A tendência é que você ouça cada vez mais falar em investimentos chineses no Brasil.
Aliás, essa é uma realidade no mundo todo.
Como segunda maior potência econômica do planeta desde 2011, a China tem espalhado seus “tentáculos” por todo o globo.
E o Brasil não poderia ficar de fora, pois estamos falando do maior, mais rico e mais populoso país da América Latina.
Apesar de seu tamanho e importância, ainda temos enormes deficiências e uma lentidão crônica para resolver problemas.
Os chineses, por outro lado, notabilizam-se pela curva de aprendizado acentuada e velocidade incrível para colocar em prática projetos grandiosos.
Apesar de ser governada pelo Partido Comunista, a pujança da China não vem somente do poder estatal.
O ecossistema de organizações privadas do país é impressionante, e boa parte dos investimentos chineses no Brasil vem daí.
Quer saber mais sobre o assunto?
Neste artigo, você vai ler e aprender a respeito dos seguintes tópicos:
Pronto para saber o que o gigante asiático tem investido por aqui? Siga em frente!
Em agosto de 2019, o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) lançou a publicação Investimentos Chineses no Brasil 2018 – O quadro brasileiro em perspectiva global.
Assinado pelo coordenador de Análise e Pesquisa da entidade, Tulio Cariello, a publicação se propõe a oferecer um panorama geral dos investimentos chineses no Brasil especialmente em 2018.
Em uma primeira análise, já notamos um número que causa um certo impacto: a acentuada queda nesses investimentos entre 2017 e 2018.
Segundo o estudo, os investimentos chineses no Brasil somaram US$ 8,8 bilhões em 2017 e apenas US$ 3 bilhões em 2018. Uma queda de 66%.
Os números consideram investimentos confirmados de empresas chinesas que empreendem no setor produtivo do Brasil.
A ressalva é que, houve uma queda geral nos investimentos estrangeiros: de 13% de um ano para o outro, de acordo com o Banco Central do Brasil.
Mas por que a diminuição foi tão grande no caso da China? Na avaliação da CEBC, um dos motivos foi o cenário de incerteza provocado pelo fim do governo transitório e ano eleitoral conturbado.
O quadro foi agravado conforme o então candidato e hoje presidente Jair Bolsonaro se tornava o favorito na corrida eleitoral.
Isso porque Bolsonaro “propunha romper com as políticas econômicas implementadas pelas administrações anteriores”, resultando em uma postura cautelosa dos investidores externos.
Além disso, o então candidato fizera críticas diretas aos investimentos chineses no Brasil. Segundo ele, “os chineses podem comprar no Brasil, só não podem comprar o Brasil”.
Em 2019, ainda não temos números fechados, é claro, mas há uma notícia interessante: pela primeira vez, a China entrou no ranking dos 10 maiores investidores diretos no Brasil, segundo o Banco Central.
Segundo dados da secretaria-executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex), no primeiro trimestre deste ano foram anunciados US$ 785,6 milhões em operações com capital chinês.
No ano passado, foram US$ 741,7.
Um ponto importante a ser levado em conta: capital anunciado não quer dizer que o investimento se confirma depois.
Vale ressaltar também que, quando falamos em investimentos chineses no Brasil, é uma questão distinta do comércio exterior e balança comercial.
Se levarmos em conta as importações e exportações, a China lidera o ranking de parceiros.
Algo fácil de se entender: com seu 1,3 bilhão de habitantes, a China é a maior parceira comercial de boa parte dos planetas do globo.
Cerca de 26% do que exportamos vai para lá, e o volume de importações também é alto, embora tenhamos superávit.
O CEBC classifica os investimentos chineses no Brasil em três categorias:
De acordo com o estudo da entidade, dos projetos que se confirmaram em 2018 com investimentos chineses no Brasil, 23 foram do tipo greenfield, 16 foram fusões ou aquisições e três foram joint ventures.
A predominância dos projetos de greenfield, o que também ocorreu em 2017, é um bom sinal, pois mostra que os chineses não estão apenas “comprando o Brasil”, como temia o presidente Bolsonaro.
Se considerarmos apenas as aquisições, alguns dos principais negócios dos últimos anos foram os seguintes:
Na perspectiva do CEBC, os investimentos chineses no Brasil devem ser retomados depois da forte queda percebida em 2018.
Em entrevista ao Valor Econômico, Tulio Cariello, coordenador de análise do conselho, afirmou que, com um governo estabelecido, a tendência é a retomada da agenda de privatizações, o que desperta o interesse dos chineses.
Na mesma reportagem, o subsecretário para investimentos estrangeiros da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Renato Baumann, opinou na mesma direção.
Segundo ele, a maior confiança na regulação jurídica e na perspectiva de recuperação econômica do Brasil devem fazer crescer os investimentos estrangeiros como um todo.
Outro especialista ouvido pelo Valor, Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior, concorda com Cariello e Baumann.
Ele vê como pontos positivos o fato de as declarações contrárias à China por parte de membros do governo terem diminuído e a viagem do vice-presidente Hamilton Mourão ao país asiático.
Para que os investimentos chineses no Brasil cresçam, é preciso superar obstáculos que aparecem no meio do caminho.
Na conclusão da publicação Investimentos Chineses no Brasil 2018, o CEBC cita alguns desafios do processo de globalização da China em geral.
Dentre esses elementos, cabe citar o maior controle do governo chinês em relação à saída de capitais, a disputa comercial e tecnológica da China com os Estados Unidos e seus efeitos nos investimentos internacionais, além do surgimento de obstáculos observados na implementação da nova Rota da Seda chinesa.
No caso específico do Brasil, o principal desafio, segundo a entidade, é a manutenção de relações construtivas entre os dois países.
Assim também pensa a pesquisadora chinesa Chen Taotao, diretora do Centro Latino-Americano da Universidade de Tsinghua.
Em entrevista à Exame em agosto de 2019, ela destacou a importância das boas relações entre China e Brasil para fomentar os investimentos do país asiático.
“Uma vez que o governo tem um bom relacionamento internacional com um determinado país onde a empresa tem interesse em atuar, ela sente que o risco político pode ser reduzido”, afirmou.
Para Taotao, sem um relacionamento bom e estável entre os governos dos dois países, as empresas chinesas têm boas razões para hesitar a vir para cá.
Uma boa maneira de entender melhor os interesses das empresas chinesas no Brasil é considerando as áreas preferenciais nas quais elas estão investindo.
A seguir, vamos falar sobre algumas delas.
Nos últimos anos, o setor de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica foi, de longe, o que mais recebeu investimentos chineses no Brasil.
Só em 2018, foram 13 projetos confirmados na área.
Para fins de comparação, o segundo setor com mais investimentos no Brasil foi o de tecnologia da informação, com apenas três.
Os grandes destaques dos últimos anos, no entanto, foram iniciativas que ocorreram no fim de 2016 e em 2017.
São eles a aquisição da operação brasileira da Duke Energy pela China Three Gorges e da CPFL Energia pela State Grid.
Como possíveis negócios vindouros, existe o interesse de companhias chinesas em participar do leilão que irá selecionar a empresa a assumir as obras da usina nuclear Angra 3.
State Nuclear Power Technology Corporation e China National Nuclear Corporation são duas das organizações chinesas atraídas pela oportunidade.
Os investimentos chineses no setor energético brasileiro são tão fortes que podemos dizer que já estão em uma fase de amadurecimento.
Uma tendência é crescerem os investimentos chineses em infraestrutura, mais especificamente em áreas como logística, transporte, armazenamento e construção civil.
São setores em que a China tem uma grande expertise e nos quais os investimentos poderão beneficiar o Brasil como um todo – o setor privado e também a qualidade de vida da população.
Os investimentos chineses em infraestrutura podem ocorrer com a chegada de empresas cuja atividade fim é essa.
Um exemplo é a China Communications Construction Company, que está à frente da construção do Terminal de Uso Privado no porto de São Luís, capital maranhense.
Ou também por empresas que irão se beneficiar no futuro da infraestrutura criada, que viabilizará sua atividade fim. Esse último caso pertence aos investimentos da categoria greenfield.
Vale lembrar que problemas atuais de infraestrutura, como rodovias de má qualidade, falta de ferrovias e portos em bom estado e baixa capacidade de armazenamento de grãos impedem os números de nosso agronegócio serem ainda maiores.
E a China, como sabemos, é um dos principais destinos dos produtos agrícolas brasileiros, portanto, um país com interesse direto na melhora dessa infraestrutura.
Esqueça a ideia velha de que os produtos tecnológicos chineses são cópias mal feitas do que é produzido no Ocidente.
Essa realidade mudou – e muito – nos últimos anos, e a indústria de tecnologia da China hoje é capaz de competir até com a americana.
Isso vale não apenas para as empresas que produzem aparelhos, drones, baterias, etc., mas também para as startups que desenvolvem serviços que facilitam a vida da população.
Um exemplo de investimentos desse tipo no Brasil é a já citada compra da 99 pela chinesa DiDi.
Em 2018, também foi anunciado o investimento de US$ 200 milhões da chinesa Tencent na fintech brasileira Nubank.
Vale citar também a presença da controversa Huawei no país, empresa avançada no desenvolvimento da tecnologia 5G.
A China é conhecida por sua imponente indústria siderúrgica, sendo a maior produtora de aço do mundo.
Por isso, além do já citado interesse nos produtos agrícolas brasileiros, também fica de olho em nossa mineração.
Nos últimos anos, os investimentos nessa área arrefeceram, mas, em 2010, a chinesa ECE comprou a mineradora Itaminas por mais de US$ 1 bilhão.
No mesmo ano, a Passagem Mineração quase foi vendida para a Wisco.
Em 2018, surgiu a notícia dos planos do governo chinês de transferir suas indústrias siderúrgicas para o litoral da China, o que beneficia as mineradoras brasileiras por facilitar a logística, com rotas de navegação facilitadas.
Várias empresas que citamos neste texto, como a CCCC, China Three Gorges e Huawei, são verdadeiras gigantes, entre as maiores de suas áreas no mundo.
Mas há outras companhias de grande porte que estão presentes ou investem no Brasil e ainda não mencionamos.
A seguir, conheça algumas das principais.
Outra ideia equivocada sobre a China é que suas indústrias se aproveitam do trabalho escravo e é por isso que seus produtos são tão baratos.
É uma realidade que já foi um grande problema – e em alguns casos ainda é -, mas tem mudado. Hoje, o salário médio na indústria chinesa já é maior que na brasileira.
E seus produtos ainda são baratos se comparados com a concorrência, com a diferença que, hoje, têm qualidade.
Isso tudo se deve aos investimentos do país em inovação, automação e eficiência na linha de produção.
Trabalhando em uma empresa chinesa no Brasil, é possível absorver essa cultura que valoriza o aprendizado e a produtividade.
Procure nos sites das empresas que citamos aqui (ou de outras que você tome conhecimento que atuam no Brasil) a seção onde são publicadas as oportunidades de emprego e o formulário de contato para enviar seu currículo.
A China é a segunda maior economia do mundo e tem a maior população do planeta.
Com o domínio do Partido Comunista na administração de seu Estado, o país não é uma democracia, mas tem a vantagem de planejar o futuro com uma certa segurança de que o plano será seguido.
Desse modo, foi possível se tornar, paradoxalmente, uma potência capitalista, com grandes empresas atuando no mundo todo, inclusive no Brasil.
Muitas delas são exemplos de eficiência e inovação. Firmar parcerias com esse tipo de empresa ou trabalhar em uma delas, portanto, é uma grande jogada.
Para encerrar, nossa dica é seguir atento aos avanços dos investimentos chineses no Brasil para identificar tendências e oportunidades de grandes negócios.
E, é claro, se preparar para agarrar quando elas surgirem. Para isso, invista na sua formação e atualização profissional.
Na Fundação Instituto de Administração (FIA) você encontra cursos de especialização e MBA, a exemplo do MBA Executivo Internacional que possui uma viagem técnica à China que têm por objetivo analisar o ambiente de negócios, a cultura local e as diferentes visões conceituais e empresariais de professores e executivos.
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