Net Zero é um termo que passou a fazer parte da agenda ambiental recentemente e, por isso, ainda é pouco compreendido por uma boa parcela do público.
Na verdade, o significado de Net Zero não difere muito do conceito carbono zero, esse sim, relativamente comum e presente em nosso dia a dia.
Como você certamente já observou, ambos têm o termo “zero” em suas nomenclaturas.
Pois esse é o objetivo de longo prazo em ambos os casos. Ou seja, zerar as emissões de carbono e outros gases causadores do efeito estufa.
A propósito, o planeta se encontra hoje em uma situação crítica, na qual o efeito estufa já nos levou ao estado de ebulição global, como destacou o secretário geral da ONU, António Guterres.
O sinal de alerta já está ligado porque, além de o aquecimento global ter atingido níveis alarmantes, a adesão dos governos às metas estabelecidas nas últimas convenções climáticas tem sido baixa.
Como destaca uma matéria da Exame, somente 24 países que participaram da Convenção de Glasgow enviaram seus planos para conter o aumento nas temperaturas.
A situação é crítica, mas ainda se pode fazer algo a favor do planeta e atingir a meta de frear o aquecimento dentro dos 1,5º, como ficou acordado no Acordo de Paris.
Você pode fazer parte disso, adotando medidas sustentáveis em seu dia a dia e entendendo o significado de Net Zero, acompanhando este conteúdo até o final.
Estes são os tópicos abordados:
Acompanhe até o final e boa leitura!
Net Zero é o termo criado com a publicação do The Net Zero Pledge, o Compromisso Net Zero, por parte da Global Alliance for Sustainable Energy, a Aliança Global para Energia Sustentável.
Representa a intensificação dos esforços para limitar as emissões não apenas de gás carbônico (CO2) como de todos os outros gases causadores do efeito estufa.
Aliás, cabe relembrar que efeito estufa é o aquecimento não natural das temperaturas em todo o planeta, causado pelo acúmulo de gases que dificultam a dissipação do calor.
Com o aumento da temperatura, os ecossistemas entram em desequilíbrio, bem como os regimes de chuvas, em razão principalmente do aumento da taxa de evaporação dos oceanos.
É gerada uma perigosa reação em cadeia, na qual as temperaturas se elevam a patamares extremos, podendo modificar por completo ou destruir certos habitats.
Um exemplo disso é o avanço do processo de desertificação que está em curso aqui mesmo, no Nordeste brasileiro.
Segundo um relatório da ONU, em função do efeito estufa a área desértica nessa região já atingiu uma área do tamanho da Inglaterra.
Em um cenário como esse, em que os efeitos da ebulição global são catastróficos e atuais, o Net Zero surge como uma reação enérgica.
Agora que você sabe o que é Net Zero, conheça parte do conteúdo do documento que deu origem ao termo.
O Compromisso Net Zero foi lançado em 2022, por meio de um manifesto publicado pela Aliança Global para Energia Sustentável.
O o real significado de Net Zero pode ser melhor compreendido pela leitura de um dos seus trechos, que diz:
“Na qualidade de signatários do Compromisso, comprometemo-nos a atingir a emissão de Zero Líquido em conformidade com um cenário de limitação do aumento da temperatura em 1,5°C, alinhado com as normas internacionais reconhecidas. Até o final de 2023, estabeleceremos publicamente objetivos e atualizações anuais. Iremos definir publicamente e atualizar a cada ano as metas nos âmbitos 1, 2 e 3 com objetivos para 2030 e 2040.
O compromisso Net Zero pode ser interpretado como um estágio mais avançado na prática já existente de compensação de carbono, mas com duas diferenças.
Uma delas é a inclusão não apenas do CO2 nos protocolos de neutralização das emissões, como de todos os outros gases causadores do efeito estufa.
Entre eles, metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), hidrofluorocarbonos (HFCs), óxido nitroso (N2O), perfluorocarbonos (PFCs), trifluoruro de azoto (NF3) e hexafluoreto de enxofre (SF6).
A outra diferença é o estabelecimento de três níveis de objetivos para cessar as emissões:
As emissões contempladas nos objetivos 3 são as mais difíceis de controlar, até porque compõem a maior parte das emissões de uma empresa.
Nessas emissões estão, por exemplo, as geradas pelos fornecedores a montante (antes da produção começar), resíduos, efluentes e o descarte de resíduos gerados pelas empresas.
Agora você já tem uma boa noção sobre o que é Net Zero e as suas diferenças em relação ao termo carbono zero, pode estar se questionando: isso seria o mesmo que neutralização de carbono?
Na prática, o Compromisso Net Zero continua a defender a neutralização de CO2 como já vem sendo feito, de acordo com o que foi definido nas últimas convenções climáticas.
Ele se baseia principalmente nas decisões tomadas no Acordo de Paris, cujo grande objetivo é evitar o aumento da temperatura global em 2º, mantendo esse aumento na faixa de até 1,5º.
Uma diferença que pode ser estabelecida, contudo, é a definição do prazo para as metas Net Zero: 2050 é o ano em que se pretende eliminar ou neutralizar por completo todas as emissões de gases estufa.
Aliás, essa é outra diferença em relação à neutralidade de carbono, que trata apenas desse gás nocivo, enquanto o Net Zero engloba todos os gases que levam ao aquecimento.
Pode-se dizer também que o Net Zero evoca ainda mais o trabalho em equipe, chamando à responsabilidade as empresas e toda a cadeia produtiva que antecede suas ações.
Também “convoca” o consumidor final, que pode e deve fazer a sua parte no sentido de priorizar o consumo sustentável e o descarte correto de resíduos, entre outras práticas sustentáveis.
As metas Net Zero são consideradas ambiciosas porque propõem modificações profundas em toda a cadeia produtiva.
Não é nada fácil modificar a matriz energética de países inteiros, que por décadas têm nos combustíveis fósseis e minerais seus insumos mais utilizados.
Por isso, o Compromisso Net Zero propõe uma ação unificada, de modo que todos estejam cientes do que as outras partes estão fazendo para frear o aquecimento global.
É uma forma mais inteligente de lidar com a questão porque apela ao conhecimento de todos, de modo que as sociedades tenham mais boa vontade para lidar com as mudanças.
No sentido mais prático e imediato, as empresas já estão fazendo o que podem para neutralizar as emissões dos perigosos gases estufa.
Muitas delas estão, por exemplo, substituindo o plástico como material nas embalagens para os seus produtos.
Boa parte das cadeias de fast-food aboliram os canudos feitos com plástico, adotando materiais biodegradáveis.
Mas é preciso fazer ainda mais, especialmente no que diz respeito ao descarte dos resíduos gerados pelo consumo dos produtos.
Nesse aspecto, apoiar a logística reversa é sem dúvida uma contribuição valiosa para alcançarmos os objetivos do Compromisso Net Zero no longo prazo.
A partir do que vimos, o Net Zero pode ser qualificado como o maior trabalho em equipe da história da humanidade.
Embora os governos e as empresas tenham a maior parte da responsabilidade, todos nós, sem exceção, precisamos nos envolver.
Internamente, as empresas podem estimular seus colaboradores a mudar suas atitudes, promovendo o consumo sustentável, a reciclagem, o ecodesign e uma postura eco-friendly.
Ao fazermos compras, vale prestar atenção aos produtos em embalagens plásticas.
Se houver outro similar, mas embalado com material biodegradável ou menos agressivo ao meio ambiente, essa deve ser a preferência.
Por falar em plástico, esse é provavelmente um dos maiores vilões do meio ambiente e um dos fatores indiretos para o aumento das temperaturas globais.
Para a natureza, ele representa um perigo em razão do tempo que leva para se decompor: cerca de 500 anos.
Em relação ao aumento das temperaturas, o plástico contribui por ser um material oriundo do petróleo, produto que, como sabemos, é o vilão número um da natureza, por causa dos riscos e problemas presentes desde a sua extração até o refino e distribuição.
Sendo assim, precisamos desde já começar a fazer cada um a sua parte, para que em 2050 possamos celebrar o cumprimento do Compromisso Net Zero.
Veja na sequência que compromissos são esses e de que forma as empresas estão colaborando para que sejam alcançados.
O planeta está em perigo e cabe a nós, seres humanos, assumir a responsabilidade por reverter a escalada de destruição que criamos.
A FIA Business School está ciente disso e estamos permanentemente engajados na causa, promovendo debates e eventos que estimulem a ação.
No webinar Metas Net Zero e Créditos de Carbono no Setor e Energia, convidamos profissionais e especialistas do setor para falar sobre os últimos avanços na agenda ambiental.
A convidada desta vez foi a engenheira ambiental e coordenadora de projetos da International Emissions Trading Association (IETA), Elisa Guida, que abriu sua participação destacando:
“O Net Zero está de certa forma associado ao mercado de carbono e de créditos de carbono (…). Em relação aos compromissos, temos de um lado os governos, que têm metas climáticas a serem atingidas e as empresas. O Brasil, por exemplo, é signatário do Acordo de Paris, e tem o seu próprio plano nacional que diz o que ele pretende reduzir. Um desses compromissos é chegar às emissões líquidas neutras até 2050. De outro lado temos o mercado, que também pode estabelecer suas metas.”
Elisa destaca também o papel do Brasil em um futuro próximo, já que será o anfitrião da Conferência das Partes (COP) em 2025:
“O mundo todo tá olhando para o Brasil, que com o potencial que tem nas energias renováveis tem muita coisa para oferecer. Lembrando que a COP em 2025 é no Brasil, então, precisamos ficar de olho porque somos a bola da vez.”
A Net Zero é um projeto ambicioso dentro das já arrojadas metas de redução ou eliminação das emissões de carbono.
Ele contempla as emissões de outros gases que, diferentemente no CO2, nem sempre têm uma fonte emissora facilmente neutralizável.
De qualquer forma, por mais desafiadora que seja essa empreitada, ela já está em marcha, se levarmos em conta o papel das entidades que atuam como ponte entre os governos e a iniciativa privada.
A IETA, por exemplo, desempenha um importante papel para tornar os objetivos da Net Zero factíveis, diminuindo o gap entre as decisões das COPs e as ações práticas.
Outra entidade que tem um papel central nesse contexto, como não poderia deixar de ser, é a Aliança Global para Energia Sustentável, onde o compromisso Net Zero foi criado.
Todas as ações tomadas hoje que contribuam para reduzir a pegada de carbono ou neutralizar as emissões nos levam à Net Zero.
Ainda assim, temos um longo caminho para percorrer até chegar a 2050, ano em que o mundo deverá rever o que foi feito e se o desafio de zerar as emissões de gases estufa foi superado.
O significado de Net Zero é muito mais amplo do que uma agenda ambiental.
Saber o que é Net Zero, na verdade, implica assumir o compromisso de agir em prol do futuro da humanidade, o que não é pouca coisa.
Certamente a FIA continuará vigilante, promovendo encontros com especialistas, debates e a disseminação de ideias que aumentem a consciência ambiental.
Você pode também fazer a sua parte, qualificando-se para ser um líder desse processo, no curso de extensão Gestão Estratégica de Carbono.
Acompanhe as publicações no blog da FIA, sua fonte de informação que faz a diferença em temas como sustentabilidade, empreendedorismo e negócios.
Referências:
https://exame.com/negocios/diferenca-entre-net-zero-carbono-neutro/
https://sustainable-energy.eco/wp-content/uploads/2023/07/Net-Zero-Pledge-052023.pdf
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-58154146
https://www.whitehouse.gov/ceq/news-updates/2022/11/17/ceq-launches-global-net-zero-government-initiative-announces-18-countries-joining-u-s-to-slash-emissions-from-government-operations/
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