A gestão esportiva é uma área que passou a ser objeto de estudo nos anos 1960 e tem crescido em importância desde então.
Hoje, atrai muito interesse por parte de profissionais de diversos ramos.
O setor compartilha princípios com a administração de empresas em geral, porém há diversas particularidades a serem levadas em conta.
E isso acontece porque a atividade esportiva é muito singular em vários aspectos.
Afinal, para que serve o estudo e a atuação em gestão esportiva?
O que faz um administrador esportivo, um executivo de clubes?
E o que é preciso para ingressar nesta carreira?
Se você se interessa pelo tema, este conteúdo vai agradar.
Vamos falar a partir de agora sobre:
Acompanhe até o final!
Gestão esportiva é basicamente o gerenciamento técnico e administrativo de uma organização cuja atividade fim é o esporte.
Clubes e federações esportivas são as instituições que mais se beneficiam desse trabalho, que também deve ser executado em academias, centros de treinamento, escolas e associações.
A gestão esportiva inclui as funções de planejamento, organização, direção e controle no contexto dessas organizações.
Serve tanto para clubes profissionais e atletas de alto nível quanto para a atividade amadora e recreativa, na iniciativa privada e também na administração pública.
Seus princípios ainda se relacionam com empresas que fabricam material esportivo, transmitem competições pela TV ou que fazem assessoria de comunicação e marketing para atletas.
Isso só para citar alguns exemplos de empresas que não têm o esporte como atividade fim, mas que fazem parte da indústria do esporte.
Durante muito tempo, houve pouco conteúdo acadêmico destinado a essa área, antes limitada a algumas disciplinas dentro da formação em Educação Física.
Já hoje em dia, há diversas possibilidades para estudar e se especializar em gestão esportiva, como veremos mais adiante.
Atualmente, o esporte é visto com cada vez mais seriedade e profissionalismo.
Além de ser uma prática importante para a saúde e cuidado pessoal, também se estabeleceu como um mercado relevante na economia do país.
Segundo artigo de Cláudio Miranda da Rocha e Flávia da Cunha Bastos na Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, o crescimento da demanda por gestores de esporte é diretamente proporcional ao desenvolvimento do esporte e da atividade física como um negócio.
Os profissionais de gestão esportiva têm a importante missão de gerenciar o poder econômico do produto esportivo, que pode ser bem alto em alguns contextos, como no futebol profissional, por exemplo.
Os primeiros estudos em gestão esportiva de que se tem notícia são do final dos anos 1960, nos Estados Unidos.
O desenvolvimento dos meios de comunicação e o interesse pela transmissão dos eventos esportivos impulsionaram o ramo, que experimentou um boom a partir dos anos 1980.
As franquias de esporte americanas tornaram sua gestão cada vez mais profissional e complexa ‒ e envolvendo mais e mais dinheiro.
Em 1988, o esporte já havia se tornado a 22ª maior indústria dos Estados Unidos, movimentando cerca de 63 milhões de dólares anuais.
Em 1995, era a 11ª, com cerca de 152 milhões de dólares.
Em 1999, já movimentava 213 milhões de dólares, tudo isso apenas no mercado americano.
Corta para 2021, e chegamos à era em que a NFL, liga de futebol americano, passou a ganhar, sozinha, nada menos que 10 bilhões de dólares por ano pela transmissão dos seus jogos na TV e streaming.
Estamos falando de apenas uma liga de uma única modalidade, e só da sua receita com televisão, sem mencionar o faturamento das franquias com patrocínios, merchandising, venda de ingressos, produtos oficiais, etc.
Já o futebol (o “nosso” futebol mesmo, não o americano) superou os R$ 100 bilhões em receita no mundo antes da Copa de 2018, valor mais alto que o PIB de 95 países.
No Brasil, antes da pandemia, o setor esportivo respondia por 2% do PIB nacional, e o seu ritmo de crescimento era bem superior ao do PIB como um todo.
Estimativas de 2017 mostravam um mercado de cerca de R$ 62 bilhões anuais.
A chegada do coronavírus afetou duramente esta indústria, como tantas outras no Brasil, mas o fato é que estamos falando de valores muito significativos para qualquer país.
Os clubes são onde o esporte realmente acontece, na prática do dia a dia.
A gestão de um clube profissional tem como objetivo principal o sucesso esportivo, ou seja, vitórias, títulos, boas campanhas, ascensão de divisões.
Tudo que é feito em um clube desses aponta para o campo, a quadra, a pista, a piscina, o tatame, enfim, para a disputa propriamente dita.
Para alcançar o sucesso que todos podem ver, um grande trabalho é realizado nos bastidores, a portas fechadas.
A gestão esportiva é responsável por dar as melhores condições possíveis para os times ou atletas.
O clube se preocupa em administrar bem os recursos disponíveis e captar cada vez mais, como em qualquer organização, e também gerencia tudo que envolve a prática esportiva.
Geralmente, os clubes se organizam da seguinte forma: há um presidente eleito pelos associados, que não é um profissional de gestão esportiva, e sim um torcedor ou sócio com histórico de relacionamento com o clube, como participação em conselhos deliberativos.
O presidente sequer recebe salário, pois é um cargo estatutário.
Ele é eleito junto com uma chapa de vice-presidentes, cada um responsável por uma área, e aí a coisa começa a se profissionalizar um pouco mais.
Geralmente, há um vice ou um diretor focado na modalidade ou modalidades esportivas que o clube disputa, além de departamentos de marketing, finanças, jurídico, medicina esportiva, administração (que é encarregado do estádio e estrutura em geral), entre outros.
Novamente no caso dos clubes de futebol, a figura do diretor profissional contratado cresceu muito nos últimos anos.
Tanto no departamento de futebol, na figura de um executivo focado no time e nas competições, quanto na administração geral do clube, na figura de um CEO.
Hoje em dia, portanto, a gestão dos grandes clubes costuma ser feita por dirigentes eleitos (amadores) e profissionais em conjunto.
São inúmeras as atribuições de um gestor esportivo no dia a dia de um clube.
Vamos comentar algumas das principais:
Para que o clube se dê bem nas competições, é indispensável ter bons profissionais envolvidos.
O gestor esportivo, junto com a parte amadora da diretoria eleita, tem papel fundamental na montagem do grupo de atletas e comissão técnica.
É preciso conhecer muito bem o mercado e ter habilidades de negociação.
As vendas de atletas, assim como renovação ou não de contrato, também são atribuições muito importantes.
Atletas de alto nível são profissionais peculiares, que, reunidos em grande número em um mesmo local de trabalho, demandam um gerenciamento muito inteligente e assertivo.
É preciso saber “administrar o vestiário” para que tudo ande no caminho desejado.
Novamente aqui, o futebol se diferencia das demais modalidades, pois, em clubes de primeira divisão, estamos falando de funcionários com contratos milionários.
Mesmo que não seja esse o caso, é fundamental executar um bom trabalho de gestão de pessoas para manter os atletas focados, unidos e motivados.
Dependendo do tamanho do clube, pode haver um departamento exclusivamente focado em logística, mas mesmo assim, é importante que o gestor supervisione esta atividade.
Programar e providenciar locais de treinamento, viagens, hospedagens, horários, concentração e preparação para competições, enfim, tudo isso é muito importante no dia a dia de um clube esportivo.
Hoje em dia, os direitos de TV são uma das principais fontes de renda dos clubes esportivos, senão a maior.
Isso, claro, nas modalidades com apelo popular.
Portanto, uma boa dose de energia deve ser destinada a costurar essas parcerias.
Cuidar do relacionamento com associados e torcedores em geral, e também com as federações e a imprensa, é outra atividade muito importante.
No caso de clubes com torcida intensa e atuante, como os de futebol, o gestor deve se acostumar a dar entrevistas (participar de cursos sobre media training é importante para isso), justificando ao público sobre os rumos que o clube está tomando.
Há também uma burocracia comum ao trato com as federações, como inscrição de jogadores, negociação de datas, locais e horários de competições, eventuais punições, etc.
O ideal aqui é ter um profissional ou equipe de profissionais com dedicação exclusiva, mas cabe ao gestor gerenciar esse departamento e aprovar a linha de marketing que o clube vai seguir.
Cada clube, federação ou academia vai enfrentar dificuldades relativas ao seu próprio contexto, mas aqui listamos algumas que podem ser comuns à maioria das instituições:
Aqui está o grande desafio de qualquer organização envolvida com esporte.
Desde as instituições maiores e mais ricas até as mais simples, todas estão atrás de dinheiro para melhorar a qualidade da prática esportiva ‒ ou simplesmente viabilizar a continuidade dela.
O grande diferencial das boas gestões é a maneira como administram os recursos, investindo em soluções que dão bom retorno nas competições.
Afinal, o sucesso esportivo reverte em mais recursos financeiros, enquanto o insucesso provoca perdas, como diminuição de receitas com patrocínios, desinteresse da torcida com campanhas ruins, ou menores verbas em caso de queda para divisões inferiores.
No caso das organizações que trabalham com esporte amador, como academias, escolinhas e centros de treinamento, a parte financeira também é um desafio, porque é preciso estar sempre atraindo mais associados e mantendo os antigos.
Muitas vezes, a natureza da prática esportiva exige um tempo de preparação e recuperação que o caráter urgente do esporte profissional simplesmente não permite.
Algumas competições se acumulam em determinadas épocas do ano.
Em outros clubes, principalmente no interior, a ausência de competições durante longos períodos é que é o problema.
Administrar o tempo, em geral, é um grande desafio.
Especialmente os chamados “esportes olímpicos” estão muito suscetíveis a mudanças de legislação ou de políticas governamentais.
Alterações em projetos como o Bolsa Atleta, por exemplo, podem ser fatais.
Não há um caminho único para se tornar um executivo de clubes, mas uma recomendação segura é investir em formação.
Além da qualidade e da importância do conhecimento adquirido em cursos como os da CBF Academy, trata-se de uma grande oportunidade de conhecer gente do meio e iniciar o networking.
Além dos cursos, é preciso se dedicar muito a obter conhecimento em diversas fontes e estar sempre atualizado sobre o mercado.
Para iniciar, a dica é procurar uma oportunidade para trabalhar com categorias de base e ir ampliando a sua rede de contatos.
A maior parte dos executivos de futebol conhecidos hoje no Brasil começou assim.
Em primeiro lugar, é preciso se familiarizar com a realidade e o mercado da modalidade em que você pretende atuar, como vimos no último tópico.
Depois, há uma série de competências comportamentais a serem trabalhadas.
A primeira delas é a capacidade de lidar bem com pressão.
Trabalhar com esporte de alto nível é sinônimo de conviver com níveis absurdos de pressão.
No caso do futebol, o destino do clube pode estar em jogo a cada final de semana, o que acarreta, além de sucesso ou insucesso esportivo, sérias consequências financeiras.
O seu trabalho estará em análise o tempo todo, por parte da torcida, imprensa e dos diversos setores dentro do clube.
O que nos leva a outra habilidade necessária: bom relacionamento interpessoal.
Afinal, é preciso lidar com um forte componente de ingerência política por parte dos diretores estatutários do clube, incluindo o seu chefe, o presidente do clube.
Além disso, será seu papel administrar um grupo de jovens profissionais famosos e bem remunerados, os jogadores.
Outra boa dica é desenvolver uma visão macro do negócio, talvez estudando outras disciplinas em gestão e administração, pois cabe ao executivo fazer o meio-campo do futebol com os demais setores do clube.
No caso do futebol, a profissão de gestor esportivo está em alta.
A figura do executivo acaba aparecendo mais que a do dirigente político – e os presidentes dos grandes clubes não abrem mão de contar com esse tipo de profissional.
Já existe uma Associação Brasileira dos Executivos de Futebol (Abex), que busca a regulamentação da profissão.
É possível começar com categorias de base ou talvez no departamento profissional de clubes menores, do interior.
Outra opção é trabalhar em grandes academias e centros de treinamento, ganhando salários interessantes, apesar de não tão altos quanto os dos executivos da primeira divisão do futebol profissional, ou abrir a sua própria escolinha de futebol, por exemplo.
Uma alternativa interessante é buscar vagas no setor público, em secretarias ou ministérios esportivos.
Vai depender muito do setor, do tamanho da instituição e da popularidade do esporte escolhido.
No caso dos executivos de futebol mais conhecidos, estamos falando de algumas centenas de milhares de reais, pois, hoje em dia, esses profissionais são quase tão disputados pelos clubes quanto os melhores jogadores.
Em uma perspectiva mais realista e abrangendo outras modalidades, o site GlassDoor aponta que um “coordenador de projeto esportivo” ganha, em média, R$ 6.968,00.
Já o Salario.com.br indica uma média de R$ 6.780,75 para “dirigente de clube e associação esportiva”.
Os cursos de gestão esportiva no futebol, apontados como o pontapé inicial para quem quer entrar nessa carreira, unem conhecimento teórico e prático sobre a atividade.
Por exemplo, o Programa de Formação de Executivos de Futebol da CBF Academy, um dos mais completos sobre o tema, apresenta conhecimentos, técnicas e ferramentas relacionadas à gestão de departamentos de futebol (profissional e base) e à atividade de executivo de futebol.
São 140 horas de conteúdo online, ministrados em encontros ao vivo realizados ao longo de aproximadamente seis meses, com mais um encontro presencial ao final do curso.
Os módulos são os seguintes:
Confira alguns dos cursos oferecidos pela CBF Academy que podem ser muito úteis na formação de executivos de futebol:
Depois de ler tudo isso, chegou a hora de você iniciar ou dar o próximo passo em sua caminhada no mundo da gestão esportiva.
Além deste rico artigo, você sabe que o esporte é visto no mundo com cada vez mais seriedade e profissionalismo. Lembre-se que sempre você precisará estar muito bem preparado para os novos e grandes desafios.
Gostou das dicas? Se sim, compartilhe com seus amigos nas redes sociais.
Se você quiser aprender mais sobre temas relacionados à gestão de negócios e administração, é só navegar pelo blog da FIA.
As práticas ESG estão entre as mais valorizadas no mercado, pautando até mesmo o grau…
A experiência comprova que saber como fazer um orçamento é uma competência essencial para os…
Para quem não é do ramo, delimitar qual é o objetivo da contabilidade pode parecer…
Qual a preocupação com a gestão de pessoas no seu negócio? Não se apresse em…
Quais práticas de consumo consciente você adota no seu dia a dia? Pense um pouco…
A economia criativa é um modelo econômico que valoriza a criatividade, a inovação e a…