem usar o índice como indexador são:
A inflação e a taxa Selic tem uma relação inversamente proporcional.
Ao mesmo tempo em que uma alta nos juros pode influenciar no IPCA, uma queda na inflação pode acabar mexendo com a Selic.
Tomando os juros como ponto de partida, eles definem o custo do crédito no país, seja ele para parcelamento, empréstimo ou financiamento.
Com juros menores, a tendência é que o consumidor compre mais, pois tem um crédito facilitado na praça.
A intensificação do consumo, que acelera a economia por um lado, por outro, pode trazer um maior IPCA.
Isso porque os bancos e instituições financeiras passam a injetar cada vez mais dinheiro no mercado e esse excesso de demanda pelo consumo acaba por desvalorizar a moeda, levando a inflação para as alturas.
Quem tem o objetivo de investir em aplicações que rendam acima da taxa Selic tem hoje algumas opções disponíveis.
A escolha entre uma e outra vai depender do seu perfil de investidor e seus objetivos.
Para investimentos mais conservadores, é possível optar pelo Tesouro IPCA, um título público – e, portanto, assegurado pela União – que se compromete a acompanhar os índices de inflação para você não ter seu patrimônio desvalorizado.
Na mesma linha, os LCI/LCA são Letras de Crédito que pagam um percentual do CDI e não cobram taxa administrativa, nem Imposto de Renda.
Para quem tem um perfil de investidor moderado, existem algumas opções de Letra de Câmbio (LC) que pagam mais de 100% do CDI.
Ainda, existem as debêntures, títulos de crédito privado que não pagam IR ou juros mensais.
Por fim, se você já for um investidor mais arrojado, a saída pode ser pelo mercado de ações.
As ações de curto prazo e que pagam bons dividendos são alternativas a considerar se esse for o seu caso.
Um termo conhecido pela maioria dos brasileiros, a taxa Selic tem uma grande influência nas finanças do país, como vimos ao longo deste artigo.
Esteja você precisando de crédito ou buscando uma aplicação para investir seu patrimônio, a taxa de juros tem o potencial de influenciar os mais diversos cantos da economia nacional e, provavelmente, afetará o preço que você paga ou o valor que você recebe.
Além disso, a Selic e a inflação estão diretamente ligadas e qualquer mudança em uma afeta a outra.
Assim, é preciso ficar de olho nas oscilações já que o poder de consumo de cada um de nós depende de fatores econômicos que se interligam, mas estão fora do nosso controle.
Hoje, vivemos um período de baixa da inflação e dos juros, mas nem sempre foi assim.
Quem se lembra do Brasil dos anos 1990, recorda da inflação galopante que levava o país todo a uma incerteza sobre o dia de amanhã.
Com os juros e a inflação mais controlados, muitos brasileiros puderam desenvolver seus patrimônios e, hoje, buscam formas de proteger e expandir suas reservas financeiras.
Na hora de escolher um investimento, é importante levar em consideração a Selic e o IPCA para buscar ativos que, de fato, valorizem o seu dinheiro.
Seguindo as nossas dicas, ficará muito mais fácil garantir rentabilidade em suas aplicações.
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