A política de crédito é o mecanismo indispensável para proteger o acesso ao crédito e a liquidez das empresas do ramo financeiro.
É uma medida que toda empresa que trabalha com algum tipo de concessão precisa tomar, ainda mais no Brasil, em que a inadimplência é sempre alta.
De acordo com a Serasa Experian, o mês de março de 2024 registrou o segundo aumento consecutivo na taxa de pessoas inadimplentes, com 855 mil novos consumidores e um percentual 1,19% mais alto que em fevereiro.
No total, são 72,8 milhões de brasileiros nessa condição.
Em um cenário como esse, é preciso que empresas como bancos e fintechs saibam como criar uma política de crédito para se resguardar e garantir a continuidade das operações.
Isso e muito mais você vai saber lendo este artigo até o final.
Veja os tópicos abordados:
Continue por aqui, entenda o que é política de crédito, sua utilidade e seus principais componentes.
Uma política de crédito é uma norma geral a ser aplicada pelas empresas para conceder empréstimos ou abrir financiamentos, definindo as regras, condições e critérios a serem seguidos por quem vier a solicitar crédito.
Podemos compreender melhor o que é política de crédito pela nossa própria experiência pessoal.
Dificilmente emprestaríamos dinheiro para alguém que mal conhecemos e temos poucas informações a respeito.
Da mesma forma, a política de crédito é como um filtro pelo qual devem passar todos que pretendem conseguir dinheiro emprestado ou dependem de financiamento para comprar.
Cada empresa tem suas próprias regras e limites para decidir quem é merecedor de crédito e quem não é.
Dependendo do quão aberta ela for, sua política de crédito poderá ser classificada de diferentes maneiras.
Um exemplo de política de crédito vem do próprio governo, quando decide facilitar o acesso aos empréstimos, reduzindo a taxa de juros.
Nesse caso, temos uma política de crédito agressiva, normalmente com o objetivo de aumentar o consumo e aquecer o mercado.
Conheça os três tipos mais comuns no mercado a seguir.
Na política de crédito conservadora, os critérios para concessão são bem mais rígidos dos que normalmente se aplicam.
É um tipo de política mais comum em segmentos de alto risco, nos quais as possibilidades de um devedor se tornar inadimplente são mais altas.
Um banco pode adotar uma linha mais conservadora conforme a finalidade do empréstimo que está sendo tomado.
Se um cliente pede crédito para abrir uma empresa, por exemplo, o risco de o negócio não dar certo precisa ser avaliado.
Essa avaliação, por sua vez, pode partir de uma política conservadora, definida para casos específicos.
As empresas do ramo financeiro não podem ser conservadoras o tempo todo, do contrário, seu volume de negócios será baixo.
Portanto, quem opera nesse segmento precisa equilibrar a aversão ao risco com alguma abertura a novos pedidos.
Assim fazem as empresas que adotam a política de crédito moderada, na qual os critérios podem ser tanto conservadores quanto liberais.
Há também o objetivo de manter ou expandir a carteira de clientes, reduzindo as exigências para concessão de empréstimos conforme as circunstâncias.
Como vimos, um exemplo de política de crédito comum vem do governo, quando decide facilitar o acesso ao crédito e financiamento como estratégia macroeconômica.
Essa linha de conduta pode ser também abraçada por entidades privadas que pretendam expandir seus mercados ou mesmo gerar brand awareness.
As políticas de crédito agressivas se caracterizam pela maior facilidade na concessão de crédito, de modo a atrair mais clientes.
É o que fazem, a título de exemplo, as financeiras que emprestam para negativados, ainda que para isso estipulem condições um pouco mais duras.
Uma empresa do ramo financeiro ou bancário que não tem uma política de crédito flerta o tempo todo com a inadimplência e o prejuízo.
Trata-se de uma medida quase obrigatória para as empresas brasileiras, considerando os vários fatores que levam à inadimplência em nosso país.
Entre os principais, segundo uma pesquisa publicada na Exame, estão:
Nesse cenário, aumenta a importância da política de crédito, que funciona como um processo seletivo, de modo a atrair os melhores clientes.
Uma política de crédito é como um sistema ao qual as empresas do ramo financeiro submetem todos que venham a solicitar crédito.
Afinal, o que é política de crédito, se não um processo sistemático de inclusão e exclusão, que opera conforme regras bem definidas?
Cabe a cada empresa definir suas políticas, que, a partir do que vimos, serão determinadas de acordo com o tipo de abordagem, da conservadora à agressiva.
Confira a partir de agora quais são os principais elementos de uma política e como eles se articulam.
Ainda que aparentemente as políticas de crédito sejam iguais, na verdade elas podem ser bastante diferentes entre si, se considerarmos os seus objetivos.
Há políticas que são estabelecidas única e exclusivamente para proteger a instituição financeira, enquanto outras têm mecanismos mais customer friendly, ou seja, favoráveis ao cliente.
A política de crédito pode também ser pautada nos objetivos estratégicos da empresa, de modo que possa impulsionar seu crescimento.
Ou pode ter como meta resguardar o negócio nos âmbitos fiscal e tributário, além de blindar a empresa contra a inadimplência.
Independentemente das metas que venham a ser estipuladas, é certo que a empresa precisará contar com mecanismos de análise de perfil para seus clientes.
Esses critérios serão usados como régua para medir a capacidade financeira de cada um para obter empréstimos e financiamentos.
O processo de análise deve ser metódico, com passos a serem seguidos sempre na mesma ordem, conforme o risco de inadimplência.
A empresa pode, por exemplo, avaliar primeiro a renda mensal, para depois considerar se a pessoa tem fiadores, deixando por último a avaliação patrimonial.
Elemento sempre presente em todo processo de análise de crédito e parte integrante de uma política, os termos e condições são como a “lei” estabelecida entre as partes.
Serve para determinar o valor máximo a ser concedido a partir das análises, que deverá ser compatível com a renda do cliente e sua capacidade de pagamento.
Os termos são necessários também para determinar as taxas de juros aplicáveis, bem como a frequência de seu reajuste, se for o caso.
É onde a instituição financeira determina ainda o tipo de crédito que será concedido, podendo ser empréstimo, financiamento ou mesmo um cheque especial.
Uma vez que o crédito seja concedido, cabe à empresa financeira acompanhar a frequência dos pagamentos por parte dos clientes.
É preciso fazer um monitoramento constante do histórico de crédito dos clientes, assim como cobrança preventiva de inadimplentes, além de constituir uma reserva para casos de perdas.
A gestão de risco deve ser proativa, ou seja, buscar agir antes que o devedor venha a se tornar um inadimplente de fato.
Para isso, as instituições financeiras podem utilizar os dados em massa para fazer análises preditivas e antever o potencial de inadimplência.
Emprestar ou financiar é uma grande responsabilidade para ambas as partes envolvidas.
De um lado, os credores devem ser justos e imparciais ao conceder crédito e cobrar, e do outro, os devedores precisam ser diligentes em seus compromissos, até para não ter restrições em seu direito ao crédito.
Veja como criar uma política de crédito, conhecendo as etapas básicas desse processo.
As instituições financeiras são como outras empresas, portanto, seus resultados e lucros também vão depender do quão bem segmentado é o seu público.
Pode ser na linha mais “popular”, emprestando valores menores a juros mais baixos, ou “premium”, ao trabalhar com públicos mais restritos ou empresas.
Veja, por exemplo, o caso de Muhammad Yunus, que ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2006, ao desenvolver uma linha de microcrédito para pessoas de baixa renda.
Conforme o público definido previamente, a empresa poderá enfim determinar quais critérios serão usados para escolher quem vai e quem não vai ter acesso às linhas de crédito.
Nesses critérios, ela deve prever quais documentos deverão ser apresentados, a faixa de renda esperada e que tipo de comprovantes os clientes precisarão apresentar, entre outras obrigações.
Uma vez preenchidas as condições para a concessão de crédito, é hora de estipular as condições de pagamento, bem como as taxas de juros a serem aplicadas.
Também deverão ser previstos eventuais descontos para pagamentos à vista ou amortização de parcelas.
Também devem ser descritas as garantias que poderão ser exigidas, bem como o tipo de seguro a ser contratado para proteger a empresa em caso de inadimplência.
Vale ainda implementar mecanismos de monitoramento e avaliação, de modo a antecipar casos potenciais de inadimplência.
Esse monitoramento também deve ser realizado como critério para revisar os limites de crédito e classificá-los de acordo com o seu comportamento.
A cobrança é uma atividade praticamente indissociável das empresas que operam no mercado financeiro e que concedem crédito.
Nesse aspecto, é necessário estabelecer canais de cobrança diretos, sempre observando as boas práticas e limites legais.
Vale também definir mecanismos de renegociação, assim como os descontos possíveis.
É preciso também investir em treinamento e formação, de modo que os colaboradores responsáveis pela cobrança saibam como abordar e como agir conforme cada caso.
A importância da política de crédito é ainda maior para as empresas que trabalham com mais de uma linha de crédito.
Nesse caso, é preciso desenvolver toda uma gestão das diferentes políticas, por meio de uma documentação consistente e registros seguros.
É essencial segmentar clientes conforme o perfil de risco, estabelecendo limites de crédito e condições de pagamento.
A digitalização e automação são fundamentais para isso.
Também treinamentos regulares para a equipe garantem a correta aplicação das políticas, enquanto revisões periódicas permitem ajustes conforme mudanças no mercado ou no comportamento dos clientes.
Se bem arquitetada e planejada, a política de crédito servirá não só como proteção, mas como meio de se alcançar os objetivos estratégicos de negócio.
Como vimos, os dados são de extrema relevância nesse aspecto, já que é a partir deles que a empresa poderá monitorar os KPIs que vier a definir, como veremos a seguir.
Também ferramentas de análise financeira e relatórios periódicos ajudam a avaliar a eficácia da política.
Além disso, realizar pesquisas de mercado e obter feedback dos clientes fornecem insights valiosos.
Importante ainda comparar os resultados com as metas estabelecidas e ajustar a política conforme necessário.
A boa gestão do crédito depende da análise constante dos Indicadores Chave de Performance (KPI), que serão usados para controle de resultados e orientar o processo decisório.
Destacamos alguns dos principais abaixo:
Por melhor que seja o exemplo de política de crédito, os riscos são sempre altos sem profissionais qualificados para atuar nas frentes estratégica e operacional.
Você pode ser o especialista que vai conduzir as empresas em direção aos melhores resultados em suas operações de crédito e financeiras.
Capacite-se na pós-graduação Certificate em Gestão de Crédito e Cobrança e prepare-se para os desafios de um mercado sempre em movimento.
Fique de olho nas próximas turmas e não perca essa chance de trilhar uma carreira de sucesso.
A importância da política de crédito para as empresas financeiras é semelhante à dos procedimentos de segurança para as que atuam nos ramos de construção e de saúde.
Em outras palavras, elas servem para equilibrar a relação entre as instituições creditícias e os clientes, tornando o mercado mais justo para todos.
Neste texto, você entendeu como ela funciona, seus principais elementos e o que não pode faltar ao criar sua própria política.
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Referências:
https://labfinprovarfia.com.br/blog/politica-de-credito-confira-4-dicas-para-melhor-gestao-dos-riscos/
https://www.serasa.com.br/limpa-nome-online/blog/mapa-da-inadimplencia-e-renogociacao-de-dividas-no-brasil/
https://exame.com/invest/minhas-financas/os-tres-motivos-que-levam-a-inadimplencia-no-brasil-segundo-o-google/
https://extra.globo.com/economia-e-financas/indiano-ganhador-do-nobel-da-paz-diz-que-bancos-deveriam-ser-inclusivos-130666.html
https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/estabeleca-uma-politica-de-credito-em-sua-empresa,68c630ef65ce4810VgnVCM100000d701210aRCRD
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